Os Ministros do Culto Levítico

Os Ministros do Culto Levítico

Os Ministros do Culto Levítico

Na verdade, o sacerdócio do Antigo Testamento clamava por algo melhor; e, no propósito eterno de Deus, o sacerdócio melhor estava por vir. 

Somos eternamente gratos que “possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hebreus 8:1-2).

Texto Bíblico (Levítico 8.1-13).

Contexto Levítico

Os hebreus haviam deixado o Egito e era preciso que a adoração fosse institucionalizada e diferente do que tinham visto e aprendido durante os anos de escravidão.

Veremos que Deus escolheu e separou uma única tribo, a de Levi, para a adoração e o serviço no Tabernáculo. Ser escolhido para tal função era um privilégio, uma honra, mas também uma grande responsabilidade e abnegação já que os descendentes de Levi não teriam herança como às demais tribos.

O Senhor seria a herança deles e o sustento viria das outras tribos. Era preciso ter fé e viver dela. Deus determinou que os sacerdotes deveriam ser descendente de Arão. Também era exigido que as mulheres dos sacerdotes fossem israelitas de sangue puro.

Mesmo depois da vinda de Jesus, para atuar como sacerdote, era preciso comprovar por meio de registros genealógicos a descendência de Arão. Mas, graças ao sacrifico de Jesus Cristo na nova aliança, cada crente é um sacerdote santo, chamado para oferecer sacrifícios espirituais (1 Pe 2.5).

Os Levitas

Levi, um dos doze filhos de Jacó, tinha três filhos: Gérson, Coate e Merari (Gn 46.8,11). Quando a família aumentou durante a estada no Egito, a família de Levi passou a ser uma tribo e as famílias dos três filhos se tornaram divisões tribais. Arão, Miriã e Moisés nasceram na divisão coatita da tribo (Êx 2.4; 6.16-20; 15.20).

Quando os judeus adoraram o bezerro de ouro no sopé do Monte Sinai, foram os levitas que se uniram a Moisés contra a idolatria e na consagração a Deus. Ao tomarem essa atitude, eles destruíram muito dos idólatras.

Sua consagração resultou em se envolverem na construção do Tabernáculo (Êx 28.1-30) e em cuidar dele. Quando o Tabernáculo foi removido, os coatitas levaram a mobília, os gersonitas , as cortinas e seus pertences, e os meratitas transportaram e instalaram o Tabernáculo propriamente dito (Nm 3.35-37; 4.29-33).

Segundo Números 3.40-51, os levitas agiram como substitutos dos primogênitos de toda casa judia. Em vista de Deus ter poupado a vida dos primogênitos judeus por ocasião da primeira Páscoa (Êx 11.5; 12.12,13), o primogênito pertencia tecnicamente ao Senhor, mas os levitas deviam atuar no serviço de Deus em lugar deles.

Por serem separados para o serviço de Deus, não se esperava que fossem à guerra (Nm 1.3; cf. v. 49) ou plantassem seus próprios alimentos numa área tribal. Eles deviam espalhar-se por toda a Terra Prometida e viver entre o povo (Nm 35.1-8) e deviam ser sustentados com os dízimos do povo (Nm 18.21) (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 325, 326).

Os levitas eram descendentes de Levi, o escolhido por Deus no deserto durante a época de Moisés, encarregados de deveres específicos em relação ao Tabernáculo, embora proibidos de ministrar diante do santuário sagrado, eles afirmavam ser servos especiais de Deus em assuntos da religião.

Deviam ensinar o livro da Torá ao povo e ajudar os sacerdotes em todos os assuntos ligados à adoração no santuário.

A eles não seria reservada qualquer herança  na nova terra quando Josué fez a divisão oficial do território, pois Deus seria a sua herança. Quarenta e oito cidades e vilas foram separadas com os lugares onde deveriam viver.

Os três filhos de Levi — Gersón, Coate e Merari — foram relacionados como aqueles por quem fluiram as bênçãos divinas. Nos primeiros anos da vida nacional, essas famílias receberam a função de cuidar do Tabernáculo e transportá-lo.

Quando Arão e seus familiares foram escolhidos como sacerdotes, foi necessário escolher um grupo de pessoas para ajudá-los e toda a tribo se julgou diferenciada por ser um grupo sagrado designado para executar deveres relacionados com os ritos e as funções sacerdotais.

Os levitas recebiam uma posição apropriada no acampamento quando a nação viajava pelo deserto. Como estavam localizados em volta do Tabernáculo, eram considerados protetores em quem se podia confiar, e que dariam a própria vida para proteger a sagrada casa de Deus. […] Os levitas estavam localizados entre os sacerdotes e o povo.

A maior parte de seu trabalho era pesada e servil. Não podiam entrar para ver o altar santo, nem tocar no santuário senão morreriam (Nm 4.15). Eram servos dos sacerdotes, e passavam a vida executando tarefas comuns que tornavam possível a realização dos serviços sagrados (Dicionário Bíblico Wycliffe. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp. 1148,1149)

O Sumo Sacerdote

Dentro da divisão dos coatitas, a família de Arão passou a ser de sacerdotes. De um lado isso os tornou encarregados dos levitas. Itamar supervisionava os gersonitas (Nm 4.28) e os meraritas (v. 33); Eleazar cuidava dos coatitas (v. 16).

Por outro lado os sacerdotes eram distintos dos levitas, porque só eles podiam tocar nas coisas santas — tudo que tivesse a ver com o altar, a lâmpada, ou a mesa da proposição (Nm 5.5-15).

O sacerdote nem sempre era quem fazia o sacrifício, mas era ele quem levava o sangue para o altar (por exemplo, Lv 3.2). O próprio Arão veio a ser sumo sacerdote (às vezes chamado de principal sacerdote).

Ele usava roupas especiais (Lv 16.2), interpretava o lançamento das sortes sagradas que eram mantidas em seu peitoral. Arão tinha quatro filhos. Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Nadabe e Abiú morreram por terem cometido sacrilégio em seus deveres religiosos como sacerdotes e o sumo sacerdócio passou então para Eleazar e foi mantido em sua família (Nm 20.25-29). Eli era um sacerdote da família de Eleazar.

O sumo sacerdócio parece ter passado depois para a família de Itamar. Foi Salomão quem fez retornar a linguagem de volta à família de Eleazar, colocando Zadoque na posição de sumo sacerdote. Essa posição foi mantida na família dele até que seu descendente veio a ser deposto por Antíoco Epifânio nos dias dos macabeus.

Neste período posterior, os sumo sacerdotes eram indicados pelo poder reinante (Anás foi deposto pelos romanos e substituído por Caifás — veja  Lucas 3.2; Jo 18.13-24), mas quando eles se tornaram forte o bastante para resistir às autoridades, adotaram seu próprio estilo de soberania” (GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos & Costumes dos Tempos Bíblicos. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 326, 327).

Sacerdotes e Levitas

História, Funções e cumprimento neotestamentário

1 – Nome

Apesar dos termos “sacerdote” e “levita” aparecerem centenas de vezes no AT e no NT, há muita divergência entre os estudiosos quanto à identidade, função e desenvolvimento dos indivíduos assim designados. Basicamente o assunto tem amplas consequências sobre a história, adoração e religião de Israel.

A palavra “sacerdote”, com e sem modificadores, aparece mais de 700 vezes no AT e mais de 80 vezes no NT. A palavra usual para sacerdote é kohen. Alguns acreditam que é possível que os sacerdotes do AT fossem, a princípio, adivinhadores (veja kâhin, “adivinhador” em árabe), mas admite que não há evidência no AT de condições extáticas por parte dos sacerdotes.

Uma parte importante do ministério deles, porém, era a entrega de oráculos por meio da sorte (Urim e Tumim). Em Deuteronômio, os sacerdotes são chamados “os sacerdotes levitas”, pois Moisés havia delegado direitos sacerdotais aos filhos de Levi (Êx 32.6ss.; Dt 33; Jr 33.17ss.). O sacerdote seria aquele que se coloca de pé perante Deus para ministrar.

2 – Origens

Sacerdócio em geral. Nos países pagãos ao redor de Israel, como Egito e Babilônia, o sacerdócio estava intimamente relacionado à magia e superstição. Há muitos exemplos dos laços entre o sacerdócio e o ocultismo nas religiões antigas. Sacerdócio semítico.

Nessa área, estudiosos do assunto traçaram grande quantidade de paralelos da religião árabe em suas formas pagãs. Esse procedimento está de acordo com as leis, mas deve-se ter cuidado em se traçar paralelos com as condições em Israel.

O sacerdócio em Israel leva em consideração outra dimensão no mundo religioso, o da revelação sobrenatural. O sacerdócio de Israel (os levitas). O registro histórico coloca a origem do sacerdócio de Israel no período mosaico em conexão com o ministério no Tabernáculo, onde a arca era guardada, relaciona o sacerdócio com a família de Moisés e especificamente o conecta ao ofício sacerdotal a Arão e sua família (Êx 25-40).

O oficio do sacerdócio foi legado à tribo de Levi. Os levitas traçam sua origem a um ancestral comum (Gn 49). Deuteronômio 33.8-10 indica, de um modo geral, que os sacerdotes deveriam ministrar no altar, queimar os sacrifícios e ensinar a lei.

Os levitas eram definidos como os descendentes de Levi (Gn 29.34). Ele era o terceiro filho de Jacó e Lia, e ancestral da tribo dos levitas. A maldição de Jacó sobre Levi (34.25ss.; 49.5ss.) transformou- se em bênção por meio de Moisés (Êx 32.29; Dt 33.8,9).

Eles não receberam nenhuma herança tribal em Canaã. Havia três famílias: Gérson, Coate e Merari. Foi Coate quem proveu os verdadeiros sacerdotes.

Os outros levitas ajudavam como seus auxiliares ao redor do santuário (Nm 3.5ss.). Quando Ezequias e Josias instituíram suas reformas (2Rs 18.4; 23.8s.), os levitas que estavam ministrando em outros santuários no país perderam suas posições.

O sacerdócio ficou restrito aos descendentes de Arão. Porém, alguns não levitas realizaram funções sacerdotais de vez em quando: o filho de Mica, um efraimita (Jz 17.5); os filhos de Davi (2Sm 8.18); Gideão (Jz 6.26) e Manoá de Dã (Jz 13.19).

3 – Importância do sacerdócio levítico

Em Israel, o sacerdócio representava o relacionamento da nação com Deus. A intenção original da aliança mosaica era para que toda a nação fosse um reino de sacerdotes (Êx 19.6; cp. Lv 11.44ss.; Nm 15.40). A aliança de Deus era mediada por intermédio do sacerdócio.

Na teologia bíblica, os conceitos de sacerdócio e aliança estão intimamente ligados. Por causa da aliança no Sinai, Israel deveria ser um “reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19.5,6; cp. Is 61.6). O fato de Deus delegar funções sacerdotais a uma tribo não liberou o resto da nação de suas obrigações originais.

Os levitas serviam num caráter representativo em favor de toda a nação no que se referem a honra, privilégio e obrigação do sacerdócio. Quando os sacerdotes ministravam, eles o faziam como representantes do povo. Era uma necessidade prática que a obrigação corporativa do povo da aliança fosse levada a cabo por representantes sacerdotais.

Além disso, os sacerdotes, em sua condição separada, simbolizavam a pureza e a santidade que Deus exigia. Eles eram um lembrete visível das justas exigências de Deus. Além do mais, como substitutos do povo eles mantiveram intacto do relacionamento de aliança da nação com Deus.

A função primária do sacerdócio levítico, consequentemente, era manter, assegurar e restabelecer a santidade do povo escolhido de Deus(Êx 28.38;Lv 10.7;Nm 18.1). O sacerdócio mediava a aliança de Deus com Israel (Ml 2.4ss.; Nm 18.19; Jr 33.20-26).

No Israel antigo, uma função importante dos sacerdotes era revelar a vontade de Deus, por meio do éfode (ISm 23.6-12). Eles estavam constantemente ocupados com a instrução na lei (Ml 2).

Certamente seus deveres sempre incluíam a oferta de sacrifícios. Os sacerdotes antigos eram guardiões do santuário e intérpretes dos oráculos (ISm 14.18).

As instruções na lei pertenciam aos sacerdotes (Os 4.1-10). O sacerdote agia como juiz, uma consequência de suas respostas a questões legais (Êx 33.7-11).

4 – Tríplice divisão da hierarquia

O sacerdócio era dividido em três grupos: (1) o sumo sacerdote, (2) os sacerdotes comuns e (3) os levitas. Todos os três descendiam de Levi. Todos os sacerdotes eram levitas, mas nem todos os levitas eram sacerdotes.

A ordem mais baixa do sacerdócio era a dos levitas, que cuidavam do serviço do santuário. Eles tomaram o lugar dos primogênitos que pertenciam a Deus por direito (Êx 13.2,12,13; 22.29; 34.19,20; Lv 27.26; Nm 3.12,13,41,45; 8.14-17; 18.15; Dt 15.19).

Os filhos de Arão, separados para o ofício especial de sacerdote, estavam acima dos levitas. Apenas eles podiam ministrar nos sacrifícios do altar. O nível mais elevado do sacerdócio era o sumo sacerdote. Ele representava fisicamente o cume da pureza do sacerdócio.

Carregava os nomes de todas as tribos de Israel em seu peitoral para o interior do santuário, representando todo o povo perante Deus (Êx 28.29). Apenas ele podia entrar o santo dos santos e apenas um dia no ano, para fazer expiação pelos pecados de toda a nação.

5 – Consagração de sacerdotes

As cerimônias ligadas com a consagração dos sacerdotes estão descritas em Êxodo 29 e Levítico 8. Elas incluíam um banho de consagração, unção, vestimenta e sacrifícios.

A lavagem simbolizava a limpeza do coração para as obrigações ligadas à pureza da nação perante Deus. A unção (Lv 8.10,11) envolvia o derramar óleo na cabeça do sumo sacerdote e respingá-lo nas vestimentas dos outros sacerdotes (vv. 22-24).

As vestimentas dos sacerdotes e especialmente a do sumo sacerdote eram caras e bonitas (Êx 28.3-5; Lv 8.7-9). Os sacrifícios de consagração incluíam a oferta pelo pecado (8.14-17), oferta queimada (vv. 18-21) uma oferta de consagração especial (vv. 22-32).

O sangue do carneiro era aplicado na orelha, no dedo polegar e no dedo do pé direitos de Arão e de seus filhos, para simbolizar consagração física completa ao Senhor.

História e Desenvolvimento

Conceito tradicional.

Observação geral.

Provavelmente em nenhum outro campo de pesquisa do AT as conclusões da investigação crítica moderna estão em oposição tão marcante ao conceito tradicional quanto na questão dos sacerdotes e levitas.

A abordagem de Wellhausen da religião do AT efetuou-se uma reconstrução radical da história do sacerdócio em Israel e da relação entre sacerdotes e levitas. Os estudiosos críticos, porém, estão longe de qualquer acordo. Exigem-se modificações de caráter radical na avaliação crítica.

Antes do início do criticis- mo histórico do AT, o registro do sacerdócio no Pentateuco era aceito como uma história válida. O registro indica que o sacerdócio começou com Moisés, que era da tribo de Levi. Pela autoridade divina, Moisés consagrou seu irmão Arão e seus filhos para serem sacerdotes (Êx 28.1).

Os rituais de consagração duraram uma semana (29.35,36; Lv 8.15-29,35). Após isso, Arão e seus filhos tomaram para si as obrigações sacrificiais (Lv 9). O sacerdócio era restrito à família de Arão e seus descendentes (Êx28.1,43;Nm 3.10).

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Aposição de Arão era única como sacerdote ungido (Êx 29.7), e ele utilizava túnicas especiais para o ofício (28.4; 6.39; Lv 8.7-9). Quando de sua morte, o ofício passaria a seu filho Eleazar (Nm 20.25-28).

O sumo sacerdote estava no primeiro nível entre os sacerdotes, e sua morte marcava o fim de um ciclo ou era teocrática (Lv 21.10; Nm 35.28).

Pelo fato de Arão ser levita, o sacerdócio hebreu residia exclusivamente nos levitas. Todos os sacerdotes legítimos eram levitas.

Após a introdução de Arão e seus filhos no sacerdócio, toda a tribo de Levi foi separada, como substituta dos primogênitos, para ministrar no serviço do santuário (Nm 3.5ss.). Os levitas consistiam de três grupos: gersonitas, coatitas e meraritas, com obrigações específicas para cada grupo (3.14-18).

Quando Coré e seus seguidores se rebelaram contra a autoridade de Arão (Nm 16), eles foram destruídos e o sacerdócio de Arão foi confirmado de forma notável. A posição tradicional sobre o sacerdócio é simples. De acordo com esse conceito, os três níveis da hierarquia são o sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas.

Eles se originaram com Moisés no deserto, e o sistema está em vigor em todo o período pós- exílico, estendendo-se, assim, por toda a história de Israel.

Em resumo, todas as leis do Pentateuco vieram de Deus por meio de Moisés; o registro da história posterior dada em Crônicas é preciso; a visão de Ezequiel, se interpretada literalmente, não poderia ser reconciliada com os fatos conhecidos.

Portanto, precisaria de uma explicação adicional e, nos casos de discrepâncias nos registros, as harmonizações deveriam ser aceitas.

Sacerdócio nos tempos pré-mosaicos.

No período hebreu antigo, como na época anterior a Abraão (pré e pós-diluviana), não havia uma classe sacerdotal especial.

O Pentateuco relaciona explicitamente o santuário, o sistema de sacrifício e a classe sacerdotal com a revelação divina por meio de Moisés.

No período patriarcal, o cabeça de cada família exercia a função sacerdotal do sacrifício. Na verdade, o próprio Deus iniciou o conceito de sacerdócio por ocasião da queda de Adão (Gn 3.21).

Sugeriu-se que a pergunta num oráculo (25.22) e a entrega de dízimos (28.22) implicavam em um santuário com um sacerdote no ofício, mas isto pode ser sobrecarregar os fatos com uma conclusão sem garantias.

Os únicos sacerdotes mencionados em Gênesis e Êxodo, antes da entrega da lei de Moisés, eram sacerdotes estrangeiros: Melquisedeque (Gn 14.18), os sacerdotes egípcios (41.45) e Jetro, o sacerdote midianita (Êx2.16; 3.1; 18.1).

Referências gerais a sacerdotes antes da lei são encontradas em Êxodo 19.22,24, que parece sugerir sacerdócio anterior a Moisés. Além disso, Êxodo 32.25-29 indica que aos levitas foi dado o sacerdócio por sua fidelidade em cumprir a ira de Deus após o pecado do bezerro de ouro.

A princípio, o sacerdote estava preocupado com o sacrifício e com a instrução nos afazeres da vida. Em Deuteronômio 33, a função de ensinar do sacerdote é proeminente (v. 10). Era feita por meio do Urim e Tumim (v. 8) e pela referência ao código legal. Ele era professor e administrador da justiça e precedente legais (Dt 17.8-9; 21.5).

No período primitivo, o sacrifício não era a única ocupação de um sacerdote, e.g., Caim e Abel (Gn 4.4), Noé (8.20), Abraão (12.7,8), Isaque (26.25) e Jacó (35.3,7). Os chefes das famílias exerciam funções sacerdotais antes da construção do Templo (Jz 13.19; cp. Jó 1.5).

O mesmo ocorria com um juiz (Jz 6.19ss.), um profeta (lRs 18.30ss.) e um rei (2Sm 6.17; lRs 8.22,54ss.). Parece que os sacerdotes estavam ligados a santuários específicos, onde transmitiam a vontade de Deus por meio de oráculos, e ofereciam sacrifícios (Jz 20.18,27; ISm 1.3ss.).

Nessa época (pré-monárquica) o sacerdócio não era exclusivamente levítico (Jz 17.5,7-13). Na monarquia primitiva as referências mostram que sacerdotes não-levíticos estavam presentes ao lado da ordem levítica.

Duas famílias levíticas existiam na época dos juízes: a de Dã, estabelecida por Jônatas, neto de Moisés (Jz 18.1-4,14-20,30) e ade Siló, ocupado por Eli e seus filhos, descendentes de Arão (1 Sm 1-4; 22.20; lRs 2.27). Provavelmente, alguns que não eram descentes levíticos foram unidos à tribo de Levi (Dt 33.8,9).

O mesmo ocorreu com Samuel. Ele era um efraimita por nascimento (1 Sm 1.1 ss.), mas ministrou como sacerdote no santuário (1.27,28; 2.11,18; 3.1); assim, o cronista o considerou um levita (lCr 6.16-28).

Na era mosaica.

Como dito anteriormente, o sistema sacerdotal completo começou com Moisés. Isso não quer dizer que as funções sacerdotais de sacrifícios e presentes a Deus estavam ausentes, porque os pais das famílias cuidavam desses assuntos importantes.

Os livros do Pentateuco firmam o sacerdócio na tribo de Levi, na casa de Arão, por direção de Deus por meio de Moisés. Arão e seus filhos foram consagrados para suas obrigações. Êxodo 28s. trata dos detalhes da consagração deles (Lv 8; 9).

Os sacerdotes ministravam sobre o altar (Lv 1; 4), e ensinavam ao povo a lei do Senhor (Lv 10.11; Dt 24.8; 33.10; Os 4.1-6). Havia leis especiais para a conservação da sua pureza (Lv 21; 22). As provisões estavam principalmente relacionadas com a prevenção da contaminação, que os tomava inadequados para o serviço.

Uma parte do sacrifício era dada ao sacerdote como renda pela oferta do israelita, e a pele do animal morto era dele. Em Deuteronômio é declarado que no santuário o sacerdote participava em parte das primícias e do dízimo. Todo terceiro ano o dízimo deveria ser distribuído para o pobre, entre os quais os levitas foram listados (Dt 12.17-19; 14.22,29; 26.12).

Foi estabelecido que um décimo da produção da terra deveria ir para os levitas, para sustento deles (Nm 18.21-24). As ofertas pelo pecado e pela transgressão pertenciam aos sacerdotes, juntamente com uma taxa anual de meio siclo por cada israelita, para o sustento do santuário.

Um décimo dos dízimos recolhidos pelos levitas ia para os sacerdotes. Cidades com pastagens foram designadas aos levitas, e um determinado número dessas cidades designadas aos sacerdotes.

Aos levitas foram dados deveres adicionais, no lugar de suas obrigações de transporte, e eles foram as pessoas necessárias para implementar a legislação quando Israel foi espalhado pela terra de Canaã (Dt 18.6-8; 21.5; 24.8; 33.8).

De Moisés a Malaquias.

A evidência de Ezequiel será adiada dessa discussão para um período posterior. O sacerdócio é designado como a herança dos levitas (Js 18.7). “Os sacerdotes e levitas” e “os sacerdotes” são expressões encontradas alternadamente no mesmo livro.

Está claro que o caráter sagrado da tribo de Levi foi reconhecido em períodos pós-mosaicos primitivos. Eli foi ameaçado (ISm 2.27-36) de perder o sumo sacerdócio, que se cumpriu (lRs 2.27) quando Salomão substituiu Abiatar por Zadoque. Zadoque (lCr 6.8,53: 24.3; 27.17) era descendente de Arão por meio de Eleazar.

Outros não tomam o cronista literalmente, e sustentam que Zadoque não provinha de Arão. Assim, a sucessão araônica foi terminada e transferida para uma família de levitas não araônica. 1 Samuel 2.27-36 informa sobre a organização do sacerdócio, mostrando que o sumo sacerdote tinha autoridade sobre vários ofícios sacerdotais, com remuneração e outros privilégios.

Passagens nos livros de Reis revelam desenvolvimento na organização sacerdotal (2Rs 12.10; 19.2; 25.18; cp. Jr 20.1,2; 29.26).

De Davi ao exílio.

Quando Davi fez da fortaleza jebusita sua capital, ele transferiu a arca da aliança para lá, fazendo dela um santuário real. Ele exerceu algumas funções sacerdotais (2Sm 6.17s.) e vestiu, numa determinada ocasião, a estola sacerdotal de linho (v. 14).

Salomão ofereceu sacrifícios na dedicação do Templo (lRs 8.5,62ss.), e certas ofertas três vezes ao ano (9.25). Apesar de os sacerdotes não serem mencionados nestes períodos, a presença deles parece ser evidente. A relação dos reis do Reino do Norte com o santuário em Betel era análoga à dos reis de Judá com o Templo em Jerusalém.

Em Jerusalém havia um grande quantidade de sacerdotes, dos quais uma era designado como estando em primeiro lugar, o sacerdote chefe ou o “chefe da guarda” e, e.g., Joiada (2Rs 11,9s.), Urias (16.1 Os.), Hilquias (22.10) e Seraías (25.18). “Chefe da guarda” é encontrado apenas em 2 Reis 25.18; Jeremias 52.24; Esdras 7.5; e Crônicas, e ocorre juntamente com “sumo sacerdote”. Sua influência em Jerusalém era considerável (Joiada e Atalia, 2Rs 8.26; 12.2; 2Cr 22.2).

Há uma referência feita a um Sofonias, juntamente com o sacerdote chefe Seraías, como literalmente “sacerdote da repetição”, provavelmente o representante ou o segundo em posição em relação ao chefe da guarda (2Rs 23.4; 25.18).

Os guardas do limiar (25.18), cuja posição era próxima à do sacerdote chefe e à do segundo sacerdote, devem ter sido mais elevados que os porteiros. Na época de Jóas (12.10), eles eram vistos como os guardas da entrada para o pátio interno do altar de oferta queimada.

Eles também recolhiam as ofertas do povo para o Templo (22.4). O ofício sacerdotal deles era pré-exílico, porque não há menção disso em períodos posteriores.

Após o exílio, há referências feitas aos servidores do Templo, (“aqueles dados” Ed 2.54ss.), que foram dados por Davi e pelos príncipes para o ministério dos levitas ou do Templo (Ed 8.20). Os cantores e os porteiros do Templo pós-exílico eram descendentes dos que haviam servido na mesma posição no Templo pré-exílico (Ed 2.41s.; Ne 7.44s.).

As leis de Deuteronômio a favor dos levitas não foram completamente implementadas na reforma de Josias. Não há indicação de uma afluência em massa de levitas de fora de Jerusalém à cidade e da participação deles no ministério ali.

Segundo Reis 23 faz uma tríplice distinção entre os sacerdotes que não eram de Jerusalém: os kemerím foram destituídos (v. 5), pois eram sacerdotes idólatras; os sacerdotes das cidades de Judá foram reunidos por Josias (v. 8); não era permitido aos sacerdotes dos lugares altos se aproximarem do altar em Jerusalém, mas lhes foi permitido permanecer onde residiam e obter ali seu sustento (v. 9).

Jeremias chamou seus parentes sacerdotes que estavam em Anatote (1.1). O livro de Jeremias não apresenta provas da existência de uma classe de levitas distinta da dos sacerdotes.

Alguma organização de sacerdotes evidentemente existia, pois há referência aos anciãos dos sacerdotes (19.1), à posição do principal administrador do Templo (20.1; 29.25s.) e à guarda do limiar (35.4). Os sacerdotes parecem ser considerados como oficiais da corte (21.1; 29.25s.; 29; 37.23).

Durante esse tempo, o sacerdócio estava assentado em famílias. O sacerdócio de Dã durou até o fim do Reino do Norte, em 721 a.C. Quando os filisteus capturaram a arca (1 Sm 4.10,11), a casa de Eli provavelmente se mudou de Silo para Nobe, onde Saul os matou (21.1-9; 22.9-19). Abiatar escapou (22.20) e oficiou no reinado de Davi em Jerusalém com Zadoque (2Sm8.17; 15.24-29). Ele foi removido do oficio por Salomão, por ter apoiado Adonias (lRs 1.5-8; 2.26,27); Zadoque tomou seu lugar (2.35). A casa de sacerdotes zadoquitas permaneceu em Jerusalém até a destruição do Templo, em 586 a.C. (1 Cr 6.8). A descendência de Zadoque é traçada até o filho de Arão, Eleazar (lCr 6.3-12,50-53; 24.3). Durante a monarquia o sacerdócio não-levítico foi estabelecido por Jeroboão, filho de Nebate, no Reino do Norte (lRs 12.31; 12.33).

Três outras referências a sacerdotes, separadas da ordem levítica, são: (1) os filhos de Davi (2Sm 8.18); (2) Ira, o jairita, como sacerdote de Davi (2Sm 20.26); (3) e Zabude, filho de Natã, como sacerdote de Salomão (lRs 4.5).

A dificuldade é que Zadoque e Abiatar, sacerdotes regulares, estavam ministrando também durante os reinados de Davi e Salomão. Acredita-se que esses homens eram amigos do rei, e que receberam o título de sacerdote como cortesia.

Durante a monarquia primitiva o rei tinha responsabilidades sacerdotais. Saul ofereceu uma oferta queimada e ofertas pacíficas em Gilgal durante a ausência de Samuel, sendo repreendido mais tarde (1Sm 13.8-13). Davi administrou a mudança da arca para Jerusalém (2Sm 6.12-19), vestiu a estola sacerdotal (v. 14), ofereceu sacrifícios (vv. 13,17) e abençoou o povo, em nome de Deus (v. 18).

Na dedicação do Templo Salomão colocou-se perante o altar para oferecer a oração de dedicação; apresentou as ofertas (animal e cereal) e abençoou o povo (lRs 8.22-53,62,63,64; cp. 8.14ss.,54ss.), enquanto os sacerdotes e levitas traziam a arca e os vasos santos ao santo lugar (vv. 4,6ss.).

Salomão apresentava ofertas queimadas, ofertas pacíficas e incenso três vezes ao ano (9.25). Jeroboão, filho de Nebate, ofereceu sacrifícios e incenso queimado (12.32,33). Acaz, no séc. 8 a.C., instruiu Urias, o sacerdote, a construir em Jerusalém uma cópia do altar em Damasco, mas ele mesmo ofereceu sacrifícios nele (2Rs 16.10-13).

Evidentemente o rei era um rei-sacerdote, mediador entre Deus e Israel. O cronista, porém, viu a tentativa de Uzias de queimar incenso no Templo como uma violação dos direitos sacerdotais, de forma que o rei foi ferido com lepra, até morrer (2Cr 26.16-20).

Uma observação geral sobre esse período é que, com a multiplicação dos santuários e a formação dos sacerdotes por toda a terra em uma classe bem definida, sacerdotes e levitas se tomaram termos equivalentes. Suas tradições comuns de lei e ritual foram traçados, então, até Moisés (Dt 33.11). Embora dependentes da monarquia, eles gozaram de influência crescente (Joiada, 2Rs 11.4ss.).

Em Ezequiel.

Ezequiel mostrou um conjunto de leis durante o exílio para a futura teocracia. Por causa da proeminência que deu aos zadoquitas, acredita-se que ele também era dessa família (Ez 1.3).

Em seu Templo do futuro, apenas os sacerdotes levitas, filhos de Zadoque, deverão usufruir dos privilégios sacerdotais (43.19): oferecer sacrifícios e aproximar-se da mesa da proposição, porque na época da apostasia eles não se tomaram idólatras.

Aqueles sacerdotes que participaram no afastamento de Israel para a idolatria, não lhes será permitido ministrar no ofício de sacerdote ou se aproximar das coisas santas, mas que se ocuparão das obrigações menos sagradas (44.6ss.; 46.24).

Ezequiel não fala de um sacerdote ou rei na futura comunidade, mas de um príncipe com certos privilégios sacerdotais.

No Templo de Ezequiel não há uma arca sagrada da qual o sacerdote pudesse aproximar-se, pois Deus habita no Templo. Ezequiel apresenta algumas regras para os sacerdotes relacionadas à sua vestimenta (44.17s.), à forma de cozer os sacrifícios, (46.19s.), à forma de assar a oferta de farinha, ao cuidado com o cabelo, ao beber do vinho (44.20s.), ao casamento (v. 22), à contaminação com corpos mortos (v. 26s.), aos hábitos alimentares (v. 31) e às decisões judiciais (v. 23s.).

Os sacerdotes não têm uma herança na terra (44.28). Porém, uma parte da terra ao redor do Templo é designada a eles (45.1ss.; 48.10ss.), e uma região delimitada na terra dos sacerdotes é destinada aos levitas (45.5; 48.13). Porções de sacrifícios, assim como os presentes sagrados, deveriam ser dados a eles.

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Sob Josias (Deuteronômio).

A reforma de Josias em 621 a.C. teve como propósito por um fim nos lugares altos e centralizar a adoração em Jerusalém (2Rs 23.1-24). O livro da lei encontrado no Templo é, em geral, considerado o livro de Deuteronômio (22.8-13; 23.1-3).

O sacrifício pertencia agora ao sacerdócio e poderia ser oferecido apenas no Templo, em Jerusalém (Dt 12.5-7,11,13,14).

Os sacerdotes eram todos filhos de Levi (10.8; 18.1; 21.5; 33.8). Tem-se sugerido que nem todo sacerdote tinha de ser da linhagem de Levi; os levitas podem ter recebido no sacerdócio levítico os que não eram parentes de Levi.

O consenso da maioria dos estudiosos do AT é que em Deuteronômio “sacerdote” e “levita” são sinônimos, ou seja, todos os sacerdotes e levitas são sacerdotes sem distinção (Dt 10.8; 18.1; 21.5; 33.8ss.). Quanto a isso há alguma controvérsia.

Antes da reforma de Josias o sacerdócio estava amplamente distribuído por todo o país. Nobe era a cidade dos sacerdotes na antiga monarquia (1Sm 22.18,19); no reinado de Josias havia um grupo sacerdotal em Anatote (Jr 1.1).

Cada cidade parecia ter seu santuário local com pelo menos um sacerdote levítico (Dt 18.6). Esse sacerdócio não tinha herança territorial (Dt 18.1). Não há menção de um dízimo levítico, mas o levita deveria participar com o viajante, o órfão e a viúva do dízimo da comunidade onde ele residia (14.27-29; 16.11,14; 26.12).

A remoção dos santuários locais representou a perda do sustento dos que ficaram desempregados por intermédio desse decreto. Josias fez com que todos viessem a Jerusalém para participar das responsabilidades do sacerdócio no Templo (2Rs 23.8; cp. Dt 18.6-8).

Na prática vigente os sacerdotes dos lugares altos não ministravam no altar em Jerusalém, mas recebiam sua porção do sustento (2Rs 23.9). Há possibilidade de que 2 Reis 23.8 se refira a outros sacerdotes além dos idólatras dos lugares altos (v. 5).

Nesse caso, Josias deve ter feito uma distinção, destituindo os que apostataram e dando aos outros igualdade no sacerdócio de Jerusalém (Ez 44.10). Está claro que Ezequiel fez esta distinção.

Embora Ezequiel restrinja certos deveres sacerdotais à casa de Zadoque (44.13-15; lCr 6.3-8), Deuteronômio mostra que todos os levitas eram considerados sacerdotes; “os sacerdotes levitas”, ou os “sacerdotes levíticos” (Dt 18.1).

Como já declarado, os sacerdotes são constantemente mencionados em Deuteronômio como “os sacerdotes levíticos” (17.9,18; 18.1).

Uma descendência especial é indicada (também 21.5; 31.9). Deuteronômio não distingue entre “sacerdotes levíticos” e “levitas” (18.1). Os levitas que viviam no país, separados de Jerusalém, não podiam reivindicar os mesmos privilégios dos sacerdotes estabelecidos em Jerusalém, se fossem residir na capital (18.6ss.).

Por todo o livro os levitas eram aqueles chamados ao próprio sacerdócio. O principal sacerdote é pretendido onde Eleazar foi chamado para suceder Arão (Dt 10.6), e provavelmente este é o sentido em 26.3.

A tribo de Levi não tinha herança na terra, de acordo com Deuteronômio, pois o Senhor era a porção deles, ou seja, eles deveriam ser sustentados por seu serviço (10.9; 18.1). Deuteronômio enfatiza o bom tratamento dado aos levitas que não ministravam no santuário central (12.12,18).

Foram feitas provisões específicas para eles, convites para refeições feitas a partir dos dízimos (14.27,29), para refeições sacrificiais (12.12,18s.; 26.11), para celebrações de festas (16.11,14) e o recebimento do dízimo do terceiro ano com outros necessitados (26.12).

O sacerdócio da Judéia, em tempos posteriores, tornou-se conhecido também como levitas (Dt 10.8s.; 18.1s.). E revelado que os levitas da Judéia não estavam limitados ao serviço do Templo, mas envolvia os sacerdotes dos lugares altos removidos por Josias (Ez 44.10s.).

Em Judá e no Norte os direitos sacerdotais de Levi foram traçados no período mosaico (Dt 10.8; 33.8). Porém, os sacerdotes da Judéia não reconheceram a posição levítica de sua contraparte no Norte (lRs 12.31).

No período de restauração.

No segundo Templo havia três ordens na hierarquia — o sumo sacerdote, o sacerdote e o levita. Cada um tinha seus próprios privilégios e responsabilidades.

O relacionamento preciso de sacerdotes e levitas, assim como a origem e o desenvolvimento deles, são o núcleo do problema com o qual essa parte lida. A posição tradicional, como mostrado, que o sistema sacerdotal foi inaugurado por Moisés no deserto, sob a autoridade divina.

Esse sistema continuou inalterado por toda a história de Israel. Nos livros pós-exílicos do AT, é dado um quadro claro do sacerdócio da restauração do Templo. Há a mesma tripla hierarquia com níveis, responsabilidades e privilégios distintos.

Aposição do sumo sacerdote é de grande poder. A nação, que perdeu sua monarquia, tomou-se uma hierocracia. A maior parte da honra que pertencia ao rei foi concedida agora ao sacerdote. A influência material do sacerdócio era maior do que em qualquer época anterior.

O Templo era o centro visível da vida nacional com o fim da monarquia. Os sacerdotes eram os únicos líderes nacionais.

Quando o sumo sacerdote se colocava no altar, com suas vestes suntuosas, derramando a libação acompanhada pelo tocar das trombetas, com cantores erguendo suas vozes e o povo se prostrando em oração até que ele descesse e levantasse suas mãos para abençoar, os judeus, sob jugo estrangeiro, esqueciam momentaneamente sua opressão e tinham suas esperanças de libertação reacendidas.

Em 520 a.C., Josué, o sumo sacerdote, e Zorobabel, descendente de Davi, foram considerados iguais (Ag 1.1,12,14; 2.2,4). Eles são os dois ungidos de Zacarias 4.14. Quando a casa de Davi não era mais a cabeça da nação, o sumo sacerdote se tornou o líder incontestado do povo judeu nas áreas civil e religiosa.

O mais conhecido destes foi Simão o Justo (Eclo 50.1-21). O sumo sacerdote no séc. 2. a.C. encabeçava o (“senado”) dos sacerdotes, escribas e cabeças de famílias (1 Mac 12.6; 2Mac 4.44; 11.27).

O poder do sumo sacerdote era tão grande que se tomou o objetivo de homens imorais no período grego (2Mac 4.7-10,18-20,23-36,33-35). No período macabeu, o sumo sacerdote recuperou seu prestígio anterior sob o breve reinado da dinastia asmonéia.

O sumo sacerdote poderia traçar sua descendência a partir de Eleazar, o filho de Arão. Sua posição era hereditária e vitalícia (Nm 3.32; 25.11 ss.; 35.25,28; Ne 12.10,11). Ele assumia o cargo com rituais elaborados de banho, vestimenta, unção, oferta de sacrifício e o ato de aspergir.

As cerimônias aconteciam durante sete dias (Êx 29.1-37; Lv 8.5-35). As roupas do sumo sacerdote eram diferentes: túnica azul com sinos e romãs, estola, um peitoral quadrado com doze pedras preciosas inscritas com os nomes das doze tribos de Israel e com o Urim e o Tumim, e o turbante de linho com uma placa de ouro trazendo a inscrição “Santidade ao Senhor” (Êx 28.4-39; 39.1-31; Lv 8.7-9).

No Dia da Expiação, essas belas vestimentas eram trocadas por vestimentas simples de linho (Lv 16.4,23,32). Essa celebração anual compreendia sua mais importante obrigação. Nesse dia ele entrava no santo dos santos, aspergia o sangue da oferta pelo pecado por si mesmo, por sua família e pela nação (16.1-25).

Parece que ele deveria participar das responsabilidades gerais do sacerdócio (Êx 27.21) e oferecer uma oferta diária de manjares (Lv 6.19-22).

Como líder espiritual de Israel, se esperava um grande cerimonial de purificação do sumo sacerdote. Ele não poderia ter contato com morto, nem ter cabelo comprido, nem estar de luto, nem se casar com uma moça que não fosse virgem de Israel (21.10-15).

Qualquer pecado cometido por ele traria culpa sobre o povo, exigindo uma oferta especial pelo pecado (4.3-12). Sua importância para com a nação pode ser medida pelo fato de que sua morte marcava a conclusão de uma era teocrática, e o homicida era liberto da cidade de refúgio (Nm 35.25,28,32).

Os sacerdotes eram os associados do sumo sacerdote que serviam na adoração da nação. Eles estavam restritos à casa levítica de Arão (Êx 28.1,41; 29.9; Lv 1.5,7,8,11; Nm 3.10; 18.7), e não deviam ter defeitos físicos (Lv 21.16-23).

O sacerdócio foi organizado com vinte e quatro turnos ou divisões, que serviam ao santuário por escalas. Cada um dos turnos ministrava por uma semana, iniciando no sábado, à parte das festas anuais, quando todos serviam juntos.

Dezesseis divisões (famílias) descendiam de Eleazar por meio de Zadoque, oito de Itamar, outro filho de Arão (lCr 24.1-19). As cerimônias para a consagração dos sacerdotes eram semelhantes às do sumo sacerdote, mas não tão elaboradas (Êx 29.137; Lv 8.5-35).

Apenas o sumo sacerdote recebia a unção (Lv 21.10). A vestimenta dos sacerdotes incluía uma túnica, calças e um turbante (tudo de linho branco), assim como uma cinta feita de linho branco bordado com azul, púrpura e escarlate (Êx 28.40,42; 29.8,9; 39.27-29; Lv 8.13).

Os deveres dos sacerdotes eram o cuidado com os vasos do santuário e os sacrifícios no altar (Nm 18.5,7). O sacerdote também deveria instruir na lei de Deus (Ml 2.6,7). Ele era a autoridade final em todos os assuntos da lei.

No período pós-exílico, essa função de ensino ético vinha pelas mãos dos escribas, ao passo que ministrar nas cerimônias religiosas estava na esfera da instrução sacerdotal (Ag 2.10-13). Os sacerdotes zelavam pela saúde física da nação (Lv 13-15).

Eles administravam a justiça (Dt 17.8-9; 21.5; 2Cr 19.8-11; cp. Ez 44.25), em casos de julgamento mediante teste (Nm 5.11-31), reconsagração de um nazireu contaminado (6.121), e votos (Lv 27.8-25). Após o exílio, parece que os assuntos fiscais em Judá eram cuidados pelo pessoal do Templo (Ed 8.33,34).

Era dever dos sacerdotes tocar as trombetas para a guerra, para a assembleia ou para celebrar uma festa (Nm 10.1-10). Apenas eles podiam abençoar o povo em nome de Deus (6.22-27).

Pelo fato da tribo de Levi não ter um território, parte das ofertas trazidas a Deus era dada aos sacerdotes (Nm 18.20; Dt 10.9; 18.1,2).

Foi permitido aos indivíduos possuírem a terra (lRs 2.26; Jr 32.6ss.; Am 7.17) e a provisão da casa era feita para os sacerdotes em Jerusalém e seus arredores (Ne 11.3,21). Treze das quarenta e oito cidades levíticas foram dadas a eles (Js 21.4,1319).

O sustento principal, porém, vinha das ofertas do povo. Essa renda vinha de três fontes:

(1) as primícias da produção e os primogênitos dos animais, o dinheiro da redenção pago pelos filhos primogênitos e pelos primogênitos dos animais impuros (Êx 13.12-13; Nm 18.12-19);

(2) alguns direitos sacrificiais, como o do pão da proposição (Lv 24.5-9), todas as ofertas de cereal (2.3,10; 6.16; 10.12,13; Nm 18.9), as ofertas pelo pecado (Lv 5.13; 6.26), a melhor parte das ofertas pacíficas (Êx 29.26-28; Lv 7.30-34; Nm 18.11), o couro dos holocaustos (Lv 7.8);

(3) e um décimo dos dízimos da nação dado pelos levitas (Nm 18.26-28). O sacerdote deveria simbolizar em todo tempo pureza e santidade. Ele deveria ser livre de qualquer defeito físico (Lv 21.16ss.); era consagrado por meio de rituais de purificação (Êx 29.1ss.; Lv 8.5ss.); deveria se lavar antes de ministrar no altar ou no santuário (Êx 30.19ss.; 40.31 ss.); deveria vestir túnicas de linho branco (39.27-29).

Não lhe era permitido ter contato com um morto, exceto um parente próximo. Não lhe era permitido mostrar sinais de luto. Não lhe era permitido casar com mulher impura ou divorciada. A filha de um sacerdote que caiu em prostituição deveria ser queimada (Lv 21.1-9). Qualquer transgressão da pureza sacerdotal tinha que ser limpa pelo sumo sacerdote e por todos os sacerdotes juntos (Nm 18.1).

Os levitas eram oficiais subordinados do santuário, que supervisionavam as responsabilidades menores do lugar sagrado (Nm 1.50; 3.6,8; 16.9; 18.2; lCr 23.28,32; Ed 3.8,9). Eles eram instalados no ofício por meio de cerimônias de banho, raspagem do corpo, sacrifício, imposição de mãos e dedicação solene a Deus (Nm 8.5-13).

O dever deles era ajudar os sacerdotes e servir a congregação (Nm 1.50; 3.6,8; 16.9; 18.2; lCr 32.28,32; Ed 3.8,9). Eles cuidavam dos átrios e das câmaras do santuário, da limpeza dos vasos, da preparação da oferta de cereais e do louvor (1 Cr 23.28-32).

Alguns eram designados porteiros ou guardas (9.19; 26.1,19; 2Cr 8.14). Alguns eram designados como porteiros (9.19; 26.1.19; 2Cr 8.14), como tesoureiros (1 Cr 26.20) e alguns como músicos (Ed 3.10;Ne 12.27).

As vezes, os músicos e porteiros são referidos como distintos dos levitas (Ed 2.40-42; Ne 12.47). Os levitas instruíam na lei (Ne 8.7,9), função assumida pelos escribas, posteriormente. Os levitas também ajudavam os sacerdotes a administrar a justiça (lCr 23.4; 26.29; 2Cr 19.8-11) e nos assuntos da tesouraria (Ed 8.33,34; cp. lCr 26.20ss.).

Os levitas parecem ter sido menores em número do que os sacerdotes na restauração do Templo (Ed 2.36-40,41,42; Ne 7.39-43,44,45). Os netinins, servos do Templo, ajudavam os levitas (Ed 8.20), da mesma maneira que os levitas ajudavam os sacerdotes (Nm 3.9; 8.19).

A duração do serviço levítico variava. Números 4.3 indica de trinta aos cinquenta anos. Números 8.23-26 determina vinte e cinco anos para cima com o acréscimo de uma regra de que a partir dos cinquenta anos, eles deveriam apenas ajudar seus colegas levitas.

Em 1 Crônicas 23.24 a idade de início é de vinte anos em diante, sem data específica para aposentadoria. Os levitas eram sustentados pelo dízimo (Lv 27.32,33;Nm 18.21,24ss.), mas um décimo dele tinha que ser dado aos sacerdotes (Nm 18.26-28).

Visto que a tribo de Levi não tinha território, quarenta e oito cidades e seus arredores foram cedidas aos levitas (Nm 35.1-8; cp. Js 21.1-41). Treze delas pertenciam aos sacerdotes araônicos (Js 21.4,13-19). Essas cidades estavam localizadas nos dois lados do Jordão, nas próprias áreas onde Israel tinha se estabelecido.

Assim como os sacerdotes, os levitas da época do segundo Templo ministravam em turnos, em seu período designado (lCr 24.31; 28.13,21; 2Cr 8.14; Ne 13.30). Eles eram empossados no cargo mediante rituais de purificação (Nm 8.5-13). A Bíblia não menciona túnicas especiais para o ofício dos levitas. Eles, assim como os sacerdotes, tinham de fazer expiação por qualquer transgressão de sua pureza (18.23).

O decreto de Ciro (538 a.C., Ed 1.1-4) sinalizou o início da restauração da nação judaica. O retomo dos exilados por sua vez começou a reinstituição da adoração tradicional (3.1-6), que envolvia diretamente a restauração do sacerdócio.

Em que base os sacerdotes poderiam servir? As limitações do ministério sacerdotal não foram aplicadas aos zadoquitas. A distinção foi feita entre sacerdotes e levitas nas listas dos exilados que retornaram (Ed 2.36-42; Ne 7.39-43;12.1ss.) e dos associados de Neemias (Ne 10.28; 11.3,10-18) e Esdras (Ed 7.7,13; 8.15ss., 30; 9.1).

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A descendência araônica era a marca da elegibilidade no sacerdócio judaico restaurado. Na literatura pós-exílica os sacerdotes são sempre mencionados como a casa de Arão ou os filhos de Arão (lCr 15.4; 23.28,32; Sl 115.10,12; 118.3; cp. também 1Mac 7.14).

Acredita-se que isto esteja de acordo com o Pentateuco, que fornece a mais completa informação sobre o sacerdócio. O sacerdócio é designado como investido de autoridade divina na casa de Arão (Êx 28.1,43; Nm 3.10; 8.2,17). A rebelião de Coré está registrada para advertir os levitas não araônicos a não procurarem se apropriar dos privilégios dos sacerdotes arônicos (Nm 16.8-10,40).

Ao reconstruir as condições daquela época, esses elementos têm sido apresentados como certos:

(1) havia sacerdotes ministrando no Templo destruído em Jerusalém durante o exílio. Isso está implícito no registro dos oitenta homens de Siquém, Silo e Samaria que trouxeram ofertas ao Templo (Jr 41.4ss.), da mesma forma como os sacerdotes mencionados em Lamentações 1.4.

(2) Os sacerdotes araônicos de Abiatar, removidos do ofício por Salomão, viviam em Anatote (cerca de 3,2 km ao norte de Jerusalém), e Jeremias viveu em Judá (Jr 39.11-14; 40.2-6).

(3) Os sacerdotes araônicos de Itamar, de quem Abiatar veio, são mencionados com os zadoquitas nas listas dos exilados que retomaram (Ed 8.2).

(4) Conforme já declarado, na literatura pós-exílica os sacerdotes foram indicados como a casa ou os filhos de Arão.

Parece provável que o sacerdócio pós-exílico se expandiu para incluir todos os araonitas, porque:

(1) a adoração em Jerusalém durante o exílio foi mantida por sacerdotes não zadoquitas;

(2) as condições em Jerusalém eram conhecidas dos exilados na Babilônia, uma vez que a referência em Esdras 8.2 de sacerdotes não zadoquitas e zadoquitas parece comprovar algum acordo feito entre os exilados, antes do retomo deles para a Palestina. Sob o decreto de Ciro sacerdotes retomaram com Zorobabel (Ed 2.36-39; Ne 7.39-42), uma condição improvável de que todos eles seriam descendentes dos zadoquitas exilados. Os poucos levitas que retomaram (apenas setenta e quatro) poderiam apontar para o fato de que toda a descendência araônica foi admitida ao sacerdócio.

Há uma mudança definitiva na ênfase sobre os deveres do sacerdócio na sociedade judaica restaurada. Um dos principais deveres do sacerdote não é mais considerado como sendo o ensino da moral; ele está agora quase totalmente ocupado com os assuntos cerimoniais (Lv 10.10,11; Ag 2.10-13).

Malaquias reclamou que os sacerdotes eram negligentes em dar instrução moral (Ml 2.7,8). O Urim e o Tumim não estão mais disponíveis (Ed 2.63). Quando Esdras apresentou a lei, os levitas instruíram o povo (Ne 8,7), e a prerrogativa do ensino parece ter sido continuada mais pelos levitas do que pelos sacerdotes no segundo Templo.

No período persa (Esdras).

O sacerdote principal, com o líder político removido da liderança da nação, tomou-se a personalidade dominante entre o povo na era persa.

Nos dias de Esdras um em cada sete exilados restabelecidos era sacerdote. Esdras e Neemias separaram os levitas dos sacerdotes: os levitas devem ser compreendidos como os descendentes dos sacerdotes não jerusalemitas dos lugares altos.

Diz-se que o novo sistema sacerdotal tem sua base na legislação sacerdotal reconhecida como parte da lei sob Esdras e Neemias. Aqui se encontra a exclusão dos levitas do sacerdócio dos filhos de Arão (Nm 3). Eles eram, na verdade, os servos dos sacerdotes (3.9), mas num plano mais alto que o resto do povo.

Após O Antigo Testamento.

Na época dos macabeus há uma menção sobre a ordem superior e a inferior dos sacerdotes, mas é difícil haver qualquer referência aos levitas.

O dízimo e outros direitos foram retirados dos levitas, de acordo com Josefo e o Talmude. Em períodos posteriores, os deveres do sacerdote se tomaram mais minuciosos. O ofício do sumo sacerdote passou por mudança. Não era mais vitalício nem hereditário.

A literatura rabínica fala do acréscimo de um substituto do sumo sacerdote, no caso de ele contrair impureza e ser impedido de executar os deveres de sua posição. Essa não era a posição de uma única pessoa, pois sete dias antes do Dia da Expiação, “outro sacerdote” tinha que ser separado, caso o sumo sacerdote não pudesse oficiar. Os deveres se multiplicaram ao longo dos anos e as responsabilidades tiveram que ser divididas mais amplamente.

Vestimentas dos Sacerdotes

O sumo sacerdote de Israel não precisava de vestes oficiais fora do desempenho de suas funções. E, quando em serviço, não usava calçados, aparentemente por uma questão de respeito, mais ou menos como Moisés, diante da sarça ardente, precisou tirar as sandálias.

O sumo sacerdote compartilhava, de modo geral, as vestes dos sacerdotes comuns. Mas, além daquelas peças, também usava outras:

A – O Peitoral.

No hebraico, hoshen; Êx. 28: 15,30. Uma peça quadrada de tecido dobrada ao meio, era feita do mesmo tecido da estola sacerdotal, descrita a seguir. Uma vez dobrada ao meio, formava uma espécie de bolso. Sobre essa peça de tecido havia doze pedras preciosas engastadas em ouro.

Nessas pedras estavam gravados os nomes das doze tribos de Israel. Além disso, nas quatro pontas do peitoral, havia argolas de ouro. As duas argolas de cima permitiam que duas tiras prendessem o peitoral aos ombros. E as duas argolas de baixo permitiam que o peitoral fosse preso a estola, por meio de tiras ou cordões de cor azul. Ver Êx. 28: 13-28; 39:8-21.

No peitoral é que ficavam guardados os misteriosos objetos chamados Urim e Turim. Esses dois objetos, provavelmente pedras preciosas, eram usados com propósitos de adivinhação. Ver Êx. 28:30; Lev. 8:8.

Ninguém até hoje, desde tempos antigos, conseguiu fornecer uma explicação apropriada desses objetos, embora muitos o tenham tentado. Sabe-se somente que esses objetos eram usados para determinar a vontade de Deus entre opções (ver Nm, 27:21), razão pela qual o Urim e o Turim talvez fossem apenas sortes.

B – A Estola.

Esta peça do vestuário do sumo sacerdote era feita de linho fino, bordada em azul, púrpura e escarlate e com figuras douradas.

Consistia em duas peças, uma para cobrir o peito e outra para cobrir as costas. As duas metades eram ligadas uma à outra sobre os ombros, mediante colchetes de ouro.

Cada colchete contava com uma pedra de ônix; e sobre cada pedra haviam sido gravados os nomes de seis das tribos de Israel, dando um total de doze. Na estola ficava preso o peitoral, segundo descrito acima. Ver Êx, 28:6-12; 39:2-7.

A estola descia, formando uma espécie de robe de cor azul, tecida sem nenhuma emenda. Chegava até ligeiramente abaixo dos joelhos. A túnica aparecia por baixo da estola e descia até a altura do chão. Era azul e sem costuras.

Havia fendas nos lados, por onde passavam os braços. Da cintura para baixo, havia um bordado decorativo, representando romãs, nas cores azul, vermelho e carmesim. Havia um sinete de ouro entre cada romã.

C – O cinto

(no hebraico, hesheb) era feito do mesmo material que a estola, e se mantinha no lugar esta peça, em torno da cintura do sumo sacerdote. Ver Êx. 28:8.

D – A mitra

(no hebraico, misnepheth, «enrolado»), uma espécie de turbante azul escuro. Ao que parece, era um tipo de gorro em torno do qual se enrolava um pano, formando então um turbante.

Na parte da frente havia um diadema de ouro puro (uma placa de ouro), onde estavam inscritas as palavras “Santo a Yahweh”. Era preso ao turbante mediante um fio azul-escuro. Ver Êx. 28:36-38; 39:30.

Alguns Presumíveis Símbolos Dessas Peças:

A – As cores tinham seu próprio simbolismo: o branco, a santidade; o ouro, a deidade; o vermelho, o sangue da expiação; o azul, o céu ou a espiritualidade. Ver Dn. 10:5; 12:6, 7; Ez. 9:3; 10:2, 7; Mt. 28:3; Ap. 7:9.

B – As vestes, como cobertura, simbolizavam que a nudez espiritual do ser humano é coberta pelas provisões especiais de Deus, em Cristo.

C – As vestes sem costura falam de integridade moral e espiritual, ou seja, a retidão que Deus confere.

D – O turbante, parecido na forma com o cálice de uma flor, talvez simbolizasse a vida, o crescimento e o vigor.

O sumo sacerdote não podia tirar da cabeça o seu turbante; e, se este viesse a cair acidentalmente, isso era considerado simbolicamente negativo. Ver 1 Pe. 1:24; Tg. 1:10; Sl. 103:15; Is. 40:6-8.

E – O cinto servia, no Oriente, para segurar no lugar as vestes soltas da antiguidade, a fim de que a pessoa pudesse movimentar-se sem empecilho.

Desse modo, o cinto simboliza serviço. Podemos lembrar-nos, em conexão, do humilde Cristo que se cingiu ao lavar os pés de seus discípulos. Ver Mc 10:45.

O material do cinto do sumo sacerdote era da mesma cor e do mesmo estilo do véu do santuário, indicando que as vestes do sumo sacerdote mostravam ser ele o administrador do santuário, em suas diversas funções sacerdotais.

F – A parte superior da única era tecida em uma única peça de cor azul.

E isso indica a espiritualidade em sua inteireza; a origem celestial do serviço prestado pelo sumo sacerdote e o caráter espiritual de seu ofício também foram destacados.

Todo o israelita precisava usar apêndices azuis na borla de suas vestes, relembrando suas obrigações diante da lei (ver Nm. 15:38 ss.). As romãs ali bordadas falavam sobre a vida, e as sinetas entre as romãs talvez indicassem que ele deveria estar sempre atento à voz de Deus.

G – A estola, com a peça dos ombros e com o peitoral, podia ter vários símbolos, como o trabalho que o sumo sacerdote levava aos ombros.

Ali havia a insígnia das doze tribos, que ficavam sob a sua responsabilidade (ver Is. 22:22).

No peitoral também havia os nomes das doze tribos, servindo de lembrete adicional. No bolso formado pelo peitoral, estavam o Urim e o Turim, símbolos da função do sumo sacerdote como recebedor e transmissor de oráculos, orientação espiritual e de sua ação como mediador entre Deus e os homens.

O sumo sacerdote não era apenas um juiz. Sua função espiritual visava, essencialmente, à higidez espiritual do povo de Israel.

H – O turbante era emblema de sua autoridade e de suas responsabilidades governamentais.

Tinha uma coroa que era símbolo de sua autoridade (ver Êx. 29:6; 30:30; Lev, 8:8). Ele fora escolhido e coroado para ocupar-se de suas funções. Sobre o turbante havia uma placa de ouro com as palavras “Santo a Yahweh”, relembrando que seu trabalho era inteiramente consagrado a Deus, no tocante aos pecados do povo, procurando guindá-los a um nível espiritual mais elevado.

E isso combinava com seu trabalho de expiação anual, a sua função principal. A unção do sumo sacerdote mostrava que ele fora devidamente nomeado e equipado para o seu trabalho.

No tocante aos tipos, algumas vezes a Bíblia dá claras indicações sobre seu significado; mas a questão tem sido sujeitada a exageros, havendo muitas ideias que evidentemente não faziam parte do intuito original.

Seja como for, o que dissemos mostra um exemplo dos tipos de coisas que podem ser vistas, como símbolos, nas vestes sumos sacerdotais.

A Aplicação Maior. Cristo, como o nosso grande Sumo Sacerdote, que substitui a todos os outros, é simbolizado, de modo preeminente, pelas várias peças do vestuário e das funções dos sumos sacerdotes de Israel, algo obviamente apoiado na mensagem geral da epístola aos Hebreus.

Sacerdócio no Novo Testamento

O sacerdócio levítico e o sistema sacrificial no qual ele operava encontrou seu cumprimento e perfeição em Cristo. No NT Cristo é o sumo sacerdote (Hb; Rm 3.25). Ele é o grande sumo sacerdote, eternamente um com o Pai (Hb 1). Ele é identificado com o homem na encarnação (Hb 2.14-18; 4.15; 5.1,8-10).

É o mediador da nova aliança (7.23-28; 8.6-13; 9.15), realizando a redenção eterna (9.11-28; 10.11-18), assegurado a seu povo o acesso contínuo a Deus (10.19-25). Além disso, todo o povo de Deus é sacerdote no NT (1 Pe 2.5,9; cp. Rm 12.1; Hb 13.15; Ap 1.5).

Dois elementos vitais foram transmitidos ao ensino do Novo Testamento: a doutrina da mediação e da hierarquia sacerdotal.

A epístola aos Hebreus é fala sobre o ensino do sumo sacerdócio eficaz de Cristo. O ministério na igreja substituiu a hierarquia antiga ordenada por Deus. No NT, o termo é reservado para Cristo e todos os integrantes do ‘sacerdócio real’, que abrange todos os verdadeiros crentes (1 Pe 2.9).

O sacerdócio do Antigo Testamento tinha Cristo como seu antítipo. Ele incorpora em si mesmo todos os tipos e funções do sacerdócio veterotestamentário.

Essa é mesmo a mensagem central da epístola aos Hebreus, parecendo muito radical quando exposta pela primeira vez. Pois anulava uma porção extensa e importante do Antigo Testamento, substituindo-a por um único sacrifício, o de Cristo, no Calvário.

Ler a epístola aos Hebreus, especialmente trechos como 2: 14-18; 4:14-16; 5: 1-10 e seu sétimo capítulo. Jesus Cristo também foi o cumprimento cabal do sacerdócio de Melquisedeque (ver Hb. 7). Os deveres sacerdotais de Cristo cumpriram-se após o sacerdócio aarônico ter cumprido seu papel, sendo um cumprimento desse sacerdócio; o seu oficio como sacerdote seguinte a ordem ou categoria de Melquisedeque.

Todos os Crentes São Sacerdotes.

As passagens neotestamentárias centrais que ensinam essa doutrina são I Pe. 2:5,9; Ef, 1:5ss.

Os sacerdotes do Novo Testamento (todos os crentes) têm acesso ao trono celeste por meio de seu Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (Hb. 10:19-22).

O sacerdócio dos crentes é vinculado à filiação deles, o que, por sua vez, é uma maneira de definir a salvação da alma. Visto haver acesso pessoal a Deus, por meio de Cristo, não há necessidade da intermediação de nenhuma casta sacerdotal.

Princípios do Sacerdócio Bíblico:

A – Deus Pai ordena sacerdotes; esse é um privilégio e um ato divino. Ver Hb. 5:4-6.

B – Os sacerdotes eram nomeados mediadores entre Deus e os homens, sobretudo no tocante ao pecado, à expiação e à reconciliação dos homens, com Deus. Ver Hb 5:1

C – A expiação pelo sangue de animais sacrificados ocupava o centro das funções sacerdotais. Ver Hb. 8:3.

D – O trabalho de intercessão dos sacerdotes do Novo Testamento (os crentes) repousa sobre a natureza eficaz da expiação de Cristo. E é aí que os crentes alcançam a Deus. Ver Hb. 8: 1ss. http://antigotestamento-shemaisrael.blogspot.com/2017/11/sacerdotes-e-levitas-historia-funcoes-e.html

Conclusão

O novo pacto, com base no sacerdócio superior de Cristo envolve melhores promessas que aquelas do antigo pacto (Hb. 8:6). De fato, o novo pacto anulou totalmente o antigo (a totalidade da epístola aos Hebreus).

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