O Trabalho e Atributos do Ganhador de Almas
O trabalho e atributos do ganhador de almas é o tema principal desse artigo.
Temos por certo, de acordo com o Novo Testamento, que os Evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para anunciar o evangelho.
Levar boas-novas de salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade, a proclamação do evangelho reúne em si a oferta e o poder da salvação (Rm 1,16).
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleO que é ser um Evangelista?
A palavra evangelista, originária do termo grego euaggelistes, define o obreiro vocacionado por Deus através do Espírito Santo, e confiado à Igreja por Cristo, visando à proclamação extraordinária das Boas-Novas de Salvação (Ef 4.11; At 8.6).
Em outras palavras entendemos que obedecendo a ordem de Jesus Cristo, o evangelista anuncia a palavra de Deus ao mundo apresentando o único caminho para a salvação eterna.
2 Timóteo 4: 5 “… faze o trabalho de um evangelista…” Aqui neste texto vemos o Apóstolo Paulo exortando o jovem Timóteo a trabalhar na disseminação do evangelho.
O Evangelista
Aquele que é chamado pregar o Evangelho em muitos lugares. Palavra derivada do verbo euangelizo. Evangelizar significa trazer boas-novas a alguém especificamente anunciar informações a respeito da salvação cristã (l Co 15,1- 4).
A palavra é encontrada três vezes no Novo Testamento. Os evangelistas estão relacionados junto com os apóstolos, profetas, pastores e doutores, como aqueles que são chamados para compartilhar a construção da igreja, Filipe foi chamado de “o evangelista” (At 21.8).
Embora fosse um dos sete escolhidos para aliviar os apóstolos da tarefa de distribuir alimentos (At 6,5), ele foi especialmente notado por sua atividade evangelizadora.
De Jerusalém, ele foi até Samaria e pregou com grande sucesso. Dali foi enviado para evangelizar um oficial da corte etíope, que estava viajando para casa depois de visitar Jerusalém. Então pregou o Evangelho desde Azoto até Cesareia, onde tinha sua casa (At 8,40).
Timóteo, o jovem ministro, foi exortado a realizar o trabalho de um evangelista como um acompanhamento de sua supervisão pastoral Está claro que, embora os apóstolos e outros compartilhassem o trabalho de evangelização, havia homens que Deus chamava especialmente para essa tarefa.
Nos anos posteriores, os escritores dos quatro Evangelhos foram chamados de evangelistas porque registraram, de forma persuasiva, os fundamentos do Evangelho de Cristo” (Dicionário Bíblico Wyclíffe, led. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp. 725,726).
Filipe, o evangelista
Morava em Cesareia (At 21.8) e era pai de quatro filhas virgens que profetizavam na Igreja Primitiva (At 21.9). Junto com Estêvão, ele foi um dos sete diáconos mais importantes nomeados originalmente para cuidar das viúvas (At 6.1-6) na igreja de Jerusalém.
Este foi descrito como uma pessoa de boa reputação, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Durante a perseguição sob Saulo de Tarso, Filipe foi forçado a fugir de Jerusalém para Samaria, proclamando (o ‘Messias’) aos Samaritanos (At 8.5).
Seu ministério teve muito sucesso ali, e até influenciou Simão, o mágico, a acreditar e receber o batismo cristão (At 8.9-13)”. Para conhecer mais, leia Dicionário Bíblico Wycliffe,CPAD, p. 803.
Filipe, o ‘evangelista’ (At 21.8), claramente retrata a obra deste ministério, segundo o padrão do Novo Testamento. Filipe pregou o evangelho de Cristo (At 8.4,5,35).
Muitos foram salvos e batizados em água. Sinais, milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas pregações.
Os novos convertidos recebiam a plenitude do Espírito Santo. Embora fosse casado, o evangelista Filipe estava sempre disponível a cumprir com excelência o seu ministério.
Em Atos 8, encontramo-lo em quatro lugares diferentes: Samaria, Gaza, Azoto e Cesareia. E, nem por isso, descuidou de sua família; suas quatro filhas eram profetisas (At 21.8,9). Filipe evangelizava tanto pessoal quanto coletivamente; era um obreiro completo.
O Evangelista compromissado
1 – O Evangelista e a Igreja
O evangelista é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixar de apoiar e promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o desejo de Deus, se tornará uma igreja estática e indiferente à obra missionária.
A igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista e tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor (Bíblia de Estudo Pentecostal Rio de Janeiro: CPAD, p, 1815).
2 – Evangelista como um Dom
Este é um dom ministerial, outorgado à Igreja pelo Espírito Santo. Os que recebem esse dom são impulsionados, pelo Espírito Santo, a proclamar a salvação.
Paulo, na epístola aos Efésios, capítulo 4, versículo 11, apresenta o dom de evangelista como sendo o segundo dom ministerial em importância.
Atualmente, diante da iminente volta de Jesus, a Igreja necessita muito de evangelistas, pessoas comissionadas por Deus para anunciar o evangelho aos que estão perdidos, longe de Deus. Ore com seus alunos e peça que o Senhor levante evangelistas em sua classe.
3 – O Evangelista e o culto
Segundo o Pastor Antônio Gilberto, os crentes ganhadores de almas devem ficar alerta nos cultos de pregação, especialmente quando estes chegam ao término.
Há pecadores que, mesmo depois de convencidos pelo Espírito Santo, precisam de ajuda para fazer sua decisão. Muitos têm dúvidas, temores e dificuldades internas.
Nessas horas, uma palavra de encorajamento da parte de Deus é decisiva. Há pessoas que nunca entraram num templo. Acham tudo estranho. Uma voz amiga vence tais barreiras.
Quantos milhares de pecadores fizeram sua decisão porque alguém os conduziu à frente. Não convém insistir demais nem também forçar. Deixe o Espírito Santo dirigir as coisas.
Muitas almas se extraviam por falta de uma palavra amiga, portanto, dê atenção pessoal a elas. Nos cultos ao ar livre, o trabalho pessoal com os circunstantes é valiosíssimo. Muitos frutos têm sido colhidos assim.
4 – O Evangelista e o Lar
O lar pode ser o nosso. Muitas vezes o campo de trabalho não é o interior do país nem o exterior, mas a nossa própria casa, isto é, pais, irmãos, filhos, parentes.
Jesus disse que o campo é o mundo (Mt 13.38); ora, o mundo começa à nossa porta. Os crentes primitivos evangelizavam de casa em casa (Mc. 5.19; At 5.42; 20.20).
Muitas grandes igrejas de hoje, começaram em casas particulares. O lar foi a primeira instituição divina, e Deus tem em mira a salvação de todos no lar (Gn 19.12; Êx 12.3; Js 6.23-25; At 11.14; 16.31).
5 – O Evangelista e o Público
Aqui, há muitos locais a considerar. O apóstolo Paulo pregou em praças (At 17.17). À beira de rios (At 16.13). Na parábola das bodas, o Senhor Jesus fez menção disso (Lc 14.21).
Há pessoas de tal temperamento e formação; de tais superstições e preconceitos, que jamais entrarão num templo evangélico. Muitas vezes há também proibição. Tais pessoas só poderão ser atingidas pelo evangelismo pessoal em público.
Evangelizar é ir ao encontro do povo. Jesus não disse: “Venha todo o povo ouvir a pregação do Evangelho”, mas, “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”.
6 – O Evangelista no trabalho (indústrias, profissões particulares, etc.)
Jesus chamou vários discípulos quando ocupados em seus trabalhos habituais (Mt 9.9; Mc 1.16-19). O grande evangelista D.L. Moody foi salvo quando trabalhava no interior duma sapataria.
Há ocasiões em que a melhor maneira de falar de Jesus em tais lugares é através da própria vida, vivendo diante dos patrões, empregados e colegas como um verdadeiro filho de Deus, deixando a luz brilhar nas trevas.
Uma vida assim atrai os outros para Cristo. “A única Bíblia que muitas pessoas lêem é a vida de um crente” (D.V. Hurst). É como se fosse o “Evangelho Segundo Fulano de Tal”.
É preciso prudência para falar nos locais acima mencionados, de modo que não haja violação de rotinas, quebra de instruções, etc. A hora de almoço e. o tempo de descanso podem ser as ocasiões apropriadas. Não é preciso um sermão.
Muita gente pode ser alcançada em público: barbeiros, ascensoristas, engraxates, comerciantes, comerciários, empregados em geral, balconistas etc. O irmão R.A. Torrey dava cinco características de uma boa oportunidade em público. Ei-las: –
* Quando desocupada
* Quando de bom humor
* Quando comunicativa
* Quando em atitude séria.
7 – O Evangelista e os transportes em geral (trens, navios, aviões, ônibus, etc)
Em viagem, normalmente as pessoas estão dispostas: gostam de conversar e ler. Outras ficam apreensivas. O transporte em que viajamos diariamente pode ser o meio de ganharmos muitas almas para o reino de Deus.
Peça, irmão, ardentemente ao Senhor que o dirija a falar aos pecadores. Às vezes, quando não é possível falar, podemos entregar um folheto apropriado. (Quanto a isto, estudaremos mais adiante.)
8 – O Evangelista e as instituições públicas (hospitais, prisões, abrigos, penitenciárias, institutos, etc).
Aqui, a primeira providência é obter a devida permissão para o serviço que se pretende fazer. É um ato nobre e cristão levar alegria e prazer aos internos de tais instituições.
Muitos deles, dali não voltarão mais ao convívio dos seus. A única oportunidade que terão de ouvir o Evangelho será pelo testemunho pessoal, pelo rádio ou pela página impressa. “Estando enfermo e na prisão, não me visitaste” (Mt 25.43). Paulo ganhou o carcereiro dentro da prisão (At 16.23,24).
Há pessoas que em são estado de saúde e em plena liberdade, jamais ouviriam o Evangelho, mas nas instituições de internamento podem ouvir de boa mente.
O campo é vasto nas organizações deste tipo. Milhares têm aceitado Cristo nas prisões, sanatórios, abrigos, etc. Outros estão a espera que alguém lhes leve a mensagem da salvação. (Ler Hb 13.3.)
9 – O Evangelista e as ocasiões
Pessoas atingidas por infortúnios, desgraças, catástrofes, etc, ouvindo do poder salvador de Cristo, poderão render-se a Ele. Quando uma pessoa acha-se no centro de tais acontecimentos, esvae-se-lhe a vaidade, o egoísmo, os pontos de vista, os preconceitos, etc.
Numa situação assim, o Evangelho deve ser indicado como a felicidade eterna. Há pessoas que em situações normais não dão qualquer importância ao assunto da salvação, mas atingidas pela adversidade, tornam-se receptivas. Muitos têm sido salvos em tais circunstâncias.
Por exemplo: ali está um homem morrendo sem salvação. Ele treme ao enfrentar a eternidade sem Deus. Em tais momentos o testemunho de Jesus pode ser vital e decisivo. Quantos já estão na glória, tendo sido salvos nos últimos momentos de vida?
O malfeitor ao lado de Cristo, foi salvo assim (Lc 23.42,43). Momentos de decisões importantes também são ocasiões próprias para se falar de Jesus. (Livro do Pastor Antônio Gilberto, CPAD, A prática do Evangelismo Pessoal. 1929.
Os atributos de um Evangelista como Ganhador de Almas
Para começar, o ganhador de almas tem de ter experiência própria da salvação. É um paradoxo alguém conduzir um pecador a Cristo, sem ele próprio conhecer o Salvador.
Isto é apontar o caminho do Céu sem conhecê-lo. Quem fala de Jesus deve ter experiência própria da salvação. (Ver Sl 34.8 e 2 Tm 1.12.)
1 – O uso da Palavra de Deus e seu estudo constante (2 Tm 2.15)
Este é um dos fatores do crescimento espiritual e da prática de ganhar almas. Estando nosso coração cheio da Palavra de Deus, nossa boca falará dela (Mt 12.34).
É evidente que o ganhador de almas precisa de um conhecimento prático da Bíblia; conhecimento esse, não só quanto à mensagem do Livro, mas também quanto ao volume em si, suas divisões, estrutura em geral, etc.
Sim, para ganhar almas é preciso “começar pela Escritura” (At 8.35). Aquilo que a eloquência, o argumento e a persuasão humana não podem fazer, a Palavra de Deus faz, quando apresentada sob a unção do Espírito Santo. Ela é qual espelho.
Quando você fala a Palavra, está pondo um espelho diante do homem. Deixe o pecador mirar-se neste maravilhoso espelho! Assim fazendo, ele aborrecerá a si mesmo ao ver sua situação deplorável.
Está escrito que “Pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20). Através da poderosa Palavra de Deus, o homem vê seu retrato sem qualquer retoque, conforme Is 1.6.
No estudo da obra de ganhar almas, há muito proveito no manuseio de livros bons e inspirados sobre o assunto. Há livros deste tipo que focalizam métodos de ganhar almas; outros focalizam experiências adquiridas, o desafio, o apelo e a paixão que deve haver no ministério em apreço.
A igreja de Éfeso foi profundamente espiri-tual pelo fato de Paulo ter ensinado a Palavra ali durante três anos, expondo todo o conselho de Deus (At 20.27-31).
Em Corinto ele ensinou dezoito meses (At 18.11). Veja a diferença entre essas duas igrejas através do texto das duas epístolas (Coríntios e Efésios).
2 – Uma vida correta
Paulo evangelizando pessoalmente a Félix, o governador da Judeia, disse: “Procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens” (At 24.16).
A consciência nos seus dois lados – para com Deus e para com os homens – deve estar limpa. Muitos crentes têm sido desaprovados por Deus por falharem nesta parte. Trabalham à toda força e frutos não há. Perguntam: “Por que não há frutos no meu trabalho?” As Escrituras respondem em Is 52.11.
Davi compreendia que o pecado é um impedimento à conversão dos pecadores (Sl 51.2-13). Consideremos aqui os seguintes textos:
* 1 Pe 1.15 – Aqui a santidade é requerida em todas as maneiras de viver.
* Fp 1.27 – Mostra que a nossa conduta deve ser conforme o Evangelho.
* Rm 12.1,2 – O ensino aqui é que não devemos ter uma vida conformada com o mundo. O povo de Deus deve caminhar o mais possível distante do mundo.
Certo patrão estava examinando um grupo de motoristas, a fim de selecionar um deles para ficar como empregado de sua firma.
A certa altura do teste, surgiu a seguinte pergunta dele: “Se vocês fossem por uma estrada, beirando um precipício, qual seria a menor distância a que chegariam da beira do abismo, respeitando os limites de segurança?” Os motoristas querendo demonstrar habilidade e experiência, foram dizendo: “um metro”, “menos de um metro”, “meio metro”.
Nenhuma resposta agradava o patrão até que um deles disse: “Eu caminharia tão longe quanto possível do precipício”. Este candidato foi aceito para o emprego.
Assim deve ser também na vida espiritual… O descrente não lê a Bíblia, mas lê a vida do crente, que de fato deve ser uma Bíblia aberta! (2 Co 3.2).
3 – Aprendendo com o supremo ganhador de almas – Jesus (Mt 4.19)
Em sacrifício, amor, serviço e métodos na obra de ganhar almas, Jesus é o nosso perfeito exemplo. Entre os diversos casos de evangelização pessoal do Senhor Jesus, abordaremos um – o da mulher samaritana, em João cap. 4.
Se seguirmos os passos de Jesus para ganhar a samaritana, muito aprenderemos quanto à evangelização pessoal. Em seu ministério, inúmeras vezes Jesus pregou a milhares de ouvintes.
Entretanto, um dos seus mais belos sermões – o de João cap. 4 -, foi proferido perante uma só alma. Isto revela também a importância do testemunho pessoal. Noutra ocasião, Jesus dirigiu um extenso estudo bíblico para dois discípulos (Lc 24.27).
Sigamos, pois, os passos do Senhor ao ganhar a samaritana:
3.1. Ter amor, espírito de sacrifício (vv. 4,6,8).
O v.4 fala de sacrifício; o v.6, de cansaço; e v.8, de necessidade (fome). Tudo por causa duma alma perdida. É interessante notar que Jesus estava cansado da viagem (v.6), mas não do trabalho.
O ganhador de almas deve estar possuído de ardente amor e compaixão pelos perdidos. O apóstolo Paulo tinha a mesma paixão (Rm 9.2,3).
3.2. Ir ao encontro do pecador (v.5).
Notai como o Senhor Jesus foi do geral ao particular: primeiro, à província de Samaria (v.4), depois à cidade de Sicar (v.5), e por último à fonte de Jacó, para onde a mulher deveria vir (v.6).
Jamais deveremos esperar que os pecadores venham ao nosso encontro. Jesus mostrou, em Mt 4.19, que a obra de ganhar almas é comparada a uma pescaria espiritual.
O pescador tem de colocar-se no local da pesca, se quiser apanhar peixes. Noutras passagens da Bíblia encontramos o mesmo ensino, como em Lc 15.4.
O profeta Ezequiel, conduzido pelo Espírito Santo, foi até os cativos do seu povo e sentou-se entre eles (Ez 3.14,15).
3.3. Paciência (v.6).
Diz o texto: “Assentou-se”. Assim fez, esperando pelo pecador. (Ler At 17. 2.)
3.4.Entrar logo no assunto da salvação (v. 7).
Há sempre uma porta aberta para se falar da salvação. No caso da samaritana, o assunto do mo mento era água e sede, e logo Jesus falou da água da vida que sacia a sede da alma.
Vemos um caso idêntico em Atos capítulo 8. Aí o assunto era leitura e logo o servo de Deus iniciou a conversa com uma pergunta também sobre leitura (v.30). Em João, capítulo 2, quando Jesus conversava com Nicodemos, talvez soprasse uma brisa, e logo Ele usou o vento como figura (v.8).
3.5.Ficar a sós com quem está falando (v. 8).
Quando alguém estiver falando com um pecador a respeito da salvação, evite perturbá-lo, a me nos que seja convidado.
3.6.Deixar os preconceitos raciais ou sociais (vv.9,10).
Jesus veio desfazer todas as barreiras que impedem a perfeita relação entre Deus e o homem, e entre este e seu semelhante. Os preconceitos têm causado grandes males na sua ação destruidora de separar, ao passo que Jesus veio unir (Ef 2.11-22).
3.7.Não se afastar do assunto da salvação (vv.9-13).
No v.9, a mulher alega o problema do preconceito. No v.12, Jesus volta ao assunto inicial: água, mas agora água da vida. Nos w.11,12, a mulher apresenta dificuldades. Nos w.13,14, Jesus volta ao assunto inicial: salvação. Resultado: no v.15 já há na pecadora um certo grau de interesse.
3.8.Fazer ver ao ouvinte que ele é pecador (v.16).
Jesus sabia que a samaritana não tinha marido, mas para motivar uma declaração dela, disse-lhe: “Chama o teu marido e vem cá”. Muitos pecadores não se podem salvar porque não querem reconhecer que são pecadores e muito menos perdidos.
3.9. Não atacar defeitos, nem condenar (v. 18).
Isto não quer dizer que vamos bajular alguém ou concordar com sua vida ímpia e pecaminosa.
3.10. Evitar discussão (vv.20-24).
Não permitir que a conversa degenere em discussão. No v.20, a mulher aponta o fato de os judeus desacreditarem na religião dos samaritanos.
É costume também o pecador apontar falhas nas igrejas e nas vidas de certas pessoas crentes. Isto mostra que tais ouvintes, em lugar de olhar para Cristo, estão atrás de igrejas e pessoas. O alvo perfeito é Cristo (Hb 12.2).
Crentes errados darão conta de si mesmos (Rm 14.12). Diz uma autoridade em Relações Humanas: “Você nunca vencerá uma discussão. Se perder, perdeu mesmo, e se ganhar perdeu também, porque um homem convencido contra a vontade, conserva sempre a opinião anterior. Quem perde numa discussão fica ferido no seu amor próprio”.
3.11. O sexo influi, às vezes (v.27).
O ideal é falar com pessoas do mesmo sexo, sem contudo fazer disso uma lei. É provável que se uma mulher falasse à samaritana, talvez não prendesse tanto a sua atenção.
Outros exemplos de Jesus evangelizando pessoalmente:
a) Jesus e Nicodemos (Jo 3.1-21).
b) Zaqueu, o publicano (Lc 19.1-28).
c) O cego Bartimeu (Mc 10.46-52).
d) O malfeitor na cruz (Lc 23.39-43).
e) O doutor da lei (Lc 10.25-37).
f) O jovem rico (Mt 19.16-30).
g) A mulher adúltera (Jo 8.1-11).
h) A mulher enferma (Mc 5.25-34).
i) A mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30).
j) O paralítico de Cafarnaum (Mc 2.1-12).
4 – Ser cheio do Espírito Santo
Nos negócios puramente humanos, o homem pode ter êxito e promover o progresso. Isto acontece nas construções, nas indústrias, no comércio, na arte, nas ciências, etc, mas no tocante à obra de Deus, só pode de fato haver avanço quando ela é acionada pelo Espírito de Deus.
Ele é que comunica vida. Quando o trabalho do Senhor passa a ser dirigido exclusivamente pelo homem, torna-se em organização mecânica, fria e estéril.
A Igreja de Deus, quando dinamizada pelo Espírito Santo, é de fato um organismo vivo, que cresce sempre para a glória de Deus.
A ordem de Jesus à Igreja para pregar o Evangelho está intimamente ligada à ordem para receber o poder do alto, como se vê em Lc 24.49; At 1.8.
O poder de Deus faz a diferença. O apóstolo Pedro, fraco e tímido antes do Pentecoste, tornou-se coluna, após o revestimento de poder.
Todo o crente nascido de novo tem em si o Espírito Santo (1 Co 3.16), mas o poder glorioso para o testemunho e serviço de Cristo, vem com toda plenitude aos servos batizados com o Espírito Santo (At 1.4,5,8; 2.1-4).
Após o crente ter sido cheio do Espírito Santo é preciso permanecer cheio sempre (Ef 5.18). Aí não se trata de um convite divino, mas de uma ordem. Leia mais sobre o propósito do fruto do Espírito.
5 – É preciso orar sempre (Ef 6.18,19)
A oração abre portas e remove barreiras. Ela é o meio de comunicação com Deus. A Igreja nasceu quando em oração, e é nesse ambiente que ela cresce e se desenvolve (At 1.14).
Pedro estava orando quando Deus o usou para a salvação de Cornélio, seus parentes e amigos (At 10). (Ver Sl 126.6; At 20.31.) É mais fácil falar ao pecador sobre Deus, depois que falamos com Deus sobre o pecador…
6 – Fé na operação da Palavra de Deus.
Quando falamos a Palavra de Deus, precisamos confiar no seu autor. À nós crentes compete anunciar a Palavra; a Deus, operar. Aquele que disse “Ide por todo o mundo”, também disse “Eis que estou convosco”.
Devemos falar a Palavra com plena convicção de que é o poder de Deus para salvação de todo o que crê (Is 55.11; Rm 1.16). Há pecadores que aceitam a mensagem da salvação com toda a simplicidade, outros não.
Se o irmão está procurando levar uma alma a Cristo, nunca desanime. Certo irmão sueco orou 50 anos para Jesus salvar determinada pessoa, e viu-a aceitar o Salvador. O Dr. R. A. Torrey, célebre ganhador de almas, orou 15 anos por uma pessoa, e esta veio a crer em Jesus.
Os homens que conduziam o paralítico de Lucas cap.5 só conseguiram chegar à presença de Jesus, subindo ao eirado, o que não era muito fácil.
Mas não desanimaram. Isto é perseverança. Às vezes é preciso um esforço assim. Qualquer caso, mesmo os piores, acham solução no Senhor Jesus. Para Deus nunca houve impossíveis. Ele é especialista nisso!
Portanto, é preciso anunciar a Palavra com plena confiança na sua divina ação. Quando você estiver falando de Jesus, ore em espírito para que Deus honre a Palavra dele e manifeste o seu poder salvador.
7 – É preciso amor
Fé e amor andam juntos na evangelização. Quaisquer outros recursos serão meros paliativos, como relações humanas, sociologia etc. Jesus foi a personificação do amor. Ele salvou os pecadores amando-os até o fim (Jo 13.1).
Sua posição ao morrer de braços abertos na cruz é a expressão máxima do amor. Ali, num gesto de infinito alcance, Ele uniu os dois povos com seus braços acolhedores (judeus e gentios).
8 – A apresentação pessoal
Cuide disso. Sua aparência é importante, como é importante a mensagem que você leva. Deus pode usar quem Ele quiser e o que Ele quiser, até uma queixada de jumento, como no caso de Sansão, mas quanto à sua aparência pessoal, irmão, fica a seu critério.
Cuide de sua apresentação, mas sem exagero. Roupa passada, gravata no lugar, limpeza geral, inclusive das unhas; barba bem feita, cuidado com o hálito.
O traje deve ser modesto, decente e de bom gosto. Um traje mundano, imoral e indecente não é próprio do cristão; pode atrair o povo, mas não para Cristo.
Não permita que seu traje seja motivo de atração para os ímpios, desviando, assim, a atenção a Cristo. Diz a Palavra de Deus no Sl 103.1: “Tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome”.
9 – O uso da fala (1 Co 14.9)
Ao ler a Bíblia ou falar ao pecador, procure evitar solecismos prosódicos, observando a pronúncia correta das palavras, o que inclui todas as suas letras. Evite o pedantismo a todo o custo, porque logo será descoberto. Pedantismo é falsa cultura.
Na pronúncia da língua portuguesa atente para a acentuação, entonação e pontuação. Uma dicção exata impõe-se e dá destaque. Jesus certamente observava bem estas regras. O correto emprego das palavras é também muito importante.
Por exemplo, nunca dizer “verso” em lugar de “versículo”, quando referir-se às divisões dos capítulos da Bíblia o certo é “versículo”. Jesus ensinou seus discípulos a orar, mas não a pregar, porque aprender a falar e pregar é tarefa nossa. Jesus unge a mensagem e opera por meio dela.
Por meio da oração buscamos o Senhor para que Ele inspire e ilumine a pregação. O que é para o homem fazer. Deus não executa. (Ver Jo 11.39.)
Um auxiliar valioso para a grafia e pronúncia correta dos nossos vocábulos é o “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”, edição de 1981. O meio ambiente de pessoas cultas também influi poderosamente na boa formação linguística e cultural.
O apóstolo Paulo nunca desprezou os livros (2 Tm 4.13). É de grande valor o estudo de bons livros, como concordância, dicionários, gramáticas, manuais doutrinários, etc.
10 – O manuseio prático da Bíblia
É muito importante o pleno desembaraço no manuseio do volume sagrado. Isto significa saber onde estão as passagens necessárias e localizá-las no volume sagrado com rapidez. É imperioso conhecer a abreviatura de cada livro.
Como já foi dito, este curso de evangelismo pessoal adota o sistema mais simples de abreviar os livros da Bíblia: apenas duas letras para cada livro, sem ponto abreviativo.
Há outros sistemas, mas esse é o mais simples.
Nunca cite um versículo incompleto ou de maneira duvidosa. Isso compromete. Também nunca acrescente ou subtraia palavras do texto bíblico, mutilando-o.
Quanto a isso, é bom atentar para a advertência de Dt 4.2; 12.32; Pv 30.5,6; Ap 22.18,19. Neste curso temos de memorizar muitos textos da Palavra de Deus. Se isso parecer difícil ou impossível, lembremo-nos de Fp 4.13.
11 – O uso de folhetos e literatura em geral
Nunca distribua nada sem primeiro ler para si. Há um provérbio que diz: “Nem tudo que brilha é ouro”. Ande sempre munido de porções impressas da Palavra de Deus: folhetos, revistas, Novos Testamentos. Bíblias completas ou porções dela.
Há ocasiões em que não se pode falar nem ingressar em determinados lugares, mas a Palavra de Deus pode fazer tudo isso. Milhares já foram salvos pela mensagem impressa. Distribua a mensagem conforme a situação do momento.
O agricultor, quando semeia, escolhe a semente antes de lançá-la ao solo; ele assim faz porque os terrenos são diferentes. Também se pode evangelizar por meio de cartas pessoais.
Neste caso, as cartas devem sempre ser manuscritas, a fim de conduzir o toque pessoal. Na Bíblia temos muitas mensagens em forma epistolar. (Livro do Pastor Antônio Gilberto, CPAD, A prática do Evangelismo Pessoal. 1929.
Conclusão
O Senhor Jesus constituiu ganhadores de almas através da sua palavra e dispensou neles o fervor do seu Espírito Santo para que fossem as todos os lugares proclamando as novas de salvação.
A igreja verdadeira não pode se enclausurar dentro de quatro paredes, mas deve sair ao encontro das almas perdidas fazendo a obra de “um bom evangelista”.
Referências
– Bíblia de Estudo Palavra Chave (ARC)
– Apontamentos Teológicos do Autor
– PETERS, G. W. Teologia Bíblica de Missões. 1.ed., RJ: CPAD, 2000.
– Livro do Pastor Antônio Gilberto, CPAD, A prática do Evangelismo Pessoal. 1929.