O amor e a misericórdia de Deus através da Salvação
Através de méritos próprios, nenhum ser humano alcançaria a dádiva da salvação, pois ela é, e continuará sendo, resultado da graça, do favor do Pai.
Contudo, é difícil para nós, seres imperfeitos e limitados, compreender o amor altruísta e a misericórdia de Deus em nosso favor.
Texto Bíblico 1 João 4.13-19
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleO Imensurável Amor de Deus
1 – O Amor de Deus segundo a antiga Aliança
Sem menosprezar a paciência, misericórdia e graça de Deus, a Bíblia associa mais frequentemente o desejo de Deus em nos salvar ao seu amor.
No Antigo Testamento, o enfoque primário recai sobre o amor segundo a aliança, como se vê em Deuteronômio 7.
Com respeito à redenção segundo a aliança, diz o Senhor: ‘Com amor [heb, ‘ahavah’] eterno te amei [heb. ‘ohev’]; também com amável benignidade [heb, chesedh] te atrai” (Jr 31.3). A despeito da apostasia e idolatria de Israel, Deus amava com amor eterno.
2 – O Amor de Deus segundo a nova Aliança
O Novo Testamento emprega agapaõ ou ágape para referir-se ao amor salvífico de Deus, No grego pré-bíblico, essas palavras tinham pouca relevância.
No Novo Testamento, porém, são óbvios o seu poder e valor. “Deus é ágape’ (Jo 3.16). Por isso, ele deu seu Filho unigênito’ (Jo 3.16) para salvar a humanidade. Deus tem demonstrado seu amor imerecido para conosco ’em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
O Novo Testamento dá amplo testemunho do fato de que o amor de Deus impeliu-o a salvar a humanidade perdida. Por isso, estes quatro atributos de Deus — a paciência, a misericórdia, a graça e o amor—demonstram a sua bondade ao promover a nossa redenção” (HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 345,346).
A Bíblia declara que o próprio Deus é amor (1Jo 4.8,16).
Isso significa que o amor é essência de Deus, a moral de o seu próprio ser. Ele justificou isso ao oferecer o seu Filho para nos salvar (Jo 3.16).
Só o amor de Deus justifica seu caráter compassivo. Infelizmente, nossa sociedade está acostumada com a perspectiva fantasiosa do amor, pois este nos moldes modernos, na maioria das vezes, está baseado em palavras, subjetividades e romantismos baratos.
Entretanto, o amor que se revela nas Escrituras Sagradas demonstra ação, atos de doar-se ou doar alguma coisa. É isso que caracteriza o amor de Deus. Por isso, encontramos nas Bíblias, principalmente nas antigas, o termo “caridade” no lugar do “amor”.
Diferentemente de nossa cultura, na Bíblia, o amor é inimaginável sem o sê-lo por uma ação concreta. A prova do amor de Deus para com a humanidade foi o ato de enviar o seu único Filho para nos salvar.
Obs.: Um certo poeta disse: Se o Céu fosse papel e os homens fossem canetas e as águas do Mar fossem tintas, jamais daria para descrever o grande Amor de Deus…
3 – O Amor de Deus nos salva da ira Divina
A – Ira. A palavra grega traduzida por “ira” é orge, e aparece 12 vezes em Romanos (1.18; 2.5,8; 3.5; 4.15; 5.9; 9.22; 12.19; 13.4,5).
Convém que se saiba que a ira de Deus é a reação de Sua santidade diante da impiedade, muito diferente da ira dos homens, que é egocêntrica, carregada de ódio e paixão. Esse tipo de ira não é apropriada para a natureza divina.
B – A ira de Deus sobre o pecado. É a reação divina sobre o pecado. A Bíblia exemplifica a ira de Deus no passado: Dilúvio (Gn 6.17; Mt 24.37-39), Sodoma e Gomorra (Lc 17.28-30). Fala também da ira futura (1Ts 1.10) — julgamento das nações (Mt 25.32), Juízo Final (Ap 20.1-15), etc.
C – A ira de Deus na história. Como a graça salvadora não é manifestada na consumação dos séculos, mas na experiência humana, assim também a ira de que fala o apóstolo, não é a futura. E a ira manifesta na vida dos homens ao longo de sua história.
Veja que três vezes o apóstolo Paulo diz que Deus “os entregou” (vv.24,26,28). Isso mostra a atuação da ira divina neste mundo. Como disse Friedrich Schiller: “A história do mundo é o juízo do mundo”.
D – Impiedade e injustiça. A impiedade, aqui, diz respeito ao descaso que o homem faz de Deus, e a injustiça fala da conduta pecaminosa humana. Dessa maneira, a raça humana, por rejeitar a Deus e viver na injustiça, detém a verdade. “Deter” significa “impedir”, e isso perverte a verdade, transformando-a em mentira.
Observação:
O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal destaca no texto sagrado a ira divina em três tempos: “No passado, a ira de Deus e seu ódio ao pecado revelou-se através do dilúvio (Gn 6-8), da fome e da peste (Ez 6.11ss). do abrasamento da terra (Dt 29.22,23), da dispersão do seu povo (Lm 4.16) e de incêndio através da terra (Is 9.18,19).
No presente, a ira de Deus é vista quando Ele entrega os ímpios à imundícia e às vis paixões e leva à ruína e à morte todos quantos persistem em lhe desobedecer (Rm 1.18-3.18; Ez 18.4; Ef 2.3).
Mas, no futuro, a ira de Deus incluirá a Grande Tribulação para os ímpios deste mundo (Mt 24.21; Ap 6-19) e um dia vindouro de juízo para todos os povos e nações (Ez 7.19; Dn 8.19) — ‘dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão’ (Sf 1.15), um dia de prestação de contas para os iníquos (Rm 2.5; Mt 3.7; Lc 3.17; Ef 5.6; Cl 3.6; Ap 11.18; 14.8-10; 19.15).
Por fim, Deus manifestará sua ira mediante o castigo eterno sobre os que não se arrependerem”.
A evidência da Misericórdia de Deus
No Antigo Testamento, a palavra ‘misericórdia’, é a tradução da palavra grega eleos, ou ‘piedade, compaixão, misericórdia’ (veja seu uso em Lucas 10,37; Hebreus 4.16), e oíktirmos, isto é, companheirismo em meio ao sofrimento (veja seu uso em Filipenses 2,1; Colossenses 3.12; Hebreus 10.28).
No Antigo Testamento, este termo representa duas raízes distintas; rehem, que pode significar maciez, ‘o ventre’, referindo-se, portanto, à compaixão materna (1Rs 3.26, ‘entranhas’), e hesed, que significa força permanente (SI 59,16; 62,12; 144.2) ou ‘mútua obrigação ou solidariedade das partes relacionadas’ — portanto, lealdade.
A primeira forma expressa a bondade de Deus, particularmente em relação àqueles que estão em dificuldades (Gn 43.14; Éx 34,6). A segunda expressa a fidelidade do Senhor, ou os laços pelos quais ‘pertencemos’ ou ‘fazemos parte’ do grupo de seus filhos.
Seu permanente e imutável amor está subentendido, e se expressa através do termo berít, que significa ‘aliança’ ou ‘testamento’ (Êx 15.13; Dt 7.9; 51 136.10-24) (Dicionário Bíblico Wycliff e. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1290).
No Antigo Testamento, de acordo com os termos hebraicos rehem e hesed, a palavra misericórdia pode significar “compaixão materna”, “mútua obrigação ou solidariedade”. Já em o Novo Testamento, a palavra tem a conotação de piedade e compaixão, bem como pode expressar a ideia de “companheirismo em meio ao sofrimento”.
Os textos de Lucas 10.37; Hebreus 4.16; Filipenses 2.1; Colossenses 3.12; Hebreus 10.28 ilustram respectivamente essas conotações e ideias.
Logo, a salvação que o Deus Pai proveu a todos os seres humanos por meio de seu Filho, Jesus Cristo, é a prova cabal do amor e misericórdia de um Deus solidário ao ser humano, da pessoa que se arrepende de seus pecados para encontrar uma novidade de vida. Assim, vemos que a misericórdia de Deus dura para sempre!
O Estado da Salvação e seus aspectos
“[…] É preciso compreender e comparar dois aspectos da salvação, que são: o aspecto legal e o aspecto ético e moral No aspecto legal está a justificação, que trata da quitação da pena do pecado.
Significa que a exigência da Lei foi cumprida. Porém, no aspecto moral, está a santificação que trata da vivência cotidiana após a justificação. Como compreender então a relação entre a justificação e a santificação?
Em primeiro lugar, a santificação trata do nosso estado, assim como a justificação trata da nossa posição em Cristo. Observe isto: Na justificação somos declarados justos, Na santificação nos tornamos justos.
A justificação é a obra que Deus faz por nós como pecadores. A santificação diz respeito ao que Deus faz em nós. Pela justificação somos colocados numa correta e legal relação com Deus.
Mas, na santificação aparecem os frutos dessa relação com Deus. Pela justificação nos é outorgada a segurança. Pela santificação nos é outorgada a confiança na segurança.
Em segundo lugar, a santificação envolve, também, o aspecto posicional. Na justificação o crente é visto em posição legal por causa do cumprimento da Lei, na santificação o crente é visto em posição moral e espiritual.
Assim, posicionalmente, o crente é visto nesses dois aspectos abordados que são: o legal e o moral.
Legalmente, ele se torna justo pela obra justificadora de Jesus Cristo. Moralmente, ele se torna santo por obra do Espírito Santo” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus, 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.73,74).
Conclusão
A salvação oferecida por Deus, através de Cristo, é amorosamente inclusiva: contempla todos os seres humanos e não apenas um grupo ou nação.
Jesus encarnou o amor de Deus pelos pecadores. E nós, seus servos, precisamos demonstrar amor na prática, a fim de nos parecermos com Ele, POIS Ele foi misericordioso para conosco.