A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

A Superioridade de Jesus em relação a Moisés

A carta de Hebreus revela a superioridade de Jesus em relação a Moisés quanto à tarefa, à autoridade e o discurso. “Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou” (Hb 3.3).

Texto Bíblico Hebreus 3.1-19:

O capítulo 3 aos Hebreus

1 – Explicando.

Eu me alimento das mãos de Deus

O capítulo 3 de Hebreus está na seção que aborda a supremacia do Filho de Deus: 1.4-4.13. Essa parte da carta demarca a supremacia de Jesus em relação a Moisés, o legislador de Israel.

Diferentemente de Moisés, que serviu a uma casa, que “não era o tabernáculo, mas os da casa de Deus, ou o povo de Deus como a comunidade da ” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, p.1557), Jesus Cristo é o construtor dessa casa de Deus, enquanto o legislador de Israel fazia parte dela.

Podemos retomar essa abordagem no Evangelho de Mateus, no capítulo 16, e no versículo 18: “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).

Atenção para o verbo “edificarei” e o pronome possessivo “minha”. É Cristo quem construiu, edificou e ergueu o povo de Deus, por isso, esse povo pertence a Ele; diferentemente de Moisés, que embora fosse uma figura proeminente entre os judeus, um líder exemplar, ele não edificou o povo de Deus, mas se achou parte dele.

Portanto, o escritor de Hebreus faz um apelo aos leitores de sua carta, que diferentemente aos judeus do deserto que não atentaram para as palavras de Moisés, os seguidores de Cristo atentem para o mandamento do Filho, o edificador do povo de Deus, e não se deixem endurecer pelo engano do pecado.

2 – A possibilidade de não chegar ao fim da caminhada

“O livro de Hebreus considera a possibilidade de permanecer firme na fé ou de abandoná-la como uma escolha real, que deve ser feita por cada um dos leitores; o autor ilustra as consequências da segunda opção referindo-se à destruição dos hebreus rebeldes no deserto após sua gloriosa libertação do Egito.” “Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento”, CPAD, p.1557-59.

Obs.: Os crentes destinatários da epístola, são chamados de “santos”, e devem, por serem participantes da “vocação celestial”, considerar Jesus não apenas como apóstolo (um enviado de Deus), mas também Sumo Sacerdote, ao qual devem confessar suas dificuldades.

Se Moisés foi fiel em seu ministério, Jesus muito mais, pois foi o autor, não somente do ministério, mas também da família de Moisés. O Grande Libertador dos hebreus, por ser homem, não pôde ser perfeito.

Entretanto, Jesus deu-nos o exemplo de irrefutável perfeição. O sacro escritor relembra a seus leitores que o povo de Israel peregrinara no deserto por muitos anos, por não ter ouvido a voz de Deus através de Moisés, e roga-os que não ajam da mesma forma, endurecendo seus corações às ordens divinas.

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Maior Glória do que Moisés

1 –  Moisés, fiel como servo (v.5).

Moisés foi fiel em sua casa, como acentua o escritor, na condição de servo, sendo o mensageiro que testemunhou das “coisas que haviam de vir”.

Ele foi o porta-voz de Deus ao receber as tábuas da Lei no Sinai, transmitindo, com fidelidade, a palavra que de Deus ouviu no monte.

Eu me alimento das mãos de Deus

Ele nada alterou do que recebeu do Senhor. Foi servo em sua casa, no âmbito do que lhe foi confiado, e desincumbiu-se muito bem de sua tarefa na “casa” de Deus. Por isso, foi considerado um modelo entre os homens (cf. Jr 15.1).

2 –  Jesus, fiel sobre sua própria casa (v.6).

Jesus foi superior a Moisés. Este foi servo. Aquele é o Filho, o Sumo Sacerdote constituído por Deus, posição que não foi confiada a mais ninguém. Moisés, mesmo sendo fiel como homem, não foi perfeito. Falhou em algum momento.

No episódio em que Deus mandou que ele falasse à rocha pela segunda vez, descontrolou-se emocionalmente e feriu-a, ao invés de falar (Nm 20.11). Jesus, no entanto, nunca falhou. “Em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).

3 –  A casa somos nós (v.6).

Em nossa imperfeição, como poderíamos ser chamados “casa” de Cristo para que Ele, nessa “casa”, fosse sumo sacerdote? Só a graça de Deus pode explicar.

A condição para que sejamos “casa” do Senhor, é que tão-somente conservemos “firme a confiança e a glória da esperança, até o fim”. O apóstolo Paulo teve de Deus revelação semelhante.

Na primeira Epístola aos Coríntios 6.19,20, lemos: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”.

Diante disso, é grande a nossa responsabilidade para com essa “casa”, em que, ao mesmo tempo, habitam Cristo, nosso Sumo Sacerdote, e o Espírito Santo, nosso intercessor, que nos tem como seu templo.

A Declaração do Apóstolo Pedro

“[…] Pedro apresenta Jesus como o Profeta semelhante a Moisés (vv.22,23). Moisés havia declarado: ‘O SENHOR, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis’ (Dt 18.15).

Seria natural dizer que Josué cumpriu essa profecia. Josué, o seguidor de Moisés, realmente veio depois deste e foi um grande libertador de seu tempo. Surgiu, porém, outro Josué (na língua hebraica, os nomes Josué e Jesus são idênticos).

Os cristãos primitivos reconheciam Jesus como o derradeiro cumprimento da profecia de Moisés. No final do capítulo (vv.25,26), Pedro lembra aos ouvintes a aliança com Abraão, muito importante para se entender a obra de Cristo: ‘Vós sois os filhos dos profetas e do concerto que Deus fez em nossos pais, dizendo 3 Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades’.

Eu me alimento das mãos de Deus

Claro está que, agora, é Jesus quem traz a bênção prometida e cumpre a aliança com Abraão – e não apenas a Lei dada por meio de Moisés” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp.307,08).

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Advertência quanto ao endurecimento contra Deus

1 –  Ouvindo a voz do Espírito. A advertência é grave e solene:

“Portanto, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto…” (vv.7,8). Citando o Salmo 95.8-11 o escritor admoesta os destinatários da carta valendo-se de fatos constrangedores, relativos ao povo de Israel.

Na advertência, o Espírito Santo os lembra para não fazerem como seus pais, que provocaram a Deus no deserto com graves atitudes:

1) Tentaram a Deus;

2) Provaram a Deus, mesmo tendo visto suas obras por 40 anos (v.9; Êx 15.22-25; 17.1-7).

Esse aviso quanto a ouvir o Espírito Santo é significativo e oportuno para nós em nosso tempo, pois há crentes tão insensíveis, em todos os sentidos, que suas consciências já se encontram irremediavelmente cauterizadas (cf. 1 Tm 4.2).

2 –  Não endurecer o coração (v.8).

O povo israelita, não obstante presenciar as maravilhas do poder miraculoso de Deus no deserto, a começar pela passagem do Mar Vermelho, rebelou-se contra o Senhor.

Em consequência, Deus se indignou. Manifestou a sua ira e decretou seu juízo: “Não entrarão no repouso de Deus”. Daquela geração rebelde, todos os que tinham mais de 20 anos não entraram na Terra Prometida. O endurecimento do coração é um obstáculo para o recebimento da bênção de Deus.

3 –  Um coração mau e infiel (v.12).

Outra advertência é dada pelo Espírito Santo através do escritor da Epístola aos Hebreus, para que neles não houvesse “um coração mau e infiel”, que viesse afastá-los “do Deus vivo”.

O verbo afastar, no texto, é apostenai (gr.), palavra que dá origem ao termo apostasia. No versículo seguinte vem um conselho divino: “Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v.13).

Muitos, por falta de orientação e advertência (exortação), endurecem o coração para Deus, desviam-se e até negam a fé, aceitando falsas doutrinas e envolvendo-se em práticas extra-bíblicas, semelhantes às do espiritismo, incluindo “regressão espiritual” e outras invencionices.

4 –  Como nos tornamos participantes de Cristo (v.14).

O escritor nos mostra como nos tornamos participantes de Cristo: “Se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até o fim”. Essa afirmação é corroborada pelo que Jesus asseverou: “…mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mt 10.22). “Até o fim…”.

O homem só alcança a salvação plena quando aceita a Cristo como Salvador e permanece em santidade, até a “redenção do nosso corpo” (Rm 8.23b).

Se por um lado é difícil iniciar a carreira cristã, mais difícil ainda é continuar e terminá-la. Porém, todas as promessas futuras na eternidade estão reservadas para os vencedores, os que completam a carreira, como diz o apóstolo Paulo (2 Tm 4.7).

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5 – Se ouvirdes a voz do Senhor

Citando Salmos 95.7-11, o escritor se refere à desobediência de Israel no deserto, depois do êxodo do Egito, como advertência aos crentes sob o novo concerto.

Porque os israelitas deixaram de resistir ao pecado e de permanecer leais a Deus, foram impedidos de entrar na Terra Prometida (ver Nm 14.29-43; SI 95-7-10).

Semelhantemente, os crentes do Novo Testamento devem reconhecer que eles, também, podem ficar fora do repouso divino, se forem desobedientes e deixarem que seus corações se endureçam.

6 – Não endureçais o vosso coração

O Espírito Santo fala conosco a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11; Rm 8.11-14; Gl 5.16-25). Se formos indiferentes à sua voz, nossos corações se tornarão cada vez mais duros e rebeldes a ponto de se tornarem insensíveis à Palavra de Deus ou aos apelos do Espírito Santo (v.7).

A verdade e o viver em retidão já não serão prioridades nossas. Cada vez mais, buscaremos prazer nos caminhos do mundo e não nos caminhos de Deus (v.10).

O Espírito Santo nos adverte que Deus não continuará a insistir conosco indefinidamente se endurecermos os nossos corações por rebeldia (vv.7-11; Gn 6.3). Existe um ponto do qual não há retorno (vv.10,11; 6.6; 10.26)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1902).

 Observação:

“Havendo declarado o pensamento central do sacerdócio de Cristo, e antes de desenvolvê-lo nos capítulos 5 a 7, o autor interrompe o assunto, a fim de estabelecer, sob outro ponto de vista, a superioridade do Novo Concerto sobre o Antigo.

Ele já demonstrou que Cristo é superior aos anjos, os mediadores espirituais da Lei; agora demonstra que também é superior a Moisés, o homem que promulgou a Lei.

O autor, ao abordar o assunto, emprega a expressão ‘o mundo futuro’, ou ‘o século que há de vir’ (2.5; 6.5) — que no grego é cukoumenen (literalmente ‘o mundo vindouro habitado’).

Ele se refere ao reino de Deus que será estabelecido entre os habitantes da Terra. Isso leva, naturalmente, à comparação entre os fundadores da velha teocracia judaica, sob Moisés e Josué, e Jesus, do novo Reino.

A posição de Moisés para com o sistema judaico torna necessário o argumento, porque os cristãos hebreus estavam confusos sobre esse ponto.

O ponto de comparação, no versículo 2, prende-se ao fato de que tantos Moisés como Cristo se ocuparam da administração de economia divina: aquele, sob a velha ordem da Lei; este, sob a nova ordem da graça de Deus, tendo ambos cumprido fielmente suas responsabilidades.

Mas o autor apresenta em seguida uma série de contrastes que demonstram a glória muito superior de Jesus.” (Comentário Bíblico Hebreus, CPAD, págs. 129-131).

Conclusão

A superioridade de Cristo em relação a Moisés é incontestável. Moisés era homem imperfeito e falho, mesmo tendo de Deus uma missão tão grande. Jesus, nosso Salvador, mesmo na condição humana, em face de sua missão salvífica, “em tudo foi tentado, mas sem pecado”.

Nós, cristãos, precisamos honrar a Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote da nossa confissão. Se conservarmos firmes nossa fé e confiança em Cristo Jesus, Ele será sempre o nosso fiel Sumo Sacerdote perante Deus.

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