Seja um Mordomo Fiel
A fidelidade em tudo, no pouco e no muito, é imprescindível ao servo de Deus. “Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4.2).
Texto Bíblico (Lucas 12.36-38, 42-46)
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleO Mordomo Fiel e o Infiel
Parábola dos Dois Servos é uma parábola de Jesus registrada nos Evangelhos de Mateus e Lucas (Mateus 24:45-51; Lucas 12:42-46).
A Parábola dos Dois Servos também é conhecida como a Parábola do Servo Bom e o Servo Mau. Então vimos aqui duas espécies de mordomo, “o fiel e o infiel”.
Na parábola Jesus diz que o servo (Mordomo) bom e fiel é aquele a quem o seu senhor encarrega dos bens de sua casa para dar aos seus outros servos alimento no tempo devido; e voltando o senhor, encontra esse servo cumprindo diligentemente sua ordem.
Por causa de sua fidelidade, Jesus diz que certamente o senhor daquele servo haverá de encarregá-lo de todos os seus bens.
Mas se aquele servo (Mordomo) for mau e pensar que o seu senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer, e a beber com os bêbados; então virá o senhor daquele servo num dia em que ele não espera e numa hora que ele não sabe.
Assim, o senhor do servo mau irá separá-lo de sua casa, e destinará sua parte com os hipócritas. O servo mau será expulso a um lugar onde haverá pranto e ranger de dentes.
“No mundo antigo, era dada ao mordomo a responsabilidade de zelar por todas as propriedades, enquanto o senhor estivesse fora. Uma de suas tarefas principais era cuidar que os membros da casa recebessem a partilha de comida. Ele poderia dá-la diária, semanal ou mensalmente.
O ponto é que seu trabalho lhe exigia que servisse e não exercesse poder. Seu senhor poderia voltar a qualquer momento. Quando o senhor volta, um ‘mordomo fiel e prudente’ deve estar desempenhando seus deveres. Jesus louva o servo que serve fielmente na ausência do senhor.
Por sua eficiência, o senhor o recompensará (v.44) com uma promoção, dando-lhe responsabilidade não só sobre sua casa e servos, mas também sobre todas as suas propriedades. Jesus deixa sem explicar como este tema da promoção se aplica aos discípulos.
Certos textos bíblicos indicam que Cristo reinará por um período de tempo sobre a terra depois que Ele voltar (Lc 19.17; 1 Co 6.1-3; Ap 20.1-6). Durante esse tempo, Ele precisará de assistentes que servirão com Ele no seu Reino.
A recompensa envolve este futuro governo de Cristo, em cujo tempo a fidelidade será recompensada com maiores oportunidades de serviço” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.405).
Os significados de Fidelidade
Fidelidade é a qualidade de ser cheio de fé, a qual é o grande tema da Bíblia. Tal fé expressa-se no cristão como fidelidade. Fé e fidelidade são palavras cognatas. 4A fé aparece pela primeira vez em Gênesis 4, quando Caim e Abel apresentaram suas ofertas a Deus. 4O Senhor aceitou a oferta deste e rejeitou a daquele. A razão não nos é revelada ali; no entanto, em Hebreus verificamos que a fé de Abel em Deus, fez a diferença (Hb 11.4).
No Antigo Testamento.
É esclarecedor estudar os sentidos da palavra fiel no Antigo Testamento. Em Números 12.7, pode significar “construir, apoiar, tornar firme, estar permanentemente fundado, confiar, ser verdadeiro, estar plenamente certo de algo”.
Em Deuteronômio 32.20, é usada numa frase negativa tratando de lealdade. Êxodo 18.21 fala de nomear homens de verdade (“confiança”). Através destes exemplos, constatamos que a ideia principal de fidelidade no Antigo Testamento está relacionada à confiança, firmeza e convicção.
No Novo Testamento.
A palavra fé, no original do NT, significa plena persuasão ou certeza fundamentada no ouvir (Rm 10.17). Já em Mateus 23.23, está relacionada à confiança ou fidelidade.
É interessante observar que Jesus enfatizou ser a verdade e digno de toda confiança, ao introduzir suas declarações no Evangelho de João com a frase “na verdade, na verdade”, “em verdade, em verdade”, “digo-lhes a verdade” (Jo 1.51).
Assim, o fruto da fidelidade abrange as ideias básicas de integridade, fidelidade, lealdade, honestidade e sinceridade.
A Fidelidade de Deus
A fidelidade é um atributo da Trindade. Deus Pai é fiel (Dt 7.9; 1Co 10.13); o Senhor Jesus é chamado “Fiel e Verdadeiro” (Ap 19.11); e o Espírito Santo tem o mesmo atributo (fidelidade) (Gl 5.22 — ARA). Consideremos alguns testemunhos mencionados pela Bíblia acerca da fidelidade de Deus.
Deus se veste de fidelidade.
A fidelidade faz parte da natureza pessoal de Deus (Is 11.5 — ARA).
Deus é fiel no cumprimento de suas promessas (Hb 10.23).
A Bíblia está repleta de promessas que nos foram concedidas por Deus (2Pe 1.4). Se Deus lhe prometeu algo, reivindique pela fé e oração, porquanto Ele é fiel. Ler 2Tm 2.13b.
Deus é fiel para perdoar.
Temos esta palavra segura em 1 João 1.9. O perdão de Deus não se fundamenta no que sentimos, mas em nossa convicção de que Ele cumprirá sua Palavra (Ne 9.17).
Deus é fiel em nos chamar.
Deus nos chama para a salvação e serviço (Mt 4.18,19); a conhecer seu plano e vontade para nossa vida, como fez com Samuel (1Sm 3.10,11); a sermos santos (1Co 1.2). Breve vem o dia em que Ele nos arrebatará deste mundo para encontrá-lo nos ares, de acordo com sua promessa (1Ts 4.13-17).
Os princípios da Fidelidade
Há alguns princípios importantes relacionados à fidelidade, os quais precisamos considerar neste momento. Estes devem moldar o estilo de vida do cristão e nortear seus relacionamentos.
A fidelidade e o amor.
Em Gálatas 5.6, lemos: “A fé que atua pelo amor” (ARA). A fé, como fundamento, requer amor para expressar-se e manter-se ativa.
Da mesma forma que os cônjuges demonstram seu amor um pelo outro mediante a fidelidade, provamos o nosso amor a Deus por meio da fidelidade à sua Palavra e à sua vontade.
A fidelidade e o sofrimento.
A fidelidade na vida do crente inclui sofrimento por Cristo e com Cristo. Sob este aspecto, a fidelidade está estreitamente associada à paciência (Hb 6.12).
A Epístola aos Hebreus foi escrita em tempos de violenta perseguição. Em tais circunstâncias, esta virtude é realmente provada. O fruto espiritual da fidelidade capacita-nos a suportar qualquer circunstância.
A fidelidade e os votos (Ec 5.5).
O fruto da fidelidade está relacionado à moral e à ética cristãs, estabelecendo um padrão bíblico de responsabilidade com as palavras e as atitudes.
Houve um tempo em que a palavra de um homem selada por um aperto de mão tinha grande valor. Embora isso não ocorra em nossos dias, a palavra do servo do Senhor não deve mudar, porquanto o fruto da lealdade, honestidade e sinceridade está nele.
A fidelidade e a lealdade.
O fruto da fidelidade torna-nos leais a Deus e a todos que nos cercam. O homem leal apoiará o correto quer esteja sendo observado, quer não (Mt 25.14-30).
Nesta passagem, os servos fiéis agiram de acordo com a instrução de seu senhor, apesar da ausência deste, e foram elogiados e recompensados. O servo infiel foi castigado.
A fidelidade e a consistência.
Muitas pessoas sentem o peso da culpa por sua inconstância; nunca conseguem terminar um projeto: realizar o Culto Doméstico, devocionais, ler toda a Bíblia durante o ano, pagar o dízimo do Senhor, etc. Tomar decisões acertadas, e não mantê-las, é um tipo de deslealdade.
Um autêntico cristão é fiel na frequência à igreja, no cumprimento de seus compromissos e em seus tratos, e isso inclui deveres, dívidas, empréstimos, prazos, etc.
A fidelidade na mordomia cristã.
O fruto do Espírito quanto à fidelidade é essencial no ministério evangélico (2Tm 1.14; 1Co 4.2). Nesta última passagem, o que significa o “Bom Depósito” confiado aos cuidados dos mordomos de Deus?
Primeiro, é nossa responsabilidade partilhar o Evangelho de Jesus Cristo com os outros (Lc 12.42). Devemos ser fiéis aos ensinos da Bíblia (1Co 4.6). Este tipo de fidelidade inclui a administração do tempo, dos talentos e das posses, pois, tudo é do Senhor.
A prestação de contas (Mt 25.19)
Fidelidade antes da recompensa.
Antes de requerer qualquer direito, o servo Mordomo, deve cumprir o seu trabalho para receber seu pagamento. O prêmio extra pelo trabalho executado será sempre fruto da bondade do Senhor.
Os servos fiéis empregaram sua capacidade máxima no labor.
Enquanto o infiel, além de enterrar seu talento, acusou injustamente seu senhor de vileza (vv.18,24). Ele foi improdutivo. Deixou de negociar seu talento, e para confirmar sua indolência, enterrou-o a fim de parecer honesto, devolvendo-o sem qualquer valor acrescido. Por isso, foi condenado e chamado “mau e negligente servo” (v.26).
Recompensa depois da fidelidade.
Todo servo (Mordomo) deve fazer seu trabalho com alegria, diligência e fidelidade. A recompensa daqueles fiéis servos foi o convite para entrar “no gozo do Senhor” (vv.21,23).
Nosso galardão está explícito na Bíblia (Ap 2.10). Na realidade, nosso serviço para o Senhor é pouco em relação à recompensa que ganharemos. Os árduos trabalhos de hoje são incomparáveis às bênçãos da eternidade (Ap 22.3).
O ajuste de contas.
O Senhor voltará para reaver seus talentos quando ninguém o esperar (Mt 25.13,19). Devemos trabalhar com diligência e vigilância até que Ele venha, porquanto cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus (Rm 14.12).
Os fiéis serão abençoados e entrarão no gozo do Senhor, todavia, os infiéis ficarão de fora e serão punidos sem misericórdia. Receberemos pelo que fizermos ou deixarmos de fazer para o Senhor enquanto estivermos aqui na terra (Ef 6.8; Cl 3.24,25).
OBS: “Deus promete recompensar os fiéis, mas o resultado pode ser diferente. O mesmo mordomo pode pensar que levará muito tempo antes de o senhor chegar. Assim, ele se descuida e desenvolve uma falsa sensação de independência.
Em vez de cuidar dos servos que estão abaixo dele, ele abusa deles e se entrega a comer, beber e se embebedar. A volta do seu senhor ocorre em completa surpresa. O senhor o apanhará em sua loucura e verá sua maldade, e o servo arrogante e infiel será responsabilizado por seus pecados.
A Nova Versão Internacional, em inglês, expressa a severidade do castigo: ‘Ele o cortará em pedaços e lhe dará um lugar com infiéis’ (v.46). O quadro é de desmembramento e indica que o castigo é mais que mero açoite. Envolve execução e morte. Ele compartilhará o mesmo destino com os incrédulos.
De acordo com Mateus 24.51, a este servo será designado ‘a sua parte com os hipócritas; ali haverá pranto e ranger de dentes’” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.405).
Conclusão
A fidelidade como parte do fruto do Espírito é imprescindível ao cristão em seu relacionamento com Deus, com os outros e consigo mesmo.
Através da fidelidade, tornamo-nos diferentes dos outros que não temem a Deus. O Senhor está procurando os fiéis para andarem com ele e servi-lo (Sl 101.6).