A Mordomia da Igreja Local
O cristão deve valorizar a igreja local como ambiente de adoração, comunhão e serviço ao Reino de Deus. Deus nos confiou a mordomia dos bens materiais e espirituais.
Por isso, sejamos vigilantes e zelosos, porque, em breve, Ele nos chamará a prestar contas de tudo quanto recebemos.
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleTexto Bíblia (Atos 9.31; 1 Coríntios 1.1,2; Hebreus 10.24,25)
Definindo o Termo “Igreja Local”
“A Igreja (Ekklēsia) de Deus é um povo tirado do mundo. O mais importante na estrutura da Igreja e que lhe dá a razão de ser e de existir é que ela seja realmente constituída de um povo que, de acordo com as palavras de Jesus, tenha sido tirado do mundo (Jo 15.19).
Essa realidade é evidenciada, de modo claro, pela própria palavra que o Novo Testamento usa, em sua língua original (grego), ‘para igreja’ — ekklēsia.
Essa palavra é composta de duas outras: ek e klēsis. Ek significa ‘para fora’, e klēsis, ‘chamado’. Ekklēsia e usada no Novo Testamento 115 vezes […].
1) Comunidade grega.
É usada três vezes para expressar uma assembleia de comunidade grega, tanto legal (At 19.39), como ilegal (At 19.32,40) […].
2) Israel.
É usada duas vezes para designar o Israel de Deus no Antigo Testamento (At 7.38; Hb 2.12), exprimindo, assim, como Deus chamou a Israel dentre os povos para ser um povo seu (Dt 7.6-8)”. (BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005, p.214.)
Argumento Cristão
Há vária passagens no Novo Testamento nas quais podemos ver uma descrição clara do que significa ser membro da igreja. Uma das seções mais volumosas está em 1 Coríntios 12 a 14. Em 1 Coríntios 12, Paulo explica a metáfora da igreja como um corpo com muitos membros.
Em 1 Coríntios 13, ele estabelece o amor como a atitude e a ação centrais que todos os membros devem ter. E em 1 Coríntios 14, ele se volta à igreja em Corinto, cuja visão a respeito do conceito de membresia está equivocada.
Alguns líderes e membros da igreja entendem o conceito de membresia como um conceito organizacional ou ligado à administração.
Por isso, eles refutam a ideia de que sua visão seja antibíblica. Contudo, o conceito de membresia é extremamente bíblico. A Bíblia explica ‘membros’ de um modo diferente da cultura secular. Por exemplo, observe o termo em 1 Coríntios 12.27,28: ‘Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja…’.
Você percebe a diferença? Os membros de uma igreja compõem o todo e são partes essenciais do todo […]” (RAINER, Thom S, Eu Sou Membro de Igreja: Descobrindo a atitude que faz a diferença. Rio de janeiro: CPAD, 2018, p.25).
A distinção do Termo “Local” para “Universal”
A palavra igreja, em sentido literal, abrange o conceito de “congregar” e “reunir”, pois se trata da reunião dos fiéis em um local específico.
A Bíblia emprega o plural “igrejas”, a fim de referir-se às igrejas locais (At 9.31; 16.5; Rm 16.4; 16.19; 2 Co 8.1; Gl 1.2).
No entanto, quando o termo está no singular, cita-se a região na qual a igreja local encontra-se (At 14.23; Rm 16.1; 1 Co 1.2; 4.17; 1 Ts 1.1). A perspectiva local da igreja fortalece o fato de que o trato e relacionamento de Deus com ela não é só universal, mas local, congregacional e direto.
A Igreja Local e as grandes Reivindicações da Bíblia
Uma das mordomias da igreja local é o reconhecimento e prática das reivindicações da Palavra de Deus
É de fundamental importância tenhamos sempre, no coração, as grandes reivindicações da Bíblia Sagrada: sua inspiração, inerrância, infalibilidade, soberania e completude.
1) A inspiração da Bíblia.
Já que a Bíblia é a Palavra de Deus, sua inspiração não é comum nem vulgar; é singular e única, porquanto inspirada pelo Espírito Santo. As Escrituras mesmas reconhecem sua divina inspiração (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).
2) A inerrância da Bíblia.
Inspirada divinamente, há que se concluir: a Bíblia acha-se, em termos absolutos e infinitos, isenta de erros. Nela, não encontramos a mínima inexatidão quer histórica, quer geográfica, seja teológica seja doutrinária (Sl 19.7; 119.140).
3) A infalibilidade da Bíblia.
A Bíblia não é apenas inerrante; é também infalível. Tudo o que o Senhor prometeu-nos, em sua Palavra, cumpre-se absolutamente. Entretanto, há teólogos que alegam defender a infalibilidade da Bíblia, mas lhe rejeitam a inerrância. Ora, como podemos considerar algo infalível se é errante? Sua errância, por acaso, não virá a contraditar-lhe, inevitavelmente, a infalibilidade?
– Quanto a nós, reafirmamos: tanto a inerrância quanto a infalibilidade da Bíblia são incontestáveis (Dt 18.22; 1 Sm 3.19; Mc 13.31; At 1.3).
4) A soberania da Bíblia.
Evangélicos e herdeiros da Reforma Protestante, confessamos ser a Bíblia a autoridade suprema em matéria de fé e prática (Is 8.20; 30.21; 1 Co 14.37). Isto significa que encontra-se a Bíblia acima das tradições e primados humanos; ela é a inquestionável e absoluta Palavra de Deus.
5) Completude da Bíblia.
O Apocalipse encerrou, definitiva e irrecorrivelmente, o cânon da Bíblia Sagrada; nenhuma subtração, ou adição, está autorizada à Palavra de Deus (Ap 22.18-21). Portanto, não se admite quaisquer escrituras, profecias, sonhos ou visões que, arrogando-se palavra de Deus, reivindique autoridade semelhante ou superior a Bíblia.
Os efeitos da Bíblia em Nossa Vida
Quanto mais lermos a Bíblia, mais sábios nos tornaremos. Ela orienta-nos em todos os nossos caminhos; consola-nos quando nenhum consolo humano é possível; mostra-nos a estrada do Calvário e leva-nos ao lar celestial.
A Bíblia dá-nos sabedoria. “Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo” (Sl 119.98 – ARA).
A Bíblia dá-nos a orientação segura. “Tu és a minha rocha e a minha fortaleza; […] guia-me e encaminha-me” (Sl 31.3).
A Bíblia dá-nos o necessário consolo. “Isto é a minha consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou” (Sl 119.50).
A Bíblia dá-nos a provisão de salvação. “Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvação; porém espero na tua palavra” (Sl 119.81 – ARA).
A Bíblia leva-nos ao lar celeste. No encerramento do cânon sagrado, somos revigorados com a viva esperança de, um dia, virmos a tomar posse da Cidade Santa (Ap 22.18-20).
A Mordomia da Igreja Local e o Serviço
Diakonia (‘Serviço’, ‘ministério’). São os esforços no serviço a Cristo que continuam o ministério encarnacional que realizou e que nos ajuda a realizar.
O caráter desse ministério é servir; não imita o padrão da autoridade ou do propósito que este mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificada por Cristo de uma vez para sempre (Mc 10.45) e, como consequência, servimos a Cristo por meio de servir à criação que está debaixo do seu senhorio.
A dimensão de serviço no ministério leva-nos, além de divulgar as boas-novas com denodo e coragem, a participar do desejo de Deus que é alcançar de modo prático os marginalizados da sociedade.
As pessoas que não têm ninguém para pleitear a sua causa, e que se encontram desconsideradas e abandonadas, também foram criadas à imagem de Deus.
A Igreja, revestida pelo poder do Espírito, terá de passar das palavras para ações se quer ver realizados os propósitos de Deus.
Não poderá haver maneira de fugir deste fato: se vamos realmente servir no ministério continuado de Jesus Cristo, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.604).
A Igreja Local e a Mordomia do Discipulado
DEFININDO O TERMO
1 – O Termo Discípulo
“Discípulo era um termo comum no século I para uma pessoa que era um seguidor compromissado de um líder religioso, filosófico ou político.
No mundo judaico, o termo era particularmente usado para os estudantes de um rabi, o mestre religioso. Nos Evangelhos, João Batista e os fariseus tinham grupos de discípulos (Mc 2.18; Mt 22.15,16).
Esses discípulos, com frequência, eram os alunos mais promissores que passaram pelo sistema de educação judaica — os que já tinham memorizado as Escrituras hebraicas e demonstraram o potencial para aprender os ensinamentos específicos dos rabis sobre a lei e os profetas a fim de que pudesse ensinar isso a outros. Portanto, era uma grande honra e responsabilidade ser chamado por um rabi para ser seu discípulo.
Os discípulos aprenderam os ensinamentos de seu rabi vivendo com ele e seguindo-o aonde quer que vá. Uma frase daquele tempo descrevia os discípulos como aqueles que ‘ficavam cobertos pela poeira do rabi’, porque, literalmente, seguiam de muito perto seus mestres” (Guia Cristão de Leitura da Bíblia. 1ª Edição. RJ: CPAD. p.69).
2 – Jesus ensinou através do Exemplo
Seu exemplo. Jesus ensinou seus discípulos através do exemplo: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15). Isso o distanciou dos escribas e fariseus que ensinavam, mas não praticavam o que ensinavam (Mt 23.3).
Os discípulos se sentiram motivados a orar quando viram seu Mestre orando (Lc 11.1-4). As palavras de Jesus eram acompanhadas de atitudes práticas. De nada adianta a beleza das palavras se elas não vêm acompanhadas pelas ações (Tg 1.22).
O povo se convence mais rápido pelo que vê do que pelo que ouve. Por isso, o Mestre exortou os seus discípulos a serem exemplos (Mt 5.16). .(Lições CPAD Jovens e Adultos » 2015 » 2º Trim.)
Obs.: O quadriforme método de Jesus. O texto de Mateus 28.19,20 apresenta o método quadriforme, ordenado por Jesus: indo, fazendo discípulo, batizando e ensinando.
Como se vê, a ordem de Jesus a seus discípulos requer uma ação de natureza crescente e dinâmica. Jesus, ao ordenar “Ide”, estava mobilizando o discipulador a irá pessoa que se quer discipular.
No segundo ato da ordem, “fazer discípulos”, a tarefa exige que o discipulador acompanhe e conviva com o aprendiz.
O terceiro passo do mandado inclui o ato do batismo, como uma confissão pública, resoluta e definitiva do novo seguidor de Cristo.
E, por último, a ordem do Mestre à igreja demanda que o neoconverso seja ensinado na doutrina do Senhor e conduzido à maturidade espiritual, para que possa discipular outros para Jesus.
A Mordomia da Igreja Local na implantação de Igrejas como Campo Missionário
O mesmo princípio usado para se iniciar congregações em nossos bairros, ou cidades vizinhas, serve para se plantar igrejas locais no campo missionário. Hoje vamos estudar as estratégias usadas pelo apóstolo Paulo.
As Sinagogas como Plataforma
Nas sinagogas.
Em todas as grandes cidades, Paulo procurava logo uma sinagoga. Como judeu e mestre da Lei, tinha acesso à palavra, e não perdia a oportunidade de falar de Jesus.
Quando não lhe era permitido pregar aos judeus, dirigia-se aos gentios. Ele usou essa estratégia em Chipre (13.5), Antioquia da Pisídia (13.14), Icônio (14.1), Tessalônica (17.1,2), Beréia (17.10-12), Atenas (17.17), Corinto (18.4) e Éfeso (18.19).
As sinagogas dessas cidades serviram de base para igrejas locais. Foi assim que o apóstolo plantou igrejas em todos esses locais. Hoje não encontramos no campo missionário tantas sinagogas, como naqueles dias, e nem temos tantos rabinos convertidos à fé cristã. Mas o princípio continua válido.
No plano cultural. Todas as pessoas pertencem a um povo e a uma cultura, para a qual o missionário pode ser enviado para evangelizar, plantar igrejas locais, ensinar e realizar outras atividades missionárias.
Quando se trata de alguém que está fora de sua cidade natal ou de seu país ou de seu convívio social e converte-se à fé cristã, geralmente sente a necessidade de falar de Jesus para os seus, e contar quão grandes coisas o Senhor lhe fez e como teve misericórdia de si (Mc 5.19).
No plano religioso.
Consideremos alguém muito fervoroso em sua religião. Tendo-se Paulo convertido a Cristo, torna-se a maior autoridade para evangelizar sua antiga comunidade de fé. Esse é um excelente terreno para se disseminar as boas novas de salvação.
Através desse processo, as pessoas se convertem e vêm para a igreja, fazendo surgir novas congregações. Esse método pode ser usado hoje para se plantar igrejas locais. Exemplo prático da atualidade.
Há casos de irmãos que voltam para o seu país ou para a sua cidade de origem a fim de falar do amor de Deus. Muitos de nossos nisseis e sanseis foram para o Japão como dekasseguis (trabalhadores estrangeiros) e não como missionários. Entretanto, fundaram inúmeras igrejas locais. Hoje são pastores de um trabalho que cresce e prospera.
Se o Senhor Jesus não vier nos próximos 15 anos, nossa geração verá como os filhos desses imigrantes integrar-se-ão à sociedade e à cultura nipônicas, facilitando a evangelização do Oriente: “Desde o nascente do sol até ao poente, será grande entre as nações o meu nome … diz o SENHOR dos Exércitos” (Ml 1.11).
As diversas Estratégias
1 – Nas casas.
Paulo fundou igrejas não somente usando as sinagogas e através de campanhas evangelísticas. Ele usou muitas outras estratégias.
Em Corinto, começou por uma sinagoga (18.4), em seguida encontrou abrigo na casa de Tito Justo, e depois teve o apoio de Crispo, líder da sinagoga, que logo se converteu (18.7,8).
Da mesma forma, fundou a igreja de Filipos, na casa de uma empresária de nome Lídia (At 16.14,15), e em Éfeso, começando por uma sinagoga (18.19), continuou nas casas (20.20). Até hoje, a maioria das igrejas nasce nas casas dos crentes. Essa estratégia continua a ser usada em nossos dias.
2 – Nas praças.
A pregação nas ruas e praças tem dado origem a muitas igrejas locais. Há muitas localidades onde esse trabalho não é permitido; em outros lugares não dá resultado.
O apóstolo Paulo usou essa estratégia em Atenas (At 17.17). Esse método foi, no princípio, usado por nossos pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren.
Em muitos lugares, continua surtindo resultados. O modelo é bíblico; cabe a cada um ter o necessário discernimento para aplicá-lo na hora e na localidade adequadas. As praças de sua cidade podem ser uma terra fértil para semear a semente.
3 – Nos centros acadêmicos.
A igreja de Atenas nasceu de um trabalho do apóstolo Paulo entre os acadêmicos (At 17. 19, 22, 34). O Senhor Jesus tem muitas testemunhas entre os universitários, professores e eruditos de todo o mundo.
Muitos destes organizam trabalhos programados para alcançar os seus pares para Jesus. Muitos conseguem espaço físico na própria instituição de ensino para reuniões, além de cultos em ação de graças em eventos como formaturas. É um trabalho promissor, e tem suas bases na Bíblia.
4 – Os grandes centros urbanos.
O apóstolo procurava os grandes centros urbanos fundando neles igrejas. Ele passou por inúmeras cidades em suas viagens, mas sua meta era alcançar as de maior porte.
Depois, as igrejas das grandes cidades encarregam-se de evangelizar as cidades menores vizinhas. Éfeso era o centro das sete igrejas da Ásia; Paulo, portanto, foi o fundador delas através da cidade de Éfeso.
Exemplos Missionários na Bíblia
1 – Pentateuco
A- Adão Gn 1.28;3.15
B – Noé Gn 9.1
C – Abraão Gn 26.2-4
D – Isaque Gn 26.2-4
E – Jacó Gn 28.12-14
F – Moisés Êx 19.5,6
G – Evangelhos
H – Lc 9.1-6; 24.45-49
I – Mt 10.16-42; 23.16-20
2 – Históricos
A – Naamã 2 Rs 5
B – Raabe Js 2; Hb 11.31
C – O livro de Ester
3 – Atos
A – At 1.8; 5.28,42;
B – 8.4,11,20; 17.6
4 – Poéticos
A – Salmos 47; 50; 67;
B – 72; 89; 96; 98;
C – 104;117.
5 – Epístolas
A – Rm 15.9; Gl 1.15,16;
B – 3.8; Ef 3.4-6; Fp
C – 2.10,11;
D – 1 Tm 2.4; 3.16.
6 – Proféticos
A – Is 45.21,22; Jr 3.17;
B – Hb 2.14; Ag 2.7; Zc
C – 9.10; Ml 1.11
7 – Apocalipse
A – Ap 5.9,10,13; 7.9;
B – 10.11; 11.15;
C – 20.11-15; 21.9-27.
Vimos que o apóstolo Paulo se utilizou de inúmeros meios para alcançar as pessoas para Cristo e com elas surgiram as igrejas.
Campanhas evangelísticas, evangelismo de casa em casa, centros acadêmicos, ruas e praças e em outros locais são estratégias usadas para qualquer época da história.
Os recursos eletrônicos são bastante úteis na evangelização. Podemos resumir tudo isso nas palavras do próprio apóstolo: “Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios chegar a salvar alguns” (1 Co 9.22).
Esses são os exemplos que devemos seguir para plantar igrejas, tanto em nosso país como no campo missionário.
http://mauricioberwald.comunidades.net/licoes-antigas-cpad-evangelismo-e-missoes-2002
A Mordomia da Igreja Local e a Responsabilidade Social
A MISSÃO SOCIAL DA IGREJA
1 – A evangelização e a responsabilidade social cristã são dois temas imprescindíveis ao contexto social e religioso brasileiro.
O serviço social e a evangelização fazem parte da missão integral da Igreja — somos chamados à evangelização pessoal, mas também ao serviço social, pois Jesus andava por toda parte “… pregando e anunciando o evangelho” e “andava fazendo o bem” (Lc 8.1; At 10.38). No entanto, é necessário que o professor distinga a expressão serviço social de ação social.
2 – Atender ao pobre em suas necessidades é um preceito bíblico (Lv 23.22; Dt 15.11; Sl 41.1; 82.3; At 11.28-30; Cl 2.10).
A missão assistencial da Igreja no mundo é a continuação da obra iniciada por Jesus. Assim como o Senhor jamais se esqueceu dos pobres, a Igreja não deve desprezá-los (Lc 4.18,19).
O imperativo da Grande Comissão inclui, na essência da mensagem do evangelho, o atendimento às pessoas necessitadas. Ver Mt 25.35-40; Jo 13.14,15.
Fundamentos da Responsabilidade Social da Igreja
1 – No Antigo Testamento (Dt 15.10,11).
Esta é uma das muitas referências do Antigo Testamento sobre o nosso dever de ajudar, assistir e socorrer os necessitados. Devemos atender ao pedinte (Dt 15.7-10) e ao carente de víveres para a sua subsistência (Sl 132.15). Ver Lv 19.10; 23.22; Êx 23.11.
A justiça social ordenada por Deus determinava que os ricos não desprezassem os pobres (Dt 15.7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o órfão fossem atendidos em suas necessidades (Êx 22.22; Dt 10.18; 14.29).
2 – No Novo Testamento (Mt 26.11; Gl 2.10).
Aqui estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir quaisquer favores recebidos (Lc 14.13,14).
Quando Cristo veio ao mundo, a Palestina passava por graves problemas sócio-econômicos, de sorte que muitos o buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2.43-46; 6.1; Rm 15.25-27; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8; 9; Cl 2.9; Fp 4.18,19, etc.
A Responsabilidade Social da Igreja Primitiva
Após o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes em Jerusalém, e a conversão de quase três mil almas a Cristo, houve um grande despertamento espiritual entre os primeiros crentes.
A despeito de os apóstolos jamais deixarem arrefecer a principal missão da Igreja na Terra, que compreende: a pregação do evangelho, a doutrina, a comunhão, a fraternidade e a oração (At 2.42; 4.31; 5.42), o Espírito Santo também inspirou e guiou aqueles servos de Deus rumo ao cumprimento da missão social da igreja. Vejamos:
1 – Doutrina.
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos”. A doutrina cristã, ensinada por Jesus durante seu ministério terreno, continuou no coração e na mente dos apóstolos.
Agora, o Espírito Santo vivificava e consolidava em suas mentes tudo quanto o Senhor ensinara, como Jesus havia predito (Jo 14.26; 15.26; 16.13). A primeira coisa que cuidaram na igreja nascente foi a doutrina, que é essencial à fé cristã.
2 – Comunhão.
“E perseveravam na comunhão”. Comunhão quer dizer “aquilo que é comum a todos”; “fraternidade”; “compartilhar de um interesse comum”.
Portanto, é relacionamento íntimo e fraternal entre os irmãos. Na igreja primitiva, era uma prática que fortalecia o relacionamento social e despertava a sensibilidade dos crentes pelas necessidades uns dos outros (At 2.44-46; 4.32-36).
3 – Solidariedade.
“E perseveravam no partir do pão”. Em Atos 2.42, pode referir-se tanto às refeições comuns quanto à Ceia do Senhor. Era costume, entre os judeus, representar a comunhão entre as pessoas, segurando com as mãos o pão e partindo-o em pedaços, ao invés de cortá-lo (Lc 22.19; 1 Co 11.24).
Era um ato de fraternidade e solidariedade entre os irmãos. Essa prática sugere a necessidade de a Igreja partilhar, por meio do serviço social, o pão material com os necessitados.
4 – Oração.
“E perseveravam nas orações”. O sentido plural da palavra oração indica a diversidade dos propósitos pelos quais oramos, bem como as diferentes formas de oração. A oração foi a força motriz do grande avivamento no dia de Pentecostes (At 1.14; 2.1; 3.1). Havia uma assídua participação nas reuniões de oração da igreja primitiva, porque os crentes estavam sempre unidos em um mesmo Espírito, fé e amor.
Um profundo Senso de Responsabilidade Social (vv.44,45)
Ao invés de a igreja primitiva discutir se era ou não de sua responsabilidade suprir as necessidades dos cristãos pobres, realizava esse serviço movida de amor e compaixão de Deus. O bem-estar social de cada irmão em Cristo tinha sua base nos valores espirituais e morais da igreja nascente.
1 – A igreja era caridosa (At 2.45).
Os versículos 43 e 44 indicam três qualidades da igreja cristã: temor, fervor pentecostal e unidade. No original, os verbos dos vv.43,44 descrevem uma ação repetida e contínua — os discípulos continuavam sendo cheios de temor e vendendo seus bens à medida que as necessidades individuais surgiam: “repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade” (v.45).
O temor dos crentes não era medo, mas um profundo reconhecimento de que tudo o que estava acontecendo com eles procedia de Deus.
A Igreja era pentecostal, no sentido bíblico da palavra, e unida: “tinham tudo em comum”. A consciência dos crentes foi despertada para sair da neutralidade e da omissão social.
2 – Consciência das necessidades materiais dos cristãos (At 11.27-30).
A Bíblia registra a profecia concernente à grande fome e empobrecimento que atingiu o mundo de então. Esse fato ocorreu no governo de Cláudio César, imperador de Roma, entre 45-54 d.C. Josefo, historiador judeu, registra uma grande fome na Judeia em 46 d.C.
Foi nesse período de extrema necessidade que os cristãos de Antioquia enviaram suprimentos à igreja de Jerusalém.
A igreja missionária em Antioquia se preocupava com o estado dos demais cristãos no mundo, especialmente com a igreja-mãe em Jerusalém. Os cristãos foram estimulados a contribuírem conforme suas posses, enviando as ofertas por meio de Barnabé e Paulo, e assim socorreram os irmãos da Judeia.
3 – A igreja primitiva cumpria sua missão social (2 Co 8.3,4; 9.13).
A igreja não apenas pregava o evangelho, mas também atendia àqueles que necessitavam de socorro físico e material (Cl 2.9,10). Os seguintes princípios devem nortear o serviço social da igreja:
- a) Mutualidade— isto é, ser generoso, recíproco, solidário.
- b) Responsabilidade— trata-se de privilégio e não obrigação (2 Co 8.4; 9.7);
- c) Proporcionalidade— contribuição de acordo com as possibilidades individuais (2 Co 9.6,7).
A missão da igreja inclui não apenas a proclamação do evangelho, mas também a assistência aos pobres, a cura dos enfermos e a libertação dos oprimidos pelo diabo (Mc 16.15-18).
4 – “Ação Social: Compromisso de uma igreja.
Porque falar em ação social da igreja quando estamos discursando sobre a Igreja Viva? Porque cremos ser esta, sem dúvida, uma das manifestações mais convincentes de que a vida de Deus está no meio de seu povo.
5 – Avivamento e ação social: equilíbrio.
O avivamento espiritual, que é tanto a causa como o produto de uma Igreja Viva, precisa abranger a igreja como um todo, se não queremos um organismo aleijado ou disforme.
Não se pode falar de um avivamento que priorize apenas um aspecto da totalidade do ser humano como, por exemplo, o destino de sua alma, em detrimento de seu bem-estar físico e social.
Não nos interessa uma comunidade apenas voltada para o futuro, em prejuízo do hoje, pois isso implica em negligenciar as necessidades imediatas e urgentes do ser humano.
O homem vive na dimensão do aqui e agora. Tem fome, frio, doença, sofre injustiças; enfim, tem mil motivos para não ser feliz. Nossa missão, pois, é socorrer o homem no seu todo, para que não somente usufrua paz de espírito, mas também conserve no corpo e na mente motivos de alegria e esperança.
O projeto de Jesus é para o homem todo e para todos os homens. Fugir dessa verdade é desobediência e rebelião contra aquEle que nos comissionou. Um verdadeiro avivamento trará de volta ao crente brasileiro o amor pelos quase 50 milhões de irmãos pátrios que vivem na pobreza absoluta.
O estilo de vida de uma igreja avivada não se presta a esquisitices humanas, mas à formação de personalidades de acordo com o caráter de Cristo, que não negligenciam o amor ao próximo”.(CIDACO, J. A. Um grito pela vida da igreja. RJ: CPAD, 1996, p.87-8.)
As necessidades sociais das pessoas podem ser: psicológica (desequilíbrio emocional; depressão, doenças psicossomáticas), econômica (desemprego, pobreza, miséria), educacional (analfabetismo), física (abrigo, alimento, roupas, enfermidades), e espiritual (idolatria, pecado).
Conclusão
O evangelho integral, no entanto, não se limita apenas ao atendimento espiritual da pessoa, mas implica em atendê-la em suas necessidades gerais — psicológica, econômica, educacional, física e espiritual (Tg 1.27; 2.1-17).
É desafiador quando sabemos que o julgamento de Cristo inclui o modo como agimos em relação à obra social, às necessidades de nossos semelhantes: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.34-39). http://mauricioberwald.comunidades.net/licoes-antigas-cpad-eclesiologia
Bibliografia
– Bíblia de Estudo Palavra Chave (ARC)
– A Bíblia de Estudos das profecias. E.R.A.
– Dicionário Online
– Apontamentos Teológico do Autor
– https://ctecvidacrista.com.br
– 4º Trimestre – Jovens e Adultos 2003 – Título: Mordomia Cristã — Servindo a Deus com excelência – Comentarista: Elienai Cabral