A SANTIDADE AO SENHOR NO ANTIGO TESTAMENTO
Santidade é o principal atributo de Deus e uma qualidade a ser desenvolvida em seus seguidores. “Santidade” e o adjetivo “santo” aparecem muitas vezes na Bíblia.
No Velho Testamento, a primeira palavra para santidade significa cortar ou separar. Fundamentalmente, santidade é um corte ou separação de algo impuro e consagração ao que é puro.
TEXTO BÍBLICO Levítico 20.1-10
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ToggleA chamada para a Santidade
A chamada para a santidade novamente enfatiza o fato de que Israel deve ser diferente dos outros povos e ‘separados’ para Deus.
Uma palavra chave do Antigo Testamento, badal, significa remover uma parte de alguma coisa, fazendo-se assim uma distinção entre elas. Esse pensamento é claramente visto nos versos 24,25. Nos tempos do Antigo Testamento, a separação era alcançada pelo isolamento do povo de Deus como uma nação diferente.
Isso foi mantido pelos padrões rituais e morais que diferenciaram os israelitas de todos os povos pagãos, e, sustentado por proibições contra casamentos com membros de outras castas e outros contatos íntimos com não israelitas.
Entretanto, a enfatizada separação dos outros era a dinâmica da separação para Deus. Somente o completo compromisso com Ele podia manter o povo de Deus como nação santa. Pois somente Deus poderia fazer seu povo santo no sentido dinâmico e positivo de santidade encontrado em Levítico (RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia: Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 9.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 87).
Santidade no Antigo Testamento
1 – No Antigo Testamento
No Antigo Testamento, santidade, quando aplicada a Deus, se refere ao seu domínio sobre a Criação e à perfeição moral de Seu caráter.
Deus é santo na medida em que Ele é completamente distinto da sua criação e exerce soberana majestade e poder sobre ela. Sua santidade é um tema de vulto nos Salmos (Salmo 47:8) e nos Profetas (Ezequiel 39:7), onde “santidade” emerge como sinônimo para o Deus de Israel.
As Escrituras dão a Deus os títulos “Santo” (Isaías 57:15), “o que é Santo” (Jó 6:10; Isaías 43:15) e “Santo de Israel” (Salmo 89:18; Isaías 60:14).
No Velho Testamento, santidade de Deus significa que o Senhor é separado de tudo que é mal e corrompido (Jó 34:10). Seu caráter santo é o padrão de absoluta perfeição moral (Isaías 5:16).
A santidade de Deus – sua majestade transcendente e pureza de caráter – é habilmente apresentada no Salmo 99. Os versos 1-3 retratam a distância de Deus das coisas terrenas, e 4-5 enfatizam sua separação do pecado e do mal.
Também no Velho Testamento Deus ordenou santidade nas vidas das pessoas. Através de Moisés, Deus disse a Israel, “Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (Levítico 19:2).
2 – A santidade descrita no Velho Testamento tem dois sentidos:
1º. Exterior ou cerimonial
2º. Interior ou moral e espiritual
A santidade cerimonial do Velho Testamento descrita no Pentateuco (os cinco primeiros livros do Velho Testamento) incluía rituais de dedicação ao serviço de Deus.
Assim sacerdotes e levitas eram santificados por um ritual complexo (Êxodo 29:1), como foram os hebreus nazireus (Números 6:1-21). Profetas como Eliseu (II Reis 4:9) e Jeremias (Jeremias 1:5) também foram santificados para um ministério profético especial em Israel.
Mas o Velho Testamento também dirige atenção para os aspectos íntimos, morais e espirituais da santidade. Homens e mulheres, criados à imagem de Deus, são chamados a cultivar a santidade do caráter de Deus nas suas próprias vidas (Levítico 19:2).
No Novo Testamento a santidade cerimonial proeminente no Pentateuco passa para um segundo plano. Muito do Judaísmo no tempo de Jesus procurava a santidade cerimonial pelas obras (Marcos 7:1-5), logo o Novo Testamento enfatiza a dimensão ética da santidade em vez da dimensão externa. (Marcos 7:6-12).
Com a vinda do Espírito Santo, a igreja primitiva percebeu que a santidade da vida era uma realidade interna profunda que deveria governar as atitudes e pensamentos de um indivíduo em relação a pessoas e objetos do mundo exterior.
Santidade no Novo Testamento
A palavra grega usada no Novo Testamento equivalente à hebraica para santidade significa um estado interior de liberdade de falha moral e relativa harmonia com a perfeição moral de Deus. A expressão “semelhança de Deus” contém o sentido da palavra original grega para santidade.
Há uma outra palavra grega que descreve o conceito de santidade dominante no Velho Testamento como separação exterior do mundo e dedicação ao serviço de Deus. Porque os escritores do Novo Testamento assumiram o retrato de deidade do Velho Testamento, santidade é atribuída a Deus em poucos de seus textos.
Jesus afirmou a natureza ética de Deus quando ensinou seus discípulos a orar que o nome do Pai deve ser honrado pelo que Ele é, “Santificado seja o o teu nome” (Mateus 6:9).
No livro do Apocalipse a perfeição moral do Pai é descrita com a atribuição tríplice de santidade emprestada de Isaías: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” (Apocalipse 4:8).
Lucas, entretanto, contemplou a santidade de Deus nos termos do conceito dominante no Velho Testamento de Sua transcendência e majestade (Lucas 1:49). Fonte: iLúmina
A Santidade em Levítico
Em Levítico 19.1-4, encontramos ‘a santidade, a palavra-chave de Levítico’.
1) Deus é a fonte de toda a santidade.
2) Deus é o padrão de santidade.
3) Santidade é separação do mal e separação para Deus.
Há a sensação de que este capítulo é uma miniatura da lei levítica.
Repare no conteúdo: respeito pelos pais e pelos sábados (4); abstinência da idolatria (4); procedimento correto dos sacrifícios pacíficos (5-8); preocupação pelos pobres e estrangeiros ao não fazer uma colheita total das plantações (9,10); proibição de roubar, mentir e negociar com falsidade (11); de jurar falsamente e profanar o nome de Deus (12); de se aproveitar do surdo e do cego (14); de fazer julgamentos injustos (15); de fofocar (16);
De odiar o próximo (17); de se vingar (18); de misturar raças, sementes ou tecidos (19); de comer o fruto das três primeiras safras de árvores frutíferas (23,25); de comer sangue (26); de praticar ocultismo (26, 31); de cortar o cabelo impropriamente ou de se golpear pelos mortos (27,28); de prostituir a própria filha (29); de fazer transações comerciais desonestas (35,36); ordem para respeitar os mais velhos (32); amor pelo próximo e pelo estrangeiro como o amor que se tem por si mesmo (18,33,34).
Não deixe de notar que a lista indica o caráter humanitário da lei levítica” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. I. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 294).
A Santidade do Sacerdote e sua casa
Os sacerdotes tinham de ser santos ao Senhor, porque eles apresentavam as ofertas a Deus. Tinham de se proteger da contaminação que ocorria por contato com o morto (exceto em casos que envolviam pessoas próximas da família, como mãe, pai, filho, filha, irmão ou irmã solteira).
As referências a cortar os cabelos, a barba ou golpear a carne diziam respeito a luto pelos mortos. A passagem de Levítico 19.27,28 proíbe tais procedimentos de luto para todo o povo de Israel.
A mulher do sacerdote tinha de ser aceitável. Ao casar devia ser virgem. O texto estipula que não podia ser meretriz. Esta ordem reflete o fato indubitável de que a prostituição cultual era comum entre os vizinhos de Israel.
A filha do sacerdote tinha igualmente de se manter pura. A prostituição da filha do sacerdote era punível com a morte. O sacerdote e sua família imediata tinham de ser santos.
As estipulações para o sumo sacerdote eram ainda mais rigorosas. Ele não devia descobrir a cabeça, nem rasgar as vestes — sinais de luto permitidos aos sacerdotes comuns.
Tinham de se casar com virgens das filhas de Israel, caso contrário, sua semente seria profanada. Ele era o símbolo da mais alta pureza. Não devia haver nada nele que contaminasse o santuário.
A expressão: Nem sairá do santuário, refere-se provavelmente a sair com a finalidade de ficar de luto e não significa que tinha residência fixa dentro do Tabernáculo (Comentário Bíblico Beacon. Vol. I. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 298).
Conclusão
A santidade do caráter de Deus é constantemente mencionada na designação de santidade às ações e louvor do povo.
Ele não é visto como nos cultos pagãos da época em que os ídolos eram venerados, mas está no meio das pessoas, à medida que elas o louvam. Elas devem ser santas como Ele é santo.