O que é Ética Cristã

O que é Ética Cristã

O que é Ética Cristã

 Não tem sido fácil distinguir o que é certo e o que é errado, numa sociedade mundial onde o relativismo graça e a inversão de valores parece triunfar a passos largos tentando modificar aquilo que já está, moralmente, gravado por Deus na consciência do ser humano e ao mesmo tempo exarado nas Sagradas Escrituras.

Ainda bem que temos o maior e melhor referencial ético que o mundo já conheceu, isto é, a palavra de Deus que reflete tanto no nosso interior como também nosso exterior.

Eu me alimento das mãos de Deus

Texto Bíblico 1 Coríntios 10.1-13

Conceito de Ética Cristã

1 –  Ética como ciência secular.

A Ética é um aspecto da filosofia. A Filosofia está segmentada em seis sistemas tradicionais: Política, Lógica, Gnosiologia, Estética, Metafísica e Ética que é o objeto de estudo de Lições Bíblicas neste trimestre.

Para compreendermos melhor o sentido de Ética, vejamos, de forma sintética, em que se constituem os outros aspectos aos quais ela está agregada no contexto filosófico. Dentre suas muitas acepções, filosofia é o saber a respeito das coisas, a direção ou orientação para o mundo e para a vida e, finalmente, consiste em especulações acerca da forma ideal de vida.

Em suma, é a história das ideias. Tudo isto sob a ética humana. Precisamos aferir o pensamento humano com os ditames da Palavra de Deus que são terminantes, peremptórias, finais. O homem, seja ele quem for, é criatura, mas Deus é o Criador (Os 11.9; Nm 23.19; Rm 1.25; Jó 38.4).

Todos os campos de pensamento e de atividades têm suas respectivas filosofias. Há uma filosofia da biologia, da educação, da religião, da sociologia, da medicina, da história, da ciência etc. Consideremos entretanto, os seis sistemas acima mencionados que foram sistematizados por três antigos pensadores: Sócrates, Platão e Aristóteles.

a) Política

Este vocábulo vem do grego polis e significa “cidade”. A política procura determinar a conduta ideal do Estado, pelo que seria uma ética social. Ela procura definir quais são o caráter, a natureza e os alvos do governo. Trata-se do estudo do governo ideal.

b) Lógica

É um sistema que aborda os princípios do raciocínio, suas capacidades, seus erros e suas maneiras exatas de expressão. Trata-se de uma ciência normativa, que investiga os princípios do raciocínio válido e das inferências corretas quer seja partindo da lógica dedutiva quer seja da indutiva.

c) Gnosiologia

É a disciplina que estuda o conhecimento em sua natureza, origem, limites, possibilidades, métodos, objetos e objetivos.

d) Estética

É empregada para designar a filosofia das belas-artes: a música, a escultura e a pintura. Esse sistema procura definir qual seja o propósito ou ideal orientador das artes, apresentando descrições da atividade que apontam para certos alvos.

e) Metafísica

Refere-se a considerações e especulações concernentes a entidades, agências e causas não materiais. Aborda assuntos como Deus, a alma, o livre arbítrio, o destino, a liberdade, a imortalidade, o problema do mal etc.

f) Ética

É a investigação no campo da conduta ideal, bem como sobre as regras e teorias que a governam. A ética, o homem distanciado de Deus por sua incredulidade e seus pecados, a estuda, entende e até se propõe a observá-la, mas não consegue, por estar subjugado pelo seu eu, pelos vícios, pelo mundo, pelo pecado (Rm 2.15-19). Já os servos de Deus, pelo Espírito Santo que neles habita, triunfam sobre o pecado (Rm 8.2).

Eu me alimento das mãos de Deus

Existem inúmeros argumentos e considerações acerca deste tema, que será tratado aqui do ponto de vista da ética bíblica a qual expõe Deus como fundamento e alvo da conduta ideal.

2 – Origem da palavra.

Ética vem do grego, ethos, que significa “costume”, “disposição”, “hábito”. No latim, vem de mos (mores), com o sentido de vontade, costume, uso, regra.

Definição

Ética é, na prática, a conduta ideal e reta esperada de cada indivíduo. Na teoria, é o estudo dos deveres do indivíduo, isolado ou em grupo, visando a exata conceituação do que é certo e do que é errado. Reiterando, Ética Cristã é o conjunto de regras de conduta, para o cristão, tendo por fundamento a Palavra de Deus.

Para nós, crentes em Jesus, o certo e o errado devem ter como base a Bíblia Sagrada, a nossa “regra de e prática”. O termo ética, ethos, aparece várias vezes no Novo Testamento, significando conduta, comportamento, porte e compostura (habituais).

A ética cristã deve ser fundamentada no conhecimento de Deus como revelado na Bíblia, principalmente nos ensinos de Cristo, de modo que “…ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5.15; Ef 2.10).

Obs.: “Historiador e estadista, Churchill não ignorava a influência da Bíblia Sagrada na formação das grandes nações. Sabia que, sem ela, a Civilização Ocidental seria inviável. Por isso, foi tão categórico ao analisar as conquistas espirituais e morais da Inglaterra: ‘O estandarte da ética cristã [a Bíblia] é, ainda, o nosso mais importante guia’

Diferenciação de Ética Secular e da Ética Cristã

 1 – Antinomismo.

Esse ensino errôneo é humanista e secular. Tudo depende das pessoas, e das circunstâncias. O filósofo incrédulo e existencialista Jean Paul Sartre, um dos seus promotores, afirma que o homem é plenamente livre. Num dos seus textos, ele escreve: “Eu sou minha liberdade; eu sou minha própria lei”.

a) Posicionamento cristão. Esta teoria não serve para o cristão. Nela, o homem se faz seu próprio deus. A Bíblia diz: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14.12). “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem” (Ec 12.13). O antinomismo é relativista, isto é, cada um age como quiser. É o que ocorria com o povo de Israel quando estava desviado, sem líder e sem pastor (Jz 17.6 e 21.25).

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2 – Generalismo.

Essa falsa doutrina prega que devem haver normas gerais de conduta, mas não universais. A conduta de alguém para ser chamada de certa ou errada depende de seus resultados. É o que ensinava, no século XV, o descrente, político e filósofo italiano Nicolau Maquiavel: “Os fins justificam os meios”.

a) Posicionamento cristão.

O generalismo não se coaduna com a ética cristã, pois, para o crente em Jesus, não são os fins, nem os meios, que indicam se uma conduta ou ação é certa ou errada. A Palavra de Deus é que é a regra absoluta que define se um ato é certo ou errado. Ela tem aplicação universal.

Eu me alimento das mãos de Deus

O dever de todo homem é temer a Deus e guardar seus mandamentos (Ec 12.13). A Palavra de Deus não muda de acordo com as circunstâncias, os meios ou os resultados. Deus vela para a cumprir (Jr 1.12b; Mc 13.31).

Há outras modalidades, formas e expressões da ética secularista, como o situacionismo, o absolutismo e o hierarquismo, mas nada disso se coaduna ou se enquadra na ética bíblica, tanto a declarativa, como a tipológica e a ilustrativa. Estamos mencionando estas formas aqui porque o mundo fala muito nelas, mas não as cumpre.

O cristão ortodoxo na sua fé, e fiel ao seu Senhor, terá sempre no manancial da Palavra de Deus tudo o que carece sobre a ética, na sua expressão prática em forma de conduta, compostura, costumes, usos, hábitos e práticas diuturnas da nossa vida para agradar a Deus e dar bom testemunho dEle diante dos homens.

As abordagens éticas humanas são todas contraditórias. Como seus autores, humanos e falhos. Uma, como vimos, procura suprir as deficiências das outras. As abordagens éticas conflitam entre si, deixando um rastro de dúvida e confusão em sua aplicação.

Por isso, devemos ficar com a Palavra de Deus, que não confunde o crente, nem pode ser deixada de lado ao sabor dos meios, dos fins ou das situações. A Palavra de Deus satisfaz plenamente.

Observação

“Princípios morais, que são os mais abrangentes e importantes conceitos éticos, não se aplicam a algumas atividades, mas a todas. São, portanto, princípios sem exceção, que não cedem a qualquer tipo de conveniência. ‘Que é o que o Senhor pede de ti… senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?  (Mq 6.8).

Nunca estamos dispensados de agir em justiça e amor. Observe esses dois princípios neste contexto. Ambos se referem a pessoas, à maneira justa de tratá-las, e interesse em seu bem (bem mais elevado, e não apenas alegria ou sucesso na vida). ‘O Senhor faz… justiça a todos os oprimidos’ (Sl 103.6) e devemos fazê-lo também.

Leis justas, governo justo, economia justa, preços justos, salários justos, relações equânimes entre marido e mulher fiéis um ao outro, relação pacífica equânime também entre as nações deste mundo. Devem ser esses os nossos conceitos, pois procedem de Deus (Is 9.2-7; 11.1-5).

A justiça é um princípio distributivo que trata igualmente as pessoas” (Ética: As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD, pág.60).

“A relevância do sal e da luz pode ser notada pelos efeitos que exercem. Se o sal for insípido, perderá totalmente o seu valor. Se a luz estiver apagada ou escondida, nenhum benefício trará ao ambiente. Partindo desse pressuposto, há três aspectos em que se espera a valorização da relevância cristã.

O primeiro é pelo exemplo. Atitudes falam mais alto do que mil palavras. Quando o nosso comportamento não condiz com o que falamos, de nada adianta eloquência e verbosidade, porque o que fica é a marca do que fazemos. As palavras vão ao vento, mas os traços do nosso exemplo, bom ou ruim, permanecem.

A falta de lisura e nitidez em nossas ações leva-nos à perda da credibilidade naquilo que propomos e à consequente ausência de relevância do ponto de vista da fé. Foi o testemunho de Eliseu que permitiu à sunamita identificá-lo como homem de Deus.

Nossos atos podem ser positivos ou negativos e sempre terão influência para o bem ou para o mal. Quanto mais a nossa vida é exposta ao público, os rastros de nossas ações terão número cada vez mais considerável de seguidores, que, em muitos casos, não questionarão o que fazemos, mas simplesmente copiarão o nosso modelo tal é a força do exemplo” (A Transparência da Vida Cristã. CPAD, pp.51,52).

A Ética Cristã e os Dez Mandamentos

1 – Contextualizado –  (Mateus 5.17-21.).

 V,17 – Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. V,18 – Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.

V,19 – Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.

V,20 – Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

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V,21 – Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.

Obs: Jesus não cancelou os dez mandamentos. Em sua doutrina, Ele deu-lhes um caráter notadamente espiritual e abrangente, valorizando mais o interior do homem, sem desmerecer seu exterior.

Os Dez Mandamentos valorizados por Jesus

Os Dez Mandamentos revelados por Deus, por meio de Moisés. Os primeiros cinco dizem respeito aos deveres do homem para com o Senhor; os outros cinco, do homem para com o semelhante. Jesus declarou enfaticamente no Sermão do Monte que não veio descumprir a lei e, sim, cumpri-la, e o fez, de forma plena em relação ao que o povo de Israel praticava na antiga aliança.

Assim, podemos ver que a ética cristã tem por base o decálogo, no que concerne a seu aspecto espiritual e moral, e posta em prática através do amor e da graça de Deus. A ética procedente dos dez mandamentos tem seu apogeu na ética cristã, no ensino e na vida de Cristo, como nos mostram os Evangelhos.

1 –  Uma questão fundamental.

Um jovem judeu aproximou-se de Jesus e lhe perguntou: “Bom Mestre, que farei para conseguir a vida eterna?” (Mt 19.16). A pergunta do rapaz reflete o desejo consciente ou inconsciente de todas as pessoas. O jovem pensava que podia fazer por si mesmo alguma coisa, alguma boa obra, para assim, ser salvo. E entendia que a salvação dependia de seu esforço pessoal.

2 –  A resposta inquietadora de Jesus.

Deixando de lado o lisonjeiro tratamento do jovem, Jesus lhe respondeu: “Por que me chamas bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17). Jesus sabia que estava diante de um moço educado sob as regras éticas do judaísmo, em que a prática de atos exteriores era mais importante do que o ser e o sentir espiritual; o formal era mais valioso do que o real; o exterior era mais valioso do que o interior.

3 –  A guarda dos mandamentos.

Indagado pelo jovem sobre quais mandamentos para se entrar na vida, Jesus disse: “Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 19.18,19).

O moço disse que cumpria tudo desde a sua mocidade. Jesus, conhecendo seu coração, lhe ordenou que vendesse o que tinha para dar aos pobres. Diante desse mandato, o jovem saiu triste e decepcionado. O moço não era um tão terrível pecador, mas não estava disposto a abrir mão da sua fortuna para cumprir o “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Jesus começou por Êxodo 20.13 e terminou com Levítico 19.18. À luz da ética cristã, o que importa não é só o não fazer, mas o praticar o que é justo e reto, movido pelo amor e de acordo com a vontade de Deus.

4 –  O cumprimento da lei.

No Sermão da Montanha, Jesus foi categórico, ao afirmar que não veio para revogar a lei, mas para cumpri-la (Mt 5.17-19). Com tal expressão, Jesus quis mostrar que, não obstante ter Ele instaurado uma nova aliança, o essencial do decálogo não estava ab-rogado. Tão somente, Ele trouxe uma nova maneira de cumprir a Lei, valorizando o interior, muito mais do que o exterior. Tal entendimento é fundamental para a consistência e solidez da ética cristã.

A posição do Decálogo na Nova Aliança

 1 –  “Não matarás” (Êx 20.13).

a) No Antigo Testamento. O sexto mandamento da Lei de Moisés proibia tirar a vida de uma pessoa. Em Mateus 5.21, Jesus disse: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo”. O matar em Êxodo 20.13 refere-se, no original, a matar de modo premeditado, deliberado e doloso.

b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que chamar a seu irmão de raca será réu do Sinédrio! e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” (Mt 5.21,22).

Na ética de Cristo, a prevenção é mais importante que a correção. Ele condena, não apenas o ato de matar, mas as causas que levaram ao crime: a ira, a cólera e a agressão verbal, entre outras. No Antigo Testamento, só era condenado quem matasse.

No Novo, é condenado quem se encoleriza ou maltrata seu irmão. Veremos outras implicações éticas em lições posteriores. A reconciliação é o remédio para a ira (vv.22-26).

2 –  “Não adulterarás” (Êx 20.14; Dt 5.18).

O sétimo mandamento visava valorizar e proteger a família e o casamento, livrando-o dos males funestos e destruidores da infidelidade conjugal, bem como defender a pureza sexual.

a) No Antigo Testamento. “Ouviste o que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério” (Mt 5.27). O adultério só era realmente condenado se ocorresse a conjunção carnal.

b) Na ética de Cristo. “Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5.28). A exigência agora é muito maior, porque parte dos motivos, e não apenas do ato.

Cristo não apenas condena o ato, mas os pensamentos impuros, as fantasias sexuais, envolvendo uma pessoa que não é o cônjuge do transgressor. É condenado o “adultério mental”. O décimo mandamento abrange esse pecado (Êx 20.17 e Dt 5.21).

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3 –  O divórcio (Dt 24.1).

O homem podia desquitar-se ou divorciar-se de sua esposa por motivos os mais diversos, mesmo que não houvesse infidelidade.

a) No Antigo Testamento. “Também foi dito: qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de desquite” (Mt 5.31). O marido podia repudiar sua mulher, caso não achasse “graça em seus olhos”, ou por “achar nela coisa feia”, e a mandava embora de casa.

b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar com a repudiada comete adultério” (Mt 5.32). Na vigência da Lei, o homem podia deixar sua mulher “por qualquer motivo” (Mt 19.3); a partir de Cristo, só a infidelidade (em suas diversas formas) justifica a separação, caso não haja perdão do cônjuge ofendido. Em nossos tempos, tal caso piora em relação à mulher como transgressora, como se o homem não fosse igualmente transgressor.

4 –  Não tomar o nome do Senhor em vão (Êx 20.7 e Lv 19.12).

Era o terceiro mandamento, que proibia o homem jurar falsamente em nome do Senhor.

a) No Antigo Testamento. “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus juramentos ao Senhor” (Mt 5.33).

b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus, nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei, nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.

Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.34-37). Com Cristo, a integridade no falar é mais importante do que fazer juramentos formais.

5 –  Olho por olho, e dente por dente (Êx 21.24).

A “pena de Talião” funcionava no Antigo Testamento.

a) No Antigo Testamento. “Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente” (Mt 5.38).

b) Ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas” (Mt 5.39-41).

A conduta cristã é, no Novo Testamento, mais exigente do que era no Antigo. Dar a outra face a quem lhe bater, mesmo no sentido figurado, não é comportamento comum ou fácil de praticar, mesmo pelo mais santo dos crentes. Só com a graça de Deus e o poder do Espírito Santo é possível cumprir esse preceito ético.

Isso ocorre com frequência em tempos de perseguição à Igreja. Numa época como a atual em que há um endeusamento dos direitos humanos, um crente precisa ter um acurado discernimento espiritual se vier a perseguição.

6 –  O amor ao próximo.

A Lei mandava amar o próximo (Lv 19.18b). Mas os religiosos acrescentavam à Lei: “Aborrecerás o teu inimigo” algo que Deus nunca ordenou.

a) No Antigo Testamento. “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo” (Mt 5.43). O “próximo” eram só os judeus, suas famílias e suas autoridades; o “inimigo”, os gentios.

b) Na ética de Cristo. “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem para que sejais filhos do Pai que está nos céus; porque faz que o sol se levante sobre maus e bons e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.44,45).

Esta visão engrandece o conceito do amor, sendo também um verdadeiro teste para o cristão em todos os tempos. O Mestre não admite o sentimento do ódio, nem mesmo a um inimigo. Deus ama a todos (Jo 3.16); devemos fazê-lo também para sermos seus filhos. Ver 1 Pe 2.23.

Observação

Os princípios espirituais e morais do Decálogo integram-se às leis do reino de Cristo, expostas no Sermão do Monte. Os antigos cumpriam os mandamentos e estatutos, em Israel, de modo formal e frio; se, para os homicidas havia condenação, os que odiavam ficavam impunes.

Contudo, Jesus deu aos mandamentos um sentido muito mais elevado, aprofundando e ampliando o seu entendimento, tornando-os instrumentos da justiça, bondade e amor de Deus. “Assim, todas as normas cerimoniais, morais ou cívicas da lei mosaica, apesar do seu caráter local e transitório, não cabendo à igreja observá-las na realidade cultural contemporânea, foram embasadas nos princípios de caráter explicitamente moral e espiritual que aparecem na mesma lei, cuja universalidade está clara nas Escrituras.

São válidas para ‘todas as pessoas, em todas as épocas e em todos os lugares’. São esses princípios que o Senhor reitera no Sermão do Monte e declara de maneira contundente a sua importância como marco distintivo do Reino de Deus.

São referenciais permanentes e imutáveis que se aplicam em qualquer cultura e expressam não só o padrão de santidade exigido por Deus, mas também o tipo de reação que se espera do crente diante das diferentes circunstâncias da vida” (A Transparência da Vida Cristã. CPAD, p.71).

Conclusão

Ficou claro que, as abordagens éticas humanas são todas contraditórias. Como seus autores, humanos e falhos. Uma, como vimos, procura suprir as deficiências das outras.

As abordagens éticas conflitam entre si, deixando um rastro de dúvida e confusão em sua aplicação.

Por isso, devemos ficar com a Palavra de Deus, que não confunde o crente, nem pode ser deixada de lado ao sabor dos meios, dos fins ou das situações. A Palavra de Deus satisfaz plenamente.

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