O reinado de Davi
A Casa de Davi ou Dinastia de Davi foi a família que governou o Reino Unido de Israel e, após a divisão, o Reino de Judá entre anos 1030 a.C. e 607 a.C. ou 586 a.C. de acordo com algumas fontes.
Texto Bíblico (2 Samuel 5.1-12)
Neste artigo você estudará sobre:
ToggleContexto histórico de Davi
Davi viveu por volta de 1000 a.C., e foi o terceiro rei de Israel, sucedendo a Isboset, filho do rei Saul. Sua história é relatada em detalhes em I Samuel 16:11 e II Samuel 1:1. Foi um rei popular e o personagem do Antigo Testamento que mais vezes é mencionado na Bíblia. Caçula, ele foi o sétimo filho de Jessé, um habitante de Belém.
O seu pai parece ter sido um homem de situação modesta. O nome da sua mãe não se encontra registrado, mas costuma-se atribuir a ela o nome de Nahash. Quanto à sua aparência, sabe-se apenas que tinha cabelos ruivos e formoso semblante. I Samuel 16:12
Na narrativa bíblica, ele é descrito inicialmente como apascentador de ovelhas e tocador de harpa na corte do rei Saul, mas ganha notoriedade ao matar em combate o gigante guerreiro filisteu Golias, ganhando o direito de se casar com uma das filhas do rei.
Depois da morte de Saul, Davi governou a tribo de Judá, enquanto o filho de Saul, Isboset, governou o resto de Israel. Com a morte de Isboset, Davi foi proclamado rei das doze tribos de Israel e seu reinado marcou uma mudança na realidade do povo hebreu: de uma confederação de tribos, transformou-se em uma nação solidamente estabelecida. Ele transferiu a capital de Hebron para Jerusalém, e tornou-a o centro religioso dos israelitas, trazendo a Arca da Aliança.
Expandiu os territórios sobre os quais governou e trouxe prosperidade a Israel. Seus últimos anos foram abalados por rebeliões lideradas por seus filhos e rivalidades familiares na corte. Deus concedeu, de acordo com a Bíblia, que a monarquia israelita e judaica viria da sua linha de descendentes.
O Judaísmo ortodoxo acredita que o Ungido será um descendente do Rei Davi. O Novo Testamento qualifica Jesus como seu legítimo descendente (Mateus 1), quer por uma descendência legal – era filho adotivo de José, o Carpinteiro, da tribo de Davi – quer por descendência sanguínea, já que era filho de Maria (Lucas 2) que, assim como o marido, fora recensear-se em Belém, terra de seu ancestral.
- – O profeta Samuel o ungiu ainda durante o reinado de Saul, causando ciúmes neste. Por isto, Davi viveu, até à morte de Saul, como fugitivo e exilado.
- – Capturou Jerusalém dos jebuseus, tornando-a capital do reino de Israel.
- – A Davi atribuem-se diversos salmos da Bíblia (cerca de 73). Muitos salmos são historicamente datados após a morte de Davi.
- – Davi teve dezoito filhos: Amnon, Quileabe, Absalão, Adonias, Sefatias, Itreão, sendo estes nascidos em Hebrom.(II Samuel 3:2-5) Em Jerusalém, nasceram-lhe os filhos: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada, Elifelete (II Samuel 5:14-16) e Tamar.(II Samuel 13:1)[1]
No Primeiro Livro de Samuel, diz que a monarquia foi concedida à Casa de Davi por Deus. Inicialmente, Davi reinava apenas sobre a tribo de Judá a partir de Hebrom, mas depois de sete anos e meio, as outras tribos israelitas também o aceitaram como seu rei, como relatado no Livro das Crônicas.
Reis subsequentes, primeiro no Reino Unido de Israel e depois no Reino de Judá, mantiveram sua ascendência direta do rei Davi para validar sua adesão ao trono. Após a morte do rei Salomão, as dez tribos do norte do reino de Israel rejeitaram a linhagem davídica ao não aceitarem Roboão, filho de Salomão, como seu rei, escolhendo Jeroboão em seu lugar, formando assim o reino do norte de Israel.
Assim, somente o reino de Judá, formado pelas tribos de Judá e Benjamim, permaneceu sob o controle da Casa de Davi. Estes seriam finalmente conquistados por Nabucodonosor II, que os expulsou de seu território no que é conhecido como o cativeiro babilônico.
Após a conquista de Judá por Nabucodonosor, a maior parte de sua população foi deportada para a Mesopotâmia, dando origem ao cativeiro da Babilônia. Lá, a autoridade hebraica de maior hierarquia era a exilarca (em hebraico, Reish Galuta), que tinha que pertencer à linhagem de Davi.
Algumas famílias judias deportadas fizeram parte desta dinastia, mantendo a prole de Davi viva. O titular da posição foi considerado como rei em espera. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Davi e as consolidações Políticas e Religiosas
Na vida de David podemos distinguir duas fazes: na primeira ele foi um líder popular, solidários com os excluídos, músico e escudeiro de Saul, chefe militar do exército do rei e casado com Micol (1Sm 18, 20.28) filha do rei; na segunda faze, lutou pelo poder, consolidado seu reinado primeiro em Hebron, depois em Jerusalém.
Davi foi ungido por Samuel e o espírito de Deus estava com ele (1Sm 16, 1-13). Quando os filisteus ameaçaram a Israel, Davi mata Golias (1Sm 17, 1-18,5). Saul com ciúmes tentou matá-los muitas vezes e gastou muito tempo com essa investida fracassada (1Sm 18,7 e 21,12. [18,6 até 30,31];31).
Davi tornou-se líder de um grupo de camponeses empobrecidos e endividados (1Sm 22, 1-5) e das grandes famílias de Judá (1Sm 25). Colocou-se a serviço de Aquis, rei da cidade filisteia de Gat, de quem recebeu a cidade de Siceleg (1Sm 17, 1-7) de onde saia para fazer saques na região (1Sm 27, 8-12).
Assim David foi conquistando o povo e os anciãos de Judá. Em Hebron, cidade que fica a 37 Km de Jerusalém, David foi ungido rei pelos homens de Judá (2Sm 2, 1-4) e reinou durante 7 anos e meios (2Sm 5, 5).
Depois do assassinato de Isbaal filho de Saul (2Sm 4, 2-8; 16, 8-10) as comunidades do norte também fazem aliança e aceitam David como seu rei (2Sm 5, 5-12). Isto porque, antes, ele conquistou Jerusalém, que era a cidade dos jebusitas e estava num território neutro em relação ao sul e ao norte.
No seu reinado, David consolidou o poder, organizou uma estrutura monárquica a altura e conquistou todos os territórios de Canaã. Isto o fez popular e conquistar a simpatia do povo, pois ele cumpria a promessa de Deus para o seu povo: terra, nação grande e descendência.
David consolidou seu reino e poder trazendo a Arca da Aliança para Jerusalém. Ela era sinal da presença de Deus no meio do povo. É como se ele manipulasse a religião ao seu favor (Cf. 1Sm 16, 13. 18; 17,37; 18, 14.28 2Sm 5, 10; 7,3; 2Sm 6) esses textos nos mostram como Deus legítima a Davi e a cidade de Jerusalém como eleita por Javé. O mesmo se dá no tempo de Salomão.
Agora o santuário virou tempo do rei, como o foi de Betel (Cf. Am 7, 13). Davi quis construir o templo (2Sm 5,11; 1Rs 5, 15-21s), fundou uma dinastia (2Sm 7,8-16). Na teologia do êxodo, a aliança era entre Deus e o povo (Ex 19, 3-8), no tempo de Davi ela passou a ser entre Deus e Davi (Cf. Sl 89, 4-5.31-37; Sl 2, 7-8) assumindo (criando) assim a “ideologia da filiação divina” que era própria dos reis faraós.
Ele organizou a burocracia estatal não só aumentando os chefes militares como também os sacerdotes. O jebusita Sadoc passou a dividir o comando da religião com Abiatar, que havia pertencido ao sistema tribal (2Sm 20,23-26). Promoveu um recenseamento contrário ao projeto de Deus (2Sm 24,1-15) veja o verso 9 como ele mostra o objetivo do senso, que é militar.
David não vai a frente das tropas para a batalha (Cf. 1Sm 8,20 com 2Sm 11,1), tem casos com mulheres, tem problemas com seus filhos e com a questão da sucessão ao trono (1Rs 1, 11-48; 2, 1-12) como podemos ver, no caso de Absalão (2Sm 15-19) e de Seba (2Sm 20, 1-22). Mas em tudo ele saiu vencedor, como um político hábil.
Davi é considerado um grande rei, porque não exigia das tribos de Judá soldados para o serviço militar, pois boa parte deles eram estrangeiros e mercenários. Não cobrou tributo dos judaítas porque os estrangeiros que ele dominava os abastecia.
Ele favoreceu mas a Judá do que ao Norte e por fim ele conteve os filisteus. Morreu sendo aclamado como um grande rei e passou para a história como o modelo do rei justo, mesmo que isso custasse para o povo nortista o silencio de sua tradição.
Obs: SUBSÍDIO HISTÓRICO – CULTURAL – Um pouco da monarquia antes do reinado de Davi: “O surgimento da monarquia sob Saul fez pouco para curar a crescente brecha entre Judá e as tribos do norte. Durante o seu reinado, o abismo entre as tribos tomava proporções consideravelmente grandes.
Por exemplo, o historiador aponta que, quando Saul fez uma convocação geral para livrar Jabes-Gileade de Amom, trezentos mil homens vieram de Israel, mas apenas trinta mil de Judá (1 Sm 11.8). Quando realizou a campanha contra os amalequitas, Saul contou ‘duzentos mil homens de pé, e dez mil homens de Judá” (1 Sm 15.4).
Os números são reveladores, mostrando que Judá proveu um número bastante reduzido de soldados em comparação com Israel, um fato comprometedor para a própria Judá, uma vez que os amalequitas viveram por muitos anos em sua fronteira ao sul.
Estaria Judá mostrando sinais de uma postura anti-Saul? Além disso, depois de Davi ter matado o gigante Golias, ‘os homens de Israel e Judá’ perseguiram os filisteu (1 Sm 17.52) e, quando Davi foi colocado na corte de Saul, ‘todo o Israel e Judá amava a Davi’ (1 Sm 18.16).
Está claro que Israel e Judá eram tidos como duas entidades particulares que seguiam seus interesses separadamente” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.239,40). Com o reinado de Davi essa realidade mudou.
“É quase certo que durante esse período (980-976) Davi tenha dado início ao seu programa de construções (2 Sm 5.9-12), o que incluiria, depois de tudo pronto, os planos para edificação do templo. É óbvio que no reino de Davi houve construções, palácios e edifícios públicos; porém, os envolvimentos com a expansão do império e os acontecimentos que assolavam sua família impediram a infraestrutura impressiva característica de um monarca de sua estatura.
A reconciliação com Absalão deu-lhe a oportunidade esperada, que era transformar a cidade de Jerusalém no centro religioso e político” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.277).