Encontrando o nosso Próximo

Encontrando o nosso próximo

Encontrando o nosso Próximo

 Jesus parece mostrar que mais importante do que saber é amar. Os representantes da religião (o sacerdote e o Levita) sabiam muito, mas, no quesito “amor”, o samaritano estava a quilômetros à frente deles.

Texto Bíblico (Lucas 10.25-37).

Características da Parábola

1 – O contexto.

Eu me alimento das mãos de Deus

Essa parábola é um primor de beleza e advertência para todos nós. Advertência porque o contexto em que a parábola surge tem a ver com a pergunta do doutor da lei: “Quem é o meu próximo?”, pergunta essa que se originou de outra pergunta: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna”?

Não podemos separar a parábola do seu contexto e a explicação, qualquer que seja, precisa estar em sintonia com esse inquietante tema. Fica muito claro, nela, a crítica de Jesus à religiosidade aparente dos seus dias, representada nesses dois oficiais do judaísmo: o sacerdote e o levita. Jesus não suportava que as pessoas escondessem um coração indiferente e frio com uma aparência religiosa.

2 – Os samaritanos.

Isso é importante para melhor compreensão da parábola em questão. Os samaritanos eram um povo misto, de costumes e religião diferente da dos judeus. Sua origem datava de séculos anteriores, quando os Assírios dominaram o Reino do Norte e enviaram os israelitas para outras nações conquistadas e trouxeram exilados de outras partes, forçando uma miscigenação racial, cultural e religiosa.

O ponto crucial da discórdia era o templo do monte Gerizim. Essa zanga centenária fazia, desde muito, que a maior parte dos judeus sentisse repugnância em manter relações sociais e religiosas com os samaritanos. O relacionamento deles era deteriorado.

Havia uma enorme barreira étnica, religiosa e social entre eles. Portanto, fica fácil perceber, a partir do que foi dito, que Jesus não foi nem um pouco convencional quando introduziu a figura do samaritano na história contada. A simples menção do samaritano já deve ter provocado um ar de descaso no doutor da lei, mas a descrição dele como o herói era insuportável.

3 – O conceito de “próximo”

Para Jesus não basta estar perto, é preciso ser próximo. Tanto o sacerdote como o levita estavam perto do homem caído, mas nenhum deles agiu como “o próximo” dele. Ser próximo pode ter muitas implicações. Aqui, nesta parábola, o próximo era:

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A – Não atraente (o homem caído estava espancado e ensanguentado].

B – Sem condições de retribuir (pelo menos naquele momento).

C – Implicava numa mudança da agenda.

D – Envolvia riscos (e se os ladrões ainda estivessem por ali?).

E – Envolveu perda de conforto (ele o colocou na sua cavalgadura).

Eu me alimento das mãos de Deus

F – Implicou perda financeira (pagou a estada do desconhecido).

– Então é simples: toda vez que eu e você encontrarmos alguém que precisa de nós, então encontramos nosso próximo. Para Jesus, o próximo é aquele que precisa de mim. “O amor verdadeiro nunca é seletivo”.

Lições Extraídas da Parábola

As três filosofias de vida.

1) Temos a filosofia dos assaltantes.

“O que é seu é meu, e eu vou tomar”, isso fala daqueles que vivem uma falta crônica aliada a uma vida sem espiritualidade e ética.

2) Temos a filosofa dos religiosos

“O que é meu é meu, o que é seu é seu”. Representa aquelas pessoas que vivem em deliberada distância e frieza do próximo. São os que dizem: “Cada um com as suas lutas” ou então: “Você cuida dos seus problemas, que eu cuido dos meus”. Gente indiferente e distante para amar.

3) Temos a filosofia do samaritano

“O que é meu é seu, eu posso repartir” Essa é a postura da compaixão, da partilha, da solidariedade e do amor. Somos chamados para viver assim. Com qual filosofia nos encaixamos? Temos da parte dos ladrões a antipatia, da parte dos religiosos a apatia e da parte do samaritano a empatia. A religiosidade que aliena.

A religião pode fazer isso com a gente. Aqui vemos que, devido a toda a sua preocupação litúrgica, o sacerdote e o levita perderam a oportunidade de servir alguém e cumprir a verdadeira lei. Os dois também desciam de Jerusalém, o que subentende que estavam servindo no templo.

Ao verem o homem caído “semimorto” o que fazer? Ninguém duvidaria do que deveria ser feito. Se por acaso o homem caído os viu, provavelmente pensou: “Eu tenho certeza de que eles vão me ajudar, afinal, eles servem a Deus e pregam sobre o amor e bondade o tempo todo.” Mas tal não aconteceu.

– Ortodoxia sem misericórdia nada vale. Ortodoxia vem de duas palavras: “orto” que significa correta e “doxia” que significa doutrina. Esses dois ministros eram ortodoxos, mas faltou-lhes o essencial. Faltou misericórdia para com o caído. O que é melhor: lidar com aquele que é misericordioso, embora de doutrina errada, ou lidar com o ortodoxo sem misericórdia?

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A palavra misericórdia também vem de duas palavras. É soma de “miséria” e “coração”, e o sentido é claro. Misericordioso é aquele que se compadece dos que sofrem. É um sentimento de dor e compaixão para com aqueles que estão em situação de desvantagem. Mas veja que quem demonstra essa misericórdia é o samaritano. “Quem não ama o que vê não pode amar o que não vê.”

Eu me alimento das mãos de Deus

Argumento Exegético

“Jesus poderia ter enfatizado ao doutor da lei que a vida eterna é um dom de Deus, mas ele não tenta corrigir o pensamento do doutor da lei. Ele sonda a compreensão que este perito tinha da lei, perguntando: ‘Que está escrito na lei? Como lês?’

Sabendo que o homem era perito na lei de Moisés, Jesus pergunta como ele entende as Escrituras. O doutor da lei responde unindo os mandamentos de amar Deus de todo o nosso ser (Dt 6.5) e amar o próximo como a nós mesmos (Lv 19.18). Jesus concorda com a análise, mas o doutor da lei avança e se concentra na questão do ‘próximo’ (plesion).

Os judeus limitavam o significado do termo próximo aos integrantes da própria nação, exceto os samaritanos e estrangeiros […]). Jesus redefine a palavra, ampliando seu significado. O amor do próximo cresce por amor a Deus e deve ser igual ao nosso amor por nós mesmos” (ARRINGTON, F. L. in ARRINGTON, French L.; STRON- DAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.387-88).

O Herói da Parábola

O herói foi o samaritano. O herói da parábola, o excluído, não é o que sofre, é o que cuida. Não podemos ignorar isso. Quem age com grandeza aqui e é erguido por Jesus para ser imitado é aquele que era desconsiderado, que os religiosos achavam que nada teria para contribuir.

Os ouvintes da história decerto esperariam que o sacerdote e o levita fossem seguidos por um israelita leigo, seria a sequência lógica. O efeito de introduzir na história um samaritano foi devastador. Tendo em vista o ressentimento tradicional entre os judeus e samaritanos, um samaritano era a última pessoa de quem se poderia ter esperado socorro. Jesus foi muito provocativo.

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Na verdade, Ele denuncia uma religião falsa, formal e destituída de compaixão. Foi o samaritano que se compadeceu e ofereceu todo o socorro que se poderia esperar no local e depois disso. Além de cuidar dos ferimentos com azeite e vinho, ele leva o desconhecido (provavelmente um judeu) para uma estalagem, pagando o equivalente a quase um mês de hospedagem e ainda obrigando-se a indenizar o hospedeiro quando voltasse, caso houvesse alguma despesa extra.

Omissão é pecado.

Isso também está claro aqui. O pecado deles não foi algo sem importância. Nas Escrituras está dito: “Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão o poder de fazê-lo” (Pv 3.27). Tiago, na mesma sintonia, afirma: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Tg 4.17).

Temos ainda o ensino claro de que a sem obras nada vale, é sem vida e estéril (Tg 2.14-26). Hernandes D. Lopes diz: “Indiferença é a apostasia do amor, o divórcio da misericórdia e a morte da sensibilidade, pois quem ama tem pressa em socorrer”. Não é possível nos omitir do que chegou até nós como possibilidade de demonstrar nossa fé e o amor de Cristo.

Conclusão

“Vai e faze o mesmo”. Ao concluir a parábola com a expressão “Vai e procede tu de igual modo”, Jesus mostra aquilo que esperava do doutor da lei, dos ouvintes e de todos nós. O bom samaritano, e não o sacerdote ou o levita, era o exemplo a ser seguido. Ao que parece, tudo o que o doutor da lei desejava era que Jesus lhe desse uma regra ou, quem sabe, uma coletânea delas.

Assim, ao contar a parábola e no fim dizer “Vai e faze o mesmo”, Jesus está dizendo que não basta ter a doutrina correta, é necessário amar, pois o amor é a própria vida e dinâmica do reino que Ele veio estabelecer. Interessante que tanto a vida de Jesus como os demais ensinos do Novo Testamento fortalecem e confirmam essa verdade.

Se fossemos perguntar, por exemplo, a João, apóstolo, como nós sabemos que temos a vida eterna, uma das suas resposta certamente seria: “Você ama o seu próximo? Deus é amor e aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1jo 3.16; 4.7,2 0 e 21). Agora é conosco.

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