Missionários fazedores de tendas
INTRODUÇÃO
São inúmeras as referências exauridas nas cartas Paulinas e escritas do Novo Testamento que se refere ao trabalho e profissão do Apóstolo Paulo.
I. TEXTO BÍBLICO (Atos 18.1-5; 1 Tessalonicenses 4.11,12)
Atos 18
V, 1 – Depois disto, partiu Paulo de Atenas e chegou a Corinto.
V, 2 – E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), se ajuntou com eles,
V, 3 – e, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas.
V, 4 – E todos os sábados disputavam na sinagoga e convencia a judeus e gregos.
V, 5 – Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, foi Paulo impulsionado pela palavra, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
– 1 Tessalonicenses 4
V, 11 – e procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos, como já vo-lo temos mandado;
V, 12 – para que andeis honestamente para com os que estão de fora e não necessite de coisa alguma.
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ToggleII. O APOSTOLADO DE PAULO E SUA PROFISSÃO
Sabemos de antemão que na época de Paulo, no mundo grego, não se concebia ser um missionário e viver com as ofertas dos seguidores. Os evangelhos que falam da realidade do tempo de Jesus mostra que os apóstolos, comiam e bebiam daquilo que seus ouvintes doavam. Jesus mesmo falava “comei e bebei daquilo que vos derem”. Mas este pensamento não era aceito no mundo grego, da gentilidade. Paulo era um evangelizador e trabalhador. Sabemos que era fabricante de Tendas.
Conferimos o texto Bíblico: 18, 1 Depois disto Paulo partiu de Atenas e chegou a Corinto. 2 E encontrando um judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com eles, 3 e, por ser do mesmo ofício, com eles morava, e juntos trabalhavam; pois eram, por ofício, fabricantes de tendas. 4 Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos.” (Atos dos Apóstolos 18,1-4) Bíblia Almeida.
Embora Paulo soubesse o direito que o missionário tinha de ser sustentado, Paulo para não dar o mau exemplo sempre trabalhou, com suas próprias mãos. Era um fabricante de tenda, ofício comum naquela época. Paulo mesmo afirma trabalho dia e noite, para não ser peso para ninguém. O que sabemos que Paulo só aceitou auxílio dos Filipenses, que os considerava como amigos. Paulo estimula aos fiéis seguidores a trabalharem e buscarem seu sustento. Por outro lado sabemos que a camada da população que ouviu por primeiro seus ensinamentos, nas cidades portuárias do Império Romano, foram os trabalhadores da carga e descarga dos navios nos portos que buscavam esperançosos uma libertação e melhores condições de vida. https://www.abiblia.org/ver.php?id=7323.
ARGUMENTO CULTURAL – O MUNDO CULTURAL DE PAULO
A língua mundial daqueles dias era o grego. Para o povo judeu, o hebraico e o aramaico eram línguas nativas. Entretanto, apesar de a Palestina e todos os demais países do médio-oriente estarem sob a autoridade do Império Romano, prevaleceu a língua do grego koinê, possibilitada pela infraestrutura de comunicação do império. O koinê era uma língua popular muito difundida na época. O Novo Testamento foi escrito no grego koinê, e o apóstolo Paulo falava e escrevia fluentemente tanto o grego como o hebraico e o aramaico.
Utilizando o grego, Paulo teve uma formação básica em Tarso e, posteriormente, foi levado por seu pai, que era judeu e pertencia ao grupo dos fariseus em Jerusalém, para aprender e conhecer em profundidade a Torah aos pés do rabino Gamaliel. Aqui, é possível refletir acerca do uso das principais línguas do mundo (inglês, francês, espanhol, mandarim) para a obra da evangelização.
III. A AUTENTICIDADE DO MISSIONÁRIO PAULO
AUTENTICIDADE (1 Co 9.1-6)
1- Autenticidade do chamado (1 Co 9.1).
Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no Senhor? Alguns crentes de Corinto questionavam o chamado de Paulo e autenticidade de seu apostolado. Havia aqueles que o consideravam um impostor. Devido a isso, Paulo não teria direitos nem liderança sobre aqueles irmãos. Por toda a carta, Paulo argumenta, como se perguntasse: “O que prova que alguém é verdadeiramente um apóstolo de Jesus?” Ele mesmo enumera esses requisitos:
1) Ter visto a Jesus Cristo;
2) Trabalhar pelo Evangelho;
3) Produzir frutos.
Ele tinha todos os predicados de um chamado autêntico. Qualquer outra pessoa poderia questionar seu apostolado, menos a igreja de Corinto (1 Co 9.2). Paulo gerou aqueles irmãos em Jesus (1 Co 4.15). Paulo os compara ao selo de seu apostolado. O selo é um carimbo que prova a autenticidade; ou seja, a própria existência deles, como seguidores de Cristo, e prova de seu apostolado autêntico.
Reconhecida a autenticidade de seu apostolado, Paulo teria inúmeros direitos e privilégios legítimos, mas resolveu abrir mão de todos eles para poder pregar o Evangelho a todos os grupos que viviam em atrito na igreja de Corinto. Paulo tem o cuidado de não afirmar que os coríntios são sua igreja, ou de sugerir que ele é a causa de sua salvação. Antes, Corinto é a lavoura de Deus, e a existência de uma comunidade de Cristo ali é resultado da fidelidade de Paulo como lavrador de Deus (1 Co 3.6, 3.9).
2- Autenticidade dos direitos (1 Co 9.3-6)
Não temos nós o direito de comer e beber? E também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã, como fazem os demais apóstolos e os irmãos de Senhor e Cefas? (9.4-5). Paulo defende direitos legítimos no cumprimento do seu chamado apostólico. Primeiro, o direito ao suporte da igreja e sustento material digno, sem que ele precisasse trabalhar em outro ofício enquanto o trabalho do ministério lhe tomasse todo o tempo e potencial. A Timóteo, Paulo diz que o trabalhador é digno do seu salário. O ministério é uma “obra excelente” e que, em muitos casos, demandará a integralidade do tempo para que seja exercida com excelência.
3 – Autenticidade da liberdade (1 Co 9.15).
Eu porém não me tenho servido de nenhuma destas coisas e não escrevo isto para que assim se faça comigo: porque melhor me fora morrer, antes que alguém me anule esta glória. Embora tivesse todos esses direitos, Paulo exerce a liberdade de poder abrir mão de muitos deles por um objetivo maior e, assim, ilustra a aplicação autêntica e equilibrada da ética cristã. Em nenhum momento ele condena os direitos do sustento ministerial e do casamento, como veremos nos próximos tópicos. Ele primeiro defende esses direitos como autênticos e, ao final, reivindica a liberdade para renunciar-lhes em favor da causa do Evangelho (1Co 9.15).
OBS: ARGUMENTO AUXILIAR DA VIDA CRISTÃ –
O ofício: “Todo menino judeu aprendia um ofício e tentava ganhar a vida com ele. Paulo e Áquila haviam sido treinados para fabricar tendas, cortando e costurando os tecidos de lã de cabra, usados na confecção delas. As tendas eram usadas para alojar os soldados. Sendo assim, podem ter sido vendidas para o exército romano. Como um profissional liberal, Paulo poderia ir aonde Deus o levasse, pois teria seu sustento garantido. A expressão “fabricante de tendas” também costumava ser utilizada para quem trabalhava com couro. […] Paulo disse aos judeus que havia feito tudo o que podia por eles” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1526).
4 – Sustento (1Co 9.7).
Quem jamais viu a guerra à sua própria custa? Quem plantar a vinha e não come a sua fruta? Ou quem apascenta um rebanho e não alimenta do leite do rebanho? O apostolado era considerado como um ofício, um trabalho em prol da igreja, que exigia esforço e dedicação. Alguns dos apóstolos, pela importância da missão, e até pelo chamado que receberam de Cristo (Lc 5.10,11), escolheram abrir mão de suas profissões para se dedicarem de maneira exclusiva à pregação do Evangelho. Paulo compara o ofício apóstólico a três profissões muito comuns à época:
1) Soldado;
2) Agricultor;
3) Pastor de gado.
– Ele pergunta: Qual é o soldado que vai à guerra à sua própria custa? Quem é o agricultor que, após colheita da lavoura, não pode comer da colheita que ele mesmo plantou e colheu? Seria justo que ele precisasse ir ao mercado comprar legumes? Qual o pastor que, após cuidar do rebanho, tem que ir comprar 1 litro de leite para alimentar a si e sua família e só depois voltar para continuar cuidando e protegendo o rebanho? Paulo aplica esse mesmo raciocínio ao ofício apostólico, demonstrando que é lógico e justo que aquele que dedica sua vida à causa do Evangelho, gerando milhares de frutos, seja sustentado por estes frutas. Se isso é verdade para o soldado, para o agricultor e para o pastor do rebanho, também o seria para o apóstolo. Se era verdade no que diz respeito a profissões seculares, quanto mais séria em relação à obra de Deus.
5 – Legalidade (1Co 9.8-11).
Porque na lei de Moisés está escrito Não atarás a boca ao boi, quando pisa trigo. Acaso, é com bois que Deus se preocupa? Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? (9.9-10). Paulo se refere às Escrituras (Dt 25.4) para lembrar que esses direitos estão fundamentados na Lei. Quando Deus fornece diretrizes à eira, dá aos que aram, semeiam e debulham a expectativa de participação da colheita.
Uma vez que Paulo arou, semeou e trouxe uma colheita para a eira de Deus em Corinto, ele teria o direito de contar com o suporte dela. Aliás, se outros apóstolos passaram pela cidade e tiveram direitos referentes a essa colheita, Paulo ainda mais. Até dos animais Deus cuidava e impedia que se atasse a boca do boi enquanto trabalhava. Paulo demonstra que não é somente com os animais que Deus está preocupado, mas com o obreiro que trabalha na obra, para que viva dignamente.
ARGUMENTO DE AUXILIO VIDA CRISTÃ
“A importância do trabalho na perspectiva cristã, Há mais coisas em um viver cristão do que simplesmente amar os outros. Devemos ser responsáveis em todas as áreas da vida. Alguns dos cristãos tessalonicenses haviam adotado uma vida ociosa, dependente da doação dos outros. Alguns gregos tratavam o trabalho manual com desprezo. Por esta razão Paulo admoestou os tessalonicenses a trabalharem arduamente e a viverem tranquilamente. Você não pode ser eficiente ao compartilhar a sua fé com outros se estes não lhe respeitarem.
Seja qual for a sua atividade profissional, desempenhe-a fielmente e seja uma força positiva na sociedade. […] Algumas pessoas na igreja de Tessalônica estavam propagando um falso ensino de que, como Cristo retornaria a qualquer momento, as pessoas deveriam deixar as suas responsabilidades, abandonar o trabalho […] Mas Paulo disse que deveriam ser responsáveis e retornar imediatamente ao trabalho” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1690).
CONCLUSÃO
Portanto, conforme o esclarecimento da argumentação detalhada acima, o Apóstolo Paulo chagando a Tessalônica viu a dificuldade de se manter a obra evangelizadora, ele discursa e deixa clara a importância do obreiro Missionário está preparado profissionalmente, porem quanto a igreja de Corinto, ele exortou os crente manterem o obreiro, pois digno o és do seu salário. Contudo, entendamos que o obreiro trabalhar secularmente ou viver da obra depende muito das circunstâncias local dentro de cada realidade.