A sutileza da normalização do Divórcio

A sutileza da normalização do divórcio

A Sutileza da normalização do Divórcio

A Igreja precisa estar atenta, pois o divórcio não pode ser visto como um procedimento normal, pois suas consequências são irreparáveis. “Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.6). Neste artigo vamos estudar a sutileza da normalização do divórcio.

Texto Bíblico (Mateus 19.1-9)

Casamento, uma Instituição Divina

Definição.

O casamento é a união legítima entre um homem e uma mulher. No sentido bíblico, o casamento ideal faz parte do plano de Deus para a vida dos cônjuges, indo além da procriação e dos costumes sociais.

Instituição divina.

Deus estabeleceu o casamento na primeira família da terra. Ele o instituiu logo no início, no Jardim do Éden, antes da queda do homem (Gn 1.27,28; Mt 19.4,5). Portanto, o casamento é uma instituição divinamente ordenada; é uma união que somente pode ser dissolvida pela morte de um dos cônjuges. O matrimônio é uma união tanto física quanto espiritual (Mt 19.6); o Estado apenas reconhece como legítimo algo que Deus instituiu desde o começo.

Importância espiritual.

Tanto no judaísmo quanto no cristianismo o casamento é visto como algo que fortalece a comunidade, ajudando as pessoas a cumprirem os ditames sagrados. A família, por conseguinte, é o meio pelo qual os princípios da em Deus são fortalecidos. Qualquer abalo em sua estrutura prejudica claramente o propósito divino, desestruturando consequentemente toda a comunidade. O casamento no Novo Testamento não aparece como algo meramente secular. É também uma união espiritual. Deve fazer parte da dinâmica da vida cristã (por isso a proibição bíblica quanto a casamentos mistos). Propósitos espirituais estão envolvidos no casamento, incluindo o serviço cristão, a adoração e o desenvolvimento espiritual. O casamento produz filhos que serão (ou deveriam ser) criados para servirem a Deus, glorificando-o em tudo. É o início de um lar que propiciará o ambiente ideal de crescimento espiritual para as crianças.

Felicidade conjugal.

Essa felicidade, tão almejada, é o resultado da harmonia espiritual, amorosa, física e emocional entre os cônjuges. Ela não é conseguida através de teorias ou do esforço intelectual de ambos. Sendo também o casamento uma união de espíritos, o jugo desigual com os incrédulos deve ser completamente descartado. Quem melhor do que o próprio Deus, que o constituiu, para ensinar o caminho da felicidade conjugal? Paulo afirma que Ele nos abençoou com todas as bênçãos (Ef 1.3), inclusive a habilidade para fazer do casamento um sucesso. A presença divina no casamento é garantia de alegria duradoura (Jo 2.1-11).

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OBS: ARGUMENTO BIBLIOLÓGICO – CONTEXTUALIZAÇÃO DA QUESTÃO DO DIVÓRCIO EM MATEUS 19 – “A questão do divórcio teve um papel importante no primeiro século, da mesma forma que hoje. Jesus discutiu essa questão no Sermão do Monte (5.31,32). Agora ela reapareceu [Mt 19.3-9]. […] O conflito se originou a partir da interpretação de Deuteronômio 24.1 – ‘Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então, será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e despedirá da sua casa’. Shammai afirmava que ‘coisa feia’ significa fornicação: ‘Um homem não se divorciaria de sua mulher, a não ser que tivesse encontrado nela um motivo de vergonha’. Seu colega Hillel (cerca de 60.d.C. – 20 d.C.), que era muito mais liberal, enfatizava a primeira frase: ‘Ela não encontrou favor em seus olhos’. Ele permitiria a um homem divorciar-se da esposa se ela fizesse alguma coisa que o desagradasse, até mesmo se queimasse o alimento ao cozinhá-lo” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 6. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.135).

Divórcio à Luz da Bíblia

O divórcio é também um problema espiritual que está relacionado às consequências da queda do homem — o pecado e o endurecimento dos corações.

A causa do divórcio.

Jesus é enfático ao dizer que o divórcio foi permitido (e não instituído) por Moisés devido à dureza do coração dos homens e de sua obstinação. O divórcio tornou-se uma das maiores manifestações da condição pecaminosa do homem. Assim, faz-se necessário reconhecer os primeiros sinais deste sintoma fatal. Quando se permite que a vontade humana prevaleça sobre a de Deus, a semente da obstinação floresce e gera rebelião espiritual, que leva ao endurecimento do coração, provocando morte espiritual e conjugal.

Como prevenir.

Assim que se percebe que a relação conjugal está sofrendo algum tipo de desgaste, é obrigação dos cônjuges atentar para, pelo menos, três pontos fundamentais da convivência sadia, rogando a ajuda do Espírito a fim de pô-los em prática.

a) Comunicação. Comunicação é a transferência de informação de uma pessoa para outra. Pode ser verbal (palavra oral ou escrita) e não verbal (todas as formas de expressões e atitudes capazes de traduzir sentimentos e emoções). Desta forma, devem os cônjuges nutrir suas aspirações e se ajudarem mutuamente.

b) Unidade de propósitos. O casal deve atentar para os mesmos valores espirituais, orando sempre, para que o casamento supere todos os obstáculos. Observe: ambos precisam querer a mesma coisa (Mt 18.19) e estar interessados na estabilidade do casamento.

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c) Humildade. É imprescindível que os cônjuges tenham disposição para refletir sobre seus equívocos comportamentais, e recuarem quando necessário. Por sua vez, deve outro cônjuge conduzir-se sabiamente de maneira a perdoar e não aviltar a dignidade do que se humilha.

Quando o divórcio é permitido.

De uma forma geral, ao crente não é permitido divorciar e casar-se outra vez. Deus forneceu diretrizes para o casamento e sua estabilidade, e não para o divórcio. “Embora o divórcio seja uma tragédia, a infidelidade conjugal é um pecado tão cruel contra o cônjuge inocente, que este tem o justo direito de pôr termo ao casamento mediante divórcio. Neste caso, ele ou ela está livre para casar-se de novo com um crente” (Mt 19.9 — Bíblia de Estudo Pentecostal). Não devemos, porém, descartar a possibilidade do perdão por parte do ofendido. Se a parte ofensora demonstrar arrependimento, que a parte ofendida busque em Deus a força necessária para perdoar e recuperar o cônjuge faltoso. Paulo acrescenta outra exceção: quando um cônjuge incrédulo deseja separar-se do cônjuge crente. Neste caso, o crente fica livre de suas obrigações conjugais, podendo casar-se novamente, desde que com outro crente (1Co 7.15). Mas o cônjuge crente, deve fazer de tudo para ganhar o descrente para Jesus, conforme a recomendação de Pedro (1Pe 3.1-6).

OBS: ARGUMENTO DOUTRINÁRIO – “O divórcio é por natureza exceção, e não regra geral. As igrejas devem manter o divórcio como estado precário e exceção, como remédio para atender a uma necessidade social. Não deve ser cultivado pelos cristãos, mas admitido para resolver a situação de pessoas inconversas que vêm a Jesus com a vida extremamente complicada. Cristo disse: ‘E o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora’ (Jo 6.37).

É para situações como essa, principalmente, que o divórcio existe… O divórcio só pode ser legitimado em caso de adultério, ou de casamento misto, e, mesmo assim, se a parte incrédula exigir, conforme 1Co 7.15, que veremos mais adiante. Essas são as exceções. Jesus disse que o divórcio existe por causa da pecaminosidade do gênero humano, e não por causa do adultério, ‘por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; entretanto, não foi assim desde o princípio’ (Mt 19.8)… …A pergunta dos fariseus girava em torno das razões de se legitimar o divórcio. Não perguntaram se o divórcio era lícito, mas se seria lícito por qualquer motivo. Essa era a grande controvérsia das escolas rabínicas, principalmente das disputas entre os seguidores de Hillel e de Shammai. Queriam saber se Jesus era partidário de Shammai ou de Hillel. Nos versículos 4-6, vemos que o Senhor Jesus foi além do preceito que regulamentava o divórcio na Lei de Moisés. Ele recorreu aos propósitos originais de Deus com relação ao casamento, estabelecidos no princípio. A citação de Gênesis 2.24: ‘Por isso deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne’, que diz respeito à indissolubilidade do casamento, pois Jesus acrescentou: ‘Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem’ (Mt 19.6)” (Analisando o Divórcio à Luz da Bíblia. CPAD, pp.38-40).

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Desastrosas Consequências

Altos riscos de problemas psiquiátricos e doenças físicas.

O Dr. David Larson, psiquiatra e pesquisador americano, chegou a algumas conclusões sobre as consequências do divórcio:

a) Os indivíduos divorciados acham-se mais vulneráveis ao câncer do que as pessoas bem casadas.

b) As taxas de morte prematura são significativamente mais altas entre homens e mulheres divorciados. Os médicos acreditam que isto se deve ao trauma emocional que estressa o corpo, e reduz o sistema de defesa imunológica do organismo.

Os filhos.

O desenvolvimento emocional dos filhos está diretamente ligado à interação contínua, cuidadosa e sustentadora entre ambos os pais. Estudos revelam que 90% dos filhos de pais divorciados são vítimas de um sentimento agudo de choque quando a separação ocorre, incluindo profunda mágoa e temores irracionais. Neste particular, o maior problema do divórcio é o sentimento de rejeição dos filhos e a dificuldade que têm de se sentirem amados. Decorrem destes sentimentos delinquências, dependência de drogas, suicídios, agressividade, depressão etc.

OBS: ARGUMENTO TEXTUAL – O divórcio vem sendo praticado legalmente em várias partes do mundo. Não faltam aos homens boas desculpas e subterfúgios mirabolantes para legitimar essa prática nociva à família. Nos dias de Jesus, entre os judeus, a situação não era diferente. As pessoas se divorciavam por motivos banais, e ainda com o amparo legal de suas tradições. Jesus ensinou nos Evangelhos que divórcio é por natureza exceção, e não regra. Preceituou que esta prática somente foi permitida por Moisés em razão da dureza do coração dos homens. Portanto, o divórcio nunca fez parte dos eternos desígnios divinos: “o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.6).

Conclusão

Considerando todas as questões discutidas, não espere um colapso conjugal para então buscar solução no divórcio; renove, melhore e recicle seu relacionamento conjugal e fuja de todas as possibilidades que desemboquem numa catástrofe desta natureza. O ideal, portanto, é que os cônjuges permaneçam unidos até que a morte os separe.

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