A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DO CRENTE
Com base na satisfação de ter ouvido da fé daqueles crentes no Senhor Jesus, Paulo orou, impelido pelo grande amor que tinha para com os efésios, pedindo a Deus que concedesse a eles três bênçãos, a saber: a sabedoria que vem do alto; a revelação do pleno conhecimento de Deus e a iluminação dos olhos do entendimento.
Adiante, ainda submerso nas profundas águas da intercessão, pede que o Senhor nos revele três aspectos de nossa posição em Cristo: a esperança que se prende à sua vocação; a riqueza da glória de sua herança e a sobre-excelente grandeza do seu poder.
Texto Bíblico (Efésios 1.15-23)
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleAs três bênçãos suplicadas na oração de Paulo
– Nos versículos 17 e 18, o apóstolo Paulo apresenta os objetivos de sua intercessão pelos crentes efésios. Ele começa de modo incisivo e direto a sua intercessão “ao Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória” (v.17).
Ter “espírito de sabedoria” (v.17).
O sentido da palavra espírito, aqui, é qualitativo, impessoal. Ela não se refere à pessoa do Espírito Santo ou a qualquer outro espírito, e sim qualidade do que o Espírito é capaz de realizar. Paulo pediu que Deus, pelo seu Espírito, ampliasse a capacidade dos efésios de ver e entender as coisas espirituais. Não se tratava de sabedoria meramente intelectual, terrena. Mas a sabedoria espiritual que habilitaria o crente a penetrar no conhecimento de Deus.
É o conhecimento espiritual que amplia a percepção das coisas que nos rodeiam. Um dos dons do Espírito é a “palavra da sabedoria” (1Co 12.8). O “espírito de sabedoria” capacita o crente a saber distinguir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. O objetivo principal de Paulo era que os efésios conhecessem em profundidade Jesus Cristo, Salvador e Senhor de suas vidas.
Ter o “espírito de revelação” (v.17).
A palavra revelação tem o sentido de “tirar o véu” que encobre algo. Existem inúmeras coisas no mundo espiritual que não são percebidas pela mente natural (1Co 2.14,15). A revelação tira o véu, ou seja, vislumbra a realidade. Ter o espírito de revelação não significa extrapolar o que já está revelado nas Escrituras. É ser iluminado pelo Espírito Santo acerca de verdades espirituais que precisam ser conhecidas pelos crentes.
Ter “iluminados os olhos do entendimento” (v.18).
É ver com o coração. Por isso, um cristão espiritual no sentido bíblico (1Co 2.10-16) ver coisas que a mente natural não pode. O entendimento espiritual diz respeito ao ser interior de cada criatura, inclusive o intelecto, as emoções e a volição do homem. É viver com uma luz que as pessoas comuns não conseguem ter. O mundo é de trevas e só quem conhece Jesus tem “olhos iluminados” para ver o que está acontecendo ao seu redor (Ef 5.8; Mt 13.15; Rm 1.21).
OBS: “A ação de graças, como um elemento da oração, tanto pode ser desvalorizada como tida em alta conta. Até hoje os judeus devotos entremeiam o dia inteiro com suas orações, no geral compostas por sentenças curtas. Mais de cem bênçãos são normalmente recitadas começando com as palavras: ‘Bendito sejas tu, ó Senhor, Rei do Universo’.
Um judeu típico, expressa um breve agradecimento a Deus, ao receber notícias boas ou más, ao cheirar uma flor odorífera, ao alimentar-se, ao ver um arco-íris e ao passar por uma borrasca. Durante todo o dia o judeu devoto louva e agradece a Deus por tudo que acontece, valendo-se de orações curtas, que não compreendem mais de uma sentença. A admoestação de Paulo para orarmos ‘sem cessar’ (cf. 1Ts 5.17) fica muito mais clara quando compreendemos o pano de fundo hebraico a partir do qual ele escrevia. Nos capítulos seguintes, ‘ação de graças’ é o reconhecimento da bondade divina, uma expressão de gratidão a Deus, sob a forma de oração (inclusive a silenciosa), em cântico, música ou língua desconhecida” (O Espírito nos Ensina a Orar, CPAD, pp.33,34).
Garantia das Bênçãos na oração de Paulo aos crentes em Éfeso
Depois do triunfo pleno, perfeito e eterno de Cristo no Calvário, que garantia e certeza temos da resposta de nossas orações? O texto dos versículos 20-23 é objetivo e afirmativo ao relatar a esmagadora vitória sobre todos os poderes, demonstrada na sua ressurreição. É no Cristo ressurreto e vencedor sobre todos os poderes do mal que está a nossa certeza e vitória, inclusive na oração.
Jesus ressuscitou dos mortos (v.20).
O mesmo poder divino que tirou Jesus do sepulcro, ressuscitando-o dos mortos, é o mesmo que levanta um pecador da morte espiritual, e o coloca numa nova posição em relação a Deus. E a grandeza desse glorioso e infinito poder é vista no caminho que Deus abriu no mar Vermelho para Israel passar a seco (Êx 14.15-26); é o mesmo poder que fechou a boca dos leões na cova em que Daniel foi colocado (Dn 6); é o mesmo poder que provisionou Israel no deserto com o maná (Êx 16.35). Nesse poder, em Cristo, está a garantia de tudo que Ele tem prometido ao seu povo (Mt 28.18).
OBS: SUBSÍDIO TEOLÓGICO – “A ênfase no Novo Testamento recai mais na ressurreição do corpo do que naquilo que acontece imediatamente depois da morte. A morte continua sendo uma inimiga, mas já não é para ser temida (1 Co 15.55-57; Hb 2.15). Para o crente, o viver é Cristo e o morrer é lucro; isto significa que morrer é receber mais de Cristo (Fp 1.21).
Logo, morrer e estar com Cristo é muito melhor que permanecer no corpo presente, embora devamos ficar aqui enquanto Deus considera que isso seja necessário (Fp 1.23,24). Depois disso, a morte nos trará o repouso ou cessação das nossas labutas e sofrimentos terrestres, e a entrada na glória (2 Co 4.17; 2 Pe 1.10,11; Ap 14.13)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.621).
Jesus está acima de todos os tipos de poderes (vv.20,21).
Esse fato é o cumprimento de uma profecia do Salmo 110.1: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés”. Nosso Jesus está entronizado acima de todos os poderes espirituais e físicos. As designações “principado, poder, potestade, domínio” (v.21), falam de ordens angelicais, tanto aquelas que servem a Deus, como aquelas que servem ao Diabo, as quais, nos céus, na terra e debaixo da terra, estão sob o poder de Cristo.
Jesus tem um nome acima de todo o nome (v.21).
No mundo dos homens e dos anjos, seus nomes representam o que eles são, mas Deus concedeu a Jesus “um nome” que é sobre todo o nome (Fp 2.9), sem limite, sem tempo, em toda a eternidade.
Jesus foi constituído como cabeça da Igreja (vv.22,23).
Sua autoridade é absoluta em relação à Igreja. O corpo da Igreja não está separado da cabeça, porque é a cabeça que comanda todo o corpo, e Cristo se tomou Senhor desse corpo. Cada crente está ligado a Cristo em termos de vida e atividade. O v.23 declara que a Igreja é a plenitude do seu corpo, isto é, não pode haver um corpo inteligente sem uma cabeça que o comande. Por isso, a Igreja como tal corpo, só tem importância no mundo em que vivemos porque Cristo a compõe e plenifica com a sua glória e seu poder.
OBS: “A NATUREZA DE DEUS – O Deus onipotente não pode ser plenamente compreendido pelo ser humano, mas nem por isso deixou de se revelar de diversas maneiras e em várias ocasiões a fim de que o venhamos a conhecer. Deus não pode ser compreendido pela mera lógica humana, e nem sequer sua própria existência pode ser comprovada desta maneira. Com isso, queremos dizer que não de forma alguma diminuindo os seus atributos, fazendo uma declaração confessional das nossas limitações e da infinitude divina.
Nosso modo de entender a Deus pode ser classificado em duas pressuposições primárias: (1) Deus existe; e (2) Ele se revelou a nós de modo adequado através da sua revelação inspirada. […] Além disso, Deus está sustentando ativamente o mundo que criou. Na conservação, Ele sustenta a criação através de leis estabelecidas (At 17.25). Na providência, Ele controla todas as coisas existentes no Universo, com o propósito de levar a efeito seu plano sábio e amoroso, de forma que não venha a interferir na liberdade das suas criaturas (Gn 20.6; 50.20; Jó 1.12; Rm 1.24)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, pp.151,53).
Conclusão
Portanto, cabe a cada um de nós sabermos o real valor da oração intercessória de Paulo aos crentes em Êfeso e colocarmos em prática em nossas vidas. Esta lição procurou mostrar uma pequena parcela do que a Bíblia ensina sobre a oração na vida do apóstolo Paulo. A oração aqui esboçada serve de modelo para a vida de oração que o crente precisa cultivar, sabendo que o Senhor responde as nossas petições e intercessões em favor de nossas necessidades e de todos aqueles para os quais sempre devemos orar.