A conduta do Crente em relação à Família
O certo é, que o princípio da submissão como um dever dentro das relações familiares entre os cônjuges e os filhos. Notadamente, o Apóstolo Paulo demonstra para os crente em Éfeso que a felicidade do lar depende muito das relações corretas entre maridos e esposas, pais e filhos, e que resultem em disciplina, lealdade e amor.
Texto Bíblico (Efésios 5.21-33; 6.1-4)
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Nesta parte da epístola, o apóstolo Paulo compara a união do marido e da mulher à união espiritual que existe no propósito de Deus, entre Cristo, a cabeça; e seu corpo que é a Igreja. No que concerne a união terrena, Paulo a situa no mais elevado nível.
Segundo o apóstolo, um lado e outro devem cumprir sua missão e fazer cada um sua parte para assegurar a perfeita harmonia da família, ou seja: Deus estabeleceu o princípio da autoridade dentro do lar. As mulheres devem sujeição a seus maridos, e estes devem ser sujeitos ao Senhor. Esse princípio não admite a dominação de um lado e a escravidão do outro, mas uma submissão recíproca conforme o que Deus pede ao marido e à mulher.
Ainda interessado no bem-estar da família cristã, Paulo dirige-se agora aos filhos ensinando-lhes o dever para com seus pais, definidos em duas atitudes: obediência e honra. Com o mesmo vigor os pais são admoestados pelo apóstolo a criarem seus filhos “na disciplina e admoestação do Senhor”.
A conduta comportamental das Esposas em relação aos Maridos
O princípio da sujeição (v.22).
Em nosso tempo esse princípio tem sido deturpado, porque as mulheres conquistaram um espaço muito grande na sociedade. Tem havido choque entre o ensino bíblico e a filosofia secular puramente humanista, alheia a Deus e à sua Palavra.
A distinção entre os dois está no fato de que o ensino bíblico tem sua base nos princípios divinos e o pensamento secular é totalmente humano, em que o mundo sem Deus dita os credos, leis e costumes. Deus estabeleceu o princípio da autoridade dentro do lar. As mulheres devem sujeição aos seus maridos, e estes devem ser sujeitos ao Senhor.
Sujeição, não escravidão.
A sujeição das esposas a seus maridos tem um sentido especial no Novo Testamento. Jesus, em sua obra no Calvário, restaurou o lugar da mulher na sociedade. No Antigo Testamento havia muitas restrições às mulheres, resultantes da maldição do pecado no princípio do mundo. Por isso, a sujeição das mulheres aos seus maridos não pode ser interpretada como subserviência, humilhação e depreciação. Ela deve ser feita de modo decente, respeitador e com muito amor.
Dignidade, não igualdade.
A Bíblia define a posição da mulher em relação ao homem e a coloca, não em superioridade para que não haja crise de liderança dentro do lar. A autoridade do homem sobre a mulher não significa inferiorizá-la, se esse homem e essa mulher são cristãos autênticos e conhecedores do que a Palavra ensina sobre a família.
A sujeição da mulher ao seu marido deve ser espontânea, porque deve ser baseada no amor, dele para com ela e vice-versa. Uma esposa cristã autêntica não tem o espírito do mundo que não compreende as coisas de Deus. Por isso, sua sujeição é feita no Senhor que a dignifica e a valoriza diante do marido, dos filhos e da sociedade, e por sua vez, o marido sendo um servo de Deus, corresponde a essa sujeição dela.
Sujeição no Senhor (v.22).
E bom que os maridos entendam que a sujeição de suas mulheres tem um sentido espiritual. Não se trata primeiramente de uma sujeição física e moral em que a esposa tenha que satisfazer todas as vontades do marido. Essa ideia é machista e reprovada por Deus. Na criação, o homem foi feito cabeça da mulher, isto é, o líder da família, o que também não significa que a mulher não possa pensar, raciocinar, emitir opiniões sobre assuntos do lar. A mulher foi tirada do lado do homem e deve permanecer ao lado do homem; não debaixo dos seus pés.
OBS: ARGUMENTO TEOLÓGICO – “O verbo ‘sujeitar’ (hypotasso) reaparece em 5.24, onde Paulo diz que as esposas devem se sujeitar a seu marido em tudo, assim como a Igreja se sujeita a Cristo. A sujeição da Igreja a Cristo envolve lealdade, fidelidade, devoção, sinceridade, pureza e amor.
Essa questão da sujeição representa a essência dos ensinamentos de Paulo às esposas, pois se trata do foco central de exortação em Colossenses 3.18: ‘Vós, mulheres, estai sujeitas a vosso próprio marido, como convém no Senhor’. Todas as passagens do Novo Testamento a esse respeito empregam o mesmo verbo hypotasso (Ef 5.22, 24; Cl 3.18; Tt 2.4,5; 1 Pe 3.1). Paulo usa a voz média em grego para enfatizar o aspecto voluntário da sujeição das esposas. Hypotasso denota ‘sujeição no sentido de submeter-se voluntariamente em amor’ (BAGD, 848). Submeter-se aos outros, ao invés de se impor, deveria ser uma característica geral do povo de Deus (cf. Fp 2.3-8).
Nos versos 22-24, Paulo define a natureza da sujeição das esposas de quatro maneiras: ‘A vosso [próprio, idiois] marido’ (5.22; idiois está em grego e não foi traduzido na NIV); ‘como ao Senhor’ (cf. Cl 3.18, ‘como é apropriado no Senhor’); ‘porque o marido é a cabeça da mulher’ e ‘como a igreja está sujeita a Cristo’ (5.24)” (ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.454).
A conduta comportamental dos Maridos em relação às Esposas
Esta conduta do marido é baseada na mesma regra contida no texto bíblico em apreço, que fala de Cristo e sua Igreja. O amor é a expressão máxima desse relacionamento marido-esposa. A autoridade do marido dentro do lar não é a do tipo senhor e escravo.
- O marido deve amar a esposa com um amor desprendido (v.25). Assim como Jesus amou a Igreja e deu a sua vida por ela, o amor conjugal deve ser doador, porque o v.25 fala de um amor destituído de egoísmo.
- O marido deve amar a esposa com um amor protetor (v.26). O versículo fala “para a santificar”, isto é, separar e preservar para si mesmo e não permitir que coisas estranhas a envolvam.
OBS: “‘Marido, ame sua esposa’ (Ef 5.25). Se esta frase tivesse sido escrita por um autor clássico, ele certamente teria escolhido uma palavra para ‘amor’ entre três possibilidades. Erao expressava paixão sexual, e é apropriado que o marido cristão tenha um desejo maduro e contínuo por sua esposa. Phileo e storgeo são termos frequentemente usados para expressar afeição familiar. E é apropriado que o marido sinta uma afeição cordial por sua esposa.
No entanto, Paulo decide usar agapao, um termo meigo do grego secular, mas uma palavra infundida com um significado cristão único, por seu uso no Novo Testamento. Aqui, agapao expressa o amor desinteressado — um amor que se compromete conscientemente a procurar o bem-estar da pessoa amada, independentemente do custo pessoal.
Ao decidir colocar o bem-estar da esposa em primeiro lugar, pois é isto que agapao implica, o marido voluntariamente sujeita seus próprios interesses às necessidades de sua esposa, e, portanto, sujeita-se a ela, em uma atitude de reverência a Cristo” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.434).
A maneira exemplar de Cristo para coma Igreja
Paulo faz uma metáfora com a esposa e a Igreja para ilustrar a preocupação de Cristo com os crentes.
Ele quer a Igreja purificada (v.26).
Todos os vestígios da velha vida não podem mais fazer parte da vida da Igreja. Lavagem com água é uma linguagem figurada que significa pureza espiritual. O texto diz mais, que essa lavagem é pela “palavra”, a palavra de Cristo, os seus ensinos. Sem dúvida, o poder da Palavra produz limpeza e purificação.
Ele quer a Igreja devidamente preparada (v.27).
A Igreja está sendo revestida da glória de Cristo pelo ministério do Espírito Santo. Antes, ela foi purificada e, agora, na vinda de Cristo, se apresenta vestida de glória. Na sua vinda, Cristo a quer devidamente preparada e gloriosa.
Ele quer a Igreja como uma esposa sem defeitos (v.27).
A glória da Igreja resulta da pureza que Cristo propiciou. “Sem mácula” desfaz a possibilidade de contaminação, isto é, sem nenhuma mancha capaz de empanar a glória da Igreja. “Nem ruga”, isto é, qualquer defeito, ou saliência, ou vinco na pele e nos seus vestidos. A Igreja está sendo preparada pelo Espírito Santo para um dia encontrar o seu amado esposo celestial. Ela tem de ser a esposa sem defeitos, bela e gloriosa Diz ainda o versículo: “mas santa e irrepreensível”.
Ele quer dar a Igreja seu total amor (v.28).
Paulo faz uma analogia para ilustrar o seu verdadeiro amor conjugal: “Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos”. Assim como no casamento, os dois, homem e mulher formam uma só carne, o que revela o amor existente entre eles, também, Cristo ama a sua Igreja, como se fosse uma só carne. A Igreja é o corpo de Cristo, por isso, Ele cuida desse corpo.
A conduta comportamental relacional entre Pais e Filhos
A Bíblia é o manual por excelência da família. Se seus santos ensinos forem obedecidos, a família terá paz, felicidade e bem-estar como um todo, e também cada um de seus membros.
O dever dos filhos (v.1).
Neste versículo duas palavras se destacam, as quais determinam uma relação sadia e abençoada da parte dos filhos para com os pais: obediência e honra.
a) Obediência.
A obediência dos filhos aos pais feita no Senhor só trará benefícios morais, físicos e espirituais para as duas partes. A obediência é um dever moral. Os filhos devem obedecer aos pais porque isto é justo aos olhos de Deus. Na cultura moderna do mundo em que vivemos esse principio é rechaçado, porque os pais, em nome de uma liberdade que mais escraviza que liberta, perderam o controle sobre os filhos. Os filhos que amam e respeitam os pais obedecem, porque possuem uma consciência cristã de responsabilidade para com Deus e para com os pais.
b) Honra.
Esta é a segunda palavra-chave que determina uma relação sadia dos filhos para com os pais. Nos vv.2,3 está escrito: “Honra a teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra”. Esse é um mandamento com promessa, o qual, tem sido na experiência de bons filhos, um modo de ser amplamente abençoado por Deus. A desobediência desonra aos pais e consecutivamente a Deus. Por isso, os filhos devem honrar aos pais mesmo que estes discordem deles em algum princípio, e Deus os abençoará copiosamente.
O dever dos pais para com os filhos (v.4).
Naturalmente esse dever aparece essencialmente no papel do pai, líder do lar, mas isso não impede nem omite a importância da mãe. Aliás, nos tempos atuais muitas mulheres têm exercido o papel de pais, por causa da ausência deles dentro do lar. Portanto, cabe ao pai e a mãe a responsabilidade especial na educação dos filhos. Três coisas a Bíblia destaca aqui: criar, doutrina e admoestação.
A palavra “criar” tem a ideia de correção. A palavra “doutrina” refere-se a dar aos filhos uma conceituação correta das doutrinas da Bíblia, mas ao mesmo tempo ensinar-lhes os princípios éticos, teológicos e morais. A palavra “admoestação” envolve correção por parte dos pais quando os filhos erram, quando quebram princípios normatizadores do lar, da família.
OBS: “Os filhos terão sua formação moral e espiritual com base no modelo dos pais. Uma boa liderança dentro da família abrange três dimensões da vida dos filhos. A primeira dimensão alcança os filhos pela instrução, isto é, refere-se ao que dizemos para os nossos filhos. A segunda dimensão é a influência, isto é, o que fazemos diante e para os filhos. A terceira dimensão é a imagem do que os pais são e mostram para os filhos no dia a dia.
A obediência às vezes contraria a nossa natureza carnal. Os pais devem desenvolver atitudes firmes, amáveis e pacientes para com os filhos, para que eles aprendam que a obediência é para o bem deles. Obedecer é um princípio divino estabelecido para um relacionamento sadio para as partes dentro da família. Esse ponto deve ser ampliado no ensino para corrigir conceituações erradas da educação dos filhos” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã. 1ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.171,172).
Conclusão
Portanto, o fortalecimento da família fortalecerá a Igreja como um todo. Em Cristo nos tomamos uma família, a família de Deus (Ef 2.19). O texto destaca o princípio da submissão como um dever dentro das relações familiares entre os cônjuges e os filhos. Devemos seguir e cumprir a Palavra de Deus em todo o tempo, a despeito de todas as mudanças ocorridas na sociedade, pois, fazendo assim, seremos abençoados.