O casamento é para sempre

O Casamento é para sempre

Não podemos jamais duvidar que o propósito de Deus para o casamento é que seja uma união indissolúvel. Isso se confirma muito bem por meio da citação de Gênesis 2.24, inclusive a que Jesus fará sobre o assunto é baseada nela (Mt 19.5). É compreensível também que, pela citação de Marcos 10.9, está claro que Deus ajunta, mas o homem é quem separa.

Texto Bíblico (Mateus 5.27-32)

O Divórcio no Antigo Testamento

Na verdade, o assunto é tratado com escassez na Bíblia. As poucas referências bíblicas dificultam elucidar o tema e deixam margem a muitas interpretações. Tudo isso revela que se trata de algo que não é da vontade de Deus.

1, Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então, será que, se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia, ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.

2, Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem,

 3, e se este último homem a aborrecer, e lhe fizer escrito de repúdio, e lho der na sua mão, e a despedir da sua casa ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer,

4, então, seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o SENHOR; assim não farás pecar a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança (Dt 24.1-4).

Aqui está o ponto de partida para compreendermos o assunto em foco. Primeiro, o, 1982, p. 414; BAUMGARTNER, vol. I, 2001, pp. 497, 500). A LXX usa o termo grego apostasion, “certificado de divórcio” (BALZ & SCHNEIDER, vol. I, 2001, p. 423), o mesmo que aparece no Novo Testamento (Mt 5.31).

A expressão “escrito de repúdio” é, em hebraico, sêpher kenthüth, “carta, livro, escrito, termo, divórcio não foi instituído por Deus nem é mandamento divino, já existindo na época de Moisés. O termo “quando” (v. la) mostra ser uma prática social à qual o grande legislador dos hebreus deu forma jurídica ao escrever: “Ele lhe fará escrito de repúdio, e lho dará na sua mão” (v. lb). O termo hebraico usado aqui para repúdio é keríthüth, “rompimento (de relações), demissão, divórcio”, do verbo kãrath, “cortar fora” (DITAT, pp. 751, 752). Esse significado é o mesmo nas línguas semitas cognatas (GESENIUS-TREGELLESdocumento de divórcio, de repúdio”.

Essa carta de divórcio era um documento público reconhecido pelas autoridades judaicas, que liberava a mulher para se casar novamente com outro homem. A LXX emprega biblion apostasiou, expressão grega para designar a carta de divórcio (Dt 24.1,3). A expressão reaparece também em Isaías: “Onde está a carta de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei?” (50.1), em Jeremias: “A rebelde Israel despedi e lhe dei o seu libelo de divórcio” (3.8) e em duas ocorrência do Novo Testamento: “Por que Moisés mandou dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la” (Mt 19.7) e “Moisés permitiu escrever carta de divórcio e repudiar” (Mc 10.4). A ARA traduz por “termo de divórcio”.

Assim, o conceito de divórcio em toda a Bíblia, no Antigo e no Novo Testamento, é de ruptura do casamento, o fim e o corte do relacionamento conjugal.

O texto sagrado continua: “Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem” (Dt 24.2). Essa mesma mulher, em quem foi encontrada “coisa feia”, motivo que deu causa à separação, tem a permissão da lei para contrair novas núpcias, pois o divórcio é o fim e a ruptura definitiva do casamento. A sociedade israelita naquela época aceitava essa situação, e ninguém era considerado adúltero por causa disso. Não há indícios, nem aqui nem em qualquer outra parte do Antigo Testamento, que provem ser proibido um divorciado casar-se pela segunda vez. Jamais, na história de Israel, alguém ousou considerar adúltera uma mulher divorciada, ou vice-versa, que contraiu novas núpcias. O que a legislação mosaica proibia, naqueles dias, era o retorno da esposa ao seu primeiro marido, caso ela fosse divorciada ou viúva do segundo marido (vv. 3, 4).

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A base para a realização do divórcio ficou sem solução nesse texto até a vinda do Messias. A expressão “Se não achar graça em seus olhos, por nela achar coisa feia” (v. 1), ou “coisa indecente” (ARA), é muito vaga e foi ponto de discussão ao longo dos séculos. Essa mesma expressão aparece também em Deuteronômio 23.14, mas não nos ajuda a compreender a passagem em apreço. Isaías 50.1 nada de novo acrescenta. Jeremias 3.8 dá a entender que o adultério justifica o divórcio. O clímax desses debates aconteceu pouco antes do nascimento de Cristo. Havia nos dias de Herodes, o Grande, dois rabinos que fundaram escolas: um deles chamava-se Shammai, extremamente radical, e o outro, Hillel, liberal. Eles discutiram sobre o assunto.

Shammai insistia dizendo que o divórcio seria legítimo somente em caso de adultério. A Mishná afirma que Shammai interpretava a expressão “coisa indecente” como pecado imoral (Gittin IX. 10). Ainda há muitos que pensam dessa maneira, acreditando que tal expressão diz respeito ao pecado pré-marital. O adultério era punido com a morte: “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Lv 20.10); “Quando um homem for achado deitado com mulher casada com marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, tirarás o mal de Israel” (Dt 22.22). Se ambos, adúltera e adúltero, deviam ser apedrejados, logo não havia espaço para o divórcio. Visto que essa mesma lei se aplicava também ao pecado pré-marital: “Porém, se este negócio for verdade, que a virgindade se não achou na moça, então, levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão com pedras, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, tirarás o mal do meio de ti” (Dt 22.20,21), tal interpretação é inconsistente.

Hillel, por outro lado, insistia que o divórcio podia ser aprovado por qualquer razão apresentada pelo marido. Relacionava a expressão “coisa indecente” a qualquer coisa de que o marido não gostasse na mulher. O rabino Akiva (falecido em 132 d.C.) interpretava a referida “expressão” como tendo o homem direito de se divorciar de sua mulher, caso encontrasse outra mais bonita. Alfred Edersheim, citando a Mishná, diz que “coisa indecente” para Hillel era “no sentido mais amplo possível, e declarava que havia base para o divórcio, se uma mulher perdia o jantar do seu marido” (EDERSHEIM, vol. 2, 1989, p. 280). Por exemplo, continua Edersheim, se passasse a achar feia a sua mulher, isso era considerado “coisa indecente”. Se a

comida preparada por ela já não o agradasse, era também tido como “coisa indecente”. Assim, o homem se divorciava quando quisesse. Esequias,. Casamento, Divórcio E Sexo A Luz Da Bíblia. Editora CPAD. pag. 13-14.

Myer Pearlman, na cerimônia de casamento em seu Manual do Ministro, afirma o seguinte: “No jardim do Éden, Deus instituiu essa união a partir do primeiro casal humano, a fim de tomar feliz toda a humanidade. Desde então os seres humanos o têm praticado e, para dar-lhe consistência, o têm legalizado. Pode-se dizer que o casamento é o contrato jurídico de uma união espiritual”. Essa declaração é confirmada na Bíblia e na História.

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As Escrituras Sagradas mostram que o casamento foi instituído por Deus no jardim do Éden (Gn 2.18-25) e sancionado pelo Senhor Jesus em sua presença nas bodas de Caná da Galileia (Jo 2.1-11). O propósito, entre outros, é a felicidade, o companheirismo mútuo do casal e a procriação, a maneira legítima da multiplicação dos seres humanos sobre a Terra. Soares. Soares. Esequias,. Casamento, Divórcio E Sexo A Luz Da Bíblia. Editora CPAD. pag. 36-39.

“No subsequente estado adúltero da mulher que se casa com novo companheiro, a falta é colocada aos pés do primeiro homem que, de acordo com Jesus, obtém um divórcio frívolo. Ele precipita um estado adúltero da mulher que se casa outra vez (que então pode não ter tido voz ativa no segundo matrimônio, dado seu estado social). Mais tarde, quando Jesus insistiu nesta visão estrita do divórcio, os fariseus perguntaram: ‘Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?’ Ele respondeu que Moisés tolerou esta prática ‘por causa da dureza do vosso coração’.

Jesus manteve a posição anterior exarada pela lei natural quando instruiu o povo que o Criador designou que o marido e a esposa fossem uma só carne e nunca se separassem (Mt 19.4- 11). Na passagem em foco, Jesus diz que o homem que se divorcia da esposa por qualquer razão, exceto por infidelidade matrimonial, e se casa com outra mulher, comete adultério. A vontade de Deus é a permanência do matrimônio nesta terra. Assim Malaquias escreve que Deus diz que o casal é uma carne e que Ele ‘aborrece o repúdio [ou odeia o divórcio]’, sobretudo por causa dos efeitos sobre os filhos (Ml 2.14-16). (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.46-47).

Jesus e o Divórcio

Os dois primeiros versículos são muito significativos em seu conteúdo, pois informam sobre a última e decisiva ida de Jesus a Jerusalém. Essa ida a Jerusalém representa para o Senhor o caminho para a sua morte na cruz. Provavelmente ele ainda se encontra além do rio Jordão, porque vai expressamente na direção dos seus inimigos.

A circunstância da ida a Jerusalém confere às palavras seguintes de Jesus uma importância especial e séria. Jesus dá respostas para três questões importantes, que mostram como deve ser a atitude de seus discípulos. Nelas verificam-se linhas de ligação com o sermão do Monte, mas agora elas recebem uma elaboração maior. São as questões do matrimônio, da propriedade, e do agir humano em relação à graça.

O Senhor da comunidade é o Senhor da vida toda, singularmente do dia-a-dia. É digno de nota que são justamente os fariseus que propõem a Jesus a pergunta sobre o matrimônio, e que o fazem na forma de pergunta pelo divórcio. Com ela retomam a questão que Jesus já havia respondido no sermão do Monte (5.31ss; cf. ali o exposto sobre o assunto, especialmente sobre a prática judaica do divórcio e suas consequências). Essa pergunta leva ao questionamento da importância da lei como tal e do uso que dela fazia o judaísmo. É a pergunta sobre se podemos nos tornar justos ou não diante de Deus cumprindo a lei ao pé da letra. A resposta de Jesus é um não radical a essa pergunta, quando o judeu piedoso tinha o maior interesse que fosse respondida afirmativamente.

Assim como no sermão do Monte Jesus já tinha passado do cumprimento formal dos mandamentos para o cumprimento deles “no coração”, apontando para esse cumprimento como sendo o verdadeiro sentido dos mandamentos, assim Jesus afirma aqui que o mandamento de Moisés sobre a carta de divórcio nesse caso nada mais é que uma concessão ao maldoso coração humano, mas que desde o início não foi assim. A lei já possui em si a marca de que Deus, desde o dilúvio, desistiu de um verdadeiro cumprimento de sua vontade. Nesse caso, pois, a lei é uma norma cuja única função ainda é evitar que o convívio das pessoas caia numa desordem total. Entretanto, quem pergunta realmente pela vontade de Deus, precisa ir além dela, reconhecendo: “Deus quer ir até o fundo do coração” (M. Lutero).

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No judaísmo também havia uma compreensão mais rigorosa, a da escola do rabino Shammai, em contraposição à prática mais liberal da de Hillel. Na primeira a separação do matrimônio era permitida somente depois de um exame minucioso dos motivos, admitindo como causa da separação somente o adultério.

Provavelmente por trás da intenção de tentar o Senhor (v. 3) por parte dos fariseus havia o sentido de que os interrogadores supunham que, por causa das duas tendências distintas no judaísmo (Hillel e Shammai), os adeptos de uma das linhas com certeza ficariam revoltados com a resposta de Jesus. Contudo, Jesus vai muito além das duas opiniões, porque rejeita radicalmente um segundo matrimônio no tempo de vida do primeiro cônjuge, por ser adultério. Isso tinha de causar revolta no povo, pois parecia impraticável e desmedidamente rigoroso. Com as palavras: Não foi assim no princípio, Jesus quer expor novamente diante dos discípulos a ordem original.

Para eles precisa ser determinante a pura vontade de Deus, sem fazer concessões e sem considerar leis estatais e civis. – A diferença entre a palavra de Jesus e a escola rigorosa dos fariseus (do rabino Shammai) está em que Jesus preserva por princípio a indissolubilidade do matrimônio por ser uma criação de Deus, e em que considera também a situação em que o divórcio seria concedido como sendo uma transgressão da vontade de Deus. Esta transgressão, porém, já aconteceu por ocasião da incontinência, no adultério. O divórcio tão somente revela que o matrimônio já foi rompido. Em contraposição, o judaísmo partia do ponto de vista de que, mesmo quando procedia com rigor, a possibilidade de uma dissolução do matrimônio era um princípio legal instituído por Deus.

As passagens paralelas Mc 10.11s e Lc 16.18 não falam dessa possibilidade do divórcio, mas designam qualquer separação como adultério. Isso não é uma posição contrária ao texto de Mateus, nem temos de ver em Mateus um eventual abrandamento. Pelo contrário, o texto paralelo de Marcos e Lucas ensina que o adultério (a incontinência) não concede uma viabilidade do divórcio, mas que rompe e destrói a ordem de Deus. Entretanto, se colocarmos ao lado deles Mt 5.28, veremos que o verdadeiro matrimônio, tal como Deus o planejou ao criar o mundo, está além de nossas capacidades. Jesus, porém, o proclama como dádiva, dada a nós de forma nova por meio do reino dos céus trazido por ele.

Conclusão

Em todo lugar onde realmente se cumpre a vontade de Deus, onde acontece o verdadeiro matrimônio, ali está o reino de Deus, o governo de Deus. Conduzindo corretamente sua vida matrimonial, os cristãos dão testemunho da irrupção do reino trazido por Jesus. Segundo a ordem da criação de Deus e a ordem da salvação de Cristo, portanto, o matrimônio é indissolúvel, razão pela qual não se permite que uma pessoa divorciada torne a se casar. Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Mateus. Editora Evangélica Espera.

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