Esperando mas Trabalhando no Reino de Deus
A Parábola dos Talentos ensina que nada do que temos é de fato nosso. Somos apenas depositários, não somos donos dos talentos que recebemos. Nossa função é administrar e zelar por aquilo que Deus nos dá. Ele é o dono dos talentos e continuará sendo.
Texto Bíblico (Mateus 25.14-30)
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleA Parábola dos Talentos
A Parábola dos talentos, também conhecida como Parábola das Minas, é uma parábolas de Jesus e aparece em dois dos evangelhos canônicos.
As diferenças entre Mateus 25:14-30 e Lucas 19:12-27 são substanciais e, por isso, é impossível que as duas parábolas tenham sido derivadas de uma mesma fonte.
Em Evangelho de Mateus, as palavras de abertura aparecem para ligar a parábola com a parábola anterior, das Dez Virgens, uma parábola sobre a chegada do Reino dos Céus. Segundo Eusébio de Cesareia, uma variante da Parábola dos Talentos também era encontrada no apócrifo Evangelho dos Hebreus, hoje perdido.
- Nos dias do Novo Testamento existiam duas moedas básicas: a dracma grega e o denário romano. Ambas eram feitas de prata e ambas eram usadas para remunerar 1 dia de trabalho.
- O talento não era uma moeda e sim uma barra de ouro ou prata e equivalia a 6.000 denários. Pesava cerca de 35 quilos.
Um talento era uma unidade de peso de cerca de 80 libras, embora haja alguma discordância acadêmica sobre o tamanho exato da unidade.
Apesar de um talento poder medir qualquer coisa, quando utilizado sem qualificação entende-se que se refere a prata como uma unidade monetária (talento) no valor de cerca de 6.000 denários. Uma vez que um denário era o pagamento usual para um dia de trabalho, um talento equivalia aproximadamente ao valor de vinte anos de trabalho de uma pessoa comum.
Em Mateus, as palavras de abertura parecem ligar a parábola à parábola das Dez Virgens, que a precede imediatamente, e que lida com a sabedoria num contexto escatológico.
OBS: Evangelho dos Hebreus
Eusébio afirma que no “Evangelho dos Hebreus” a ameaça não era contra o homem que havia escondido o talento, mas contra o que viveu de forma dissoluta – pois ele fala de três: um desperdiçou as posses de seu mestre com prostitutas e dançarinas, outro multiplicou seus ganhos e outro escondeu o talento. Por isso, um foi aceito, um foi expulso e um foi preso.[10].
Senhor e Servos entram em acordo
O Senhor da parábola possuía considerável fortuna já que repartiu 8 talentos — — equivalentes a 48.000 denários — entre 3 de seus empregados.
Esta prática não era incomum e normalmente se processava da seguinte maneira:
O Senhor comissionava cada servo conforme a capacidade que ele percebia em cada um.
O comissionamento era regido por um contrato.
O servo se tornava, naquela empreitada específica, sócio do seu Senhor. Esta é a forma oriental de se fazer este tipo de negócio.
A forma moderna seria uma sociedade onde alguém entra com o capital e outro com a mão de obra.
O primeiro servo recebe 5 talentos e com habilidade consegue dobrar o valor recebido.
De forma semelhante, o segundo recebe 2 talentos e consegue dobrar o valor recebido.
Um terceiro servo recebeu um talento, mas nada fez com ele, preferindo enterrá-lo.
Argumento Exegético
“A palavra grega talanton, usada somente por Mateus, é uma moeda de alto valor, dependendo do metal do qual é feito (em contraste com a palavra mna que Lucas usa, a qual tinha consideravelmente menos valor, Lc 19.13).
Em certo ponto um talento era igual a seis mil denários, sendo o valor de um denário o salário de um dia para os trabalhadores (veja Mt 18.23-28). (Em nosso idioma usamos a palavra talento para nos referirmos à habilidade que a pessoa tenha, sentido este proveniente desta parábola.) Emprestar dinheiro para ganhar juros e enterrar tesouros de moedas eram práticas comuns nessa época.
“Quando o nobre volta, cada servo o trata de ‘Senhor’ (kyrie). Para os leitores de Mateus conotava a divindade de Jesus. Embora todos o chamem de Senhor, nem todos são servos fiéis. Todo aquele que trabalha fielmente nos negócios do Reino é aprovado e convidado a entrar no gozo do teu senhor’ (Mt 25.21,23).
O servo infiel afirma que sua inação é resultado de medo do senhor, que teria ficado bravo se o servo tivesse investido o dinheiro num empreendimento improdutivo. Em vez de arriscar a perder, ele enterra o tesouro como garantia (cf. Mt 13.44).
Mas ele se condena com as próprias palavras. 0 senhor o chama de ‘mau e negligente servo’ (Mt 25.26). Fazer o trabalho do Reino obtém abundância na consumação do tempo do fim, ao mesmo tempo que a negligência (ou a preguiça) é recompensada com a danação eterna {[…]).
Jesus ensinou que a prática da justiça e do perdão graciosos de Deus são indispensáveis para a salvação última” (SHELTON, James 8. In ARRINGTON, French L.; STRONDAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.136).
Prestação de Contas
Os dois primeiros servos.
O primeiro servo se apresenta e com simplicidade devolve ao seu Senhor os 5 talentos originais e mais 5 talentos.
A reação do Senhor é proporcional:
Primeiro o Senhor diz: “muito bem”. Depois qualifica o servo como sendo “bom e fiel” e lhe faz uma promessa de confiar-lhe tarefas maiores ainda.
– Em terceiro lugar o convida para participar do banquete em condições de igualdade com o próprio Senhor.
O segundo servo se apresenta igualmente diante do Senhor e lhe devolve os dois talentos confiados, adicionados de outros dois. O Senhor se mostra extremamente generoso, pois trata o segundo servo da mesma forma que havia tratado o primeiro.
O terceiro Servo
Recebeu somente um talento. Sua responsabilidade era proporcionalmente menor, mas ele não a percebeu deste jeito.
De fato ele achou que, como era pouco o que ele havia recebido do Senhor, sua responsabilidade era zero. Ele não tinha nada para fazer com o talento recebido.
Seguindo a orientação dos rabinos da época ele esconde o talento em lugar seguro e aguarda a volta do Senhor.
Ao agir desta maneira este servo mostrou não se importar com o comissionamento recebido do Senhor e de não se sentir responsável por retornar a confiança depositada em forma de fidelidade.
Argumento Bibliológico
“Os três servos receberam seus talentos (Mt 25.15). Cada um deles trabalharia e administraria os bens conforme a sua capacidade pessoal. Aquele senhor deixou aqueles talentos em suas mãos para serem cuidados e negociados. Não hã acepção, nem discriminação.
Cada qual negociaria da melhor forma possível com aquilo que recebeu para trabalhar. Cada qual deveria preocupar-se apenas com o seu trabalho e procurar fazê-lo bem.
Não pode haver espaço para invejas, ciúmes e porfias entre os servos de Cristo, que são coisas típicas de pessoas carnais (Gl 5.19-21). A entrega dos talentos representava não só a confiança, mas significava o teste que provaria a fidelidade de cada um deles.
Os servos de Cristo na terra, da mesma forma, são selecionados para trabalharem com os talentos recebidos, e o Senhor espera que os mesmos trabalhem e façam multiplicar os bens do Senhor. Ele chama e seleciona pessoas como quer” (CABRAL, Elienai. Mordomia Cristã, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.144).
O encontro do Servo Infiel e seu Senhor
Quando o Senhor entregou seus 8 talentos a seus 3 servos, ele se tornou dependente da honestidade, da lealdade e da fidelidade daqueles servos.
Se eles não administrassem bem aqueles recursos ele poderia se ver, eventualmente, completamente arruinado no fim da estória.
A chegada do terceiro servo leva o Senhor a mudar a tônica da conversa mantida. Esse servo em vez de ser elogiado e prestigiado precisava ser punido.
O servo em vez de prestar contas faz um pequeno discurso para justificar seu descaso para com o comissionamento recebido.
Ele se atreve a acusar o Senhor de ser o culpado de sua preguiça e falta de dedicação.
O Senhor o confronta chamando-o de “servo mau e negligente”.
O Senhor então declara que o pequeno discurso feito pelo servo em vez de eximi-lo, na realidade, o condenava ainda mais já que ele tinha ciência das conseqüências dos seus atos.
O Senhor ordena que o talento do servo mau e negligente seja tirado e entregue ao que tinha 10 talentos
Conclusão
Portanto, aquele que tem lhe será acrescentado e terá mais ainda, mas aquele que não tem, até o que ele tem lhe será tirado.
O Senhor ordena que o servo infiel seja lançado fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes. A ênfase da parábola está centrada na ideia de que os servos do Senhor precisam trabalhar de forma diligente com os dons a eles confiados, pois serão considerados responsáveis pelo Senhor quando Ele retornar.
Cada um de nós tem recebido do Senhor pelo menos 1 dom que precisa ser usado para o bem comum (1 Pedro 4:10), (1 Coríntios 4:2). Deus tenha misericórdia de nós!