A Lei a Carne e o Espírito

A lei a carne e o espírito

A Lei a Carne e o Espírito

Desde o capítulo 5 até aqui, o Espírito Santo foi mencionado apenas uma vez (Rm 5.5). O capítulo 8, porém, mostra que a vida cristã é abundante no Espírito, como bênção da justificação pela . Este é o ministério do Espírito, que vamos estudar.

O conflito da Lei

 Considerações preliminares.

Observe que o texto em pauta começa com a conjunção, “portanto” (v.1), que mostra sua ligação com o capítulo anterior. E necessário entender a parte final do referido capítulo (7.13-25). Pois só entenderemos o capítulo 8 de Romanos se compreendermos devidamente o conflito da lei.

Paulo como cristão.

Há muitas discussões sobre este tema: “O conflito da lei” (7.13-25). O mais provável é que o homem do conflito, em questão, é o apóstolo Paulo, representando os cristãos na sua luta contra o pecado. E, para essa interpretação, há três argumentos:

a) A natureza pecaminosa do homem. Ninguém está totalmente isento do pecado: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos” (1Jo 1.8).

b) O tempo verbal. Antes do v.12, o apóstolo usa o verbo no tempo presente, por exemplo: “…mas eu sou carnal” (v.14), “o que faço não aprovo… o pecado que habita em mim” (vv.15,17).

O que não acontece antes do v.13: “… despertou em mim… reviveu o pecado e eu morri… me enganou, e me matou” (vv.8,9,11), que dá a ideia de passado.

c) Reconhecimento de suas fraquezas. O conflito espiritual abrange a confissão de alguém com elevado grau de maturidade cristã, pois reconhece suas debilidades diante da lei, algo que um não convertido dificilmente reconheceria.

Objetivo do texto de Rm 7.13-25.

Paulo mostra a luta do homem religioso querendo obedecer à vontade de Deus, sem Jesus e sem o Espírito Santo. O propósito do apóstolo, nessa passagem, é mostrar que nada podemos fazer para obedecer a Deus sem a ajuda do Espírito Santo.

Somos absolutamente impotentes, e necessitamos da libertação do pecado e do “eu”. Mas isso só é possível em Jesus Cristo, nosso Senhor. Por isso, o Espírito Santo não aparece nessa passagem, e o nome de Jesus só aparece no v.25, que é o versículo de transição para o capítulo 8, e que inicia com “portanto”.

Os que estão em Cristo Jesus

 A dupla bênção (vv.1,2).

Jesus Cristo, em sua morte e ressurreição, nos salvou da condenação — “nenhuma condenação há” (v.1) e “a lei do Espírito de vida me livrou da lei do pecado e da morte” (v.2).

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Em Romanos, a palavra “lei” pode ser aplicada ao Pentateuco (3.21) e a todas as Escrituras (3.19), pois dos vv.10 a 18 há uma citação de Isaías e cinco dos Salmos.

Aqui, no v.2, “lei do Espírito de vida” significa um princípio divino. Princípio esse que quebrou outro princípio maligno — a “lei do pecado e da morte”.

Carne (v.3).

O conceito paulino de carne em Romanos pode aplicar-se à humanidade (Rm 3.20), à natureza humana (1.3), ao corpo (2.28), à descendência de um homem (4.1), à fragilidade humana (6.19), à velha natureza do crente (6.6; 7.18,25) e ao homem não regenerado (8.8). No v.3 diz respeito à natureza humana de Cristo (8.3). Ver 1Jo 3.5; 1Pe 2.22; 2Co 5.21.

Uma obra divina.

Uma vez que a carne está debilitada e impotente para guardar a lei, acha-se esta impossibilitada de salvar. O problema, então, não era da lei, mas do homem sem qualquer poder para guardá-la.

A lei diz: “faça e viva”, entretanto, a graça diz: “viva e faça”. Fazemos a vontade de Deus com a ajuda e a direção do Espírito Santo para a nossa santificação.

A liberdade do Espírito (v.4).

A liberdade em Cristo que gozamos advém do fato de não estarmos debaixo da lei, mas da graça (Rm 6.14). Uma vez debaixo da graça, “não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. É no capítulo 8 que a operação do Espírito Santo na vida do cristão é manifesta com mais clareza.

A inclinação da carne e a inclinação do Espírito

Carnais e espirituais (vv 5,6).

O apóstolo fala de dois grupos de pessoas os carnais e os espirituais. Cabe a cada crente fazer uma análise introspectiva para verificar se suas inclinações são carnais ou espirituais.

O homem é aquilo que imagina a sua alma (Pv 23.7). E Jesus afirmou que o homem fala daquilo que o seu coração estiver cheio (Lc 6.45). O pensamento do homem norteia o seu comportamento.

Se a mente é carnal, seu comportamento é carnal, resultando em morte; se a mente é espiritual, seu comportamento é espiritual, resultando em vida e paz.

Inclinação da carne (v.7).

Isso significa ter mente carnal, vida controlada pela carne. Tal pessoa não está sob o domínio do Espírito. Quem assim vive, não pode agradar a Deus (v.8).

Só conseguiremos agradar a Deus fazendo-lhe a vontade. Mas só o conseguiremos se estivermos sob a direção do Espírito Santo. Leia mais sobre O perigo das obras da carne.

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Inclinação do Espírito.

Os que são justificados pela fé em Cristo, nasceram de novo, e, portanto, são regenerados. São filhos de Deus. Eles ocupam-se inteiramente das coisas de Deus.

Procuram conhecer cada vez mais a Cristo, inteirar-se da Palavra de Deus, dedicar-se à evangelização, à oração, ao jejum, ao louvor. Sua expectativa é a vinda de Jesus!

Paulo descreve duas classes de pessoas: as que vivem segundo a carne e as que vivem segundo o Espírito.

(1) Viver ‘segundo a carne’ (‘carne’, aqui, é o elemento pecaminoso da natureza humana) é desejar e satisfazer os desejos corrompidos da natureza humana pecaminosa; ter prazer e ocupar-se com eles.

Trata-se não somente da fornicação, do adultério, do ódio, da ambição egoísta, de crises de raiva, etc. (ver Gl 5.19,21), mas também da obscenidade, de ser viciado em pornografia e em drogas, do prazer mental e emocional em cenas de sexo, em peças teatrais, livros, vídeo, cinema e assim por diante.

(2) Viver ‘segundo o Espírito’ é buscar a orientação e a capacitação do Espírito Santo e submeter-nos a elas e concentrar nossa atenção nas coisas de Deus.

É estar sempre consciente de que estamos na presença de Deus, e nEle confiarmos para que nos assista e nos conceda a graça de que carecemos para que a sua vontade se realize em nós e através de nós.

(3) É impossível obedecer à carne e ao Espírito ao mesmo tempo (vv.7,8; Gl 5.17,18). Se alguém deixa de resistir, pelo poder do Espírito Santo, a seus desejos pecaminosos e, pelo contrário, passa a viver segundo a carne (v.13), toma-se inimigo de Deus (8.7; Tg 4.4), e a morte espiritual e eterna o aguarda (v.13).

Aqueles cujo amor e solicitude estão prioritariamente fixados nas coisas de Deus, podem esperar a vida eterna e a comunhão com Ele (vv.10,11,15,16)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD).

O Espírito Santo mora em nós

Mudança de homem religioso para homem espiritual.

Interessante é observar o contraste entre os capítulos 7 e 8 de Romanos. No capítulo 7, o apóstolo afirma por duas vezes: “o pecado habita em mim” (Rm 7.17,20). No capítulo 8, é o Espírito Santo quem habita em nós (v.9). Agora, somos devedores ao Espírito, que nos deu vida, e não à carne, que resulta em morte (vv.12,13).

O Espírito de Deus (v.9).

O Espírito Santo é chamado “Espírito de Cristo” (At 16.7; Fp 1.19). São referências à deidade absoluta de Jesus (Jo 1.1; 9.5; Tt 2.13). Veja que o Espírito Santo, ou “Espírito de Cristo”, habita em nós (v.9). No versículo seguinte, lemos que Cristo habita em nós (v.10), e o v.11 diz que somos morada da Trindade. Leia sobre A Vida segundo o Espírito.

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Filhos de Deus (v.14).

Somos filhos de Deus por adoção através do sacrifício de Jesus (vv.15-17; Gl 4.5,6). Como filhos, recebemos o Espírito Santo, e, por meio dEle, somos guiados (v.14). Eis porque o Espírito de Deus testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (v.16). O grande privilégio dos filhos de Deus é ser morada do Espírito Santo (1Co 3.16,17).

Adoção de filhos

Adoção de filhos é uma das grandes doutrinas da fé cristã. Ela nada tem com filiação, e sim com posição. A expressão deriva de dois termos gregos: “huios” = filho, e “thesis” = posição. A adoção quase não era usada entre os judeus.

Os casos mencionados na Bíblia ocorreram fora do ambiente cultural de Israel, como o caso de Moisés (no Egito), Êx 2.10 e At 7.21. O caso de Ester (na Pérsia), Et 2.7,15. O mundo greco-romano onde foi escrito o Novo Testamento, sim, este praticava a adoção de filhos.

O termo “huiothesia” é de origem romana, adotado pelos gregos. Paulo, inspirado pelo Espírito Santo o emprega cinco vezes: Rm 8.15,23; 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5.

Em nossa cultura, adota-se quem não é filho, mas no caso da Bíblia a adoção espiritual é para quem já é filho de Deus. A Bíblia é clara: “adoção de filhos” (Rm 8.15; Gl 4.5). Deus não adota um crente como filho; este é gerado como tal, pelo Espírito Santo, na regeneração.

Na adoção, recebemos a posição de filhos adultos e herdeiros, espiritualmente falando. “Adoção de filhos” não é nossa colocação na família de Deus; isto se dá no novo nascimento.

Na adoção, o crente já como filho é elevado à posição de filho adulto e herdeiro da família. Na regeneração há mudança de natureza, pela filiação; na adoção, há mudança de posição. Lembremo-nos: Deus só adota a quem já é seu filho!

A nossa adoção de filhos de Deus tem ainda um aspecto a cumprir-se no futuro: Rm 8.23 — é a nossa ressurreição ou transformação do nosso corpo, quando então seremos conformados com Jesus Cristo (1Jo 3.2).

Conclusão

Os muçulmanos prostram-se diante de Alá (Deus em árabe) como escravos e não como filhos. Os judeus não ousam dirigir-se a Deus como Pai apesar de Deus chamar Israel de filho (Os 11.1). No entanto, podemos dirigir-nos a Deus, clamando: Aba Pai. Quão grande é o nosso privilégio!

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