A Sutileza da Imoralidade Sexual
Submeter a mente ao senhorio de Cristo é a maneira correta de evitar que os pecados ligados à sexualidade (ou qualquer outro) sejam concebidos no coração do homem. “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará” (Hb 13.4).
TEXTO BÍBLICO (1 Coríntios 6.15-20; Romanos 1.26-28)
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleO Compromisso Conjugal
A indissolubilidade do matrimônio.
Definida a forma de o cristão relacionar-se com o sexo oposto, o Senhor passou a tratar do casamento, mediante o qual o ser humano pode expressar legitimamente a sua sexualidade. O propósito de Deus para a vida conjugal sempre foi a indissolubilidade do matrimônio (ver Mc 10.7-9). A própria exceção (da qual falaremos depois) expressada por Jesus no texto da leitura em classe (v.32) e em Mateus 19 confirma a regra. Ou seja, o casamento é, biblicamente, para toda a vida, constituindo-se assim na forma legítima para a expressão da sexualidade humana.
Consequências da quebra do compromisso.
Deus estabeleceu o princípio da indissolubilidade porque, em sua presciência, sabia quais seriam os trágicos efeitos da quebra do compromisso conjugal. Hoje, a grande maioria dos cientistas sociais são unânimes em afirmar que flagelos como as drogas, o alto índice de suicídio entre adolescentes e a disseminação da violência urbana, entre outras consequências, são frutos da desestruturação familiar, nos moldes tradicionais, onde os cônjuges legitimamente casados são os pilares de sustentação. Quando estes se separam, os transtornos logo aparecem. O problema é que na maioria dos casos as alegações se baseiam em motivos egoístas. Mas se os homens observassem os ditames da lei de Deus quanto à sexualidade e ao matrimônio, a sociedade com certeza não estaria experimentando tanto sofrimento.
A exceção onde cabe o divórcio.
Mas ainda assim, por causa da dureza dos corações humanos, Jesus previu a exceção do divórcio em casos de infidelidade conjugal (v.32; Mt 19.3-9). O adultério é um pecado extremamente grave (até mesmo porque ilustra a infidelidade do homem a Deus). Nele consiste a única situação bíblica que admite a separação conjugal. Nenhuma outra exceção é prevista porque normalmente atrás de qualquer outro motivo alegado para a separação está, na verdade, a concupiscência. Todavia, em casos de fornicação e adultério, enquanto houver a possibilidade de perdoar, mediante o arrependimento do cônjuge ofensor, é dever pastoral prestar todo o apoio possível para restaurar o casamento e cicatrizar as feridas que ficam, pois da mesma forma que Deus não aceita a infidelidade do seu povo, Ele é, também, capaz de perdoá-lo, se este se arrepende. O perdão continua sendo a melhor terapia para a restauração dos feridos.
OBS: ARGUMENTO BIBLIOLÓGICO
“‘Atentar numa mulher para a cobiçar’ (Mt 5.28). Trata-se da cobiça carnal, ou a concupiscência (gr. epithumia ). O que Cristo condena aqui não é o pensamento repentino que Satanás pode colocar na mente de uma pessoa, nem um desejo impróprio que surge de repente. Trata-se, pelo contrário, de um pensamento ou desejo errado, aprovado pela nossa vontade. É um desejo imoral que a pessoa procurará realizar, caso surja a oportunidade. O desejo íntimo de prazer sexual ilícito imaginado e não resistido, é pecado” (Bíblia de Estudo Pentecostal A sutileza do enfraquecimento da Identidade Pentecostal, CPAD, p.1394).
FORMAS DE VENCER A SUTILEZA DA IMORALIDADE SEXUAL
Mantendo a mente Disciplinada
O domínio da mente.
Outra vez a análise de Jesus teve como ponto de partida a visão estritamente jurídica dos fariseus (v.27), que se restringia apenas a aplicar a seu modo os dispositivos da lei mosaica. Para o Mestre, o mais importante era erradicar as causas (cf. Jo 8.1-11), por isso insistiu em tratar do problema desde a sua origem — o coração (v.28). Estudamos na primeira lição que o termo coração, na Bíblia, simboliza o centro da personalidade, ou seja, a área onde se desenvolvem a razão, as emoções e os sentimentos (ver Êx 4.14; Dt 6.5; Sl 119.11; 140.2; Mc 2.8; Jo 14.1).
Deste modo, Jesus não só reconhece o domínio da mente sobre o indivíduo, mas situa o pecado como algo que tem origem a partir do momento em que o intelecto começa a tramá-lo. Como o olhar cobiçoso é a centelha que desencadeia o processo (ver 1Jo 2.16,17), o Mestre firmemente condenou-o, pois quando alguém chega ao ato do adultério (que é a relação extraconjugal), ou a qualquer outro pecado sexual, normalmente há uma longa história por trás, que teve início com um olhar lascivo. Isto porque, se por um lado a mente exerce domínio, por outro interage com o ambiente mediante os sentidos, entre eles a visão.
A disciplina da mente.
Aqui está a importância da mente disciplinada. Não é simplesmente condicioná-la através de exercícios de controle mental baseados em princípios filosóficos, religiosos, etc. Não é, também, submeter-se à uma espécie de lavagem cerebral resultante do uso de técnicas psicológicas muito em voga hoje em certos movimentos ditos evangélicos. A disciplina da mente está, em primeiro lugar, em submetê-la ao senhorio de Cristo. Este é, aliás, um dos aspectos implícitos na salvação. Em Efésios 6.17, a Bíblia ilustra a nossa salvação sob a figura do capacete, denotando isso também a proteção da nossa mente.
A conversão traz o predomínio da mente de Cristo sobre as nossas vidas de tal maneira que a cada dia, mediante a ação do Espírito Santo, somos renovados em nosso entendimento (1Co 2.16; Rm 12.2). Este foi o cerne do ensino de Jesus quando aludiu ao olhar cobiçoso, como já caracterizando o pecado. O mal tem que ser neutralizado no seu nascedouro, e não no seu ciclo evolutivo.
Mantendo o corpo Disciplinado
A disciplina dos sentidos.
O Senhor aprofundou ainda mais a questão, ao condenar não só o olhar cobiçoso, mas também qualquer ação maléfica envolvendo os demais sentidos (vv.29,30). A linguagem é, outra vez, radical — arrancar o olho, cortar a mão — para demonstrar que não pode haver qualquer tipo de concessão nessa área. Toda prática pecaminosa passa pelos sentidos, mas o pecado sexual não só envolve todos eles, mas é o que mais os escraviza, pois deles depende a manifestação da sensualidade. Por isso, uma das qualidades do fruto do Espírito (ver Gl 5.22) é o domínio próprio, ou seja, a capacidade de exercer controle sobre os atos pessoais, que se utiliza dos sentidos. Paulo reitera a mesma posição, quando adverte: “Mortificai os vossos membros que estão sobre a terra…” (Cl 3.5).
No grego, a ideia do texto é a de “trazer os membros sob controle e tratá-los como se estivessem mortos”. O pecado sexual é tão traiçoeiro que a recomendação do apóstolo para Timóteo foi, também, radical: “Foge…” (2Tm 2.22). Agora, nada disso será possível se a mente não estiver impregnada da Palavra de Deus e o Espírito Santo não tiver o controle de nossas vidas (Gl 5.16). O domínio próprio não resulta de mero esforço humano, nem se caracteriza pela pujança, alarde e presunção espiritual, mas é produzido pela ação do Espírito Santo no coração do crente. Como diz a Bíblia, é “fruto do Espírito”. Assim, temos de trazer, também, os sentidos da alma cativos aos pés de Cristo, para um comportamento sexual segundo o padrão das Escrituras.
A disciplina dos propósitos.
Outra implicação disso é que precisamos ter propósitos santos para que as ações de nossos membros — por onde manifestam-se os sentidos — sejam também santas. Várias vezes, no Antigo Testamento, Deus repeliu as atitudes do povo de Israel porque eram fruto de propósitos malignos engendrados no coração (Is 23.15; Jr 11.8). Isto significa que a mente indisciplinada e pecaminosa gera propósitos malignos que, por sua vez, contaminam os sentidos e levam à prática do pecado.
Portanto, santificar os propósitos é parte deste encadeamento, a começar pelo coração, que leva o crente a ter repulsa ao pecado e a olhar a sexualidade segundo o prisma divino, e não como um meio para dar vazão à carnalidade e permitir que o Diabo destrua não só a sua vida mas também a de sua família e de outras pessoas diretamente afetadas pelo ato. Em situações assim vale sempre a pergunta: O que o meu coração deseja, conforma-se ao elevado padrão de santidade exigido por Deus? Se a resposta for não, então só há uma saída: arrancar o mal pela raiz, antes que o pecado comece a ser concebido (Tg 1.14,15).
Obs.: ARGUMENTAÇÃO APOLOGÉTICA – A REVOLUÇÃO SEXUAL
“A vida humana e a sexualidade tornaram-se as questões morais divisoras de águas de nossa época. Todos os dias, o ciclo de 24 horas de notícias relata o avanço de uma revolução moral secular em áreas como sexualidade, aborto, suicídio assistido, homossexualidade e transgenerismo. A nova ortodoxia secular está sendo imposta por intermédio de quase todas as grandes instituições sociais: academia, mídia, escolas públicas, Hollywood, corporações privadas e a lei. […] Aqueles que discordam do ethos secular corrente apelam ao direito à liberdade religiosa. Já o presidente da Comissão de Direitos Civis dos Estados Unidos escreveu com desdém que ‘a expressão “liberdade religiosa” não representará nada, a não ser hipocrisia, enquanto permanecer como código para a discriminação, intolerância, racismo, sexismo, homofobia, islamofobia, supremacia cristã ou qualquer outra forma de intolerância.
Observe que a expressão ‘liberdade religiosa’ é colocada entre aspas, como se fosse um direito ilegítimo, e não um direito fundamental em uma sociedade livre. O próximo passo será negar aos cidadãos a sua liberdade religiosa – e isso já começou. Aqueles que resistem à revolução moral secular têm perdido empregos, negócios e posições de ensino” (PEARCEY, Nancy. Ama o teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.11,12). Os cristãos conservadores […] entendem que a reprovação da prática homossexual se dá por conta de esta ser contrária a ordem natural da criação, conforme registrada na Bíblia […].”
Conclusão
Portanto, o padrão bíblico da sexualidade implica desfrutá-la nos limites da indissolubilidade do casamento, cabendo a cada um disciplinar o seu corpo a partir da mente para que possa evitar que o pecado seja concebido e resulte, com isso, na perda da comunhão com Deus. Cabe ao crente salvo por Cristo não se apartar das Sagradas Escrituras na teoria e prática, pois é a nossa bússola que nos guia em meio as trevas deste mundo imoral e perverso.