A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo

A carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo

A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo

A revelação de Deus aos homens teve sua plena expressão através de seu Filho, Jesus Cristo, não restando mais qualquer revelação sobre a sua vontade para com a humanidade.

Texto Bíblico (Hebreus 1:1-14)

A Epístola aos Hebreus

1 – Autoria

Eu me alimento das mãos de Deus

A epístola aos Hebreus contém alguns enigmas. Não esclarece quem foi seu autor; a quem foi realmente destinada, nem a data em que foi escrita.

No primeiro século, os chamados pais da Igreja não esclareceram tais detalhes. Clemente de Alexandria e Orígenes entenderam que Paulo escrevera Hebreus.

No Século II, Tertuliano discordava da autoria paulina, e cria que Barnabé era o autor da epístola. Agostinho, de início, julgou que fosse Paulo mas, depois, afirmou que ela era anônima. Martinho Lutero sugeriu que a carta poderia ter sido escrita por Apolo (At 18.24).

Quanto à data, os estudiosos situam-na entre 68 a 70 d.C. Com relação aos destinatários da carta, Hebreus deve ter sido inicialmente dirigida a judeus helenistas convertidos ao Cristianismo.

O propósito deste comentário não é discutir tais pormenores, pois a resposta só teremos no céu, quando nos encontrarmos com o escritor.

É fundamental que nestas lições sobre a Epístola aos Hebreus, vejamos a pessoa de Jesus Cristo como o resplendor da glória de Deus, o Salvador perfeito.

2 – O autor da carta aos Hebreus

Iniciando seu escrito, fala acerca de três tipos de emissários que Deus enviou ao mundo para transmitir a sua revelação: os profetas, os anjos e o Filho.

Comparando-se os profetas e os anjos, deve-se deixar claro que os primeiros foram muito usados por Deus, falando com autoridade e convicção.

Entretanto, seus oráculos, mesmo sendo da parte de Deus, nem sempre eram bem recebidos. A rebeldia dos ouvintes fez com que diversos profetas fossem assassinados, desprezados e passassem por adversidades.

Os anjos

No caso dos anjos, não há relatos de terem sido desprezados ou apedrejados, pois eram tidos em grande temor por serem figuras sobrenaturais.

(Note que as diversas aparições dos seres celestes causavam muito medo, motivo este que levava os anjos a começarem seus diálogos com a expressão “Não temas”). Comunicações que exigiam decisão de uma pessoa eram transmitidas por anjos (veja os exemplos de Abraão, Gideão e Ló).

Eu me alimento das mãos de Deus

Se o povo ouvia os anjos com certo grau de temor, mais temor deveriam ter diante do Filho de Deus, por ser este maior do que os anjos.

Ele criou todas as coisas, inclusive os anjos. Se o povo reverenciava os mensageiros celestes, estes, por sua vez, reverenciavam o Filho.

O mundo vindouro não foi deixado sob os cuidados dos anjos, mas de Jesus. Eles são “espíritos ministradores”, que labutam em prol dos que “hão de herdar a salvação”, enquanto o Filho é o próprio executor da salvação.

Até na forma de tratamento, a designação “anjos” é inferior ao “Filho”, pois são eles servos, criaturas, e Jesus é Senhor e Criador. Partindo desses argumentos, o escritor anuncia a superioridade de Jesus tanto sobre os profetas como sobre os anjos.

O autor conclui que, se as palavras ditas pelos anjos foram firmes e, no caso de transgredidas, receberam punição, maior responsabilidade haverá para os que rejeitarem as palavras do Filho de Deus, sem o qual não há salvação.

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Obs.: Hebreus: Inigualável e não convencional.

“Com relação à sua forma inigualável e não convencional, Orígenes observou: ‘Começa como um tratado, prossegue como um sermão e termina como uma carta’.

Ao invés de iniciar com uma saudação, o primeiro parágrafo de Hebreus é semelhante às palavras de abertura de um tratado teológico formal (1.1-4).

Então, o livro prossegue mais como um sermão do que como uma carta convencional do Novo Testamento, alternando-se entre um argumento cuidadosamente construído (baseado em uma exposição do Antigo Testamento) e uma séria exortação ( Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento”, CPAD, p.1529-39).

Deus se revelou ao Mundo de modo definitivo

1 – “Revelação

[Do gr. apokalupsis; do lat. revelatio, tirar o véu] Manifestação sobrenatural de uma verdade que se achava oculta. Tendo em vista o caráter e a urgência das profecias do último livro da Bíblia, Apocalipse é considerado a revelação por excelência (Ap 1.1-3).

2 – Revelação Bíblica

Conhecimento divino preservado nas Sagradas Escrituras, e posto à disposição da humanidade. Consta do Antigo e do Novo Testamento. É a nossa única regra de fé e prática.

Eu me alimento das mãos de Deus

3 – Revelação Progressiva

Evolução progressiva e dispensacional das verdades divinas que, tendo a sua gênese no Antigo Testamento, culminaram e se completaram no Novo. O texto-áureo da revelação progressiva acha-se em Hebreus 1.1,2″ (ANDRADE, Qaudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, pp.255,56).

4  –  A antiga revelação

No versículo primeiro, o escritor assevera que, “antigamente”, Deus falou “muitas vezes, e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas”.

Moisés foi um profeta especial. No Salmo 103.7, lemos: “Fez notórios seus caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel”.

Na galeria dos profetas, destacam-se Isaías, que recebeu a revelação do nascimento, vida, ministério, morte e ressurreição do Messias; Jeremias, Ezequiel, Daniel, Joel, Malaquias, e outros, foram instrumentos da revelação, não só para Israel, mas para a Igreja e para o mundo. (Ver 1 Pe 1.12.)

5 –  Deus falou de muitas maneiras (v.1b)

Nas páginas do Antigo Testamento, vemos que Deus não falou de modo uniforme pelos profetas. A uns, como a Moisés, Ele falou direto, “cara a cara”; a outros, como Daniel, falou por sonhos; a Jonas, em voz audível, e por meio do vento, do mar e do peixe.

Por esses meios, Deus se revelou de modo progressivo, nas diversas dispensações, até que chegasse “…a posteridade, a quem a promessa tinha sido feita” (Gl 3.19), e a posteridade era Cristo.

6 –  A última e definitiva revelação

Deus, “a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (v.1b). Essa afirmação é fundamental para a cristã. Primeiro, porque Deus falou. Segundo, porque nos falou “pelo Filho”.

A revelação pelos profetas foi divina e progressiva. Eles, com convicção, diziam: “Assim diz o Senhor” (Êx 5.1; Is 7.7; Jr 2.5; Ez 3.11).

A revelação pelo Filho, Jesus, é divina e superior, visto ser conclusiva e definitiva. Em Hebreus, vemos a melhor e mais perfeita comunicação do Altíssimo. Ele, nestes “últimos dias”, falou pelo seu próprio Filho, de modo completo, direto e definitivo (cf. Lc 21.33; Mc 13.31).

Os ímpios não entenderam esta revelação: os espíritas dizem que o espiritismo é a “terceira revelação”, depois de Moisés e Cristo. Os adeptos da “Nova Era” dizem que virá a “Era de Aquários”, para substituir o Cristianismo.

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Com esse engodo, o Diabo engana os incrédulos, a fim de que sejam lançados no inferno (cf. Sl 9.17). Jesus é a última e definitiva revelação de Deus aos homens.

Ele falou e está falado! “Cale-se diante dele toda a terra” (Hc 2.20). Nós cristãos, precisamos estar seguros, fundamentados na Palavra de Deus, para refutar toda e qualquer doutrina falsa, que apresente qualquer outra revelação divina.

OBS: “‘Falou-nos… pelo Filho’ (Hb 1.1,2).

Estes dois primeiros versículos estabelecem o tema principal deste livro. No passado, o instrumento principal de Deus para sua revelação foram os profetas, mas agora Ele tem falado, ou se revelado pelo seu Filho Jesus Cristo, que é supremo sobre todas as coisas.

A Palavra de Deus falada mediante seu Filho é final: ela cumpre e transcende tudo o que foi anteriormente falado da parte de Deus. Absolutamente nada, nem os profetas (v.1) nem os anjos (v.4) têm maior autoridade do que Cristo. Ele é o único caminho para a salvação eterna e o único mediador entre Deus e o homem.

O escritor de Hebreus confirma a supremacia de Cristo ao enumerar dEle sete grandes revelações (vv.2,3). ‘Assentou-se à destra’ (1.3).

Depois de Cristo ter efetuado o perdão dos nossos pecados mediante a sua morte na cruz, assumiu o seu lugar de autoridade à destra de Deus.

A atividade redentora de Cristo no céu envolve seu ministério de mediador divino (8.6; 13.15; 1 Jo 2.1,2), de sumo sacerdote (2.17,18; 4.14-16; 8.1-3) de intercessor (7.25) e de batizador no Espírito (At 2.33)” (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, pág.1899).

Cristo e sua superioridade em relação aos Anjos

“Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.4).

ANJOS

Os crentes hebreus, baseados nos relatos e ensinamentos do Antigo Testamento, tinham os seres angelicais em alta estima e respeito, uma vez que os mesmos ocupavam proeminente lugar na economia divina.

Eles sabiam que caso suas mensagens fossem desprezadas, conseqüências terríveis haveriam de vir. Era urgente e necessário para aqueles crentes entenderem que Jesus está acima dos anjos em todos os aspectos, pois sua mensagem e missão têm finalidade infinitamente mais sublime: a salvação de todos os homens em todas as épocas e lugares. Somente ao Senhor Jesus toda honra, glória e majestade.

Os anjos tiveram importantes momentos na história dos judeus, tanto no âmbito nacional como na vida de indivíduos.

Em sua natureza, mesmo atuando em favor dos que hão de herdar a vida eterna, são criaturas com limitações se comparadas ao Senhor Jesus Cristo. Ele é declarado como Filho pelo próprio Deus, é o Messias. Criador e está à direita do Pai.

O escritor, ainda demonstrando a superioridade de Jesus sobre os anjos, lembra aos leitores que, se o que foi dito pelos anjos foi válido ao ponto de toda desobediência às palavras angelicais receber punição, maior pena receberá aqueles que desprezarem, em Jesus, “tão grande salvação”. Apenas Ele, como verdadeiro Sumo Sacerdote, pode se compadecer dos que são tentados e salvá-los.

 Jesus Cristo

Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai.

No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?”.

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Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa de que Cristo é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm 1.4.

O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente difícil de entender.

Sendo Deus, em que sentido Jesus poderia ser gerado? A resposta está no grandioso milagre e mistério da sua encarnação, incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas terrenas.

O Filho pela ressurreição.

O escritor Lucas, no Livro de Atos, declara: “E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32,33).

Sem ter deixado jamais de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo publicamente, como Filho de Deus, na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos — Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4).

De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas não houvesse ressuscitado, ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc.

O Filho deve ser adorado pelos anjos (v.6).

“E quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”; “…por isso lhe darei o lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra” (Sl 89.26,27).

Jesus está à direita de Deus (v.13).

Esta é a posição de honra, dada somente a Cristo, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?”. Estêvão, quando estava sendo martirizado, contemplou Jesus à direita de Deus (cf. At 7.55).

Jesus é Rei, Messias e Criador.

No v.8, lemos: “Mas do Filho diz: ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele o é, além de ser também Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de retidão.

Os anjos não têm poder de reino ou soberania. Nos vv.9-12, vemos que Jesus é apresentado como o Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como aquEle de quem a terra e “os céus são obra” de suas mãos. O v.13 prossegue exaltando a superioridade de Cristo como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés.

Obs.: A superioridade de Cristo em relação aos anjos excede em muito a idéia distorcida, e difundida entre os incrédulos, de que os seres angelicais têm papel místico, ao ponto de serem venerados ou mesmo adorados pelos adeptos das falsas doutrinas.

Conclusão

Portanto, Vimos a excelência de Cristo que é superior a tudo e todos. Alegremo-nos por não servirmos a um deus qualquer, produto da mente humana, ou da necessidade imanente de se acreditar em algo ou em alguém superior, como os indígenas e outros povos tidos como primitivos.

O nosso Deus é o excelso Criador. O nosso Cristo é o Verbo Divino, o Salvador, que, cumprida sua missão, assentou-se “à direita da majestade nas alturas”.

Eu me alimento das mãos de Deus

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