Atributos da Unidade da Fé
Humildade, Mansidão e Longanimidade
A Humildade, Mansidão e longanimidade são virtudes geradas pelo Espírito Santo no interior do crente trazendo a Fé, que nada mais é, do que a base para alcançarmos a salvação em Cristo Jesus.
Texto Bíblico (Efésios 4.1-4; Colossenses 1.9-12)
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleA relevância da Mansidão na Bíblica
Definição. A palavra mansidão (Gl 5.23), no original, é provavelmente a virtude mais difícil de ser biblicamente definida, porquanto trata-se de estado interior e não exterior. Os três conceitos principais acerca do fruto espiritual da mansidão são os seguintes:
a) Ser sempre submisso a vontade de Deus. É o que Jesus expressou em Mateus 11.29. Aqui nosso Senhor fez notória a sua mansidão e humildade. Estas duas qualidades são características de alguém que se submeteu totalmente à vontade de Deus.
b) Ser apto para aprender. É estar sempre aberto à aprendizagem, ou seja, não ser orgulhoso quanto ao que se sabe e o que precisa aprender (Tg 1.21).
c) Ser atencioso. Na maioria das vezes, o vocábulo significa demonstrar consideração, moderação, tranquilidade, atenção ou cuidado, ou ser paciente com os outros por amor como explanado em 1Co 13.1-7.
– A mansidão segundo a Bíblia nada tem a ver com covardia e fraqueza. Na Bíblia, vemos esta característica relacionada com coragem, fortaleza e resolução. Moisés era homem muito manso, mas ao mesmo tempo estava pronto para agir nos momentos críticos.
OBS: “ Prautēs ou praotēs denota ‘mansidão’. Em seu uso na Escritura, no qual tem um significado mais extenso que nos escritos gregos seculares, não consiste só no comportamento exterior da pessoa; nem ainda em suas relações com o próximo; tampouco na sua mera disposição natural.
O Maior exemplo de Mansidão
A Mansidão de Deus.
A mansidão deve ser uma das qualidades do crente, porquanto o Espírito de Deus habita em seu interior. Deus é perfeitamente manso, mas também justo e que ira-se todos os dias (Sl 7.11). Como compreender isso? A ira de Deus é contra o pecado e o mal; não afeta seu amor e compaixão por nós. Deus é nosso exemplo perfeito de mansidão associada à firmeza.
A Mansidão de Jesus.
Quando uma aldeia samaritana recusou-se dar as boas-vindas a Jesus, alguns discípulos perguntaram se Ele permitiria que eles clamassem por fogo do céu para destruir a aldeia. Sem demora, Jesus os repreendeu: “Vós não sabeis de que espírito sois.
Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lc 9.55,56). A mansidão de Jesus também é descrita admiravelmente em João 13.5. Nesta passagem, Jesus na sua humildade lavou os pés dos discípulos, demonstrando como devemos servir. Ler os versículos 12-15.
A maior prova da mansidão de Jesus vemo-la nas horas que precederam sua crucificação:
a) Em sua submissão. Sua súplica foi de submissão total à vontade do Pai, embora esta significasse sofrimento indizível e morte (Mt 26.39).
b) Em seu consentimento. No momento da prisão, Jesus poderia chamar mais de doze legiões de anjos para salvá-lo, no entanto, voluntariamente Ele permitiu que os soldados o aprisionassem (Mt 26.50-54).
c) Em seu silêncio. Mesmo sendo acusado pelos principais sacerdotes e anciãos injustamente, Jesus não lhes respondeu (Mt 27.14). O Cordeiro eterno de Deus, em espírito de amor e mansidão, entregou-se de boa vontade para fazer expiação pelos pecados de toda a humanidade. Ainda na cruz, pronunciou palavras de perdão aos que o crucificavam.
Elos da Mansidão e Humildade
Na Bíblia, a mansidão está frequentemente associada a outros atributos ou em contraste com práticas erradas. Consideremos, portanto, alguns textos bíblicos e seus ensinos para nós.
Mansidão e benignidade.
Em 2 Coríntios 10.1, o apóstolo Paulo fez um apelo aos coríntios “pela mansidão e benignidade de Cristo”. Benignidade, nesta passagem, diz respeito a suportar ofensas com paciência e sem ressentimento, por amor a Cristo. Mansidão refere-se à brandura na conduta ou atitude, e opõe-se à rispidez, à severidade, à violência ou a grosserias carnais; de natureza adâmica.
Mansidão e humildade.
Estas duas virtudes estão intimamente ligadas: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4.2). Humildade contrapõe-se ao orgulho. É uma atitude de submissão e respeito aos outros.
Mansidão e sabedoria.
“Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre, pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria” (Tg 3.13). Os sábios e inteligentes são mansos. Trata-se de um espírito de submissão e sempre inclinado à aprendizagem. Isto evidencia o fruto da mansidão.
Mansidão e salvação.
“Porque o SENHOR se agrada do seu povo; ele adornará os mansos com a salvação” (Sl 149.4). Observamos neste texto sua harmonia com o Novo Testamento: “Pelo que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma” (Tg 1.21). Neste texto, mansidão refere-se à inclinação para receber a Palavra de Deus com um coração submisso.
OBS: Entre os ensinos de Jesus, certamente os que se referem à humildade têm nEle um exemplo inigualável. Sendo Deus, fez-se homem, sujeitando-se às tentações, ao sofrimento, “humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8b). Sendo rico, fez-se pobre para nos enriquecer eternamente; sendo onipotente, onisciente e onipresente, “aniquilou-se a si mesmo, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7).
Mansidão X Humildade
“A palavra grega prautês transmite o conceito de ternura humilde que tem mais solicitude pelo próximo que consigo mesmo. Jesus disse: ‘Bem-aventurado os mansos, porque eles herdarão a terra’ (Mt 5.5). A palavra cognata praus significa ‘meigo’, ‘humilde’, ‘manso’, ‘suave’. Aristóteles a descreve como o meio-termo entre a disposição excessiva à ira e a incapacidade de irar-se. A pessoa meiga tem o espírito disciplinado.
Potencialmente, todas as bênçãos espirituais estão à disposição de tal pessoa. Esse espírito meigo, apesar de a própria palavra ‘mansidão’ não ser empregada em Romanos, é descrita em 12.12-14 — a capacidade de perseverar na aflição e na perseguição, servindo fielmente na oração e nos cuidados práticos com o próximo.
A mansidão sabe que Deus está cuidando de tudo, e por isso não toma a vingança nas próprias mãos (Rm 12.17-21; Ef 4.26). Ao invés de sermos grosseiros, egoístas e facilmente provocados à ira, demonstremos mansidão, protejamos o próximo e perseveremos (1Co 13.5,7). Nossa atitude uns para com os outros deve ser completamente humilde, suave, sem arrogância (2Co 10.1; Ef 4.2). Com demasiada frequência, as manifestações espirituais têm sido expressas de modo rigoroso e absolutista, com a manipulação das pessoas.
Esse método, ao invés de encorajar o próximo no ministério dos dons, chega mesmo a sufocá-lo, mormente o ministério que provém do Corpo inteiro. Quão importante é aprendermos a resguardar a dignidade e os brios morais uns dos outros! Seja meigo!” (Teologia Sistemática, CPAD, pp.491,492)
OBS: Jesus em seu viver foi um exemplo em tudo. Diferente de muitos mestres, que ensinavam o que não faziam, e faziam o que não ensinavam, Ele provou ao mundo que seus ensinos e sua doutrina estavam muito acima das filosofias humanas, inspiradas no intelecto limitado e falho dos mortais. Seus ensinos sobre a humildade foram por Ele vividos a cada dia no seu ministério, quando “humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”.
A praticidade exemplar da Mansidão
Há muitos exemplos da prática do fruto da mansidão, ou de sua ausência, no Antigo e Novo Testamentos. Ao ler os acontecimentos bíblicos, reflita se os personagens envolvidos agiram mansamente. Se não, considere a possibilidade de que a história, em alguns casos, poderia ter sido diferente se esta virtude fosse manifestada. A seguir, examinaremos alguns exemplos.
Abraão.
É um exemplo notável desta virtude aplicada na resolução de disputas: “Ora, não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque irmãos somos. Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; se escolheres a esquerda, irei para a direita; e, se a direita escolheres, eu irei para a esquerda” (Gn 13.8,9). À primeira vista, parece que Abraão está perdendo terreno por conceder a Ló o direito de escolher. Contudo, no fim da história o Senhor abençoou grandemente a Abraão. Isaque, filho de Abraão, seguiu o exemplo do pai e também foi abençoado pelo Senhor (veja Gn 26.20-26).
Moisés.
O texto de Números 12.3 diz que “era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Na passagem de Êxodo 15.24,25, o povo murmurou contra Moisés, que imediatamente voltou-se ao Senhor. Fato semelhante ocorreu em Êxodo 17.3,4.
Em outra ocasião, o povo criticou Moisés em público, no entanto, Deus o defendeu e falou diretamente com Arão e Miriã em benefício de seu servo. Nestes textos, aprendemos que o Senhor sustenta os submissos e mansos. Em Números 16, encontramos uma rebelião do povo contra a liderança de Moisés. Uma vez mais ele demonstrou mansidão, e Deus o protegeu.
Paulo.
Este servo de Deus escreveu muitas vezes acerca da importância de um espírito manso. Este fruto do Espírito manifestava-se regularmente na conduta de Paulo para com os que estavam sob seus cuidados, e em sua submissão à vontade do Senhor. Antes de se converter, era um furioso perseguidor dos cristãos. Todavia, depois de sua transformação, praticou e ensinou o evangelho de amor e compaixão, com mansidão e humildade.
A Relevância da Longanimidade
Definição e significado
Longanimidade é um substantivo feminino da língua portuguesa e define alguém que possui a característica ou qualidade de grandeza de ânimo, uma pessoa que encara com coragem as adversidades a favor de alguém. Este termo está relacionado com o ato de ser bondoso ou generoso. A paciência extrema para suportar ofensas, injúrias ou os próprios sofrimentos também pode ser um exemplo de longanimidade.
O significado livre da palavra de origem hebraica é “vagaroso em irar-se”, ou seja, alguém que demora para entrar em estado de ira, raiva ou rancor. Na versão grega da expressão (makrothymía), o significa literal seria “longura de espírito”.
Longanimidade na Bíblia
A longanimidade é uma característica muito defendida na doutrina cristã, através da bíblia, estando presente em diversos versículos e textos religiosos.
A longanimidade é uma virtude de quem é bondoso e generoso, de quem acredita e tem fé em Deus para ajudar a solucionar os seus problemas. De acordo com os ensinamentos de Deus, registrados na Bíblia, o longânime (pessoa que pratica a “longanimidade de Deus”) pode parecer aos olhos dos infiéis um fraco, mas na verdade usa-se do discernimento e sensatez para resolver as adversidades sem usar a força física ou de maneira irracional.
Na realidade, para a doutrina cristã, a falta de longanimidade é uma das grandes responsáveis pela intolerância e violência na humanidade. Em uma das passagens da Bíblia Sagrada, em Gálatas 5:22, a longanimidade é descrita como um dos elementos que faz parte do fruto do espírito, apesar de algumas traduções mencionarem paciência em vez de longanimidade. https://www.significados.com.br/longanimidade/
Conclusão
Duas recompensas da mansidão são mencionadas em Salmos 37.11: “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz”. Uma está relacionada ao futuro: o fruto da mansidão contribui para que o crente possua o Reino de Deus em sua plena expressão e manifestação quando o Rei vier.
A outra, ao presente: abundância de paz. Às vezes, os ímpios conseguem o que desejam mediante grande esforço e planejamento. Entretanto, no Reino de Deus, os santos herdam a bênção do Senhor partindo de mansidão segundo a Bíblia. Jesus confirmou este fato ao anunciar as diretrizes do seu Reino (Mt 5.5). Também somos recompensados por agir com mansidão em nossos relacionamentos interpessoais.