A sutileza do Movimento dos Desigrejados
Cresce o número daqueles que intencionalmente não se ligam a uma igreja ou que deixaram as igrejas que frequentavam. O fenômeno dos “sem-igreja” é um desafio enorme e alcança comunidades cristãs em todo o mundo. Nesta lição, os desigrejados aparecem como um ataque ou estratégia maligna do Diabo indo de encontro a Igreja do nosso Senhor Jesus.
Texto Bíblico (Hebreus 10.19-25
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ToggleArgumento Teológico
“A Palavra ‘Igreja’ traduz o vocábulo grego ekklesia, que se deriva de ek, ‘para fora’, e de kaleo, ‘chamar’. Entretanto, na Bíblia, é usado para indicar qualquer assembleia. O uso bíblico mostra que se havia perdido o sentido de ‘chamados’. ‘Assembleia’ é a melhor tradução. Ekklesia era comumente usada no Oriente Próximo e Médio antigos para descrever uma assembleia de cidadãos — uma reunião oficial ou um ajuntamento precipitado, como a turba (At 19.32,39,41). Na versão grega da Septuaginta (Antigo Testamento), a palavra grega foi usada para indicar a assembleia ou congregação de Israel, particularmente quando o povo estava reunido perante o Senhor, nas ocasiões religiosas (por exemplo, Dt 9.10; 18.16; 23.1,3). Nos tempos do Novo Testamento, entretanto, os judeus preferiam o termo ‘Sinagoga’ para designar tanto o edifício quanto a congregação que nele se reunia. Por conseguinte, para distinguirem-se dos judeus e se declararem o verdadeiro povo de Deus, tanto Jesus quanto os primitivos cristãos usavam o termo ekklesia. A Igreja é, portanto, a família espiritual de Deus, uma comunidade criada pelo Espírito Santo, baseada na obra expiatória de Cristo” (MENZIES, W. W.; HORTON, S. M. Doutrinas Bíblicas: Os fundamentos da nossa fé. 5.ed., RJ: CPAD, 2005, p.133).
O que é a Igreja
Definição.
No grego, o vocábulo igreja é ekklēsia. O termo, literalmente, refere-se à reunião de um povo, assembleia ou igreja local (Mt 18.17; At 15.4). A “igreja é um organismo místico composto por todos os que, pela fé, aceitaram o sacrifício vicário de Cristo”. Ao estabelecer a Igreja, Jesus tinha um propósito: levar os salvos a adorarem a Deus, proclamando-O, através do testemunho e da pregação do Evangelho.
As duas principais dimensões da Igreja.
A Igreja não é uma mera organização, mas um organismo vivo. O Novo Testamento mostra que ela é divina e terrena. Vejamos:
a) Divina. O Mestre amado disse: “[…] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Jesus Cristo é a pedra, isto é, o único e o profundo alicerce da Igreja (1 Co 3.11). Portanto, a característica divina da Igreja está na pessoa de Jesus Cristo (Ef 2.20). Ele a fundou, edificou-a e conserva-a através do Espírito Santo para nossa consolação (Jo 14.16; 15.26).
b) Terrena. O Corpo de Cristo é composto por judeus e gentios. Antes do advento da Igreja, ambos os povos estavam separados. Todavia, mediante a cruz de Nosso Senhor, passaram a constituir uma só grei (Ef 2.14). Isto denota a diversidade étnica e cultural da Igreja, pois esta é formada por pessoas oriundas de todas as nacionalidades, culturas e etnias. É a assembleia universal dos santos.
Sua identidade. A Igreja, como instituição divina, tem o seu manual de regra e conduta: a Bíblia Sagrada ’ a Palavra de Deus. Portanto, tudo o que o Senhor quer daqueles que crêem em Jesus Cristo e fazem parte da sua Igreja é:
a) Um amor devotado ao Pai: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37b).
b) Amar ao próximo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.39b). A Igreja Primitiva procurava com reverência e zelo cumprir este ensino de Jesus: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” (At 2.42). Os crentes, além de pregar o Evangelho de Jesus, acolhiam as pessoas com amor e compaixão. A Igreja de Cristo ama a Deus e ao próximo.
OBS: IGREJA ORGÂNICA – “Em Romanos, Paulo ensinou que pela fé o crente une-se a Jesus em uma união indissolúvel. Agora, ele ensina que aqueles que estão unidos a Cristo também estão unidos entre si, num relacionamento orgânico, como aquele que existe entre os membros e órgãos do corpo. […] Não podemos ser cristãos isolados um dos outros, devemos funcionar junto com eles.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a obra Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento, editada pela CPAD, p.348
Tipos de desigrejados e como se alimentam
Decepcionados
Críticos de sistema
]Os decepcionados deixaram de congregar por alguma decepção pessoal ou institucional. Trata-se de decepção pessoal quando envolve a relação direta com a liderança (pastores, bispos, “apóstolos” etc.), geralmente marcada por “abuso espiritual”, expressão empregada por Marília de Camargo César no livro Feridos em Nome de Deus (Mundo Cristão).
]Os críticos do sistema são aqueles desigrejados que afirmam não possuir decepção alguma, mas que explicam sua deserção institucional por meio da compreensão que alcançaram de que a institucionalização da igreja, com seus templos, liturgia, programas, nada mais é do que um empreendimento humano sem relação com o evangelho.
Como se alimentam espiritualmente os desigrejados?
Segundo Idauro Campos na revista ultimato… – Geralmente fazem suas reuniões com irmãos na mesma situação. Mas há também aqueles que não querem nenhuma relação com encontros para adoração. Seguem sozinhos, com suas leituras e vídeos na internet. Há trabalhos acadêmicos que tratam da espiritualidade dos desigrejados nas redes sociais. https://www.ultimato.com.br/conteudo/quem-sao-e-de-que-vivem-os-sem-igreja. Como ajudar os crentes a amar a igreja e a enfrentar juntos problemas que favorecem o afastamento e aumentam o número dos desigrejados?
Ricardo Moreira – Não há milagres ou métodos revolucionários. O ensino da Escritura é o melhor caminho. O fenômeno dos desigrejados é o efeito colateral de uma igreja que desconhece a Bíblia em sua riqueza e profundidade. Precisamos ensinar o que é ser igreja não baseados em livros e propostas de administração eclesiástica. Precisamos ouvir o texto sagrado sobre o que é a Igreja, o que significa ser parte dela e sua importância. Cristãos maduros, conhecedores da Bíblia, estão equipados a enfrentar todo e qualquer desafio para o fenômeno de distanciamento da igreja local. Os crentes, naturalmente, amarão mais a Igreja quando amarem mais o Senhor dela. Quanto mais conhecermos Cristo através de sua Palavra, mais o amaremos.
A Igreja como organização
1 – Sobre a Igreja sua organização
– A Igreja do Senhor é um organismo vivo, que produz vida, mas ao mesmo tempo também é uma organização, que possui uma estrutura e forma, com o objetivo de que tudo funcione bem para cumprimento de sua missão aqui na terra que é: adorar a Deus, edificar os irmãos na fé e evangelizar, fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.19,20). Para que essa Obra seja realizada, o Senhor estabeleceu a liderança da igreja, para servir, conduzir e ajudar seu povo. O propósito da organização da Igreja é tríplice. Em primeiro lugar, o nosso Deus é um Deus de ordem, sua criação funciona com precisão, cada coisa, no seu devido lugar. No princípio do livro de Gênesis lemos a história de um Deus organizando o caos primitivo. Como poderia a Igreja, que é o corpo de Cristo, ser desorganizada? Em segundo lugar, a organização visa a eficiência. Há muito trabalho a fazer e o tempo é pouco. Se não houver uma perfeita coordenação na Igreja, perderemos muito tempo fazendo pouco trabalho verdadeiramente efetivo. Em terceiro lugar, a organização evita a má distribuição de atividades, assegura o controle, sem o qual pode ocorrer injustiça no seio da Igreja.
– Para que a igreja cumpra com eficácia a sua missão aqui na terra, é necessário que tenha uma organização de trabalho, um corpo ministerial que propicie as condições necessárias para o seu crescimento e subsistência.
– Entende-se por ministério o desempenho de um serviço religioso especial, como por exemplo o dos levitas, sacerdotes e profetas no A.T. (1Cr 6.32; 24.3; Zc 7.7); a atividade desenvolvida pelo Senhor Jesus até a sua ascensão (Lc 3.23, RA) e como o dos apóstolos (At 1.25). Também trata-se do cargo ou ofício de ministro (2Co 6.3; 2Tm 4.5).
– O ministério eclesiástico é coisa séria, é chamada de Deus para o serviço cristão e não apenas a vontade de servir e deve ser exercido para a glória de Deus e não do homem.
– O pastor é aquele que tem vários papéis em relação à sua ovelha. Ele lidera, alimenta, nutre, conforta, corrige e protege. O pastor do rebanho do Senhor lidera ao modelar piedade e justiça em sua própria vida e encorajando os outros a seguir o seu exemplo. É claro, nosso exemplo maior – e o que devemos seguir – é o próprio Cristo. O apóstolo Paulo entendeu isso: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). O líder cristão é aquele que segue Cristo e inspira outros a segui-Lo também.
– O líder cristão também é um alimentador e um nutridor das ovelhas, e o verdadeiro “alimento de ovelha” é a Palavra de Deus. Assim como o pastor leva seu rebanho ao pasto mais exuberante para que cresçam e floresçam, assim também o líder cristão alimenta o seu rebanho com o único alimento que produzirá cristãos fortes e vibrantes. A Bíblia – não a psicologia ou a sabedoria do mundo – é a única dieta que pode produzir cristãos saudáveis. “… não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem” (Deuteronômio 8:3).
2 – Jesus realizava milagres, curava doentes, expulsava demônios, ressuscitava mortos, consolava quem estava triste e trazia transformação em todos os lugares onde ia.
– E a Bíblia diz que ele nos deu autoridade para fazer o mesmo!
Mas com a autoridade vem muita responsabilidade. Não podemos abusar dessa autoridade espiritual. Precisamos sempre lembrar que nós estamos debaixo da autoridade maior de Deus e devemos sempre procurar fazer Sua vontade. Também não podemos forçar nossa autoridade sobre outras pessoas. Cada pessoa tem o direito de escolher se vai se submeter a Deus ou não. Mas se alguém quer nossa ajuda, temos toda autoridade para trazer essa pessoa para Jesus e libertar do poder do diabo.
3 – Na igreja, Deus chama algumas pessoas para liderar.
Essas pessoas têm autoridade espiritual sobre quem está debaixo de seu cuidado, para ensinar, corrigir e ajudar a crescer. Isso é muito importante para manter a igreja unida, firme e com visão. Os líderes da igreja têm um trabalho muito importante e difícil. Por isso, merecem nosso respeito e devemos nos submeter à sua autoridade (Hebreus 13:17). Assim como os líderes servem a congregação, a congregação deve servir os líderes. Tanto a autoridade quanto a submissão implicam amor e sacrifício. No entanto, autoridade espiritual não significa poder ilimitado sobre os outros crentes nem que o líder nunca pode ser questionado. Devemos respeitar os líderes mas a autoridade de Deus é sempre superior a toda autoridade humana.
– O propósito da membresia é que os cristãos convivam e ajudem uns aos outros a expressar a vida de Cristo; e que desta maneira demonstrem o amor e a unidade que devem caracterizar o povo de Deus. Uma igreja é formada por pessoas com o mesmo propósito, crentes no mesmo Cristo e que tem um único objetivo de viver uma vida cristã, obedecendo os preceitos e doutrinas da igreja. Nessa manifestação básica da vida do corpo, os membros mantêm comunhão por meio da mutualidade e exercem os dons que receberam para servir uns aos outros (1Pe 4.10). Uma das maneiras de nos edificarmos é por meio da prática dos dons espirituais. Eles tornam-se vitais e práticos quando são despertados, reconhecidos e utilizados dentro da vida de uma comunidade cristã viva (Ef 4.15-16). Sem a dedicação de uns aos outros e o emprego dos dons não existiria a igreja. Com muita frequência, infelizmente, é o que ocorre. Cabe a nós criar comunidades de fé em que as pessoas possam compartilhar a vida profundamente umas com as outras. (Márcio Celso)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Editora Betel 1º Trimestre de 2019, ano 29 nº 110 – Revista da Escola Bíblica Dominical – Jovens e Adultos – Professor – Enfermidades da Alma II – Buscando orientações divinas e bíblicas para o tratamento de distúrbios emocionais e outros transtornos – Pastor Israel Maia.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2009 – Bíblia Sagrada – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida.
Sociedade Bíblica do Brasil – 2007 – Bíblia do Obreiro – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada.
Editora Vida – 2014 – Bíblia Judaica Completa – David H. Stern, Rogério Portella, Celso Eronildes Fernandes.
Editora Vida – 2014 – Bíblia de Estudo Arqueológica – Nova Versão Internacional.
Editora Central Gospel – 2010 – O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento – Earl D. Radmarcher, Ronald B. Allen e H. Wayne House – Rio de Janeiro. https://www.revistaebd.com/2019/05/licao-09-igreja-e-sua-organizacao.html.