A Sobrevivência em Tempos de Crise
A crise espiritual, política e econômica que o mundo enfrenta é consequência do mundo decaído.
Por isso, nestes últimos dias, a Igreja tem de se mostrar sempre vigilante e alicerçada na Bíblia Sagrada para combater, eficazmente, as forças do mal que se levantam contra o evangelho de Cristo.
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Crise ( do grego κρίσις,-εως,ἡ translit. krisis; em português, distinção, decisão, sentença, juízo, separação) é um conceito utilizado na sociologia, na política, na economia, na medicina, na psicopatologia, entre outras áreas de conhecimento.
No campo da Psicologia, em particular da Psicologia do Desenvolvimento, o conceito de crise é explicado como toda a situação de mudança a nível biológico, psicológico ou social, que exige da pessoa ou do grupo, um esforço suplementar para manter o equilíbrio ou estabilidade emocional.
Corresponde a momentos da vida de uma pessoa ou de um grupo em que há ruptura na sua homeostase psíquica e perda ou mudança dos elementos estabilizadores habituais.
A crise pode ser definida como uma fase de perda, ou uma fase de substituições rápidas, em que se pode colocar em questão o equilíbrio da pessoa. Torna-se, então, muito importante a atitude e comportamento da pessoa face a momentos como este. É fundamental a forma como os componentes da crise são vividos, elaborados e utilizados subjetivamente.
A evolução da crise pode ser benéfica ou maléfica, dependendo de fatores que podem ser tanto externos, como internos. Toda crise conduz necessariamente a um aumento da vulnerabilidade, mas nem toda crise é necessariamente um momento de risco. Pode, eventualmente, evoluir negativamente quando os recursos pessoais estão diminuídos. E a intensidade do stress vivenciado pela pessoa ultrapassa a sua capacidade de adaptação e de reação.
Mas a crise é vista, de igual modo, como uma ocasião de crescimento. A evolução favorável de uma crise, conduz a um crescimento, à criação de novos equilíbrios, ao reforço da pessoa e da sua capacidade de reação a situações menos agradáveis.
Assim, a crise evolui no sentido da regressão, quando a pessoa não a consegue ultrapassar, ou no sentido do desenvolvimento, quando a crise é favoravelmente vivida.
A veracidade das Crises
1 – Crise de ordem natural.
Presenciamos uma desordem nunca antes vista na natureza. Apesar dos falsos alarmes, não podemos ignorar a devastação provocada pela ação irresponsável do homem.
A Bíblia diz que a criação geme e está com “dores de parto” pelo que o ser humano tem-lhe feito (Rm 8.22). Quantas calamidades nos abatem por causa da degradação ambiental. São tragédias assombrosas que ceifam milhares de vidas.
As poluições nos lagos, rios e mares, e as ocupações em áreas de riscos contribuem para a ocorrência de tragédias. Tais aflições também afetam os crentes fiéis.
2 – Crise de ordem econômica.
Outra aflição que se abate sobre o mundo é a de ordem financeira. A crise econômica internacional empobrece países, nações e famílias. Quantos não deram cabo da própria vida porque, da noite para o dia, descobriram que perderam todos os bens?
Em nosso país, milhões de pessoas sobrevivem com menos de um salário mínimo. A pobreza, a fome e a miséria continuam a flagelar vidas ao redor do mundo, inclusive as dos servos de Deus (Mc 12.41-44).
3 – Crise de ordem física.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, doenças como câncer, hepatite, hipertensão arterial, depressão e obesidade são consideradas as pragas do século XXI.
Essa informação traz-nos algumas indagações: Será que o crente fiel não é vítima de câncer? Ou não desenvolve a depressão e não sofre de hipertensão arterial?
Não precisamos de muito esforço para reconhecer que as enfermidades também atingem os salvos e são consequência da queda (Rm 6.23).
Mesmo cientes de que as doenças acometem igualmente o servo de Deus, é impossível ignorar que há enfermidades de natureza espiritual e oriundas de práticas pecaminosas (Mt 9.32,33; Jo 5.14,15).
As aflições enfrentadas pela Igreja em tempos de crise:
Aflições e gemidos.
a) As aflições do tempo presente. Afirma o apóstolo Paulo que “as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Isto significa que, apesar de seus cruéis perseguidores, a Igreja tem triunfado; as portas do inferno não podem prevalecer contra ela.
b) O gemido da criação e da Igreja. Toda “a criação geme”, e nós, também, esperando ”a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo” (Rm 8.22,23). Todo esse gemer é resultante da tragédia do pecado. O gemido da Igreja cessará quando Jesus vier buscá-la (1 Ts 4.16-18). Você crê no arrebatamento da Igreja? Tem esperança na vida futura? Pode dizer “Maranata”?
c) O gemido do Espírito Santo. O Espírito Santo também geme, ajudando-nos em nossas fraquezas: “porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).
O que seria de nós se não tivéssemos a ajuda e a intercessão do Espírito? (Jo 14.16). Não obstante nossas fraquezas, o Senhor nos dará a vitória final (Ap 3.8). (2º Trimestre de 2007 – Título: Tempos Trabalhosos – Como enfrentar os desafios deste século – Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima).
A Crise como consequência do Pecado
1 – A queda.
O sofrimento é algo comum a todos os homens, sejam ímpios sejam justos. Uma razão para a existência do mal é a queda humana.
Deus fez um mundo perfeito (Gn 1.31), mas a transgressão de Adão trouxe a tristeza, a dor e a morte (Gn 3.16-19; Rm 5.12). Por isso, todos estão igualmente sujeitos ao sofrimento (Rm 2.12; 8.22).
2 – A degeneração humana.
Com a queda no Éden, o homem sofreu um processo de degeneração moral, social e espiritual. Tal degradação, observada na vida de Caim (Gn 4.8-16), Lameque (Gn 4.23,24) e de toda aquela geração, levou Deus a destruir o mundo pelo dilúvio (Gn 6.1-7.24).
O relato bíblico mostra claramente a corrupção humana e o aparecimento do ódio, da violência, das guerras e de todos os atos que contrariam a vontade divina. Não é exatamente essa a situação da sociedade atual? A humanidade acha-se em franca rebelião contra Deus (Rm 3.23).
3 – O novo nascimento e o sofrimento.
A experiência pessoal e genuína do novo nascimento gera no crente uma natureza oposta a da queda (1 Jo 5.1,19).
Entretanto, apesar de ter nascido de novo, o crente em Jesus não deixa de experimentar o sofrimento, pois, como disse Agostinho de Hipona. “A permanência da concupiscência em nós é uma maneira de provarmos a Deus o nosso amor a Ele, lutando contra o pecado por amor ao Senhor. É, sobretudo, no rompimento radical com o pecado que damos a Deus a prova real do nosso amor”.
Assim, experimentamos o sofrimento porque habitamos um corpo que ainda não foi transformado, mas que espera a sua plena glorificação (1 Co 15.35-58).
A Fortaleza do Crente em tempo de crise
1 – A soberania divina na vida do crente.
A soberania divina na existência do crente garante-lhe que os olhos de Deus sondem-lhe a vida por inteiro. Somos em suas mãos o que o vaso é nas mãos do oleiro (Jr 18.4).
Por isso, você pode falar como o salmista: “Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois consideraste a minha aflição; conheceste a minha alma nas angústias” (Sl 31.7).
Querido irmão, querida irmã, não se desespere! O Senhor, Criador dos céus e da terra, cuida inteiramente de você e dos seus, porque “a terra é do Senhor e toda a sua plenitude” (1 Co 10.26).
2 – Tudo coopera para o bem.
A vontade de Deus para as nossas vidas é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). O escritor aos Hebreus reconhece que o Senhor, muitas vezes, usa a provação para corrigir-nos e fazer brotar em nossa vida o “fruto pacífico de justiça” (Hb 12.3-11).
No exercício desse processo, crescemos como pessoas e servos de Deus, aprendendo na faculdade das aflições da vida. Assim, podemos dizer inequivocamente que “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28).
3 – Desfrutando a paz do Senhor.
Olhar para o sofrimento e a aflição humana e, paradoxalmente, desfrutar da paz de Cristo, parece-nos loucura! Mas não o é quando entendemos que Deus age segundo o conselho da sua vontade, visando sempre o bem e o crescimento dos seus filhos.
O deserto da vida não é percorrido sob a ilusão mágica da “sombra e água fresca”, mas com os pés firmes na realidade desértica do sol escaldante (Rm 5.1-5; Fp 4.7).
Nesse interregno, porém, desfrutamos a bondade, a misericórdia e a proteção do Criador dos céus e da terra. Mesmo vivendo em um mundo de aflições, podemos experimentar a paz que excede todo o entendimento e cantar em alto e bom som o coro do hino 178 da Harpa Cristã: “Paz, paz/ gloriosa paz/ Paz, paz/ perfeita paz/ desde que Cristo minh’alma salvou/ tenho doce paz!”.
Argumento Apologético: “Sofrer faz algum sentido?
‘Um Deus que não aboliu o sofrimento — pior ainda, um Deus que aboliu o pecado precisamente pelo sofrimento — é um escândalo para a mente moderna’ (Peter Kreeft). […] É vital reconhecermos a historicidade da Queda.
Se a Queda é meramente um símbolo, enquanto na realidade o pecado é intrínseco à natureza humana, então voltamos ao dilema de Einstein: que Deus criou o mal e está implicado em nossos erros.
As Escrituras dão uma resposta genuína para o problema do mal somente porque insiste que Deus criou o mundo originalmente bom — e que o mal entrou num certo ponto da história.
E quando isso aconteceu, causou uma mudança cataclísmica, distorcendo e desfigurando a Criação, resultando em morte e destruição. É por esse motivo que o mal é tão odioso, tão repulsivo, tão trágico.
Nossa resposta é inteiramente apropriada, e a única razão por que Deus pode realmente nos confortar é que Ele está do nosso lado. Ele não criou o mal, e também, detesta a maneira com que isso desfigurou o trabalho de suas mãos” (COLSON, C.; PEARCEY, N. E Agora Como Viveremos? 2.ed., RJ: CPAD, 2000, p.258).
Crise nos tempos de Habacuque
“Habacuque profetizou a Judá entre a derrota dos assírios, em Nínive, e a invasão de Jerusalém pelos babilônios (605 — 597 a.C.).
O livro é o único no seu gênero por não ser uma profecia dirigida diretamente a Israel. Mas sim a um diálogo entre o profeta e Deus. Habacuque queria saber por que Deus não fazia algo a respeito da iniquidade que predominava em Judá. Deus lhe responde, então, que enviaria os babilônios para castigar a Judá.
Esta resposta deixou o profeta ainda mais confuso. ‘Por que Deus castigaria o seu povo através de uma nação mais ímpia do que ele?’. No fim, Habacuque aprende a confiar em Deus, e a viver pela fé da maneira como Deus o requer. Independentemente das circunstâncias”. Para conhecer mais leia, Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, p.1336.
“O profeta Habacuque viveu em Judá, provavelmente durante o reinado de Josias. Todavia, apesar do verniz superficial da religião, essa sociedade foi arruinada pela injustiça.
No passado, muitos profetas já haviam identificado e condenado duramente a sociedade injusta de Judá. Mas foi sobre o governo de Manassés, avô de Josias, que a sociedade hebraica comprometeu-se com a idolatria, atrelada aos males sociais. Josias, que assumira o trono aos oito anos de idade, conclamou a nação a que voltasse para Deus.
O livro da Lei é encontrado
Após ter encontrado um livro perdido da lei de Deus, extirpou a idolatria, restabeleceu o Culto no Templo e empenhou-se na administração da antiga lei de Deus. Muito embora, todos esses procedimentos não tenham conseguido eliminar a corrupção, profundamente enraizada entre o povo e suas instituições.
Habacuque, ao rogar a Deus por uma explicação do porquê Ele permitiria que o iníquo pecasse e o inocente sofresse, recebe a resposta.
Na época, Deus estava preparando os babilônios para ingressarem no rol das potências mundiais. O Senhor usaria as forças armadas desses pagãos para que seu próprio povo fosse punido. Habacuque entendeu o plano de Deus. O uso de nações inimigas para disciplinar Israel e Judá era um precedente bem arquitetado.
Não obstante, havia ainda um problema de ordem moral que perturbava o profeta. Como poderia Deus usar um povo menos justo para disciplinar o mais justo? Desde o início, este tema palpitante tem causado preocupação aos crentes de uma forma ou de outra.
Por que permitiria Deus que o iníquo alcançasse sucesso neste mundo? Por que Ele não tomaria atitude alguma de sorte que os bons e não os ímpios prosperassem?
As respostas que encontramos em Habacuque deixam evidente que o ímpio não será bem-sucedido, pois não há quem, bom ou mau, que possa evitar a mão disciplinadora do Senhor”. (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.560).
Subsídios Ensinador Cristão: A sobrevivência em tempos de crise!
Estamos vivendo tempos de crise! A Palavra de Deus relata várias vezes que esses tempos não seriam uma novidade para a Igreja de Cristo: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos” (2Tm 3.1).
Seriam tempos marcados pela avareza dos homens, presunção, soberba, blasfêmia, ingratidão, profanação, desobediência aos pais, calúnia, traição, obstinação.
Um tempo onde o ser humano olhará mais para si mesmo do que para o outro. Entretanto, nas palavras de Jesus, que é espírito e vida, há uma exortação para nós. “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
Em Cristo somos convidados a ter paz em meio à “guerra” e às demais lutas enfrentadas em nosso dia a dia. Por quê? Ora, as Escrituras Sagradas nos apresentam um Deus onisciente, isto é, que sabe de todas as coisas, que não é pego de surpresa e que em tudo conhece a nossa fragilidade e limitação.
As Escrituras também nos mostram um Deus pessoal, que apesar de ser onipotente, transcendente, soberano e todo-poderoso, se aproxima do seu povo. “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem seu ouvido agravado, para não poder ouvir” (Is 59.1).
Esta lição traz uma proposta para o povo de Deus refletir a respeito de um Deus que provê. Aqui há uma excelente oportunidade de nos reencontrarmos com um tema sempre presente ao longo da teologia prática da igreja pentecostal. Nossa mensagem sempre proclamou a intervenção de Deus na história.
Conclusão
Segundo a Sagradas Escrituras, a Igreja foi destinada por Deus para vencer. E todos aqueles que se mantiverem firmes, vencendo todo tipo crise, estes sim, formam a igreja de Cristo preparada por Ele para enfrentar os desafios deste mundo.
Contudo, a Igreja triunfará gloriosa, “como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, formidável como um exército com bandeiras” (Ct 6.10).