A Bondade de Deus em nos atender

A bondade de Deus em nos atender

A Bondade de Deus em nos atender

Nesta lição, além da bondade de Deus,  estudaremos uma característica da vida cristã que é essencial à nossa qualificação espiritual: a dependência de Deus. Só Deus é independente. Todos os demais seres dependem dEle. Isso se aplica a todos os aspectos da vida. As mentes modernas, insufladas pelas ideias do avanço da ciência, gostam de manter a noção da autossuficiência, porém, ultimamente até o próprio avanço científico tem servido de ameaça e destruição, e não meio de salvação.

Para muitos, ser dependente pode significar desonra, falta de capacidade ou sinal de fraqueza. Do ponto de vista bíblico, ser dependente de Deus é a forma correta de se viver bem neste mundo. Deus deseja que a sua vontade seja feita em nossas vidas, a fim de que possamos experimentar plenamente seu amor, sua benignidade, e a sua maravilhosa graça.

Eu me alimento das mãos de Deus

Texto Bíblico (Mateus 7.7-20)

A estratégia da petição

Pedir.

Três expressões significativas e retóricas aparecem nos vv.7,8 para ressaltar a estratégia da dependência. A primeira delas é pedir. Isto não significa que Deus não saiba o que nos convém (Mt 6.7,8), mas estabelece uma relação filial mediante a qual sabemos que ele está sempre pronto para atender os nossos pedidos (Mt 21.22). Demonstra, por outro lado, que nenhuma restrição nos é imposta em nossa relação pessoal com o Pai. A qualquer momento as portas do céu estão abertas para aqueles que, confiantemente, se achegam ao trono da graça, onde encontram guarida sob as asas do Altíssimo (ver Sl 34.15; 1Pe 3.12).

Buscar.

O segundo termo que expressa a estratégia da dependência é buscar. Esta ênfase procura assegurar que jamais seremos abandonados à nossa própria sorte. Todas as vezes que buscarmos ao Senhor de todo o nosso coração vamos encontrá-lo de braços abertos para tratar amorosamente conosco (ver Sl 37.28; Hb 13.5). Àqueles que se dispõem a buscar, o Senhor jamais se negará a atendê-los. Não é preciso marcar audiência, nem esperar horas e horas na fila, enquanto outros estão sendo atendidos, ou voltar outro dia porque o horário de atendimento tenha chegado ao fim. Agora mesmo temos liberdade de acesso à presença de Deus (cf. Sl 121.4; Jo 5.17).

Bater.

A terceira expressão que trata do mesmo princípio — a dependência divina — é bater. Esta sequência de termos, no grego, é um recurso poético que determina a certeza da disponibilidade de Deus em nosso favor, de modo que, se estivermos dispostos a depender dEle, nunca seremos decepcionados, mesmo que em alguns momentos tenhamos a impressão de que as coisas não saíram tão bem como esperávamos (2Cr 7.11-15). É que a nossa visão da história é linear, enquanto o Pai vê o todo de uma só vez. Assim, o aparente fracasso de hoje é apenas uma etapa do processo vitorioso que Deus já determinou para aqueles que buscam o caminho da dependência divina. Certo expositor doutrinário afirmou com propriedade que na relação familiar os filhos revelam maturidade, quando, ao chegar à idade adulta, são capazes de tornar-se independentes para tomarem as próprias decisões. Já no caso da relação com Deus a maturidade se expressa de forma inversa. Quanto mais o cristão é maduro, mais ele revela-se dependente do Pai (ver Rm 12.2; Ef 5.17).

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Argumento Bibliológico

“‘Pedir, Buscar, Bater’ (Mt 7.7,8). Jesus estimulava a perseverança na oração. Os tempos dos verbos gregos do versículo 8 indicam continuidade. Devemos continuar a pedir, a buscar e a bater. Pedir fala da consciente necessidade e da confiança que Deus ouve nossa oração. Buscar fala de fervente petição associada à submissão à vontade de Deus. Bater fala da perseverança em buscar a Deus quando Ele não responde imediatamente. A garantia de Cristo de que o suplicante receberá o que pede baseia-se em: (1) buscar em primeiro lugar o reino de Deus (ver Mt 6.33 nota); (2) a bondade e amor paternais de Deus (6.8; 7.11; Jo 15.16; 16.23,24,26; Cl 1.12); (3) orar de conformidade com a vontade de Deus (1Jo 5.14; 3.22; Mc 11.24) (4) cultivar a comunhão com Cristo (Jo 15.7) e (5) obedecer a Cristo (1Jo 3.22). ‘Vosso Pai dará bens’ (Mt 7.11). Cristo promete que o pai celestial não decepcionará seus filhos. Ele nos ama com um amor muito maior do que aquele de um bom pai terrestre e quer que lhe peçamos tudo quanto necessitamos, pois Ele

O propósito da Petição e a Bondade de Deus

Submeter-se à vontade de Deus.

A dependência divina, em primeiro lugar, tem como propósito levar o crente a ter consciência de sua relação filial com o Pai (vv.9-11) e assim submeter-se à sua vontade. Esta é a forma que dispomos para conciliar a nossa responsabilidade pessoal com a soberania divina (Fp 2.12,13). Depender de Deus mediante a sua soberana vontade não significa tornar-nos irresponsáveis e deixar de cumprir nossas obrigações, achando que todas as coisas se resolverão sem a nossa iniciativa. Convém lembrar que o Pai, em sua soberania, tomou as providências para

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que os princípios gerais que regem a vida ficassem registrados nas páginas da Bíblia (ver 2Tm 3.16). Assim, já sabemos de antemão que, se seguirmos na direção contrária ao que Ele determinou, sofreremos as consequências (Êx 19.3-6). A submissão à vontade de Deus através da dependência divina implica em buscar sintonizar a nossa vida com os seus propósitos de tal maneira que cada passo nosso em qualquer direção sempre levará em conta se estamos ou não fazendo a sua vontade.

Experimentar a bondade de Deus.

Outro propósito da dependência divina é permitir ao crente experimentar a bondade de Deus. Para demonstrá-lo, o Senhor ilustra a nossa relação com o Altíssimo, usando a figura do relacionamento paterno com os filhos. Nenhum pai, em sã consciência, é capaz de oferecer-lhes coisas inúteis e nocivas em lugar de pão (vv.9-11). Deus, igualmente, sempre fará o melhor a nosso respeito e jamais nos conduzirá pelo caminho da derrota. Ele nunca falha. Quando algumas coisas saem errado nessa relação, podem ser explicadas por um dos seguintes motivos: a) não fomos maduros o suficiente para esperar a vontade de Deus no tempo certo e agimos por conta própria (cf. Gn 16.1-6); b) estamos sofrendo as consequências de decisões precipitadas sem que houvesse a aprovação divina (ver Jn 1.1-16); c) podemos estar sob juízo em virtude da nossa desobediência (ver Jó 5.17; Hb 12.6); e d) podemos estar sendo provados para que os homens testemunhem a nossa fidelidade ao Pai (ver Jó 1.6-22).

Reconhecer a paternidade de Deus.

A dependência divina tem, ainda, como propósito conscientizar o crente acerca da paternidade de Deus. Infelizmente muitos filhos crescem com uma perspectiva errada e distante do Altíssimo porque tiveram pais perversos e violentos. Ele é, sobretudo, o Pai eterno que deseja manter comunhão estreita e amorável com cada um de seus filhos, pois foi com esta finalidade que criou-os à sua imagem e semelhança. Desde então, todos os atos divinos buscam atrair cada ser humano para reatar essa relação filial perdida no Éden, por causa do pecado, através da qual, Ele, como Pai, tudo faz para tornar-nos as pessoas mais felizes da terra (ver Os 11.4). Reconhecer essa paternidade e todas as suas implicações é o sentido principal da oração ensinada por Jesus (Mt 6.9).

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As lições da dependência

A lição do amor paternal.

Por último, temos as lições da dependência divina (v.12). Aqui o Senhor trata da questão nos seguintes termos: Assim como nutrimos a expectativa de que o nosso semelhante nos faça o bem, de igual modo precisamos desenvolver a mesma atitude benevolente para com o próximo. Só que Deus vai mais além. É a lição do amor paternal. Enquanto o ser humano paga o Todo-poderoso com o mal, Ele sempre age no sentido oposto, à semelhança da parábola do filho pródigo em que o pai amorosamente estendia os olhos ao longe, aguardando o retorno do filho rebelde (ver Lc 15.11-32). Um dos atributos de Deus é o amor (1Jo 4.16), que o faz ser como é: um Pai zeloso pelo bem de seus filhos. A dependência divina, portanto, nos leva a compreender que Deus espera de nós o mesmo gesto em favor do próximo.

A lição da dedicação paternal.

A outra lição tem a ver com a dedicação paternal. Deus não apenas nos ama, mas se dedica em atrair os seus filhos para si. Ele não é alguém que trabalha apenas um turno, mas, sob a ótica de nossa linearidade histórica, dedica-se 24 horas por dia para ter-nos sempre ao seu lado (Jo 5.17). A mesma expectativa Deus nutre a nosso respeito. Todos os que aprendem as lições da dependência divina, e sabem que o Pai celeste jamais os deixa sozinhos, serão também dedicados em estender a mão para o próximo, mesmo que este não lhe pague com a moeda da benevolência (ver 1Ts 5.15).

Eu me alimento das mãos de Deus

A lição da bondade paternal.

Finalmente fica a lição da bondade paternal, que transparece em todo o conteúdo da lição. Em razão de seus próprios atributos, Deus não pode praticar o mal. Por isso, todos os seus atos caracterizam-se pela bondade e pela perfeita justiça inerentes à sua natureza (ver Sl 25.7; 31.19). Ele jamais dará pedra em lugar de pão aos seus filhos.

Conclusão

Deste modo, estejamos cônscios de que quanto mais nos tornarmos dependentes de Deus, mais revelaremos a nossa maturidade espiritual, conducente às condições necessárias para que nunca a ética pregada no Sermão do Monte deixe de ser o nosso referencial de vida. (Pr. Geremias do Couto).

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