Cosmovisão Missionária na Epístola aos Romanos

Cosmovisão Missionária

Cosmovisão Missionária

A parte prática da Epístola aos Romanos mostra que Deus tem interesse no bem-estar espiritual e social do ser humano. Isso pode ser encontrado em toda a Bíblia.

As atividades sociais devem acompanhar o trabalho de evangelização ou vice-versa. A Igreja de Cristo tem trabalhado com grande afinco e denodo na tarefa de evangelização dos perdidos.

Eu me alimento das mãos de Deus

Não obstante a Igreja prosseguir na sua tarefa principal, depara-se com o enorme desafio de atuar no ministério de compartilhamento com os menos favorecidos.

Texto Bíblico Romanos 15.22-29

A Cosmovisão Missionária de Paulo inclui a responsabilidade social da Igreja

(Romanos 15: 25-27). 

25 — Mas, agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos.

26 — Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém.

27 — Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais.

Vejamos uma síntese, na Bíblia, que aprova a preocupação do Apóstolo:

1 –  No Antigo Testamento (Dt 15.10,11).

 Esta é uma das muitas referências do Antigo Testamento sobre o nosso dever de ajudar, assistir e socorrer os necessitados. Devemos atender ao pedinte (Dt 15.7-10) e ao carente de víveres para a sua subsistência (Sl 132.15). Ver Lv 19.10; 23.22; Êx 23.11.

A justiça social ordenada por Deus determinava que os ricos não desprezassem os pobres (Dt 15.7-11), e que o estrangeiro, a viúva e o órfão fossem atendidos em suas necessidades (Êx 22.22; Dt 10.18; 14.29).

A escravidão em Israel. Embora paradoxal, a escravidão fazia parte do contexto social israelita. No entanto, quando comparamos o regime escravista judaico com o de outras nações, observamos uma distinção considerável entre ambos.

Enquanto os povos vizinhos escravizavam para explorar vilmente o ser humano, a escravidão em Israel dava-se por razões econômicas. Quem não tinha dinheiro para saldar uma dívida quitava-a com a sua mão-de-obra.

Eu me alimento das mãos de Deus

Em caso de falência, por exemplo, o israelita vendia-se como escravo ao seu irmão. Todavia, o tempo de servidão não poderia ultrapassar seis anos. Depois desse período, o escravo era liberto (Êx 21.2; Dt 15.1-18).

E o seu senhor, por seu turno, teria de suprir as suas necessidades para que ele pudesse dar início a uma vida digna (vv.13,14).

2 –  No Novo Testamento (Mt 26.11; Gl 2.10). 

Aqui estão incluídos os pobres, enfermos, deficientes físicos, crianças, idosos, desamparados, desabrigados, encarcerados, bem como os incapazes de retribuir quaisquer favores recebidos (Lc 14.13,14).

Quando Cristo veio ao mundo, a Palestina passava por graves problemas socioeconômicos, de sorte que muitos o buscavam apenas para saciar a fome (Jo 6.26). É justamente nesse contexto que devemos estudar a ação social da igreja primitiva. Ler At 2.43-46; 6.1; Rm 15.25-27; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8; 9; Cl 2.9; Fp 4.18,19, etc.

Pois quando lemos a Epístola de Paulo a Filemom, convencemo-nos, de imediato, que devemos tratar nossos irmãos, principalmente os que nada possuem, com toda a dignidade e respeito, porque Jesus assim o faz.

A dupla responsabilidade Cristã

1 – O objetivo principal da Igreja é glorificar a Deus

“Quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). Alguém pode perguntar: “A tarefa principal da Igreja não é a evangelização? ”. A resposta é afirmativa. Isso, porém, é consequência do glorificar a Deus.

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Perceba que a atividade da Igreja se direciona em dois sentidos: vertical — adoração, atividades espirituais; horizontal — servir ao próximo, atividades filantrópicas e sociais. Por isso Deus estabeleceu ministérios na Igreja.

2 – O papel da Igreja na sociedade. 

O reconhecimento dos gentios (v.27). Os gentios deviam se sentir endividados espiritualmente com os judeus; afinal Jerusalém era a igreja-mãe.

Como nós, no Brasil, reconhecemos os nossos pioneiros suecos, e temos uma admiração profunda pela Suécia, a nossa mãe, que nos enviou os primeiros missionários. Assim também, os gentios tinham um apreço especial pelos irmãos judeus de Jerusalém.

3 –  Jerusalém e suas necessidades. 

Agora, a igreja de Jerusalém padecia necessidades. O apóstolo Paulo era um homem muito cuidadoso. Tudo o que fazia, o fazia com dedicação e empenho (Ec 9.10). Seu cuidado com as igrejas não se restringia apenas ao plano espiritual.

Eu me alimento das mãos de Deus

Paulo, sabendo dessa necessidade, levantou ofertas na Macedônia, na Acaia (v.26; 2Co 8.1), em Corinto e na Galácia (1Co 16.1-3; 2Co 8.6-11; 9.1-5), para suprir as necessidades dos irmãos pobres de Jerusalém.

4 – Objetivo de Paulo. 

O apóstolo Paulo via a necessidade de unir as igrejas gentias com a de Jerusalém. Os gentios ainda eram vistos com suspeitas por causa dos costumes judaicos. Essa oferta era um gesto espontâneo baseado no amor fraternal, e com isso levava os gentios a reconhecerem sua dívida espiritual com Jerusalém.

Contudo, não era uma inovação, pois, cerca de 11 anos antes, juntamente com Barnabé, Paulo levou uma oferta para os necessitados de Jerusalém (At 11.30).

Obs.: “Eu não conheço qualquer outra declaração de nossa dupla responsabilidade cristã, social e evangelística, melhor do que aquela feita pelo Dr. W. A. Visser: ‘Eu creio’, disse ele, ‘que com respeito à grande tensão entre a interpretação vertical do Evangelho como essencialmente preocupada com ao ato da salvação de Deus na vida dos indivíduos e a interpretação horizontal disto, como principalmente preocupada com as relações humanas no mundo, devo fugir daquele movimento oscilatório mais do que primitivo de ir de um extremo para o outro.

Um cristianismo que tem perdido sua dimensão vertical tem perdido seu sal e é, não somente insípido em si mesmo, mas sem qualquer valor para o mundo’.

Mas, um cristianismo que usaria a preocupação vertical como um meio para escapar de sua responsabilidade pela vida comum do homem é uma negação do amor de Deus pelo mundo, manifestado em Cristo.

Deve tornar-se claro que membros de igreja que de fato negam suas responsabilidades com o necessitado em qualquer parte do mundo são tão culpados de heresia, quanto todos os que negam este ou aquele artigo de ” (Cristianismo Equilibrado. CPAD).

A necessidade nos dias de Paulo também é atual

 1 – “Ministrar aos santos” (v.25). 

Essa expressão diz respeito ao serviço social prestado pelo apóstolo aos irmãos pobres de Jerusalém. Ministério significa serviço.

Deus incluiu entre os ministérios dados à Igreja, o serviço social: “Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria” (Rm 12.8). “…depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas” (1Co 12.28).

2 –  Mazelas Sociais. Jesus disse

“Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes” (Mc 14.7). Hoje se fala dos meninos e meninas de ruas juntamente com os idosos abandonados, da prostituição infantil, das frequentes invasões de terra, do desemprego e de outras mazelas.

O que a Igreja tem feito para aliviar o sofrimento dessa gente? É bom lembrar que desde o princípio do mundo que os trabalhos filantrópicos estiveram sempre ligados à religião (Tg 1.27).

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3 –  Pão para quem tem fome. 

Não podemos ficar alheios ao sofrimento do próximo (1Jo 3.17). Convém lembrar que uma cesta básica não resolve o problema do pobre.

Mas, o problema é resolvido à medida que essas pessoas forem absorvidas no mercado de trabalho, ganhando seu pão com o suor do seu rosto.

A cesta básica é um paliativo até que essas pessoas consigam emprego. O que não se deve é despedir sem nada o necessitado. Tiago chama esse procedimento de fé morta (Tg 2.14-17). Leia mais sobre a Fidelidade de Deus.

A Cosmovisão Missionária caracterizada na Filantropia

 1 –  A filantropia. 

A palavra significa “humanitário, amigo da humanidade”, e vem do grego filos, “amigo” e anthropos, “homem”. Ora, se os que não têm esperança estão sempre dispostos a ajudar a seu próximo, por que não nós, que somos filhos da luz? O cristão tem inclinação para ajudar os pobres e necessitados, porque ele é “participante da natureza divina” (2Pe 1.4).

2 –  Desde Moisés. 

O assunto da filantropia vem desde Moisés e perpassa toda a Bíblia. Jesus deu o exemplo de filantropia numa época em que não havia infraestrutura e nem organização estatal.

Assim, quando falamos de trabalhos sociais e filantrópicos queremos mostrar as várias maneiras pelas quais a Igreja procura socorrer os pobres nas suas necessidades. Como o pecado é a causa primária dessa miséria, enquanto o mundo subsistir, estas coisas estarão presentes.

3 –  No Cristianismo. 

Não demorou muito para que os serviços sociais surgissem na Igreja. Os apóstolos delegaram esses trabalhos aos irmãos vocacionados, de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria.

Assim, os apóstolos deram, importância a essa atividade, não ficando alheios aos problemas dos necessitados. Isso está muito claro em Atos 6.1-6, quando houve a separação de crentes para o diaconato, a fim de servirem nesse ministério.

Contudo, a generosidade cristã não deve se restringir apenas aos trabalhos filantrópicos. Deve ser extensivo ao trabalho de Deus, nos dízimos e nas ofertas, para a expansão do reino de Deus. O ex primeiro ministro de Israel, Ben Gurion, disse certa vez que Israel vive dos missim e nissim, jogo de palavras hebraicas que significa: “impostos e milagres”.

A obra de Deus se faz com recursos financeiros — dízimos e ofertas —, e com os milagres. A igreja de Filipos tinha essa visão e não se esqueceu do apóstolo Paulo.

O apóstolo ficou deveras agradecido aos filipenses pela lembrança e pela ajuda (Fp 4.14-19).  2º Trimestre de 1998 – Título: Romanos — O Evangelho da justiça de Deus: Esequias Soares da Silva.

As Bênçãos de Deus decorrentes da prática da Obra Missionária e a Obra Social

Sabemos que Israel, no período do Antigo Testamento, teve a oportunidade de influenciar o mundo ao seu redor em prol do Deus único, cumprindo suas leis e demonstrando um amor profundo pelo Senhor, temos o desafio de realinhar nossas prioridades.

Mas, se genuinamente nos preocuparmos com a linha de baixo, isto é, que o evangelho seja proclamado e vivido entre todos os povos, a bênção gloriosa cairá sobre cada um de nós.

Retribuição Divina e a obra social na igreja em Roma

1 –  Comunicar e comunicação. 

O apóstolo Paulo costuma usar o verbo “comunicar” ou o substantivo “comunicação” com referência ao ato de o cristão compartilhar o que tem com os demais (2Co 8.4; Fp 4.15).

Assim, a Versão Almeida Atualizada usa o verbo “associar”. Isso diz respeito à ajuda aos necessitados (Hb 13.16) e também às ofertas ou ao sustento missionário (Fp 4.15).

2 –  Deus promete retribuir.

Quem ajuda ao necessitado, Deus o abençoa (2Co 9.8-12). Temos a promessa de Deus de uma boa colheita — salário abençoado.

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Por isso, Jesus disse que é melhor dar do que receber (At 20.35). Jesus garantiu que quem assim faz, de maneira nenhuma perderá o seu galardão (Mt 10.42).

3 – A omissão dessa responsabilidade é pecado. 

Deus abençoa, tanto no sentido espiritual como no material aos que ajudam os necessitados. Ele aumenta os bens materiais para que também aumente as condições de ajuda aos necessitados. Quem dá ao pobre empresta a Deus (Pv 19.17).

Qualquer omissão diante desta responsabilidade espiritual, que pesa sobre a Igreja, pode resultar em graves consequências. A Bíblia diz que o “que retém o trigo, o povo o amaldiçoa” (Pv 11.26).

4 –  A caridade fraternal. 

Infelizmente ainda há igrejas que continuam insensíveis às necessidades do pobre e aos serviços sociais. Dão muita ênfase à guerra espiritual, ao mundo invisível, mas não se importam com o mundo visível. Não devemos nos esquecer da hospitalidade, dos presos e dos maltratados (Hb 13.1-3).

5 – O evangelho integral

No entanto, não se limita apenas ao atendimento espiritual da pessoa, mas implica em atendê-la em suas necessidades gerais — psicológica, econômica, educacional, física e espiritual (Tg 1.27; 2.1-17).

Por conseguinte, é desafiador quando sabemos que o julgamento de Cristo inclui o modo como agimos em relação à obra social, às necessidades de nossos semelhantes:

“Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.

Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25.34-39).

A fé salvífica

“(1) A verdadeira fé salvífica é tão vital que não poderá deixar de se expressar por ações, e pela devoção a Jesus Cristo. As obras sem a fé são mortas. A fé verdadeira sempre se manifesta em obediência para com Deus e em atos compassivos para com os necessitados.

(2) Tiago objetiva seus ensinos contra os que na igreja professavam fé em Cristo e na expiação pelo seu sangue, crendo que isso por si só bastava para a salvação. Eles também achavam que não era essencial no relacionamento com Cristo obedecer-lhe como Senhor.

Tiago diz que semelhante fé é morta e que não resultará em salvação, nem em qualquer outra coisa boa (Tg 2.14-16,20-24). O único tipo de fé que salva é ‘a fé que opera por caridade’ (Gl 5.6)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD).

(3) As necessidades sociais das pessoas podem ser: psicológica (desequilíbrio emocional; depressão, doenças psicossomáticas), econômica (desemprego, pobreza, miséria), educacional (analfabetismo), física (abrigo, alimento, roupas, enfermidades), e espiritual (idolatria, pecado).

Conclusão

Na verdade, a prática da obra missionária será aprovada se a mesma vier estampada ou mergulhada na obra social, caso contrário, não é a verdadeira missiologia. Se alguém disser: “Amo a Deus! ”

E, no entanto, não se comover ante os sofrimentos do próximo, contribuindo materialmente para aliviá-los, na medida de suas possibilidades, será um mentiroso. Pois o amor de Deus requer que compartilhemos de nossos bens com os irmãos necessitados.

O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, ressalta o seguinte: “O amor se expressa pela ajuda sincera aos necessitados, compartilhando com eles nossos bens terrestres” (ver Tg 2.14-17).

Portanto, recusar a doar parte do nosso alimento, das nossas roupas, ou do nosso dinheiro para ajudar os necessitados, é fechar-lhes o nosso coração (ver Dt 15.7-11). Mas, por amor, devemos também contribuir com nosso dinheiro para ajudar a propagar o evangelho aos que ainda não o ouviram.

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