A importância da Paternidade na vida dos Filhos

Paternidade

A importância da Paternidade na vida dos Filhos

Introdução

Devemos orar não somente pelo entendimento do propósito de Deus para nossos filhos, mas também buscar a direção de Deus sobre como criá-los.

Texto Bíblico

(1 Samuel 2.12-17,22; 8.1-3).

1 Samuel 2

V, 12 – Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não conheciam o Senhor;

V, 13 – porquanto o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém algum sacrifício, vinha o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, com um garfo de três dentes em sua mão;

V, 14 – e dava com ele, na caldeira, ou na panela, ou no caldeirão, ou na marmita; e tudo quanto o garfo tirava o sacerdote tomava para si; assim faziam a todo o Israel que ia ali a Siló.

V, 15 – Também, antes de queimarem a gordura, vinha o moço do sacerdote e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote, porque não tomará de ti carne cozida, senão crua.

V, 16 – E, dizendo-lhe o homem: Queimem primeiro a gordura de hoje, e depois toma para ti quanto desejar a tua alma, então, ele lhe dizia: Não, agora a hás de dar; e, se não, por força a tomarei.

V, 17 – Era, pois, muito grande o pecado desses jovens perante o Senhor, porquanto os homens desprezavam a oferta do Senhor.

V, 22 – Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que em bandos se ajuntavam à porta da tenda da congregação.

1 Samuel 8

V, 1 – E sucedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes sobre Israel.

V, 2 – E era o nome do seu filho primogênito Joel, e o nome do seu segundo, Abias; e foram juízes em Berseba.

V, 3 – Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele; antes, se inclinaram à avareza, e tomaram presentes, e perverteram o juízo.

Os filhos de Samuel

SÍNTESE TEXTUAL – Joel e Abias foram os dois filhos de Samuel na Bíblia. O profeta Samuel já estava com a idade avançada, assim, seus filhos passaram a julgar as causas do povo de Israel. Joel e Abias foram enviados por Samuel para serem juízes em Berseba, uma importante cidade que ficava ao sul do território conquistado pelos israelitas. Anteriormente, Samuel havia montado uma rota afim de percorrer várias cidades para auxiliar o povo e desempenhar suas obrigações como juiz de Israel. Mas quando ficou idoso, resolveu delegar parte das responsabilidades aos seus filhos, confiando de que eles seguiriam o exemplo que deu.

“Quando envelheceu, Samuel nomeou seus filhos como líderes de Israel. Seu filho mais velho chamava-se Joel e o segundo, Abias. Eles eram líderes em Berseba. Mas os filhos dele não andaram em seus caminhos. Eles se tornaram gananciosos, aceitavam suborno e pervertiam a justiça”. (1 Samuel 8:1-3 NVI)

– Samuel só tinha dois filhos, e eles eram corruptos — provavelmente porque o pai lhes deu a mesma educação (humanamente deficiente) que recebeu. A graça de Deus que trabalhou na vida de Samuel — sem a necessidade do uso da disciplina física — não trabalhou na vida de seus filhos. A graça de Deus não é uma bênção que nós escolhemos, nem é automática. Deus é que soberanamente escolhe e dá. Samuel deve ter agido como sua mãe Ana, entregando seus filhos para a graça de Deus, achando que somente isso bastava. O que ele fez não é errado, mas as situações eram distintas.

Na criação de Samuel, não havia um pai para discipliná-lo. Na criação dos filhos de Samuel, havia um pai para discipliná-los, porém esse pai tentou um caminho de fé que acabou não funcionando. Seu exemplo serve de lição para nós hoje. Os pais podem e devem entregar seus filhos a Deus e depender da graça de Deus, mas jamais podem deixar de cumprir os mandamentos específicos de Deus sobre educação e correção de filhos. Usar a graça de Deus como desculpa para evitar a responsabilidade da disciplina física é dar um salto no escuro — arriscando mandar os filhos para o mesmo destino e abismo de corrupção dos filhos de Samuel!

– O mesmo Deus que em situações especiais concede soberanamente sua graça também orienta o seu povo sobre o método divino de castigo físico para a educação das crianças. A graça de Deus pode agir em situações em que a criança por um motivo ou outro não recebe castigo físico, principalmente na ausência dos pais, mas é arriscado e errado fechar deliberadamente os ouvidos para as orientações de Provérbios e “deixar para a graça de Deus” um trabalho e responsabilidade que Deus deu diretamente aos pais.

Deus pode trabalhar quando os pais não estão presentes, exatamente como aconteceu na infância de Samuel, mas quando os pais estão presentes, eles devem agir conforme já está bem claro na Palavra de Deus. Enquanto formos seres humanos, temos necessidades humanas. Uma dessas necessidades é disciplina, correção e castigo, que fazem parte tanto da família natural quanto da família espiritual. Para ajudar os pais na importante e difícil tarefa da disciplina, Deus nos deixou o Livro de Provérbios, que contém muitas passagens sobre o assunto.

A débil repreensão de Eli

(2:22-25)

“Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação. E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois de todo este povo ouço constantemente falar do vosso mau procedimento. Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; estais fazendo transgredir o povo do SENHOR. Pecando o homem contra o próximo, Deus lhe será o árbitro; pecando, porém, contra o SENHOR, quem intercederá por ele? Entretanto, não ouviram a voz de seu pai, porque o SENHOR os queria matar.”Os versos 12 a 17 falam sobre o pecado dos sacerdotes em relação à carne oferecida como sacrifício a Deus.

Agora, os versos 22 a 25 falam de sua imoralidade com as mulheres que servem à porta da tenda. Estas ”mulheres” parecem ser as mesmas mencionadas em Êxodo: “Fez também a bacia de bronze, com o seu suporte de bronze, dos espelhos das mulheres que se reuniam para ministrar à porta da tenda da congregação (Êx. 38:8).” Hofni e Finéias são culpados de imoralidade sexual, e sabemos que pelo menos Finéias é casado (ver I Sam. 4:19). Isto é adultério e é um pecado punível com a morte. É um pecado ainda mais grave se considerarmos quem o comete e onde é cometido. Considere a perversidade dos filhos de Eli à luz da promessa de Deus aos levitas sacerdotes:

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“Este será o holocausto contínuo por vossas gerações, à porta da tenda da congregação, perante o SENHOR, onde vos encontrarei, para falar contigo ali. Ali, virei aos filhos de Israel, para que, por minha glória, sejam santificados, e consagrarei a tenda da congregação e o altar; também santificarei Arão e seus filhos, para que me oficiem como sacerdotes. E habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu Deus. E saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, que os tirou da terra do Egito, para habitar no meio deles; eu sou o SENHOR, seu Deus (Êx. 29:42-46, ênfase minha). A porta da tenda da congregação é o lugar onde Deus se encontra com os sacerdotes, o lugar onde Deus revela Sua glória. Ali, Arão e seus filhos foram consagrados, separados para seu ofício sacerdotal. Agora, não muitos anos depois, este lugar se transforma num lugar de encontro de um tipo muito diferente, um lugar onde os filhos de Eli têm encontros com mulheres com quem cometem imoralidade sexual.

Refiro-me a esta passagem como a “repreensão de Eli” mas, na verdade, não é dito que ele repreenda seus filhos. Eli certamente nada faz para conter ou impedir a conduta pecaminosa de seus filhos. Suas palavras não têm nenhum impacto sobre sua rebeldia. Pior ainda, suas palavras são autocondenatórias. Parece que ele quer fazer seus filhos se sentirem culpados, o que obviamente não funciona. Suas palavras, no entanto, ressaltam sua própria culpa. O autor nos diz que Eli “ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel”. Não é por ignorância que Eli deixa de agir com rigor. Ele conhece tudo o que eles fazem, e também sabe que agem de modo arrogante, com todo o Israel. Seus pecados não são lapsos momentâneos de caráter ou conduta; são um padrão habitual, um estilo de vida.

Não é interessante que, embora Eli demonstre grande desaprovação quanto à imoralidade sexual de seus filhos, não haja menção (pelo menos em nosso texto) quanto aos pecados relativos à carne dos sacrifícios? A razão, como iremos propor adiante, talvez esteja nos versos 27-29. Enfim, as palavras de Eli a seus filhos revelam que ele entende muito bem a gravidade de seus pecados. Estes pecados não são contra o homem, mas contra Deus. São pecados deliberados, para os quais não há compensação. Estes filhos de Belial agitam os punhos na face de Deus; eles conhecem seu pecado (se não for por outra razão, é porque Eli acaba de lhes dizer ), e Eli também. No entanto, a despeito de tudo o que Eli sabe, ele não chega ao ponto de verdadeiramente fazer alguma coisa sobre isso. Amo o comentário de Dale Ralph Davis desta parte do texto:

– “Eli tinha repreendido seus filhos por suas ofensas morais (v. 22-25); talvez – embora não possamos dizer pelos versos 23-25 – ele também os tenha reprovado por suas ofensas litúrgicas (v. 13-17). De qualquer forma, ele não tomou nenhuma atitude para expulsar Hofni e Finéias do ofício sacerdotal. Eli podia protestar, mas seus filhos não iam ficar desempregados. Não havia disciplina na igreja.” “Por isso, o homem de Deus (o profeta dos versos 27-36) condena o pecado da racionalização, da disposição em tolerar o pecado, permitindo que a honra de Deus seja colocada em segundo plano, preferindo “meus filhos” a “meu Deus”.

Para Eli, o sangue falou mais alto que a fidelidade.” “Como é fácil exercer uma compaixão medrosa que nunca quer ofender ninguém, que confunde escrúpulos com amor e, por isso, ignora a lei de Deus e, principalmente, despreza sua santidade. Nem sempre buscamos a glória de Deus quando poupamos os sentimentos humanos.” Eli honra mais a seus filhos do que a Deus (verso 29). Ele parece temer enfrentar seus filhos e tratá-los com rigor, pois eles poderiam odiá-lo e até mesmo desprezá-lo. Sendo o tipo de filhos que são, poderiam até matá-lo. Eli teme mais a seus filhos do que a Deus. Ele quer sua aprovação e afeição mais do que a aprovação e afeição de Deus… Como pode? O verso 29 sugere o porquê de Eli ser tão omisso e passivo quanto aos pecados de seus filhos. Deus diz: “Por que pisais aos pés os meus sacrifícios e as minhas ofertas de manjares, que ordenei se me fizessem na minha morada? E, tu, por que honras a teus filhos mais do que a mim, para tu e eles vos engordardes das melhores de todas as ofertas do meu povo de Israel?” (verso 29). Nosso texto nos diz que Eli ouvia “tudo” o que seus filhos faziam a todo Israel.

Portanto, ele sabe como seus filhos conseguem a carne. Ele conhece sua imoralidade. Em nosso texto, ele repreende seus filhos pela imoralidade sexual, mas não diz nada a respeito dos métodos usados para conseguir carne. Talvez Eli esteja velho e seus sentidos estejam embotados, mas creio que ele sabe a diferença entre carne grelhada e carne cozida. Tenho certeza que ele conhece a diferença entre uma carne assada e um filé. Talvez ele não diga nada sobre o pecado de seus filhos com relação aos métodos de conseguir da carne porque ele também a come.

Ele se beneficia pessoalmente dos pecados de seus filhos e, em vez de tomar uma atitude enérgica quanto a eles, ele é passivo. Deus o relembra de que todos os benefícios e bênçãos de seu sacerdócio vêm Dele – não de seus filhos. Por isso, Eli fará bem se honrar a Deus mais do que a seus filhos, em vez de continuar a honrá-los (os filhos de Belial) mais do que a Deus, deixando de discipliná-los por seus pecados. Eli injustamente censura Ana por achar que ela esteja embriagada, mas não consegue repreender seus próprios filhos pela maneira como adquirem a carne. Ele está relutante em dar um fim ao sistema que o sustenta, ao sistema que o faz engordar.

SÍNTESE TEXTUAL – OS FILHOS DOS SACERDOTES

“Os filhos maus de Eli (2 Sm 2.12-17). Hofni e Fineias são descritos como filhos de belial e não conheciam ao Senhor […]. Nas Escrituras ‘conhecer’ ou ‘não conhecer’ o Senhor normalmente se refere a um conhecimento pessoal de Deus em adoração e obediência. Os hebreus não consideravam o conhecimento primeiramente como algo intelectual, mas sim como algo completamente pessoal. O termo usado significava ‘ter proximidade de’, em vez de simplesmente ‘conhecer’. Mesmo treinados no ritual e nas cerimônias do Antigo Testamento e, sem dúvida, familiarizados com as exigências da lei, esses dois jovens eram maldosos e inescrupulosos em caráter pessoal […].

A passagem [de 1 Samuel 8.1-3] sugere que Samuel associou seus filhos consigo mesmo devido à sua própria idade avançada. Os seus próprios nomes expressavam a devoção que havia no coração de Samuel: Joel significa ‘O Senhor é Deus’, e a Abias quer dizer ‘O Senhor é Pai’. Infelizmente eles não corresponderam à esperança que seus nomes expressavam. Uma ironia semelhança entre os últimos anos de Samuel e de Eli está descrita no versículo 3. Nos dois casos, os filhos em quem se confiava provaram ser desleais” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.182,193).

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A Casa de Eli

A “casa” de Eli é como a “casa” de Saul, exceto que, enquanto a casa de Eli continua em declínio, a casa de Saul chega ao fim com relação ao seu reino. No entanto, ainda que os descendentes de Eli continuem a servir como sacerdotes, eles estarão sujeitos a um sacerdote superior. Quem é este sacerdote superior? E por que Deus faz uma aliança que terá uma “casa estável”? A resposta tem duas partes. Creio que haja um cumprimento imediato e outro mais distante, eterno, para a aliança sacerdotal feita por Deus em nosso texto. Primeiro, Deus proverá Seu povo com uma “casa” de sacerdotes superior à casa de Eli e seus filhos, e isto acontecerá num futuro de Israel não muito distante (da perspectiva de Eli). O sacerdócio levítico vem da linhagem de Arão, um descendente de Levi (ver Êxodo 2:1 e ss).

Quando Arão é feito sumo sacerdote, seus dois filhos, Nadabe e Abiú servem sob ele. Quando eles são mortos devido ao “fogo estranho” que oferecem, os dois outros filhos de Arão, Eleazar e Itamar, são designados em lugar de seus irmãos (Levítico 10). A linhagem sacerdotal de Arão, portanto, continua por meio destes dois filhos sobreviventes, Eleazar e Itamar. Originalmente, o sumo sacerdócio vem pela descendência de Eleazar, mas Eli, que serve como sumo sacerdote, é descendente de Itamar. A profecia deste profeta sem nome parece inicialmente ser cumprida quando Samuel se torna sacerdote em lugar de Eli; tempos depois, no reinado de Davi, Zadoque, descendente de Eleazar, será feito sumo sacerdote (I Reis 1:7-8; I Crônicas 16:4-40). No Reino do Milênio, os “filhos de Zadoque” servirão como sacerdotes (Ezequiel 44:15; 48:11).

– Segundo, creio que o cumprimento final desta profecia é nosso Senhor Jesus Cristo, tal como Ele é o cumprimento final da aliança do Senhor com Davi. A história de Israel mostra que nenhum rei humano é digno de um reino eterno, de um reino sem fim. Ninguém é digno – nem Davi, nem Salomão, nem qualquer outro, exceto o “Rei dos Judeus”, nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para “se sentar no trono de Seu pai, Davi”. Ele é o cumprimento total e final da Aliança Davídica. Da mesma forma, nosso Senhor é o cumprimento total e final da aliança sacerdotal de nosso texto. Jamais houve na história de Israel um sacerdote digno de servir eternamente como sacerdote – nem Eli, e nem Samuel. Mesmo que Deus esteja prestes a dar a Israel sacerdotes superiores a Eli e seus filhos, Ele dará a Seu povo, num dia ainda por vir, um sacerdote perfeito, o Senhor Jesus Cristo, o último e perfeito profeta, sacerdote e rei.

Como mencionei no início desta lição, nosso texto tem muito a nos ensinar sobre educação de filhos. Mais precisamente, nosso texto chama a atenção para a maneira como os pais lidam com filhos adultos que são rebeldes e desobedientes a Deus. Podemos dizer que muitos dos problemas tratados de maneira errada por Eli com relação a seus filhos são conseqüências de suas falhas em tratá-los adequadamente quando crianças. Mas também é possível que filhos educados num lar bastante piedoso possam se desviar do caminho, como os filhos de Eli.

A questão em nosso texto é que Eli não consegue lidar com seus filhos de forma apropriada como sumo sacerdote e juiz da nação de Israel. Eli deveria ter tratado seus filhos da mesma maneira que teria tratado qualquer outro homem que fosse sacerdote e fosse sexualmente imoral, que desonrasse a Deus, profanasse o sacerdócio e não atendesse à sua admoestação. Eli não consegue lidar direito com seus filhos porque são seus filhos, e ele permite que este fato seja um fardo para todos os outros. Vamos rever primeiramente o fracasso de Eli em lidar com seus filhos.

Lições que aprendemos com a falta de paternidade de Eli

(1) Eli não consegue instruir seus filhos na Lei do Senhor, especialmente nos costumes dos sacerdotes.

(2) Eli parece “cego” aos pecados que estão bem debaixo do seu nariz – pecados sobre os quais ele deve ouvir de muitos israelitas. Esses pecados ocorrem nos mesmos lugares em que Eli esteve, ou deveria estar, em seu ministério sacerdotal. É quase inconcebível que ele não tenha percebido. Contudo, devo dizer que vejo muitos pais cujos filhos agem de forma errada diante deles, mas eles não conseguem ver seus erros. Receio que todos nós sejamos tentados a fazer vista grossa para as coisas que simplesmente não queremos ver. Eli está literalmente cego mas, com certeza, não está surdo. Ele não tem como deixar de saber o que acontece, a menos, é claro, que ele realmente não queira saber.

(3) Eli espera demais para corrigir os pecados de seus filhos. Mesmo depois de todo o Israel lhe contar sobre os pecados de seus filhos, Eli não age com muita rapidez. Sua tímida palavra de desaprovação e advertência é fraca demais e tardia demais. Tem-se a nítida impressão de que os pecados que se tornaram uma prática normal na vida de seus filhos são os mesmos evidenciados muito tempo antes, quando poderiam ter sido “cortados pela raiz”. Paternidade e procrastinação não se misturam.

(4) Eli não faz nada a seu alcance para corrigir seus filhos – ou, pelo menos, para opor-se à sua conduta pecaminosa. Uma coisa é Eli não saber o que seus filhos estão fazendo. Pelo menos seria compreensível se ele ignorasse a seriedade de seu pecado. Mas, pelas suas próprias palavras, sabemos que ele tem pleno conhecimento da sua gravidade. Ele sabe que a atitude dos filhos é pecaminosa, e que são pecados contra Deus. No entanto, quando seus filhos desprezam sua admoestação, ele simplesmente deixa de empregar outros meios à sua disposição. Ele deveria, e poderia, ter apedrejado seus filhos. Ele poderia tê-los removido do sacerdócio. Mas ele nada faz para pará-los depois que eles rejeitam sua admoestação.

– Hoje, vejo pais torcendo as mãos da mesma forma que Eli, quando seus filhos se recusam a obedecê-los. Seus filhos não são todo músculos, com 2 metros de altura e 115 kg. Muitas vezes são crianças de 5 anos de idade, e os pais têm muitas opções. No entanto, depois de uma repreensão, quando a criança obstinadamente se recusa a obedecer, eles erguem os ombros como se dissessem: “O que mais posso fazer?” Preciso mesmo lhe dizer? Leia Provérbios; você pensará em alguma coisa.

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(5) Eli não quer fazer com seus filhos aquilo que tem autoridade para fazer – porque não quer pagar o preço. Vamos admitir. Quando você e eu deixamos de disciplinar nossos filhos não é porque não tomamos a atitude que podemos tomar; não é porque não sabemos o que deveríamos fazer. É porque não estamos dispostos a pagar o preço de fazer a coisa certa – de fazer o que é melhor para nossos filhos e para nós. Talvez Eli receie perder o pequeno relacionamento que tem com seus filhos. Talvez tema perder o respeito por tomar uma atitude pública. Ele pode muito bem estar receoso de ter que voltar a comer o tipo de carne que não gosta. Ele tem medo de disciplinar seus filhos porque precisa demais daquilo que eles lhe dão, e que ele não quer perder.

(6) Eli não lida apropriadamente com seus filhos, mesmo quando é claramente advertido e instruído por Deus por meio de profecias, nem mesmo quando tem pleno conhecimento das consequências da falta de arrependimento e obediência com relação a seus filhos. Eli não pode alegar ignorância. Ele sabe que seus filhos são culpados. Ele será repreendido duas vezes por um profeta de Deus (o profeta sem nome do capítulo 2 e Samuel no capítulo 3). Ele não faz a coisa certa nem quando o próprio Deus chama sua atenção por sua desobediência.

(7) Eli honra muito mais a seus filhos do que a Deus. Este é o ponto principal, à vista de Deus. Eli está mais preocupado com seu relacionamento com seus filhos do que com seu relacionamento com Deus. Nosso Senhor Jesus deixou bem clara a questão dos relacionamentos: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á.” (Mateus 10:34-39).

Nosso texto bate “em nossa porta” em diversos aspectos. Talvez pensemos que a conduta de Eli e seus filhos como sacerdotes não tenha nada a ver conosco, cristãos contemporâneos. Precisamos relembrar que também somos sacerdotes: “Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.” (I Pedro 2:5) Também devemos relembrar que, embora Eli e seus filhos (e Samuel) ministrem no “templo de Deus” (I Samuel 3:3), o “lugar da morada de Deus”, nós somos “templo de Deus”, Sua “morada” e, quando causamos algum dano à Sua “morada”, esta é uma das coisas mais graves para Deus:

“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito.” (Efésios 2:19-22). “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.” (I Co. 3:16-17) Não é de se estranhar que a conduta dos cristãos de Corinto (ver I Co. 5 e 6) e, especialmente sua conduta na igreja (ver I Co. 11:17 e ss), seja tão grave para Deus.

Nós, como Eli, precisamos educar nossos filhos na “disciplina e instrução do Senhor” (Ef. 6:4). Não devemos apenas instruir e admoestar nossos filhos, precisamos corrigi-los. Isto inclui o uso da “vara” de Provérbios. Esta não é uma licença para excessos e abusos, e os abusos não são desculpas para deixar de castigar um filho desobediente, quando a vara é um dos meios mais eficazes de correção. Muitos pais são controlados por seus filhos ao invés de mantê-los sob controle. E, mesmo quando nossos filhos estiverem crescidos, ainda seremos responsáveis por tratar biblicamente de seus pecados.

Para nós, pais, o ponto de partida é abrir mão de nossos filhos. Nosso Senhor diz que devemos tomar nossa cruz, que devemos morrer para nós mesmos, que devemos perder nossa vida para ganhá-la. Precisamos fazer o mesmo com nossos filhos. Estou começando a entender porque o grande teste de fé de Abraão foi se dispor a sacrificar seu filho (Gênesis 22). Vejo porque Jacó, que não queria perder seu filho José, e que se recusou a perder seu filho Benjamim, teve que abrir mão deles para poder ser “salvo” da fome (ver Gn. 37-45). Devemos fazer o mesmo. Não devemos achar que nossos filhos são a nossa vida, mas nosso Deus e, especialmente, nosso Salvador, Jesus Cristo. Em comparação com nosso amor por Deus, devemos “detestar” nossos filhos. Só assim ficaremos livres para tratá-los de forma que seja para o seu bem e para o nosso, e para a glória de Deus.

Conclusão

Pode acontecer dos filhos terem que disciplinar seu pai ou sua mãe. Como igreja, temos a dolorosa experiência de exercer a disciplina sobre o pecador renitente (ver Mateus 18:15-20). Quando aquele que está sob disciplina é um pai (ou mãe), há implicações e obrigações para os filhos, especialmente para os filhos mais velhos. Um filho ter que corrigir o pai não é nem um pouco mais fácil do que um pai ter que corrigir o filho. Mas, quando temos conhecimento do pecado – e das Escrituras que prescrevem nossa atitude diante dele – somos forçados a agir. Se nos recusarmos, como Eli, então nossa falha também será pecado.

A disciplina de que falamos se aplica à “família” maior, a igreja. Quando um “irmão” peca (ver Mateus 18:15), é nossa obrigação repreendê-lo, com vistas a seu arrependimento. Muitos cristãos preferem, como Eli, fechar os olhos e esperar que o problema se vá. Ele não irá; só ficará maior. Nossa culpa só aumenta com o tempo que deixamos passar sem agir em obediência à Palavra de Deus.

Que Deus possa nos conceder a graça de aprendermos de Eli e seus filhos, em vez de aprendermos com eles. Graças a Deus que Aquele que nos ordena a instruir e corrigir nossos filhos tem nos dado o exemplo pela maneira que nos trata como Seus filhos. Agradeçamos a Deus que Aquele que requer de nós que eduquemos nossos filhos de maneira piedosa é Aquele que nos dá a graça para fazê-lo. A Deus seja a glória! https://bible.org/seriespage/samuel-e-os-filhos-de-belial-i-samuel-211-36.

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