Carta aos Efésios – Saudação aos destinatários

Carta aos Efésios - Saudação aos destinatários

Carta aos Efésios – Saudação aos Destinatários

 O caráter universal dessa epístola é percebido pelo plano da salvação proposto por Deus desde a fundação do mundo e que alcança a toda criatura humana, independente de raça, cor ou nação. Esse plano não discrimina judeu nem gentio, mas coloca todos debaixo da graça imensurável de Deus em Cristo Jesus.

Texto Bíblico (Efésios 1.1,2; Atos 19.1-7)

Definição e Esboço da Epístola aos Efésios

Eu me alimento das mãos de Deus

Esta epístola ensina-nos a manter uma relação sem reservas com Jesus Cristo e a permanecer na simplicidade do Espírito Santo sem contristá-lo ou extingui-lo. O apóstolo começa com uma exclamação de louvor e de adoração ao Senhor. Logo no primeiro capítulo, o versículo três coloca-nos à fonte de todas as bênçãos. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo…”. Não há bênção fora de Deus, pois ficaremos expostos aos perigos do caminho.

O objetivo geral desta lição é situar circunstancial e historicamente a epístola e trazer aos alunos noções “panorâmicas” que evidenciam a razão, motivo e finalidade de ter sido escrita. Em primeiro plano, o aluno precisa vislumbrar as riquezas e bênçãos espirituais contidas nesta edificante epístola. Depois, em cada lição, deve aprender a digerir este precioso alimento.

A epístola aos Efésios revela o segredo da estabilidade e da força espirituais — fruto da comunhão verdadeira com o Salvador glorificado. Sua mensagem comunica-nos a fonte, o caráter e os resultados dessa comunhão. Esta epístola contém as mais significantes e profundas declarações sobre os eternos propósitos de Deus relativos aos homens. Por fim, encerra as mais claras revelações divinas acerca da natureza e do destino da Igreja.

PARTE 1  – Gloriosas Declarações Teológicas a  Respeito da Redenção (capítulos 1—3)

1) Saudação (1.1,2)

2) A Preeminência de Cristo Jesus na Redenção (1.3-14)

3) A Oração Apostólica pelo Esclarecimento Espiritual dos Crentes (1.15-23)

4) Os Resultados da Redenção em Cristo (2.1-3.13)

5) A Oração Apostólica pelo Esclarecimento Espiritual dos Crentes (3.14-21)

PARTE 2 – Instruções Práticas para a Igreja e para os Crentes (capítulos 4-6)

1) Implementando o Propósito de Deus (4.1-16)

Eu me alimento das mãos de Deus

2) Reproduzindo a Vida de Cristo nos Crentes (4.17 – 5.21)

3) Aplicando a Autoridade de Cristo aos Relacionamentos do Lar (5.22 – 6.9)

4) Estar Capacitado e Equipado para a Batalha Espiritual (6.10-20) 5) Conclusão (6.21-24).

Argumentação Histórica

Nos capítulos 19 e 20 de Atos dos Apóstolos está narrado o episódio que levou o apóstolo Paulo a passar três anos na cidade de Éfeso, cidade a qual dispensou um bom tempo de seu ministério. Diz o relato bíblico que “a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19,20). A operação divina por meio de Paulo em Éfeso alvoroçou os adeptos do culto a Diana, que tinha seu templo na cidade (At 19.23-41).

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O aspecto circunstancial.

Quando Paulo escreveu a epístola aos Efésios, estava preso em Roma, de onde a enviou àquela igreja através de Tíquico, por quem, também, enviou as cartas a Filemom e à igreja de Colossos, provavelmente entre 61 e 63 d.C. É considerada uma das “cartas da prisão” porque as escreveu enquanto estava preso em Roma. Na primavera de 63 d.C., provavelmente, foi liberto.

O aspecto geográfico.

Éfeso ficava situada na costa ocidental da antiga Ásia Menor, hoje parte da Turquia e que ficava distante de Atenas, na Grécia, apenas 240 quilômetros. Naquela época Éfeso era uma importante metrópole pertencente ao Império Romano e que chegou a ter uma população de aproximadamente 300 mil habitantes. Éfeso era uma próspera cidade, com porto de mar, o qual favorecia a peregrinação obrigatória dos adeptos dos deuses pagãos daquela região, tais como Diana (cultuada entre os gregos como Ártemis). A indústria e o comércio de Éfeso atraíam gente de todas as regiões adjacentes.

OBS: Situada em uma baía interior (hoje em dia coberta de lodo), a cidade se ligava, através de um canal estreito do Rio Cyster, ao mar Egeu, a uma distância aproximada de 3 milhas (4.8 quilômetros). A cidade ostentava impressionantes monumentos cívicos, incluindo-se entre eles o proeminente templo de Artemis (Diana), uma das sete maravilhas do mundo antigo.

As moedas da cidade orgulhosamente exibiam o ‘slogan’ Neokoros, isto é, ‘guardiã do templo’. Paulo pregou a grandes multidões nessa cidade. Os artesãos se queixavam de que ele havia influenciado um grande número de pessoas em Éfeso e em praticamente toda a província da Ásia (At 19.26). Em um dos eventos mais dramáticos registrados no Novo Testamento, o apóstolo conseguiu desvencilhar-se de uma grande multidão no teatro. Essa estrutura, localizada na ladeira do monte Pion, no final do ‘Caminho da Arcádia’, podia acomodar 25.000 pessoas sentadas” (ARRINGTON, French L; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol.2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.387).

Destinatários

Os dois primeiros versículos da epístola constituem a saudação do apóstolo Paulo. Naquela época havia uma forma peculiar de se iniciar uma carta contendo no começo o nome do autor e em seguida o destinatário.

A identificação de Paulo (v.1).

Ele começa, como era o costume da época, usando o prenome Paulo e, a seguir, além de sua identificação pessoal, apresenta os títulos que identificavam o seu ministério apostólico. “Apóstolo de Jesus Cristo”. “Apóstolo” foi o termo que Jesus aplicou aos doze primeiros obreiros que Ele chamou dentre os discípulos.

Eu me alimento das mãos de Deus

Paulo não tinha falsa modéstia, nem tinha em seu coração qualquer atitude de vaidade e presunção, aplicando a si mesmo um título sem merecê-lo. Paulo esclarece que seu apostolado não veio de homens, mas “pela vontade de Deus”. Ele exalta a vontade de Deus porque ela expressa a soberania divina na edificação e destino da Igreja de Cristo. Se o título de apóstolo dependesse apenas da vontade de homens Paulo não teria a aprovação do Espírito Santo no seu ministério.

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Os destinatários (v.1).

Paulo saúda os cristãos de Éfeso chamando-os de “santos” e “fiéis”. São dois termos típicos aplicados aos cristãos através do Novo Testamento. A Igreja é constituída de “santos e fiéis”. Ao tratar os cristãos de Éfeso como “santos”, o apóstolo reforçava a posição desses cristãos em relação à idolatria daquela cidade. Eram santos porque eram separados da vida mundana de Éfeso. Eram chamados fiéis porque não se deixaram levar pela força demoníaca que dominava os habitantes da cidade e os escravizava ao paganismo.

OBS: Subsídio Histórico – “Éfeso, uma das grandes metrópoles da Antiguidade, estava localizada na costa oeste da Ásia Menor, a Turquia de hoje. Sua importância desapareceu. Tudo o que resta são algumas minas magníficas, que estão sendo escavadas por inúmeras organizações do mundo inteiro. Em vista de as estradas principais, edifícios, templos, casas e o anfiteatro estarem mais ou menos intactos, pode-se ter uma ideia de como era a vida nos tempos romanos ao visitar esses extraordinários remanescentes de uma civilização do passado.

Paulo viajou para Éfeso em sua segunda viagem missionária, deixando ali Priscila e Áquila como responsáveis pelo ministério (At 18.18,19). Eles devem ter feito um bom trabalho, porque quando Paulo voltou mais tarde, para permanecer durante quase três anos, encontrou uma florescente comunidade cristã (At 19.1-10). Paulo viu-se forçado a deixar a cidade após um violento motim da população.

O templo local de Ártemis (Diana) estava perdendo dinheiro e culparam Paulo, porque ele havia dito que os ídolos não têm valor e deviam ser rejeitados. O templo, um dos grandes monumentos da Antiguidade, deve ter arrecadado para Éfeso uma enorme quantia em dinheiro, ofertada pelos adoradores de Ártemis. Um sermão comovente é registrado em Atos 20.17-38, no qual Paulo encoraja os anciãos de Éfeso a permanecerem no caminho do Senhor. A carta é também um belíssimo retrato do missionário Paulo e seu amor pela igreja” (Manual do Estudante, CPAD, pp.284,287).

A saudação peculiar da Igreja primitiva: “graça e paz” (v.2).

O apóstolo Paulo usava estas palavras em suas saudações em todas as epístolas enviadas às igrejas. Na tradição judaica usava-se apenas a palavra “paz” ( shalom , no hebraico), mas Paulo por inspiração divina, adicionou a palavra “graça” à já conhecida “paz”, e deu à saudação cristã um sentido muito especial: “graça e paz”. Os crentes em Cristo têm agora a “paz” da parte de Deus Pai, mas obtiveram a “graça” por Jesus Cristo.

Bênçãos e Privilégios em Cristo

O versículo 3 abre o cortejo de “todas as bênçãos espirituais em Cristo”. O apóstolo começa com uma exclamação de louvor e adoração ao Senhor, demonstrando que a vida cristã só tem sentido se tivermos sempre uma atitude de reconhecimento e ação de graças ao doador de todas as bênçãos: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.

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A fonte das bênçãos (v.3).

A palavra “bendito” torna exclusiva e singular a fonte de todas as bênçãos que é Deus Pai. Só Ele é digno de ser bendito porque somente Ele é o perfeito doador de bênçãos. A fonte é original. Não é imaginária, nem falsa. Ela é identificada como “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Por três vezes nesse mesmo capítulo a Palavra de Deus nos ensina que a finalidade de todas as coisas realizadas por Deus é o louvor da sua glória (Ef 1.6,12,14).

O caráter das bênçãos (v.3).

“O qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais”. As bênçãos de que trata a Bíblia aqui, tem uma total abrangência mediante a palavra “todas”, porque essa palavra refere-se, não à coisas naturais e materiais, mas essencialmente, espirituais. As bênçãos espirituais em Cristo estão acima de todo e qualquer bem físico ou material.

As riquezas de que fala o apóstolo são espirituais, porque, na realidade, Paulo não tinha nada materialmente. Sua e confiança estavam depositadas na contemplação das riquezas espirituais. Lamentavelmente, esse texto tem sido interpretado erradamente, como se referisse às riquezas materiais, como sendo bênçãos espirituais. Cuidado com a falsa teologia da prosperidade.

O campo de fruição das bênçãos (v.3).

A expressão “nos lugares celestiais” indica a sublimidade da vida cristã, o nível mais elevado no qual fomos colocados. Essas “bênçãos espirituais” são alcançadas evidentemente pelos que, pela em Cristo, vivem no plano espiritual (Gl 2.20; Cl 3.3), pois o termo “lugares celestiais” não tem um sentido geográfico, físico ou espacial, mas trata-se de estado e realidade espirituais que são alcançados somente pelos que, por amor e dedicação a Cristo, renunciaram a uma vida carnal e vivem uma vida biblicamente espiritual (Rm 8.1b).

Em outras versões da Bíblia usa-se o termo “regiões” que não muda o sentido do termo “lugares”. Ser abençoado “nos lugares celestiais” significa ter alcançado um estado de vida espiritual e galgado uma posição espiritualmente acima do plano meramente físico ou material. Em Cristo, o crente é levantado desse mundo tenebroso e colocado numa posição de superioridade. Significa que está por cima, nunca por baixo, o que deve ser uma coisa normal da nova criatura (2Co 5.17).

Conclusão

Vimos através desta lição o plano de Deus quanto à constituição do seu novo povo, a Igreja. Dentro do propósito divino, ela, seria formada de modo diferente do que Israel, o povo da antiga aliança. Louvemos ao Senhor pelo seu maravilhoso plano para constituir esse novo povo, o qual, embora no mundo, lhe pertence unicamente.

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