Jesus, o Discípulo e a Lei

Jesus, o discípulo e a Lei

Jesus, o Discípulo e a Lei

Jesus confirmou os ensinamentos morais do Antigo Testamento por serem eles uma revelação do próprio Deus. Além de Ele cumprir a Lei e as profecias, demonstrou a utilidade delas validando-as, realçando seus ensinos morais, que possuem, inclusive, validade para os nossos dias. Deus sempre exige atitudes coerentes de seus filhos.

Texto Bíblico Mateus 5.17-20

Jesus ratifica o Testamento

Jesus ratificou o Antigo Testamento.

Eu me alimento das mãos de Deus

Cabe assentar, de início, que todas as vezes em que Jesus menciona as Escrituras refere-se ao Antigo Testamento (cf. Mt 7.12; 22.40; Lc 4.16-21; 24.25-27). É consenso entre alguns eruditos, baseados na tradição judaica, que, após o retorno dos judeus do exílio babilônico, Esdras tenha sido o grande responsável pela formação do cânon do Antigo Testamento tal qual o texto empregado por Jesus e conhecido em nossas Bíblias hoje. Isto significa que ao afirmar o seu compromisso de não “destruir a lei e os profetas” (v.17), Cristo ratificou todo o Antigo Testamento, considerando-o como a revelação conhecida de Deus. O Mestre chegou, inclusive, a citar a divisão comumente empregada pelos estudiosos da época, como aparece em Lucas 24.44: Lei, Salmos e Profetas. Sob este aspecto, o Antigo Testamento introduziu no mundo o projeto de Deus em Cristo que se realizou no Novo Testamento, mediante a proclamação da chegada do Reino de Deus (ver Mc 1.14,15).

Jesus cumpriu o Antigo Testamento.

Cristo não só ratificou, mas cumpriu em si mesmo o Antigo Testamento (v.17), englobando aí os minuciosos tipos descritos no Pentateuco e os vaticínios dos profetas que apontavam em sua direção. Ele reconheceu-se o ponto convergente da história da salvação primeiramente anunciada por Deus ao primeiro casal e posteriormente reiterada aos patriarcas e ao povo de Israel mediante a Lei e a revelação profética (ver Gn 3.15; 12.1-3; Is 9.6; Mq 5.2). O ato da encarnação do Filho de Deus, cujo ápice foi a sua entrega como o Cordeiro que redime o homem (ver Jo 1.14,29), cumpriu a perspectiva da dos heróis do Antigo Testamento e inaugurou um novo tempo em que os padrões éticos revelados por Deus na Lei e nos profetas são reafirmados por Cristo (v.18) como o modelo desta nova era.

Jesus realça os ensinos morais do Antigo Testamento.

Enquanto sob a Lei as regras que expressavam esses ensinos tornaram-se vazias porque os judeus restringiram a sua prática à superficialidade do exterior, agora revestem-se de um novo e real sentido, porque dependem do coração transformado através da obra redentora de Cristo para serem experimentadas (cf. Rm 7.1-25).

As implicações da Lei no Reino de Deus

O significado das leis cerimoniais de Israel.

Todavia, há que se distinguir, no Pentateuco, as leis cerimoniais, sociais e cívicas dadas por Deus a Moisés. Elas foram exclusivas para o povo de Israel, sem obrigatoriedade para os cristãos (cf. Cl 2.16-23). Apesar disso, o conteúdo ético, moral, que as norteia e os princípios implícitos são pertinentes ao povo de Deus de qualquer época. se discute, por exemplo, o caráter de pureza implícito em certas normas cerimoniais (cf. Lv 5.3; 7.20,21). Ainda que elas não tenham jurisdição sobre a Igreja, o propósito para o qual apontavam permanece, pois a pureza de coração é uma das principais qualidades da vida cristã (ver 1Tm 1.5; 5.22; 1Pe 1.22,23).

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A universalidade dos princípios morais da lei mosaica.

Todavia, além das normas já citadas, havia outras de caráter explicitamente moral, cuja universalidade está clara nas Escrituras. São válidas para “todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares”. O Senhor as reitera no Sermão do Monte e declara de maneira contundente a sua importância como marco distintivo do Reino de Deus (vv.18,19). São referenciais permanentes e imutáveis que se aplicam em qualquer cultura e expressam não só o padrão de santidade exigido por Deus, mas também o tipo de reação que se espera do crente diante das diferentes circunstâncias da vida (cf. Mt 5.38-42).

Porque a ética do Reino de Deus é absoluta.

A ética do Sermão do Monte, portanto, tem caráter absoluto. Ela não se altera ao sabor das diferentes situações, não se ajusta ao que pensa o homem e nem se modifica para adaptar-se ao estilo de vida de cada um, mas é a exata expressão do propósito de Deus para o seu povo (ver Mt 5.48; 1Pe 1.13-16).

A Religião Judaica

Os escribas eram os doutores da lei. Passavam a vida estudando, expondo e ensinando a lei. Eram a autoridade sobre o assunto da lei. Já os fariseus eram famosos por sua justiça. O objetivo de vida deles era obedecer todos os 248 mandamentos e as 365 proibições (a ideia é que quanto mais privado de privilégios mais santo você se tornava). Eles eram tidos como os piedosos. Jejuavam 2 vezes por semana, davam o dízimo de tudo, eram extremamente meticulosos na observância dos ritos cerimoniais da lei. E no centro dessas observâncias estava exatamente o sábado.

Mas para um judeu normal era extremamente difícil cumprir tudo isso. Em Mateus 23:4 Jesus disse que eles atavam ao povo fardos pesados e difíceis de carregar. O sistema judaico era um sistema duro que requeria tudo do povo (Mc.12:41-44). Era isso que o sistema exigia do judeu. Tudo e mais um pouco. Mas Jesus não: Ele disse: “Vinde a mim os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei, tomai sobre vós o ……(Mt.11:28-30). Mas ao mesmo tempo ele diz que a retidão do crente deve exceder a dos escribas e fariseus. Parece contraditório. Como eram a justiça dos escribas e fariseus ? (Mt.23:1-7, 13-17, 23-33)

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1) A justiça dos fariseus era uma justiça superficial, externa e formal.

Não uma justiça de coração (Amós 5:21-24, Is.29). Eles davam o dízimo até da hortelã, mas negavam o amor a Deus e ao próximo. O grande problema dos fariseus é que eles exibiam total ausência das atitudes delineadas pelas bem aventuranças (mansidão, misericórdia, humildade de espírito). Se sentiam justos, mas eram orgulhosos e indiferentes em relação ao povo.

2) A religiosidade dos fariseus era puramente ritualística e baseada em preceitos de homens.

Eles preocupavam mais com aspectos cerimoniais da lei e com a tradição do que com as realidades morais. Se interessavam mais pelos detalhes do que pelos princípios básicos. Era um sistema totalmente legalista, cheio de regras (Mc.7:6-9). Quando olhamos para algumas igrejas pentecostais e neo-pentecostais, observamos isso claramente. Regras humanas que no fundo servem apenas para julgar aqueles que são mais ou menos “espirituais”. Crentes se comparando com outros crentes e dizendo: mas eu não faço isso, isso e isso, então eu sou mais espiritual. Não entendo que esse seja o nosso problema. Nosso problema é o liberalismo. Pode tudo (crente X católico). João Batista já anunciara isso aos fariseus em Mt.3:7-10. Não conte com o fato de que ser judeu irá te salvar. Desde que eu faça a minha profissão de fé e frequente a igreja domingo está tudo bem. Mt.7:21 diz que não está.

3) Eles faziam concessões e racionalizavam o próprio pecado, justificando-o por meio de alguma explicação.

Na verdade eles só pensavam neles mesmos e na sua própria glória (Lc.16:15). Os judeus entenderam tudo errado. O judaísmo com o passar do tempo se tornou um sistema onde se buscava alcançar a salvação através de obras, mérito, auto-retidão, rituais e cerimônias. Era um sistema totalmente opressivo, antibíblico, cheio de restrições e regras totalmente insuportáveis. Qual foi a resposta de Jesus a esse sistema religioso ? Mc.13:1-2.

Eu me alimento das mãos de Deus

O templo era o centro da religião deles. Segundo John MacArthur, nesse texto Jesus está dizendo que esse sistema cruel que faz tudo isso (contexto da oferta da viúva pobre) vai cair. O fato é que eles foram denunciados por Jesus como indivíduos hipócritas e filhos do diabo (Mateus 23, João 8:44). Jesus queria demonstrar o quão vazio e oco eram o ensino deles. Nesse texto de Mt.5:20, Jesus está criticando a religião praticada pelos fariseus. Qual era a justiça então a que Jesus se referiu no versículo em questão ? A justiça que Deus requer (a religião verdadeira) Essa justiça é a evidência do novo nascimento, da regeneração. É algo profundo.

– A justiça que Deus requer é a justiça interna, de mente e de motivação. Uma justiça de coração. Deus já havia prometido isso a Jeremias (31:33) e a Ezequiel (36:27). Deus escreveria a sua lei no coração do seu povo e colocaria o seu Espírito dentro deles. E o que o Espírito faz ? É exatamente escrever a lei no coração. O Espírito jamais vai contra a lei. Tem gente que quer o espírito mas não quer a lei. Os dois estão intimamente relacionados. https://ipbvit.org.br/files/2012/07/Justiça-maior-do-que-a-dos-escribas-e-fariseus-IPB.pdf

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A Lei – O princípio Básico

 “A lei revelava a vontade de Deus quanto à conduta do seu povo (19.4-6; 20.1-17; 21.1–24.8) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A lei não foi dada como um meio de salvação com Deus (20.2). Antes, pela lei Deus ensinou ao seu povo como andar em retidão diante dEle como seu Redentor, e igualmente diante do seu próximo.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, publicada pela CPAD, “Em Cristo, o que era visto por meio do Decálogo e dos profetas, concretizou-se fielmente em Jesus, conforme nos revela o escritor aos Hebreus (Hb 1.1-3).”

– Os oponentes de Jesus o criticavam por não guardar as minúcias das observâncias tradicionais da lei judaica. Aqui Jesus deixa claro que Ele não está ausente para destruir a lei, mas para cumpri-la e até intensificá-la. Ele fixa padrões mais altos. Seu principal interesse é a razão de a lei existir; Ele insiste que guardar a lei começa com a atitude do coração. Por este princípio Jesus afirma simultaneamente o valor das pessoas e da lei. Neste aspecto Ele cumpre a lei antecipada por Jeremias: ‘Porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo’ (Jr 31.33b).

Como sucessor de Moisés, Jesus dá a palavra final na lei. Mas o que Ele quer dizer quando fala que cumpre a lei? Não significa que Ele simplesmente a observa. Nem quer dizer que Ele anulou o Antigo Testamento e as leis (como sugerido por Márcion e os hereges gnósticos). A obra de Jesus e sua Igreja está firmemente arraigada na história de salvação. Em certo sentido, Jesus deu à lei uma expressão mais plena, e em outro, transcendeu a lei, visto que Ele se tornou a corporificação do seu cumprimento. Mateus vê o cumprimento da lei em Jesus semelhantemente ao cumprimento da profecia do Antigo Testamento: O novo é como o velho, mas o novo é maior que o velho. Não só o novo cumpre o velho, mas o transcende. Jesus e a lei do novo Reino são o intento, destino e meta final da lei” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.44).

Conclusão

Portanto, porque será que o Senhor afirmou que a nossa justiça precisa exceder a dos escribas e fariseus para que tenhamos entrada no Reino de Deus? (v.20). Eles se apegavam à letra da lei, visando apenas o exterior. Nós temos que estar apegados à Cristo e, mediante a sua graça e o poder do Espírito Santo, desenvolver a capacidade de demonstrar em nossas ações, a partir do coração, que o Senhor vive através de nossa própria vida. Veremos esses desdobramentos nos próximos comentários.

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