O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE

O VERBO QUE SE TORNOU EM CARNE

  INTRODUÇÃO

Verbo é uma palavra que designa ação. Quando o texto se refere à Palavra Viva de Deus como ‘o verbo’ está se referindo não apenas a ensinamentos teóricos, mas a ações práticas. Deus criou o mundo pelo poder de sua Palavra (Hebreus 11.3).

Mas este Verbo também é uma pessoa, ou seja, o próprio Deus encarnado, que não é apenas uma Palavra qualquer, mas com autoridade ensina e pratica a verdade (Marcos 1.22).

I. TEXTO BÍBLICO

V, 1 – No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

V, 2 – Ele estava no princípio com Deus.

V, 3 – Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.

V, 4 – Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens.

V, 5 – E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

V, 6 – Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.

V, 7 – Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.

V, 8 – Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz.

V, 9 – Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo,

V, 10 – a Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu.

V, 11 – Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.

V, 12 – Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, 13 – Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. 14 – E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.

II. CONSIDERANDO OS DOIS TERMOS: 

LOGOS X VERBO

Logos: Um Título Cristológico que, além de  designar o Senhor Jesus como o Eterno, Também o aponta como  Criador e o verdadeiro Deus.

– Estamos diante de um assunto em que estudaremos a vida de Jesus em seus aspectos humanos e divinos (Jo 1.14). Começaremos a nossa argumentação com uma reflexão acerca do Filho de Deus como o Verbo divino encarnado. É bom lembrarmos que esta doutrina, de uma forma clara e exposta no prólogo do evangelho de João, apresenta Jesus como o único  que possui os atributos exclusivos e únicos da divindade.

III. O TERMO “VERBO” E SEU RESPECTIVO SIGNIFICADO

Uma maravilhosa revelação.

Já no  prólogo do Evangelho, vemos que João nos traz algumas revelações e  verdades a respeito da natureza e deidade de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. De fato, aprouve ao  Santo Espírito revelar, declarar pelo menos oito maravilhosos títulos divinos de Cristo em Jo 1.1-51: Verbo (v.1); Vida (v.4); Luz (v.7); Filho Unigênito de Deus (vv.18,49); Cordeiro de Deus (v.29); Messias (v.41); Rei de Israel (v.49); e Filho do Homem (v.51).

Vejamos que: a deidade, natureza, identidade, encarnação e a gloriosa missão de nosso  Salvador manifestos em tão somente  um capítulo! Diante de tal revelação e dignidade do nosso Salvador, só nos resta, prostremo-nos com muita reverência perante o  Senhor, e, tal qual fez o salmista, por sua vez, declaremos: “Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir” (Sl 139.6; Rm 11.33; Ef 1.3).

A aplicação do venerado Verbo Divino.

Entende-se que o termo “Verbo”, aplicado a Jesus, procede do original Logos e, apesar de seu amplo e comum significado secular, “palavra”, “razão”, ou “pensamento”, é usado, por João,  no versículo 1, mas com o sentido de “Verbo ou Palavra divina”. Veja que  mesmo vocábulo aparece em 1 Jo 1.1, agora  descrevendo o “Verbo da vida”, e no capítulo 5 versículo 7 da mesma epístola, simplesmente  como “Palavra”.

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Nos textos Sagrados, a Bíblia, o termo “palavra”, quando vinculado a Deus, traz uma revelação do seu infinito poder criador, protetor e sustentador de todas as coisas criadas, visíveis e invisíveis, conforme:  (Gn 1.3; Sl 33.6,9; 107.20; Hb 1.3; 11.3).

Contudo, é certo que no Trino Deus, o crente sempre estará seguro, pois Ele cuida dos seus filhos e, com a sua destra, protege-os do mal (Sl 60.5; 118.15; Is 45.2-8; Mt6.13). Na verdade, Quando as boas novas ou Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo foi anunciado pela igreja primitiva e cristã no Século I, os vocábulos, “A Palavra” e “O Verbo”, foram satisfatoriamente compreendidos pelos dois povos  judeus e gregos, pois essas expressões lhes eram conhecidas.

 IV. DOUTRINAS E AFIRMAÇÕES DE JOÃO 1.1

“No princípio era o Verbo” (Jo 1.1a).

Se encontra nesse texto a afirmação de  que Jesus é eterno. A Bíblia assevera: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Porém, em Jo 1.1 a Sagrada Escritura vai infinitamente além do fato expresso em Gn 1.1 ao afirmar que “No princípio era”, ou seja, o Verbo já existia. Sendo assim, fica entendido que o Senhor Jesus já existia  antes de todas as coisas, inclusive antes de o tempo ter início: Como disse o Apóstolo Paulo: “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17).

O mais interessante é que o Filho de Deus, além de existir por si mesmo (Jo 5.26), estava com o Pai antes mesmo da criação do mundo (Jo 17.5,24). A Bíblia ainda diz que: “Ele existe por si mesmo e sustenta “todas as coisas pela palavra do seu poder” (Hb 1.3). Acreditamos piamente que isto  é consolo e restauração espiritual para o crente, pois o propósito dessa gloriosa encarnação do Verbo divino é providenciar a bendita e maravilhosa  “purificação dos nossos pecados”, em conformidade com  Hb 1.3 (cf. Jo 1.14), na parte final. Por isso,  Louvemos ao Verbo, o Criador, Sustentador e Fim de todas as coisas (Ap 1.8).

“E o Verbo estava com Deus” (Jo 1.1b).

Que maravilha! O texto é inequívoco: Ele, o Majestoso Filho Unigênito estava com o Pai (Jo 1.18). Estamos certos de que o Verbo, o Emanuel, não é apenas eterno, mas também distinto do Pai. É justamente essa ortodoxa e afirmação que aniquila o falso ensino dos modalistas e unicistas que, embora defendam a divindade de Jesus, porém, eles negam a santa doutrina bíblica da Trindade.

Segundo a falsa doutrina dos hereges, Pai, Filho e Espírito Santo são uma só pessoa. Que pena que eles não crêem na doutrina da existência de um só Deus que subsiste em três distintas e Santíssimas Pessoas (Mt 28.29). Todavia, esse ensinamento está claramente exposto nas Escrituras. O batismo de Jesus (Mt 3.16,17), sua oração sacerdotal (Jo 17), e a declaração da sua suprema autoridade são refutações clássicas contra essas heresias (Jo 8.17, 18; 1Jo 2.22-24). Sabemos que crer e defender a santa doutrina da Trindade não é um privilégio como alguns pensam, mas um dever de cada cristão (1Pe 3.15; Jd v.3).

“E o Verbo era Deus” (Jo 1.1c).

Veja e observe bem a progressividade e o conceito expressivo neste versículo. Aqui, uma declaração (1a; 1b) esclarece a outra até culminar com uma verdade enfática: “e o Verbo era Deus” (1c). Até porque se o prólogo do evangelho de João (1.1-14) fosse o único texto nas Sagradas Escrituras em que a divindade do Verbo é afirmada, já teríamos subsídios suficientes para crer e confessar a doutrina. Todavia, esse ensino é asseverado em todo o contexto bíblico (Jo 5.18, 10.30; Cl 2.9), Glória a Deus! Portanto, inúmeras e inegáveis provas bíblicas atestam que a crença na divindade de Jesus é indispensável para a salvação da alma e isto é inegável (1Co 15.1-4; 1Tm 6.15,16; Hb 1.1-3; 1Pe 1.2-5; 1Jo 5.1-13).

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V. DECLARAÇÃO DAS QUALIDADES DIVINAS DO VERBO

Agora, depois de João apresentar o Verbo divino, enfatizando sua preexistência, natureza e igualdade com o Pai, ele, com muita clareza,  descreve alguns de seus atributos e prerrogativas.

Criador (vv.3,10).

Aqui, vejamos que o Verbo é apresentado nas Escrituras como o Deus Criador: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (v.3). Ele “estava no mundo, e o mundo foi feito por ele” (v.10). Essa doutrina Bíblica, além de verídica e fundamental, ela vai de encontro e invalida os tais grupos religiosos que dizem ser o Verbo uma mera criatura, e não o Criador.

Contudo, para os salvos a Bíblia é categórica e convicente: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há no céu e na terra” (Cl 1.16). Na verdade, o Verbo divino não faz parte da criação, como simplesmente alguém que participou, mas transcende-a, pois foi e  é o Criador de todas as coisas (Hb 1.1,2,10).

Todas as vezes que nos deparamos com textos Sagrados da Bíblia se referindo a Criação, vamos ver sempre Jesus Cristo como o Criador, pois os relatos bíblicos  atribui-lhe o mesmo título pelo qual o Pai é conhecido desde o  Antigo Testamento (Gn 1.1; Jó 33.4; Sl 138.13-18). Assim como o salmista vibrou  em júbilo grande  diante do Deus Criador, façamos o mesmo perante o Filho, o Criador de todas as coisas: “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do Senhor que nos criou” (Sl 95.6).

“Nele estava a Vida” (v.4).

Em suas atribuições pessoais o nosso Senhor Jesus declarou que além de possuir a “vida em si mesmo” (Jo 5.26) era a “ressurreição e a vida” (Jo 11.25; 5.25). No Antigo Testamento, o Pai é identificado como a fonte e o manancial da vida (Gn 2.7; Dt 30.20; Sl 36.9). Sempre foi um título que pertencia exclusiva e unicamente ao Criador de toda vida (Sl 133.3). Cristo, entretanto, atribuiu a si mesmo essa designação divina (Jo 5.21,26) e, como tal, foi reconhecido seja através de seus ensinos (Jo 5.32-35; 11.25) seja por meio de seus atos milagrosos (Jo 11.42-45; Mt 9.18,19,23-25).

Entretanto, A vida em Cristo é eterna não apenas no sentido de sua duração, mas por sua qualidade (Cl 3.4; 1Tm 1.1; 2Tm 1.10). Não há nenhuma dúvida que a vida que provém de Deus é cheia de gozo, paz e alegria. Jesus asseverou-nos: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

“A luz verdadeira” (v.9).

A Palavra de Deus ensina enfaticamente que Deus é Luz (1Jo 1.5; Sl 27.1) e que “habita na luz inacessível” (1Tm 6.16). Esse título divino seria também uma designação do Messias, o Servo do Senhor (Is 42.6,7; 9.2; Mt 4.16). O termo “luz” aparece cerca de 20 vezes no evangelho de João (1.4,5,8,9; 3.19; 8.12; 12.46), e, na maioria das ocasiões, refere-se a Jesus como a luz do mundo (Jo 8.12). No relato da Criação, lemos que Deus, pelo poder de sua Palavra, fez surgir a luz, que desfez o caos (Gn 1.2,3). O Senhor Jesus é a “luz que alumia a todo homem que vem ao mundo” (v.9), e por isso, desfaz o caos da vida humana (2Co 4.6).

Observação:

A Palavra na Eternidade (1.1-5) – Os versículos 1 a 4 narram o estado preexistente de Jesus e como Ele agia no plano eterno de Deus. ‘No princípio’ (v.1a) fala da existência eterna da Palavra (o Verbo). As duas frases seguintes expressam a divindade de Jesus e sua relação com Deus Pai. Esta relação é uma dinâmica na qual constantemente são trocadas comunicação e comunhão dentro da deidade. O versículo 2 resume o versículo 1 e prepara para a atividade divina fora da relação da deidade no versículo 3. No versículo 4 Ele é o Criador mediado.

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O uso da preposição ‘por’ informa o leitor com precisão que o Criador original era Deus Pai que criou todas as coisas pela Palavra. Os verbos que João usa nestes versículos fazem distinção entre o Criador não-criado, a Palavra (o Verbo) e a ordem criada. Numa boa tradução, a RC observa esta distinção: a Palavra (o Verbo) ‘era’ mas ‘todas as coisas foram feitas’. O versículo 4 conta várias coisas para o leitor:

1) A Palavra divina, como Deus Pai, tem vida em si mesma, vida inchada (ou seja, é a fonte da vida eterna).

2) Esta vida revelou a pessoa e natureza de Deus para todas as pessoas.

3) ‘Luz’ neste ponto pertence à revelação autorizada e autêntica de Deus […]”. (ARRINGTON, F. L; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 2.ed., RJ: CPAD, 2004, p.496).

“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. As três incisivas afirmações a respeito da deidade de Jesus são formuladas com base nos diversos sentidos do verbo “eimi”, ou “eu sou”: era, estava, era. Na primeira expressão, “era o Verbo”, o sentido de “era” é “existir”: “No princípio, havia, existia o Logos”. Afirma a preexistência ou eternidade do Filho de Deus. Na segunda sentença, “o Verbo estava com Deus”, “estava” refere-se à posição do Filho de “estar frente a frente com Deus”, ideia reforçada pela preposição “pros” que significa “face a face” ou “frente a frente”.

O Logos, portanto, estava “face a face com Deus”. Isto atesta que o Filho é distinto do Pai, mas de natureza idêntica. Na última oração, “o Verbo era Deus“, é asseverado o “ser” ou a “natureza” da Palavra: Aquele que existe por si mesmo. Por conseguinte, o Verbo era divino. Portanto, no princípio existia o Verbo, e o Verbo estava face a face com Deus, e o Verbo era Deus verdadeiro.

CONCLUSÃO

É visto que somente em Jesus estão reunidas todos os atributos divinos que o descrevem como o único e suficiente Salvador da humanidade. Nesta revelação esclarecedora do Apóstolo João ficou bem acentuado que a não somente a história de Cristo, mas também suas obras não se limitam ao período entre seu nascimento e sua morte (Hb 13.8).

O Filho de Deus em todo o tempo ou até mesmo antes da fundação do mundo,  esteve presente eternamente, atuando especialmente na História da Salvação. Compungido pelo amor do Pai, Ele veio como homem e sua glória foi vista pelos de sua geração; realizou a obra da redenção na cruz do Calvário, e retornou ao Céu, de onde dirige a sua Igreja e voltará em glória para estabelecer a paz universal. Maranata! Ora vem Senhor Jesus!

 

Bibliografia

– Bíblia de estudo Pentecostal (ARC)

– Bíblia de Estudo do Pr Gesiel Gomes (ARC)

– Dicionário da Língua Portuguesa

– Apontamentos Teológicos do Autor

– CRISTOLOGIA; Doutrina de Cristo; disciplina CTEC VIDA CRISTÃ

Pr Josaphat Batista Soares

Comentário: Pastor Josaphat Batista – Pr. Presidente da Assembleia de Deus em Mundo Novo-Bahia. Pós-graduado em Docência do Ensino Superior – Bacharel em Teologia convalidado pelo MEC – Pós-Graduando em História (Faculminas), Membro da academia Pré-Militar (ACPMB) – Pós -Graduando Ciências da Religião (Farmat) – Juiz de Paz (CONAJ), Diretor Executivo do CTEC VIDA CRISTÃ (Centro Teológico de Educação e Cultura), Autor do livro 1000 Esboços para Sermões – Autor do livro Escatologia Bíblica Panorâmica – Autor da Revista de Estudo Bíblico acerca de João Batista – Autor da Revista acerca de Absalão, Conferencista, Seminaristas, Escritor e fundador dos Congressos EBD no Campo de Camaçari-Ba.  Professor de Noções da Língua Grega (Bíblico).

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